SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 16
Descargar para leer sin conexión
PRESSUPOSTO, SUBENTENDIDO E
          IRONIA



 POLIFONIA, DIALOGISMO, MARCADORES
 POLIFÔNICOS E RECURSOS PERSUASIVOS
POLIFONIA E/OU DIALOGISMO


   Bakhtin lançou a idéia de polifonia;
   Esse autor partiu de uma crítica ao objetivismo abstrato que via a língua
    como um sistema monológico;
   Para ele, a palavra não é monológica e sim plurivalente e o dialogismo
    uma condição constitutiva do sujeito;
   Bakhtin afirma que o ser humano não pode ser concebido fora de suas
    relações sociais, portanto a linguagem é social;
   Ainda segundo Bakhtin, qualquer manifestação de comunicação
    (enunciação) será definida pelas reais condições de enunciação, ou seja,
    a situação social do momento;
POLIFONIA E/OU DIALOGISMO


   Concluindo, a polifonia é parte integrante e essencial de qualquer
    enunciação;

   A polifonia analisa o fato de que ocorrem em um mesmo texto diferente
    vozes que se expressam;

   Todo discurso é formado por diversos discursos.
POLIFONIA E PROPAGANDA

   Fundamental em propaganda é entender o momento sócio-
    histórico da enunciação;
   Em propaganda, como em qualquer enunciado, a palavra é
    orientada para o interlocutor e em função do interlocutor;
   O produtor do texto publicitário procura antecipar as
    representações feitas pelo interlocutor e através disso, estabelece
    estratégias de formulação da mensagem (BRANDÃO, 1991);
   A mensagem (a enunciação) é, portanto, sempre resultado da
    interação entre locutor e interlocutor;
O QUE É ENUNCIAÇÃO

   Para Bakhtin:
    –   É uma alocução, ela sempre instaura o outro (esteja ele presente ou
        não), seja de maneira implícita ou explícita, é o produto da interação
        entre dois indivíduos socialmente definidos;
    –   É formada tanto por elementos lingüísticos (verbais) como por
        elementos não-verbais;
    –   A enunciação individual é um fenômeno puramente sociológico.
O QUE É ENUNCIAÇÃO

Para    Ducrot:
 –   é “o acontecimento constituído pelo aparecimento
     de um enunciado” (p.168). A realização de um
     enunciado é um acontecimento único, dá-se
     existência a algo que não existia antes e que
     deixará de existir depois. É uma aparição
     momentânea;
POLIFONIA SEGUNDO DUCROT


   A tese de Ducrot (1987) contempla duas idéias básicas. A primeira é a que atribui
    para a enunciação um ou mais sujeitos que seriam sua origem. A segunda é
    aquela que vê a necessidade de diferenciar entre os diversos sujeitos ao menos
    duas modalidades de personagens: os locutores e os enunciadores.
   Os locutores são aqueles que são apresentados no enunciado como seus
    responsáveis. Diferem do chamado ser empírico ou ator empírico do enunciado,
    que é aquele que efetivamente produz o enunciado. No nosso caso seria o
    produtor do texto publicitário.
POLIFONIA SEGUNDO DUCROT

   Já os enunciadores são os seres cujas vozes estão presentes na enunciação, mas
    que não são responsáveis pela ocorrência de palavras, ou seja, não é atribuída ao
    enunciador (ou enunciadores) nenhuma palavra, usando aqui o sentido material
    do termo. Ducrot (1987, p.193) afirma então que “o locutor, responsável pelo
    enunciado, dá existência, através deste, a enunciadores de quem ele organiza os
    pontos de vista e as atitudes”.
   A diferenciação entre locutor e ser empírico de imediato nos remete à polifonia.
    Em propaganda normalmente temos o apagamento total do ser empírico, do autor
    ou produtor efetivo do texto publicitário, em prol do locutor que conversará com o
    interlocutor dentro de um repertório adequado a esse.
EXEMPLO
   Analisemos este texto:
    –   Relógio do Shopping Iguatemi. Ele se pergunta por que nunca tinha tempo para ficar
        com o filho. Pai, como funciona este relógio? Ta vendo a água lá em cima daquela
        bola...Ele ia explicando e o garoto maravilhado com o relógio. Mas para que serve o
        tempo, pai? Como é que as crianças conseguem fazer este tipo de pergunta? Tempo
        serve para medir as coisas que a gente faz. A hora que você tem que ir pra escola. A
        hora de acordar, de dormir. Daqui a pouco, por exemplo, eu tenho que deixar você na
        casa da sua mãe. Ele esperava o tradicional por quê? Mas o garoto não fez a pergunta.
        Devia estar se acostumando. Devia estar crescendo. Engraçado como as crianças
        crescem rápido. Do telefone celular, ligou primeiro para a ex-mulher, depois para a
        empresa. Comprou dois sorvetes e ficaram horas sentados, sem pressa, olhando o
        relógio de água do Shopping Iguatemi.
        Shopping Iguatemi. Onde a vida acontece.
Análise do exemplo
   Vejamos como as vozes se manifestam:

