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Deus e
Crenças Religiosas
no Discurso
Filosófico
Pós- Moderno.
Linguagem e Religião
           José J. Queiroz
Introdução

Pós-Modernidade
Principais posições
Discursos sobre Deus e a religião
Autores que descartam Deus e a religião
Autores que se preocupam com o divino
Filosofia da linguagem




                                             “...um sutil velamento da ideia,
                     propositadamente sugerida e incentivada pelo pintor,
                         de um possível 'terreno comum' entre os objetos e
                      os dispositivos linguísticos que buscam designá-los...”
                                            Michael Focault, in “Ceci n’est pás une pipe”
Pós-Modernidade: não?
          Há os críticos que manifestam inteira rejeição:
          Habermas (1985), Modernidade não está terminada
          Eagleton (1998) crítica radical aos aspectos pós-modernos
          Giddens (1991) nenhuma ruptura ou descontinuidade




Pós-Modernidade: sim?
Lyotard (1993), o paradoxo e dissenso prevalecem sobre as certezas
Vattimo (1996) acredita que a Modernidade já se extinguiu
Jameson (1997), “intrinsecamente conflitante e contraditório”
Maffesoli (2000) nova forma de tribalismo e um nomadismo
Connor (1993) inventária da presença do pós-modernismo
“tertium inclusum” (o terceiro incluído)
  assumindo uma posição intermediária
  que liga os opostos.

        o sistema sócio-econômico que a sustenta
        - o capitalismo - ainda está em vigor
                                                        novas caras: globalização, flexibilização,
                                                        descentralização, comunidades
  Pós-Modernidade é ainda a Modernidade                 mercadológicas
          gerindo e parindo as suas crises
                (ver HABERMAS, 1980; TOURAINE, 1994).

                                              na superação da visão mecanicista e
                                              fragmentária de Descartes e Newton, pela
                                              teoria da relatividade e da física quântica,
                                              indica como um “ponto de mutação”.
“Modernidade radical” - Giddens (1991);
“Modernidade liquida”, Bauman (2001);
“Neo- Modernidade”, Rouanet (1986)
“Hipermodernidade”, Aubert (2004)
No social,
                       “capitalismo avançado, ou tardio,
                       ou pós-industrial”. A tecnociência

Um rosto sem sujeito, como                          Neo em Matrix
proclama Baudrillard (1991)
                                                   The Truman Show

    franca ascensão o homo digitalis ou o homo videns (SARTORI, 2001)

  Derrida (1991) desconstrói a metafísica, o         mas propõe uma profunda filosofia da
     logocentrismo e o fonocentrismo,                            “diferença”

    Deleuse-Guattari rejeitam o Édipo          Mas constroem categorias novas de grande
            freudiano (1976)                   alcance para a filosofia, como rizoma, platô,
                                                        devires, desejo e outras,

  Vattimo insurge contra metafísica, propoe o “pensiero debole” (pensamento
fraco), um caminho ontológico para enfrentar a violência e construir uma moral
    enfocada no diálogo, na amizade, superando as imposições repressivas.
A ciência pós-moderna, com
Lyotard, Boaventura Souza
Santos e outros, abre
horizontes para uma nova            epistemologia da
epistemologia na qual o             complexidade, com base
saber não é mais apenas             nas obras de Edgar Morin,
formal ou lógico, mas é             propõe o pensamento
também paralógico                   complexo, uma nova
                                    maneira de encarar a
                                    ciência, a vida, o universo.


 Cada solução faz despontar novas
 inquietações e incertezas,
 perguntas e problemas, e assim
 progride a humanidade.
2. Discursos filosóficos pós-
 modernos sobre a religião

 Há discursos contrastantes com
  relação à religião e às crenças
religiosas; alguns caminham pela
via de exclusão, outros pela via da
              inclusão.
O discurso de exclusão
                                        Baudrillard, professor da Universidade de
                                        Paris, afirma que estamos na sociedade dos
                                        objetos. O mundo se tornou um grande
                                        espetáculo mercadológico e midiático que faz
                                        desaparecer o sujeito humano.


