O documento discute como ventos de mudança trouxeram caos para Londres em 2011, mas também podem trazer transformações positivas. Analisa como a sociedade de consumo moderna prioriza a aquisição de bens em detrimento de valores comunitários. Defende uma educação holística capaz de cultivar ética e solidariedade para enfrentar as crises atuais e construir um futuro melhor.
10. “ L IBERDADE , essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda...” Cecília Meireles
11. Porém, as brisas que anunciam mudanças muitas vezes trazem junto de si caos, dor e confusão.
12. Raiva, desencanto e violentos distúrbios que se alastram por vários dias. Londres, agosto de 2011
13. Uma vigília pacífica em Tottenham contra a morte de um jovem por policiais acaba se convertendo numa explosão de selvageria que se espalha por diversos outros bairros londrinos.
14. Saqueadores atacam vitrines e depósitos de lojas, carregando principalmente equipamentos eletrônicos, – celulares, computadores, TVs de plasma, entre outros.
15. Também são alvos de saques lojas contendo “ itens de grife”, – marcas valorizadas por mensagens de consumo.
16. E depois dos saques, a onda de incêndios criminosos.
17. A jovem moça, cujo apartamento fica acima de uma loja de móveis que foi incendiada, salta numa desesperada fuga das chamas.
18. Um morador que presenciou a onda de saques, depredações e incêndios relata: “ Nunca vi tanto desprezo pela vida humana.”
19. “ Queimaram carros, lojas, e casas, sem se preocupar se havia velhos ou bebês dormindo dentro.”
20. São tempos de crise os nossos, – crise econômica, financeira, política e social. E acima de tudo, ética e moral.
21. Tristes tempos em que uma vida vale tão pouco, perdendo-se por quase nada.
22. Saldo de quatro mortos e dezenas de feridos, além de prejuízos que ultrapassam R$ 260 milhões.
23. Diversos especialistas acreditam que os conflitos que tiveram por palco as ruas londrinas poderiam ter ocorrido em qualquer outra cidade grande.
24. A voracidade consumista, a pulsão pela aquisição do novo, a permanente sensação de insaciabilidade, e vidas vazias de sentido infelizmente permeiam a quase totalidade das sociedades modernas.
25. Tempos desleais os nossos, onde testemunhamos a mercantilização de tudo: sentimentos, ideais, metas existenciais e sonhos.
26. Zygmunt Bauman, sociólogo polonês considerado, aos 86 anos de idade, um dos principais pensadores da atualidade, classificou os distúrbios na capital inglesa como “ um motim de consumidores excluídos e frustrados.”
27. Em obras como “ Modernidade Líquida” e “Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria”, Bauman já havia observado como na atual sociedade de consumo as campanhas publicitárias sucessivas atrelam a busca da felicidade a indicadores de consumo e de riqueza ostentada.
28. Anúncios publicitários que vendem o delírio de que ser dono de um determinado produto é o coroamento do sucesso individual.
29. A torrente desumana de publicidade a que somos expostos todos os dias, fomentando o individualismo e o consumismo, em detrimento à solidariedade e cidadania.
30. “ Prazer é mais do que uma sensação. É um objetivo de vida”, nos recorda o anúncio ao lado.
31. Em outras palavras, se você não adquirir o produto anunciado, sua vida estará vazia não somente de prazer, mas de um objetivo.
32. Bauman é enfático ao afirmar que “ enquanto não repensarmos a maneira como medimos o bem-estar, mais problemas são inevitáveis.”
33. “ A busca da felicidade não deve ser atrelada a indicadores de riqueza, pois isso apenas resulta numa erosão do espírito comunitário em prol de competição e egoísmo.”
34. Em suas entrevistas, Bauman costuma citar um antigo provérbio chinês de mais de dois mil anos antes do advento da modernidade, que diz:...
35. “ Quando planejas por um ano, semeias o grão. Quando planejas por uma década, plantas árvores. Quando planejas por uma vida inteira, formas e educas as pessoas.”
36. As graves crises éticas e morais, sociais e ambientais que solapam a humanidade por todos os lados anunciam a necessidade de superarmos a modernidade, e trabalharmos para o advento daquilo definido por pós-modernidade.
37. E o que significa ‘educar’ para os tempos de pós-modernidade?
38. O urgente e vital desafio de educar as futuras gerações de modo que possam cultivar uma nova visão, uma atenção expandida.
39. Pais e avós, professores e educadores, e todos aqueles amantes da vida devemos abraçar a causa de como garantir às novas gerações uma educação plena.
40. Uma educação capaz de estimular a reflexão e a crítica, de modo que saibam cultivar a ética, a transcendência, a cooperação, a solidariedade e o respeito à vida.
41. Uma educação plena, que abarque o desenvolvimento físico e intelectual, emocional, espiritual e social das crianças pequenas que estão iniciando a sua caminhada pela jornada terrena.
43. ...no dia em que a Educação e a Infância forem consideradas uma prioridade essencial.
44. O educador recifense Paulo Freire, considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, afirma:...
45. “ Eu nunca poderia pensar em educação sem amor. É por isso que eu me considero um educador: acima de tudo porque eu sinto amor.”
46. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade.” “ Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo.
47. “ Pra mim, o ‘eu sou, logo existo’ há muito tempo sumiu. ‘ Nós somos, logo existimos’, esta é que é a formulação. Nós existimos, fazemos coisas, por isso somos, entende?...”
48. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.” “ Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor.
49. “ Mudar é difícil mas é possível.” Paulo Freire (1921 – 1997) Projeto “Compaixão e Cidadania” Um espaço para refletirmos sobre temas essenciais. compaixao_cidadania@hotmail.com
50. “ Mudar é difícil mas é possível.” Paulo Freire (1921 – 1997) Tema musical: “ Johnny's Gone To France”, Anthea Lawrence.
51. “ Mudar é difícil mas é possível.” Paulo Freire (1921 – 1997)