    –   No início, do trecho que vai de “Relógio do Shopping...”.até “tempo para ficar com o
        filho”, temos a presença do locutor (daqui para frente L). Em seguida entra a voz do
        filho (daqui para frente E1), um dos enunciadores, no trecho “Pai como funciona esse
        relógio?” Logo em seguida vem a voz do pai (daqui para frente E2), o outro enunciador,
        respondendo: “Tá vendo a água lá em cima daquela bola...”. Em seguida temos
        novamente a presença de L em “Ele ia explicando e o garoto maravilhado com o
        relógio”. Novamente o E1 perguntando: Mas para que serve o tempo pai?”. Retorna L
        no trecho” Como é que as crianças conseguem fazer esse tipo de pergunta?”. Na
        seqüência temos E2, no trecho que vai de” Tempo serve para medir...”até tenho que
        te deixar na casa da sua mãe”. No trecho seguinte temos o retorno de L: desde “Ele
        esperava o tradicional por quê? Mas...” até o final do texto.
MARCADORES OU ÍNDICES POLIFÔNICOS


   São determinadas formas lingüísticas que funcionam como
    marcadores, como indicativos da presença de outras vozes
    compondo o discurso Há diversos marcadores ou índices
    polifônicos. Vamos nos concentrar em:

    –   Pressuposto - o conceito de pressuposto implica idéias não expressas de
        maneira explícita e que são conseqüência do sentido de certas palavras ou
        expressões contidas na frase. É enunciado pelo locutor, mas é partilhado com
        outras vozes e até mesmo com toda a comunidade em que se insere (Ducrot,
        1987) ;
MARCADORES OU ÍNDICES POLIFÔNICOS


   Subentendido - pode ser definido como insinuações presentes numa
    frase ou num conjunto de frases e que não são marcadas
    lingüisticamente;

   Ironia - ocorre quando o enunciador subverte sua própria enunciação,
    podendo ocorrer tal subversão sem que exista contestação de um
    determinado gênero ou mesmo de um texto anteriormente existente. Brait
    (1996) afirma que o “ironista” busca encontrar maneiras de chamar a
    atenção do interlocutor para o discurso e através de tal procedimento,
    conquistar sua adesão. Sem essa adesão do interlocutor, a ironia não se
    concretiza.
Ironia
Subentendido
Pressuposto
Subentendido e ironia

Más contenido relacionado

La actualidad más candente (20)

Coesão e coerencia
Coesão e coerenciaCoesão e coerencia
Coesão e coerencia
 
Coerência textual
Coerência textualCoerência textual
Coerência textual
 
Gênero Cronica
Gênero Cronica Gênero Cronica
Gênero Cronica
 
Coerência e coesão textual
Coerência e coesão textualCoerência e coesão textual
Coerência e coesão textual
 
Vícios de linguagem
Vícios de linguagemVícios de linguagem
Vícios de linguagem
 
Denotação e Conotação - Resumo.pptx
Denotação e Conotação - Resumo.pptxDenotação e Conotação - Resumo.pptx
Denotação e Conotação - Resumo.pptx
 
Implícitos...
Implícitos...Implícitos...
Implícitos...
 