Vivemos num mundo de simulacros
e simulação. Os símbolos que
conectam o ser humano com a
realidade desapareceram, são puros
signos desprovidos de significado.




                   Não há ninguém que possa salvar a sociedade e livrá-la dos
                   simulacros. Nem Deus, pois ele também deixou de ser real.
                   Tornou-se um puro simulacro. Na era da tela total acontece
                                 uma segunda morte de Deus.
                                                               (BAUDRILLARD, 2002).
“a ciência moderna substitui a religião,
que foi usada até a exaustão para definir a
finalidade da vida” Horkheimer, Eclipse da Razão


               Deus, sua vontade suprema, princípio do juízo
               moral, é substituído pela sociedade, que, por si
               só, explica e avalia as condutas. O ser humano
              deixa de ser “criatura” e torna-se ator social, e é
               ele mesmo “que define seus papéis e condutas
              para o bom funcionamento da sociedade”. Bem e
                mal é o que é útil ou nocivo ao corpo social.
                             Alain Touraine, em A crítica da Modernidade (1994)
O discurso de inclusão
Jacques Derrida   messianismo inclui uma experiência de fé no Outro e
                  produz uma cultura universalizável das singularidades.
                  Despojado de qualquer interesse religioso particular, ele é
                  uma fé sem dogmas.

                             Khora - Exterioridade e alteridade absolutas, que estão
                             além dos seres (portanto além do ser religioso
                             concreto). Não é o ser, nem o bem, nem um deus
                             estabelecido, nem o Homem, nem a história; anterior a
                             qualquer fé determinada e a qualquer lei religiosa, é
                             algo que não se deixa “sacralizar” nem “teologizar” e
                             resiste a toda tentativa de um absolutismo religioso.

                     Gianni Vattimo
                                      • retorno do sagrado em nossa época não é
                                        um fato puramente acidental, mas um
                                        aspecto essencial da experiência religiosa.
                                      • motivado por “medos apocalípticos”
                                      • Porque a filosofia e a ciência já não
                                        oferecem um sentido para a existência
O deus eventual proposto por Vattimo
Parmênides para Heráclito             se afasta do ser na vertente de
                                      Parmênides e se aproxima da visão do
                                      ser em Heráclito. Não se trata de um
                                      ser absoluto, eterno, imóvel, sem
                                      principio nem fim, único, absoluta
                                      verdade e bondade, mas de um ser que
                                      é sempre um vir a ser, evolução
                                      continua, movimento, transformação;
                                      trata-se de um logos que reúne em si
                                      um jogo de constantes oposições. Deus,
                                      diz Heráclito, é “dia e noite, inverno e
                                      verão, guerra e paz, saciedade e
                                      penúria”.
           Eugenio Trias
           Ele acredita que a caracterização do retorno mediante
           esses estereótipos deva ser abandonada. Por outro lado,
           ele critica o regresso dos ritualismos vazios e das
           imposições morais obsoletas. O verdadeiro retorno das
           religiões deveria estar ligado a uma recuperação do seu
           valor simbólico.
A filosofia da linguagem em contornos pós-modernos

Crenças religiosas e jogos de linguagem
Os estreitos limites da linguagem expressos no
Tractatus abrem janelas para uma leitura
mística, que se desenrola no indizível, no
silêncio; e o próprio autor estaria apontando
esse horizonte. De fato, diz ele: “há por certo o
inefável. Isso se mostra, é o Místico”
                       Wittgenstein (6.522: 1994:281).
A ciência não pode julgar o valor do narrativo,
nem o inverso (Ibid.;:48-49). Entretanto, há um
conflito entre os jogos de linguagem desses
dois saberes. O cientista questiona a validade
dos enunciados narrativos e o fato de os
mesmos nunca serem submetidos à
argumentação e à prova. Por isso, classifica-os
de selvagens, alienados, ignorâncias,
ideologias, fabulas, mitos




