[1] A mudança da capital de Sergipe de São Cristóvão para Aracaju ocorreu em 1855 devido ao centro econômico estar na região da Cotinguiba, enquanto o centro político estava em São Cristóvão, que era uma cidade sem perspectiva de desenvolvimento e distante do mar. [2] Aracaju foi escolhida como a nova capital planejada por ter acesso ao mar e estar próxima da região econômica da Cotinguiba. [3] Inácio Barbosa, governador de Sergipe na época da mudan
Concurso da prefeitura de aracaju mudança da capital
1. Profº Jorge Marcos
CONCURSO DA PREFEITURA DE ARACAJU
MUDANÇA DA CAPITAL
CONTEXTO NACIONAL – CONTEXTO SERGIPANO – A DECISÃO DE MUDAR
A MUDANÇA DA CAPITAL
1. CONTEXTO NACIONAL
O Gabinete de Conciliação, liderado
por Honório Hermeto Carneiro Leão (Era da
Conciliação), ou simplesmente marquês de
Paraná, procurava promover a paz entre liberais e
conservadores. O momento era de conciliação
política, prosperidade econômica,
desenvolvimento e modernidade. Nesse contexto,
para governar Sergipe foi Inácio Joaquim
Barbosa. O momento era de tranquilidade
administrativa e, internacionalmente, a inserção
do Brasil nas engrenagens do capitalismo
comercial1
;
2. CONTEXTO SERGIPANO
A região da Cotinguiba era,
economicamente, a maior produtora da riqueza
produzida em Sergipe, o açúcar, praticamente
representava 2/3. No período de 1850 a 1853 o
único porto a receber navios de longo curso era o
da Barra do Cotinguiba. O número total de
embarcações que entraram pela Barra do
Cotinguiba/Sergipe em cabotagem (645) foi bem
maior que o total de embarcações entradas pelo
Vaza-Barris (70) e rio Real (212).
O centro político estava na Zona do
Vasa Barris – em São Cristóvão; enquanto o
centro econômico estava na Cotinguiba. A ideia
era que o centro político coincidisse com o cento
econômico. A saída era transferir o centro
político para próximo do centro econômico, pois,
faltava em Sergipe um porto que possuísse a
capacidade de grandes navios aqui aportarem,
para o açúcar ser exportado diretamente para a
Europa, levava a sociedade sergipana a depender
da Bahia.
3. A MUDANÇA DE FATO
1
Fruto desse processo modernizador do Império brasileiro,
observamos, antes da mudança da nossa capital, outras
mudanças, tais como: 1820, Cuiabá (Mato Grosso); 1835, Rio
de Janeiro (Rio de Janeiro); 1839, Maceió (Alagoas); 1852,
Teresina (Piauí).
O Povoado Santo Antônio do Aracaju
foi escolhido para ser a sede da nova capital.
Cabe aqui um questionamento: por que a
mudança não se fez para Laranjeiras, Nossa
Senhora do Socorro, Maruim, Barra dos
Coqueiros2
ou Santo Amaro? Elas apresentavam
os mesmos problemas de São Cristóvão.
São Cristóvão era uma cidade sem
perspectiva de desenvolvimento – a cana de
açúcar decadente e ficava distante do mar, em
uma elevação, banhada pelo rio Paramopama, rio
de maré, de difícil navegação. Vejamos. A
mentalidade da época era de que as cidades
fortalezas e distantes do mar estava ultrapassadas.
O novo, o moderno era construir, cidades a beira
mar, fazendo ligação com o exterior, com o
mercado externo. Dentro dessa perspectiva, as
praias do Aracaju derrotaram geograficamente
São Cristóvão, localizada no interior sem nenhum
acesso ao mar; economicamente, foi derrotada
pela região da Cotinguiba, mas com péssimo
acesso fluvial, foi no Aracaju o local escolhido
para a nova capital.
Mesmo assim, a mudança não se deu
de forma repentina. Assim, não se pode dizer que
a mudança da capital foi um fato isolado. A
mudança começa a ser concretizada a partir da
transferência de alguns órgãos administrativos
para a proximidade da Zona da Cotinguiba. Em
1854 é a transferência a Mesa de Rendas
Provinciais do Porto das Redes em Maruim para a
Barra dos Coqueiros3
. No ano seguinte, em
janeiro de 1855, é criada uma agência dos
Correios no Aracaju, a criação do Distrito de
Subdelegacia do Aracaju, a transferência da
Alfândega para Aracaju. Todas essas medidas
fixaram-se na região denominada de Olaria.