Intertextualidade
Intertextualidade Intertextualidade
Intertextualidade
 
Os tipos de discurso
Os tipos de discursoOs tipos de discurso
Os tipos de discurso
 
Análise de (do) discurso
Análise de (do) discursoAnálise de (do) discurso
Análise de (do) discurso
 
Tipologia textual
Tipologia textualTipologia textual
Tipologia textual
 
Tipologia Textual
Tipologia TextualTipologia Textual
Tipologia Textual
 
Recursos ortográficos e efeitos de sentido
Recursos ortográficos e efeitos de sentidoRecursos ortográficos e efeitos de sentido
Recursos ortográficos e efeitos de sentido
 
Interpretação e Compreensão de Texto
Interpretação e Compreensão de Texto Interpretação e Compreensão de Texto
Interpretação e Compreensão de Texto
 
Relações lexicais e coesão textual
Relações lexicais e coesão textualRelações lexicais e coesão textual
Relações lexicais e coesão textual
 
Redação enem
Redação enemRedação enem
Redação enem
 
Podcast
PodcastPodcast
Podcast
 
Dissertação argumentativa
Dissertação argumentativaDissertação argumentativa
Dissertação argumentativa
 
Semântica
SemânticaSemântica
Semântica
 
Elementos da narrativa
Elementos da narrativaElementos da narrativa
Elementos da narrativa
 

Similar a Pressuposto, subentendido e ironia

A teoria da_enunciacao_no_filme_estamos_juntos_(1)
A teoria da_enunciacao_no_filme_estamos_juntos_(1)A teoria da_enunciacao_no_filme_estamos_juntos_(1)
A teoria da_enunciacao_no_filme_estamos_juntos_(1)Francis Paula
 
Semantica pires de oliveira intro linguistica
Semantica pires de oliveira intro linguisticaSemantica pires de oliveira intro linguistica
Semantica pires de oliveira intro linguisticajefreirocha
 
Textos orais e escritos
Textos orais e escritosTextos orais e escritos
Textos orais e escritosEdilene Pina
 
Apresentação de Dissertação - Da brancura à sujeira
Apresentação de Dissertação - Da brancura à sujeiraApresentação de Dissertação - Da brancura à sujeira
Apresentação de Dissertação - Da brancura à sujeiraBreno Brito
 
anlisededodiscurso-140409123243-phpapp02.ppt
anlisededodiscurso-140409123243-phpapp02.pptanlisededodiscurso-140409123243-phpapp02.ppt
anlisededodiscurso-140409123243-phpapp02.pptadrianomcosta3
 
Lingusticaaplicadainterpretaodetextoscursinho 111006072155-phpapp02
Lingusticaaplicadainterpretaodetextoscursinho 111006072155-phpapp02Lingusticaaplicadainterpretaodetextoscursinho 111006072155-phpapp02
Lingusticaaplicadainterpretaodetextoscursinho 111006072155-phpapp02Maria Marlene Marcon
 
Resenha crítica do livro "Linguagem e Ideologia" de José Luiz Fiorin
Resenha crítica do livro "Linguagem e Ideologia" de José Luiz FiorinResenha crítica do livro "Linguagem e Ideologia" de José Luiz Fiorin
Resenha crítica do livro "Linguagem e Ideologia" de José Luiz FiorinJean Michel Gallo Soldatelli
 
Mediacao semiotica vygotsky cida e ernani v.6 de 23.11
Mediacao semiotica vygotsky cida e ernani v.6 de 23.11Mediacao semiotica vygotsky cida e ernani v.6 de 23.11
Mediacao semiotica vygotsky cida e ernani v.6 de 23.11xereque2009
 
HOMENS QUE SÃO HOMENS NÃO CHORAM: A CONSTITUIÇÃO DISCURSIVA DA IDENTIDADE MAS...
HOMENS QUE SÃO HOMENS NÃO CHORAM: A CONSTITUIÇÃO DISCURSIVA DA IDENTIDADE MAS...HOMENS QUE SÃO HOMENS NÃO CHORAM: A CONSTITUIÇÃO DISCURSIVA DA IDENTIDADE MAS...
HOMENS QUE SÃO HOMENS NÃO CHORAM: A CONSTITUIÇÃO DISCURSIVA DA IDENTIDADE MAS...Denize Carneiro
 