                                              A posição moderna e pós-moderna do
                                              saber como jogo de linguagem suscita a
                                              indagação: as crenças religiosas podem
                                              ser vistas como jogos de linguagem?
a admissão das crenças como jogos de
linguagem poderia reduzir o entendimento e a
prática da religião a poucos iluminados, que
compreendem esses jogos, criando assim um
segmento esotérico entre os crentes.
os jogos de linguagem das crenças religiosas nunca
devem ser tomados como absolutos ou metafísicos .
 Eles expressam juízos de valor históricos, relativos às
                          circunstâncias, e reversíveis


                             “Se as crenças religiosas têm apenas um valor
                             relativo, não podemos dar conta da distinção
                             entre ultramundanidade (transcendência) e
                             mundanidade (imanência), distinção
                             importante na maioria das religiões”


                             A importância da religião na vida não se pode
                             compreender separando a religião dos outros
                             modos da vida social. A força das crenças
                             depende em parte do que está fora da religião
                             (Ibid.,:132-134). Por isso, os jogos de
                             linguagem não devem ser vistos isolados das
                             demais formas de vida. Daí decorrem as
                             tensões ínsitas nas crenças, quando a pessoa
                             se defronta com o problema do mal, do
                             sofrimento, da morte, da perda prematura de
                             um filho, e outras tragédias.
A religião nas fronteiras da
                  linguagem.
         A contribuição de Paul M. van Buren



 Com uma posição neopositivista; retomava a morte de
Deus, proclamada por Nietsche, instituindo um “ateísmo
semântico”. Enquanto o teísmo afirma Deus pela força da
  razão, e o ateísmo o nega, o agnóstico não encontra
     razões para negar ou afirmar a sua existência.
                        The Secular Meaning of the Gospel (1963)


   o “ateu semântico” não vê sequer a possibilidade de se
colocar esse problema, pois termos como Deus, Providência,
    Outra Vida, são inverificáveis, portanto, sem sentido.
a religião é outro modo de se falar nos extremos da
linguagem. Ela é também um comportamento lingüístico ao
apresentar-se como oração, pregação, teologia, atividades
culturais coletivas, canto, colóquio, e outras manifestações.




Na maioria das vezes, ela permanece dentro dos limites.
Mas o que caracteriza como religioso o comportamento
lingüístico é o fato de viajar pelas fronteiras, expressando-se
por meio de paradoxos, dobalbuciar palavras, do silêncio. As
pessoas religiosas usam metáforas, parábolas e outros
modos indiretos de dizer o que entendem
a religião cristã, a palavra Deus é a que mais se
aproxima das bordas da plataforma. Na Carta
de Paulo aos Romanos, van Buren vê um
exemplo do falar nos confins da linguagem
quando o Apóstolo, mestre na oração, insiste
em afirmar que não sabe o que dizer quando
reza, “mas o Espírito intercede com insistência
por nós com gemidos inexprimíveis (Rom 8,26)




Outro exemplo é quando o Apóstolo explica que há uma multiplicidade de corpos e
termina distinguindo entre corpo físico e espiritual. (I Cor 15,39- 44). Aqui é evidente que
a palavra corpo foi estendida ao máximo até um ponto de ruptura além do qual o seu uso
já não seria mais governado por regras e ultrapassaria os limites da nossa linguagem.
“Empurrar as palavras até seus limites extremos é essencial para o comportamento
lingüístico que é a religião”
BLAH
 BLAH
              BLAH
       BLAH

                     B
   BLAH       BLAH
Deus e a religiões estariam desaparecendo no bojo
da crise das grandes narrativas (Lyotard)? Estaria
decretado o fim do divino ou a sua metamorfose em
um mero simulacro, no naufrágio do real
(Baudrillard)? Que dizer da louvável tentativa de
filósofos pós-modernos em superar a “morte de
Deus”, voltando-se, porém, a um divino e a uma
religião para além de metafísica e da ontoteologia?
As metáforas de Derrida não seriam um retorno ao
Deus indizível do primeiro Wittgenstein? O Deus
histórico, encarnatório, eventual de Vattimo e o
universal simbólico de Trias, não enclausuram a
transcendência nos limites da pura imanência? A
ênfase dada à linguagem e aos seus jogos na análise
das realidades religiosas não abriria um dualismo
entre linguagem e razão, privilegiando o discurso a
ponto de marginalizar a racionalidade? A famosa
plataforma de van Buren seria o marco final
explicativo dos limites e possibilidades da linguagem
religiosa?

