O documento discute a importância de se dar e receber de forma equilibrada. Ele conta histórias de pessoas que reclamavam ao receber doações gratuitas e explica que isso é uma forma de manter a dignidade. Também fala sobre a necessidade de saber dar de maneira que não humilhe quem recebe.
2. Quando eu participava de um grupo
em uma casa espírita,todos os
meses doávamos alimentos para
compor cestas básicas que eram
distribuídas às famílias carentes da
comunidade.
3. A cada mês, um grupo se
encarregava de trazer arroz,
outro, feijão, e assim por
diante, a fim de que se
compusesse a cesta.
cesta
4. Em determinado mês,
coube ao meu grupo trazer
café. Nada poderia ser mais
simples: um quilo de café,
não importava a marca.
5. No entanto, a coordenadora
nos alertou: “Combinem
entre vocês para trazerem
apenas café em pó ou café
solúvel. Porque as pessoas
reclamam que receberam de
um tipo e as outras de outro.
Então, melhor que seja tudo
igual.”
6. Por muito tempo, refleti
sobre isso. As famílias eram
carentes, recebiam cestas de
alimentos que com certeza
supriam suas necessidades
imediatas.
Então por
que reclamavam?
Afinal,
não pagavam nada!
7. Um dia, me caiu nas mãos um
livro, intitulado “Trapeiros de
Emaús”.
Contava a história de uma
comunidade iniciada por um
padre, para pessoas que eram o
que chamaríamos de “Sem Teto”.
8. Um trecho me chamou a
atenção. O padre contava suas
experiências em caridade.
9. Quando menino, ele
costumava acompanhar
seu pai que todos os
meses, doava um dia de
seu tempo para atender
pessoas carentes. O pai
era médico, mas como já
havia quem atendesse às
pessoas nesse setor, ele se
dedicava a cortar cabelos,
profissão que também
exercera.
10. O menino percebia que
embora seu pai
executasse seu serviço
de graça e com amor,
as pessoas reclamavam
muito. Exigiam tal ou
tal corte e às vezes
quando iam embora,
xingavam o pai porque
não haviam gostado do
corte.
11. Mas o pai tinha uma
paciência infinita, tentava
atender ao que lhe pediam e
jamais revidava as ofensas,
chegando até mesmo a pedir
desculpas, quando alguém
não gostava do trabalho que
ele realizara.
12. Então, um dia, o menino perguntou
ao pai por que ele agia assim.
E por que as pessoas
reclamavam de algo que recebiam
de graça, que não teriam de outra
forma.
13. “Para essas pessoas, disse o
pai, receber é muito difícil.
Elas se sentem humilhadas
porque recebem sem dar
nada
em troca.”
14. “Por isso elas reclamam, é uma
maneira de manterem
a autoestima, de deixar
claro que ainda conservam a
própria dignidade”.
15. “É preciso saber dar,
disse o pai. Dar de
maneira que a pessoa que
recebe não se sinta ferida
em sua dignidade.”
16. Depois li um livro de Brian
Weiss em que ele contava
que uma moça estava muito
zangada com Deus. A mãe
dela morrera, depois de
vários anos de vida
vegetativa, sendo cuidada
pelos outros como um bebê
indefeso.
“Minha mãe sempre ajudou
os outros, nunca quis receber
nada, não merecia isso”,
dizia ela.
17. Então, ela recebeu uma
mensagem dos Mestres:
A doença de sua mãe
foi uma bênção, ela passou
a vida ajudando os outros,
mas não sabia receber.
Durante o tempo
da doença, ela aprendeu.
Isso era necessário para a
sua evolução.
18. Depois de ler esses dois livros,
comecei a entender a atitude
das pessoas que reclamavam do
que recebiam nas cestas
básicas.
19. E comecei também a
refletir sobre essa
frágil
e necessária
ponte
entre as
pessoas
que
se chama
“Dar
e receber”.
20. Quando ajudamos alguém
em dificuldade, quando
damos alguma coisa a
alguém que a necessita, seja
material ou “imaterial”,
estamos teoricamente em
posição de superioridade.
Somos nós os doadores, isso
nos faz bem e às vezes
tendemos a não dar
importância à maneira como
essa ajuda é dada.
21. Por outro lado, quando
somos nós a receber, ou
nos sentimos diminuídos,
ou recebemos como se
aquilo nos fosse devido.
23. Quantas vezes fomos
apenas aquele que dá,
aparentemente com
generosidade, mas
guardando lá no fundo
nosso sentimento de
superioridade sobre o
outro...
Ou
esperando sua
eterna gratidão.
24. E recusamos
orgulhosamente receber,
porque “não precisamos de
nada,
nem de
ninguém”...
Ou porque temos
vergonha de mostrar nossa
fragilidade, como se isso
nos fizesse menores aos
olhos
dos
outros.
25. E quantas vezes fomos
apenas aquele que tudo
recebe,
sem nada dar
em troca, egoisticamente
convencidos de nosso
direito a isso...
26. A Lei é
“Dar com liberalidade
e receber com
gratidão”.
Ensina São Paulo.
27. Que cada um de nós
consiga entender as
lições de “Dar e receber”
e
agradeça a Deus
as oportunidades
de aprendêlas.