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptx
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptxAula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptx
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptxJacksonCiceroFranaBa
 
AULA 2- ANALISE DO DISCURSO.taquidirvasconhar
AULA 2- ANALISE DO DISCURSO.taquidirvasconharAULA 2- ANALISE DO DISCURSO.taquidirvasconhar
AULA 2- ANALISE DO DISCURSO.taquidirvasconharswizzydejesus
 
Campanha "Hope ensina": Uma análise dos estereótipos e ideologia envolvidas.
Campanha "Hope ensina": Uma análise dos estereótipos e ideologia envolvidas.Campanha "Hope ensina": Uma análise dos estereótipos e ideologia envolvidas.
Campanha "Hope ensina": Uma análise dos estereótipos e ideologia envolvidas.Julia Travaglini
 
Figuras de-linguagem
Figuras de-linguagemFiguras de-linguagem
Figuras de-linguagemPedro Barros
 

Similar a Pressuposto, subentendido e ironia (20)

A teoria da_enunciacao_no_filme_estamos_juntos_(1)
A teoria da_enunciacao_no_filme_estamos_juntos_(1)A teoria da_enunciacao_no_filme_estamos_juntos_(1)
A teoria da_enunciacao_no_filme_estamos_juntos_(1)
 
Semantica pires de oliveira intro linguistica
Semantica pires de oliveira intro linguisticaSemantica pires de oliveira intro linguistica
Semantica pires de oliveira intro linguistica
 
Resumo estudo
Resumo estudoResumo estudo
Resumo estudo
 
Resumo
Resumo Resumo
Resumo
 
Textos orais e escritos
Textos orais e escritosTextos orais e escritos
Textos orais e escritos
 
Caderno
CadernoCaderno
Caderno
 
Apresentação de Dissertação - Da brancura à sujeira
Apresentação de Dissertação - Da brancura à sujeiraApresentação de Dissertação - Da brancura à sujeira
Apresentação de Dissertação - Da brancura à sujeira
 
anlisededodiscurso-140409123243-phpapp02.ppt
anlisededodiscurso-140409123243-phpapp02.pptanlisededodiscurso-140409123243-phpapp02.ppt
anlisededodiscurso-140409123243-phpapp02.ppt
 
Lingusticaaplicadainterpretaodetextoscursinho 111006072155-phpapp02
Lingusticaaplicadainterpretaodetextoscursinho 111006072155-phpapp02Lingusticaaplicadainterpretaodetextoscursinho 111006072155-phpapp02
Lingusticaaplicadainterpretaodetextoscursinho 111006072155-phpapp02
 
Discurso dissertativo
Discurso dissertativoDiscurso dissertativo
Discurso dissertativo
 
Resenha crítica do livro "Linguagem e Ideologia" de José Luiz Fiorin
Resenha crítica do livro "Linguagem e Ideologia" de José Luiz FiorinResenha crítica do livro "Linguagem e Ideologia" de José Luiz Fiorin
Resenha crítica do livro "Linguagem e Ideologia" de José Luiz Fiorin
 
Resenha
ResenhaResenha
Resenha
 
Mediacao semiotica vygotsky cida e ernani v.6 de 23.11
Mediacao semiotica vygotsky cida e ernani v.6 de 23.11Mediacao semiotica vygotsky cida e ernani v.6 de 23.11
Mediacao semiotica vygotsky cida e ernani v.6 de 23.11
 
Clc2
Clc2Clc2
Clc2
 
ling.pptx
ling.pptxling.pptx
ling.pptx
 
HOMENS QUE SÃO HOMENS NÃO CHORAM: A CONSTITUIÇÃO DISCURSIVA DA IDENTIDADE MAS...
HOMENS QUE SÃO HOMENS NÃO CHORAM: A CONSTITUIÇÃO DISCURSIVA DA IDENTIDADE MAS...HOMENS QUE SÃO HOMENS NÃO CHORAM: A CONSTITUIÇÃO DISCURSIVA DA IDENTIDADE MAS...
HOMENS QUE SÃO HOMENS NÃO CHORAM: A CONSTITUIÇÃO DISCURSIVA DA IDENTIDADE MAS...
 