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Deus e crencas no discurso_JJ Queiroz Exposicao

  • 1. Deus e Crenças Religiosas no Discurso Filosófico Pós- Moderno. Linguagem e Religião José J. Queiroz
  • 2. Introdução Pós-Modernidade Principais posições Discursos sobre Deus e a religião Autores que descartam Deus e a religião Autores que se preocupam com o divino Filosofia da linguagem “...um sutil velamento da ideia, propositadamente sugerida e incentivada pelo pintor, de um possível 'terreno comum' entre os objetos e os dispositivos linguísticos que buscam designá-los...” Michael Focault, in “Ceci n’est pás une pipe”
  • 3. Pós-Modernidade: não? Há os críticos que manifestam inteira rejeição: Habermas (1985), Modernidade não está terminada Eagleton (1998) crítica radical aos aspectos pós-modernos Giddens (1991) nenhuma ruptura ou descontinuidade Pós-Modernidade: sim? Lyotard (1993), o paradoxo e dissenso prevalecem sobre as certezas Vattimo (1996) acredita que a Modernidade já se extinguiu Jameson (1997), “intrinsecamente conflitante e contraditório” Maffesoli (2000) nova forma de tribalismo e um nomadismo Connor (1993) inventária da presença do pós-modernismo
  • 4. “tertium inclusum” (o terceiro incluído) assumindo uma posição intermediária que liga os opostos. o sistema sócio-econômico que a sustenta - o capitalismo - ainda está em vigor novas caras: globalização, flexibilização, descentralização, comunidades Pós-Modernidade é ainda a Modernidade mercadológicas gerindo e parindo as suas crises (ver HABERMAS, 1980; TOURAINE, 1994). na superação da visão mecanicista e fragmentária de Descartes e Newton, pela teoria da relatividade e da física quântica, indica como um “ponto de mutação”. “Modernidade radical” - Giddens (1991); “Modernidade liquida”, Bauman (2001); “Neo- Modernidade”, Rouanet (1986) “Hipermodernidade”, Aubert (2004)
  • 5. No social, “capitalismo avançado, ou tardio, ou pós-industrial”. A tecnociência Um rosto sem sujeito, como Neo em Matrix proclama Baudrillard (1991) The Truman Show franca ascensão o homo digitalis ou o homo videns (SARTORI, 2001) Derrida (1991) desconstrói a metafísica, o mas propõe uma profunda filosofia da logocentrismo e o fonocentrismo, “diferença” Deleuse-Guattari rejeitam o Édipo Mas constroem categorias novas de grande freudiano (1976) alcance para a filosofia, como rizoma, platô, devires, desejo e outras, Vattimo insurge contra metafísica, propoe o “pensiero debole” (pensamento fraco), um caminho ontológico para enfrentar a violência e construir uma moral enfocada no diálogo, na amizade, superando as imposições repressivas.
  • 6. A ciência pós-moderna, com Lyotard, Boaventura Souza Santos e outros, abre horizontes para uma nova epistemologia da epistemologia na qual o complexidade, com base saber não é mais apenas nas obras de Edgar Morin, formal ou lógico, mas é propõe o pensamento também paralógico complexo, uma nova maneira de encarar a ciência, a vida, o universo. Cada solução faz despontar novas inquietações e incertezas, perguntas e problemas, e assim progride a humanidade.
  • 7. 2. Discursos filosóficos pós- modernos sobre a religião Há discursos contrastantes com relação à religião e às crenças religiosas; alguns caminham pela via de exclusão, outros pela via da inclusão.
  • 8. O discurso de exclusão Baudrillard, professor da Universidade de Paris, afirma que estamos na sociedade dos objetos. O mundo se tornou um grande espetáculo mercadológico e midiático que faz desaparecer o sujeito humano. Vivemos num mundo de simulacros e simulação. Os símbolos que conectam o ser humano com a realidade desapareceram, são puros signos desprovidos de significado. Não há ninguém que possa salvar a sociedade e livrá-la dos simulacros. Nem Deus, pois ele também deixou de ser real. Tornou-se um puro simulacro. Na era da tela total acontece uma segunda morte de Deus. (BAUDRILLARD, 2002).