Em fevereiro de 1855, é feita a
articulação política para a mudança. A
Assembleia Provincial é convocada para uma
2
Depunha contra a Barra dos Coqueiros o fato de não possuir
água potável.
3
Ver
http://pt.wikipedia.org/wiki/In%C3%A1cio_Joaquim_Barbosa.
Acessado em 06.mar.2013.
2. reunião no engenho Unha de Gato, de
propriedade de João Gomes de Melo, Barão de
Maruim. Estava sentenciada, decidida a mudança.
Sabedora da decisão política, a
Câmara de São Cristóvão protestou junto ao
presidente e dirigiram-se ao imperador para
protestar pela mudança. A principal manifestação
de descontentamento coube a João Nepomuceno
Borges, popularmente conhecido por João Bebe
Água que, com mais ou menos quatrocentos
pessoas.
De nada adiantaram os protestos dos
sancristovenses. Oficialmente, por Resolução de
n.º 413, de março de 1855, o Povoado Santo
Antônio do Aracaju era elevado à categoria de
cidade e capital da Província de Sergipe. A classe
dominante na época investirem em uma sede com
maior potencial.
A transferência se fez para o Povoado
do Santo Antônio, mas a cidade cresceu na parte
mais baixa. Para manter uma fácil comunicação
entre a parte baixa e a colina do Santo Antônio,
foi autorizada a construção de uma estrada.4
Seu plano inicial compreendia o
espaço de 540 braças de cada lado, ou seja, 1.188
metros, com quadras residenciais de 110 m2 e
ruas com 70 palmos de largura. A nova cidade era
um aglomerado de casas de palha. Sua população
não passava de 1.484 pessoas, sendo 1.191
habitantes livres, destes (730 eram homens e 754
eram mulheres) e 293 escravos.
Aracaju, fundada em 1855, foi a
primeira capital planejada de um estado
brasileiro. Todas as ruas foram projetadas
geometricamente, como um tabuleiro de xadrez,
para desembocarem no rio Sergipe. A cidade foi
criada com o objetivo de sediar a capital da
província de Sergipe Del-Rei, que até este
momento se localizava na cidade de São
Cristóvão, segundo alguns historiadores.5
O responsável pelo desenho da cidade
de Aracaju foi o engenheiro Sebastião Basílio
Pirro. A construção da cidade apresentou
algumas dificuldades de engenharia, pois a região
continha muitos pântanos, pequenos lagos e
mangues.6
4
Essa Estrada (Estrada Nova) durante muito tempo ficou
conhecida de Avenida Independência. Hoje Avenida João
Ribeiro.
5
http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/1780/ara
caju---a-primeira-cidade-planejada-do-brasil.html
6
Ibid.
Até então, as cidades existentes antes
do século XVII adaptavam-se às respectivas
condições topográficas naturais, estabelecendo
uma irregularidade no panorama urbano. O
engenheiro Pirro contrapôs essa irregularidade e
Aracaju foi, no Brasil, um dos primeiros
exemplos de tal tendência geométrica7
.
Fonte: PORTO, Fernando. A Cidade de Aracaju (1855-1865). 2 Ed.
Aracaju: FUNDESC, 1991, p. 45
Pouco tempo a frente da
administração sergipana, Inácio Barbosa,
provavelmente vitimado pelo tifo ou febre
amarela, retira-se a cidade de Estância, no dia 3
de agosto de 1855, buscando melhoras, passando
a administração da Província para Trindade
Prado, terceiro vice-presidente, vindo a falecer
em 6 de outubro de 1855, alguns dias antes de
completar 34 anos.
Seus restos mortais foram trasladados
da Matriz de Nossa Senhora de Guadalupe, em
Estância, para a Igreja do Salvador, em Aracaju.
Em 17 de março de 1917, por iniciativa do
Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, é
construído e inaugurado o obelisco em
homenagem ao fundador, na Praça José de Faro.
Posteriormente é transferido para a Praça da
Estação8
.
7
Ibid.
8
Depois foi denominada Pereira Lobo. Esta praça desapareceu da
fisionomia da cidade. Deu lugar ao Mercado Auxiliar “Thales
Ferraz”. O obelisco foi transferido para a zona sul da cidade
onde é erguida uma nova praça denominada por “Inácio
Barbosa”, final da Avenida Ivo do Prado.
3. Obelisco construído em homenagem ao Inácio
Barbosa, fundador da cidade de Aracaju.
Praça Inácio Barbosa hoje.
http://images.search.conduit.com/search/?q=praça+ina
cio+joaquim+barbosa&ctid