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptx
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptxAula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptx
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptx
 
AULA 2- ANALISE DO DISCURSO.taquidirvasconhar
AULA 2- ANALISE DO DISCURSO.taquidirvasconharAULA 2- ANALISE DO DISCURSO.taquidirvasconhar
AULA 2- ANALISE DO DISCURSO.taquidirvasconhar
 
Campanha "Hope ensina": Uma análise dos estereótipos e ideologia envolvidas.
Campanha "Hope ensina": Uma análise dos estereótipos e ideologia envolvidas.Campanha "Hope ensina": Uma análise dos estereótipos e ideologia envolvidas.
Campanha "Hope ensina": Uma análise dos estereótipos e ideologia envolvidas.
 
Figuras de-linguagem
Figuras de-linguagemFiguras de-linguagem
Figuras de-linguagem
 

Más de Josué Brazil

Relatorio pesquisa dia_maes_2017
Relatorio pesquisa dia_maes_2017Relatorio pesquisa dia_maes_2017
Relatorio pesquisa dia_maes_2017Josué Brazil
 
Pesquisa 13 salario unitau formatada 08 12 2016
Pesquisa 13 salario unitau formatada 08 12 2016Pesquisa 13 salario unitau formatada 08 12 2016
Pesquisa 13 salario unitau formatada 08 12 2016Josué Brazil
 
Tendências e tecnologia
Tendências e tecnologiaTendências e tecnologia
Tendências e tecnologiaJosué Brazil
 
Vídeo institucional
Vídeo institucionalVídeo institucional
Vídeo institucionalJosué Brazil
 
Redação para as mídias sociais
Redação para as mídias sociaisRedação para as mídias sociais
Redação para as mídias sociaisJosué Brazil
 
Planejamento e gestão de mídias sociais
Planejamento e gestão de mídias sociaisPlanejamento e gestão de mídias sociais
Planejamento e gestão de mídias sociaisJosué Brazil
 
Como contratar uma produtora
Como contratar uma produtoraComo contratar uma produtora
Como contratar uma produtoraJosué Brazil
 
Criação para os novos formatos de comunicação
Criação para os novos formatos de comunicaçãoCriação para os novos formatos de comunicação
Criação para os novos formatos de comunicaçãoJosué Brazil
 
Redação para anúncios de revistas
Redação para anúncios de revistasRedação para anúncios de revistas
Redação para anúncios de revistasJosué Brazil
 
O que é redação publicitária
O que é redação publicitáriaO que é redação publicitária
O que é redação publicitáriaJosué Brazil
 
Comunicação digital, marketing digital e as mídias
Comunicação digital, marketing digital e as mídiasComunicação digital, marketing digital e as mídias
Comunicação digital, marketing digital e as mídiasJosué Brazil
 
Propaganda direta & marketing direto
Propaganda direta & marketing diretoPropaganda direta & marketing direto
Propaganda direta & marketing diretoJosué Brazil
 

Más de Josué Brazil (20)

Palestra Etec
Palestra EtecPalestra Etec
Palestra Etec
 
Palestra Fatec
Palestra FatecPalestra Fatec
Palestra Fatec
 
Relatorio pesquisa dia_maes_2017
Relatorio pesquisa dia_maes_2017Relatorio pesquisa dia_maes_2017
Relatorio pesquisa dia_maes_2017
 
Pesquisa 13 salario unitau formatada 08 12 2016
Pesquisa 13 salario unitau formatada 08 12 2016Pesquisa 13 salario unitau formatada 08 12 2016
Pesquisa 13 salario unitau formatada 08 12 2016
 
Tendências e tecnologia
Tendências e tecnologiaTendências e tecnologia
Tendências e tecnologia
 
Vídeo institucional
Vídeo institucionalVídeo institucional
Vídeo institucional
 
Texto eficiente
Texto eficienteTexto eficiente
Texto eficiente
 
Tom de voz
Tom de vozTom de voz
Tom de voz
 
Call to-action
Call to-actionCall to-action
Call to-action
 
Redação para as mídias sociais
Redação para as mídias sociaisRedação para as mídias sociais
Redação para as mídias sociais
 