  • 9. “a ciência moderna substitui a religião, que foi usada até a exaustão para definir a finalidade da vida” Horkheimer, Eclipse da Razão Deus, sua vontade suprema, princípio do juízo moral, é substituído pela sociedade, que, por si só, explica e avalia as condutas. O ser humano deixa de ser “criatura” e torna-se ator social, e é ele mesmo “que define seus papéis e condutas para o bom funcionamento da sociedade”. Bem e mal é o que é útil ou nocivo ao corpo social. Alain Touraine, em A crítica da Modernidade (1994)
  • 10. O discurso de inclusão Jacques Derrida messianismo inclui uma experiência de fé no Outro e produz uma cultura universalizável das singularidades. Despojado de qualquer interesse religioso particular, ele é uma fé sem dogmas. Khora - Exterioridade e alteridade absolutas, que estão além dos seres (portanto além do ser religioso concreto). Não é o ser, nem o bem, nem um deus estabelecido, nem o Homem, nem a história; anterior a qualquer fé determinada e a qualquer lei religiosa, é algo que não se deixa “sacralizar” nem “teologizar” e resiste a toda tentativa de um absolutismo religioso. Gianni Vattimo • retorno do sagrado em nossa época não é um fato puramente acidental, mas um aspecto essencial da experiência religiosa. • motivado por “medos apocalípticos” • Porque a filosofia e a ciência já não oferecem um sentido para a existência
  • 11. O deus eventual proposto por Vattimo Parmênides para Heráclito se afasta do ser na vertente de Parmênides e se aproxima da visão do ser em Heráclito. Não se trata de um ser absoluto, eterno, imóvel, sem principio nem fim, único, absoluta verdade e bondade, mas de um ser que é sempre um vir a ser, evolução continua, movimento, transformação; trata-se de um logos que reúne em si um jogo de constantes oposições. Deus, diz Heráclito, é “dia e noite, inverno e verão, guerra e paz, saciedade e penúria”. Eugenio Trias Ele acredita que a caracterização do retorno mediante esses estereótipos deva ser abandonada. Por outro lado, ele critica o regresso dos ritualismos vazios e das imposições morais obsoletas. O verdadeiro retorno das religiões deveria estar ligado a uma recuperação do seu valor simbólico.
  • 12. A filosofia da linguagem em contornos pós-modernos Crenças religiosas e jogos de linguagem Os estreitos limites da linguagem expressos no Tractatus abrem janelas para uma leitura mística, que se desenrola no indizível, no silêncio; e o próprio autor estaria apontando esse horizonte. De fato, diz ele: “há por certo o inefável. Isso se mostra, é o Místico” Wittgenstein (6.522: 1994:281).
  • 13. A ciência não pode julgar o valor do narrativo, nem o inverso (Ibid.;:48-49). Entretanto, há um conflito entre os jogos de linguagem desses dois saberes. O cientista questiona a validade dos enunciados narrativos e o fato de os mesmos nunca serem submetidos à argumentação e à prova. Por isso, classifica-os de selvagens, alienados, ignorâncias, ideologias, fabulas, mitos A posição moderna e pós-moderna do saber como jogo de linguagem suscita a indagação: as crenças religiosas podem ser vistas como jogos de linguagem? a admissão das crenças como jogos de linguagem poderia reduzir o entendimento e a prática da religião a poucos iluminados, que compreendem esses jogos, criando assim um segmento esotérico entre os crentes.
  • 14. os jogos de linguagem das crenças religiosas nunca devem ser tomados como absolutos ou metafísicos . Eles expressam juízos de valor históricos, relativos às circunstâncias, e reversíveis “Se as crenças religiosas têm apenas um valor relativo, não podemos dar conta da distinção entre ultramundanidade (transcendência) e mundanidade (imanência), distinção importante na maioria das religiões” A importância da religião na vida não se pode compreender separando a religião dos outros modos da vida social. A força das crenças depende em parte do que está fora da religião (Ibid.,:132-134). Por isso, os jogos de linguagem não devem ser vistos isolados das demais formas de vida. Daí decorrem as tensões ínsitas nas crenças, quando a pessoa se defronta com o problema do mal, do sofrimento, da morte, da perda prematura de um filho, e outras tragédias.