Uma nova era
Uma nova eraUma nova era
Uma nova era
 
Planejamento e gestão de mídias sociais
Planejamento e gestão de mídias sociaisPlanejamento e gestão de mídias sociais
Planejamento e gestão de mídias sociais
 
Como contratar uma produtora
Como contratar uma produtoraComo contratar uma produtora
Como contratar uma produtora
 
Criação para os novos formatos de comunicação
Criação para os novos formatos de comunicaçãoCriação para os novos formatos de comunicação
Criação para os novos formatos de comunicação
 
Redação para anúncios de revistas
Redação para anúncios de revistasRedação para anúncios de revistas
Redação para anúncios de revistas
 
O que é redação publicitária
O que é redação publicitáriaO que é redação publicitária
O que é redação publicitária
 
Produtor de rtvc
Produtor de rtvcProdutor de rtvc
Produtor de rtvc
 
Prospecção
ProspecçãoProspecção
Prospecção
 
Comunicação digital, marketing digital e as mídias
Comunicação digital, marketing digital e as mídiasComunicação digital, marketing digital e as mídias
Comunicação digital, marketing digital e as mídias
 
Propaganda direta & marketing direto
Propaganda direta & marketing diretoPropaganda direta & marketing direto
Propaganda direta & marketing direto
 

Pressuposto, subentendido e ironia

  • 1. PRESSUPOSTO, SUBENTENDIDO E IRONIA POLIFONIA, DIALOGISMO, MARCADORES POLIFÔNICOS E RECURSOS PERSUASIVOS
  • 2. POLIFONIA E/OU DIALOGISMO  Bakhtin lançou a idéia de polifonia;  Esse autor partiu de uma crítica ao objetivismo abstrato que via a língua como um sistema monológico;  Para ele, a palavra não é monológica e sim plurivalente e o dialogismo uma condição constitutiva do sujeito;  Bakhtin afirma que o ser humano não pode ser concebido fora de suas relações sociais, portanto a linguagem é social;  Ainda segundo Bakhtin, qualquer manifestação de comunicação (enunciação) será definida pelas reais condições de enunciação, ou seja, a situação social do momento;
  • 3. POLIFONIA E/OU DIALOGISMO  Concluindo, a polifonia é parte integrante e essencial de qualquer enunciação;  A polifonia analisa o fato de que ocorrem em um mesmo texto diferente vozes que se expressam;  Todo discurso é formado por diversos discursos.
  • 4. POLIFONIA E PROPAGANDA  Fundamental em propaganda é entender o momento sócio- histórico da enunciação;  Em propaganda, como em qualquer enunciado, a palavra é orientada para o interlocutor e em função do interlocutor;  O produtor do texto publicitário procura antecipar as representações feitas pelo interlocutor e através disso, estabelece estratégias de formulação da mensagem (BRANDÃO, 1991);  A mensagem (a enunciação) é, portanto, sempre resultado da interação entre locutor e interlocutor;
  • 5. O QUE É ENUNCIAÇÃO  Para Bakhtin: – É uma alocução, ela sempre instaura o outro (esteja ele presente ou não), seja de maneira implícita ou explícita, é o produto da interação entre dois indivíduos socialmente definidos; – É formada tanto por elementos lingüísticos (verbais) como por elementos não-verbais; – A enunciação individual é um fenômeno puramente sociológico.
  • 6. O QUE É ENUNCIAÇÃO Para Ducrot: – é “o acontecimento constituído pelo aparecimento de um enunciado” (p.168). A realização de um enunciado é um acontecimento único, dá-se existência a algo que não existia antes e que deixará de existir depois. É uma aparição momentânea;
  • 7. POLIFONIA SEGUNDO DUCROT  A tese de Ducrot (1987) contempla duas idéias básicas. A primeira é a que atribui para a enunciação um ou mais sujeitos que seriam sua origem. A segunda é aquela que vê a necessidade de diferenciar entre os diversos sujeitos ao menos duas modalidades de personagens: os locutores e os enunciadores.  Os locutores são aqueles que são apresentados no enunciado como seus responsáveis. Diferem do chamado ser empírico ou ator empírico do enunciado, que é aquele que efetivamente produz o enunciado. No nosso caso seria o produtor do texto publicitário.
  • 8. POLIFONIA SEGUNDO DUCROT  Já os enunciadores são os seres cujas vozes estão presentes na enunciação, mas que não são responsáveis pela ocorrência de palavras, ou seja, não é atribuída ao enunciador (ou enunciadores) nenhuma palavra, usando aqui o sentido material do termo. Ducrot (1987, p.193) afirma então que “o locutor, responsável pelo enunciado, dá existência, através deste, a enunciadores de quem ele organiza os pontos de vista e as atitudes”.  A diferenciação entre locutor e ser empírico de imediato nos remete à polifonia. Em propaganda normalmente temos o apagamento total do ser empírico, do autor ou produtor efetivo do texto publicitário, em prol do locutor que conversará com o interlocutor dentro de um repertório adequado a esse.
  • 9. EXEMPLO  Analisemos este texto: – Relógio do Shopping Iguatemi. Ele se pergunta por que nunca tinha tempo para ficar com o filho. Pai, como funciona este relógio? Ta vendo a água lá em cima daquela bola...Ele ia explicando e o garoto maravilhado com o relógio. Mas para que serve o tempo, pai? Como é que as crianças conseguem fazer este tipo de pergunta? Tempo serve para medir as coisas que a gente faz. A hora que você tem que ir pra escola. A hora de acordar, de dormir. Daqui a pouco, por exemplo, eu tenho que deixar você na casa da sua mãe. Ele esperava o tradicional por quê? Mas o garoto não fez a pergunta. Devia estar se acostumando. Devia estar crescendo. Engraçado como as crianças crescem rápido. Do telefone celular, ligou primeiro para a ex-mulher, depois para a empresa. Comprou dois sorvetes e ficaram horas sentados, sem pressa, olhando o relógio de água do Shopping Iguatemi. Shopping Iguatemi. Onde a vida acontece.
  • 10. Análise do exemplo  Vejamos como as vozes se manifestam: – No início, do trecho que vai de “Relógio do Shopping...”.até “tempo para ficar com o filho”, temos a presença do locutor (daqui para frente L). Em seguida entra a voz do filho (daqui para frente E1), um dos enunciadores, no trecho “Pai como funciona esse relógio?” Logo em seguida vem a voz do pai (daqui para frente E2), o outro enunciador, respondendo: “Tá vendo a água lá em cima daquela bola...”. Em seguida temos novamente a presença de L em “Ele ia explicando e o garoto maravilhado com o relógio”. Novamente o E1 perguntando: Mas para que serve o tempo pai?”. Retorna L no trecho” Como é que as crianças conseguem fazer esse tipo de pergunta?”. Na seqüência temos E2, no trecho que vai de” Tempo serve para medir...”até tenho que te deixar na casa da sua mãe”. No trecho seguinte temos o retorno de L: desde “Ele esperava o tradicional por quê? Mas...” até o final do texto.
  • 11. MARCADORES OU ÍNDICES POLIFÔNICOS  São determinadas formas lingüísticas que funcionam como marcadores, como indicativos da presença de outras vozes compondo o discurso Há diversos marcadores ou índices polifônicos. Vamos nos concentrar em: – Pressuposto - o conceito de pressuposto implica idéias não expressas de maneira explícita e que são conseqüência do sentido de certas palavras ou expressões contidas na frase. É enunciado pelo locutor, mas é partilhado com outras vozes e até mesmo com toda a comunidade em que se insere (Ducrot, 1987) ;
  • 12. MARCADORES OU ÍNDICES POLIFÔNICOS  Subentendido - pode ser definido como insinuações presentes numa frase ou num conjunto de frases e que não são marcadas lingüisticamente;  Ironia - ocorre quando o enunciador subverte sua própria enunciação, podendo ocorrer tal subversão sem que exista contestação de um determinado gênero ou mesmo de um texto anteriormente existente. Brait (1996) afirma que o “ironista” busca encontrar maneiras de chamar a atenção do interlocutor para o discurso e através de tal procedimento, conquistar sua adesão. Sem essa adesão do interlocutor, a ironia não se concretiza.