  • 15. A religião nas fronteiras da linguagem. A contribuição de Paul M. van Buren Com uma posição neopositivista; retomava a morte de Deus, proclamada por Nietsche, instituindo um “ateísmo semântico”. Enquanto o teísmo afirma Deus pela força da razão, e o ateísmo o nega, o agnóstico não encontra razões para negar ou afirmar a sua existência. The Secular Meaning of the Gospel (1963) o “ateu semântico” não vê sequer a possibilidade de se colocar esse problema, pois termos como Deus, Providência, Outra Vida, são inverificáveis, portanto, sem sentido.
  • 16. a religião é outro modo de se falar nos extremos da linguagem. Ela é também um comportamento lingüístico ao apresentar-se como oração, pregação, teologia, atividades culturais coletivas, canto, colóquio, e outras manifestações. Na maioria das vezes, ela permanece dentro dos limites. Mas o que caracteriza como religioso o comportamento lingüístico é o fato de viajar pelas fronteiras, expressando-se por meio de paradoxos, dobalbuciar palavras, do silêncio. As pessoas religiosas usam metáforas, parábolas e outros modos indiretos de dizer o que entendem
  • 17. a religião cristã, a palavra Deus é a que mais se aproxima das bordas da plataforma. Na Carta de Paulo aos Romanos, van Buren vê um exemplo do falar nos confins da linguagem quando o Apóstolo, mestre na oração, insiste em afirmar que não sabe o que dizer quando reza, “mas o Espírito intercede com insistência por nós com gemidos inexprimíveis (Rom 8,26) Outro exemplo é quando o Apóstolo explica que há uma multiplicidade de corpos e termina distinguindo entre corpo físico e espiritual. (I Cor 15,39- 44). Aqui é evidente que a palavra corpo foi estendida ao máximo até um ponto de ruptura além do qual o seu uso já não seria mais governado por regras e ultrapassaria os limites da nossa linguagem. “Empurrar as palavras até seus limites extremos é essencial para o comportamento lingüístico que é a religião”
  • 18. BLAH BLAH BLAH BLAH B BLAH BLAH
  • 19. Deus e a religiões estariam desaparecendo no bojo da crise das grandes narrativas (Lyotard)? Estaria decretado o fim do divino ou a sua metamorfose em um mero simulacro, no naufrágio do real (Baudrillard)? Que dizer da louvável tentativa de filósofos pós-modernos em superar a “morte de Deus”, voltando-se, porém, a um divino e a uma religião para além de metafísica e da ontoteologia? As metáforas de Derrida não seriam um retorno ao Deus indizível do primeiro Wittgenstein? O Deus histórico, encarnatório, eventual de Vattimo e o universal simbólico de Trias, não enclausuram a transcendência nos limites da pura imanência? A ênfase dada à linguagem e aos seus jogos na análise das realidades religiosas não abriria um dualismo entre linguagem e razão, privilegiando o discurso a ponto de marginalizar a racionalidade? A famosa plataforma de van Buren seria o marco final explicativo dos limites e possibilidades da linguagem religiosa?

Notas del editor

  1. To view this presentation, first, turn up your volume and second, launch the self-running slide show.
  2. To view this presentation, first, turn up your volume and second, launch the self-running slide show.
  3. Presentations are a powerful communication medium.
  4. For more than 20 years, Duarte has developed presentations…
  5. …to launch products,
  6. …align employees,
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  12. The first rule is: Treat your audience as king.
  13. Your audience deserves to be treated like royalty. Design a presentation that meets their needs, not just yours.
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  15. Give them those things in a clear, easily understandable way…
  16. …and you will undoubtedly find favor with the king.
  17. The second rule is: Spread ideas and move people.
  18. Your audience didn’t show up to read your 60 page on screen dissertation.
  19. They’re there to see you. To be inspired by your message…