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Prevenção Quaternária

Leonardo Cançado Monteiro Savassi
Universidade Federal de Ouro Preto

                UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
                               www.medicina.ufop.br
                                         24/04/2012
Conceito

• Leavell e Clark (1965):
                                         Micro
  tríade ecológica                     organismo




                            ambiente               indivíduo
Conceito

• Leavell e Clark (1965):

    Promoção da   Proteção     Diagnóstico e    Limitação        Reabilitação
       saúde      específica    tratamento     da invalidez
                                 precoces




    Prevenção                  Prevenção                      Prevenção
    primária                   secundária                     terciária
Conceito
“Prevenção Quaternária é a intervenção que evita ou atenua as
consequências de atividades desnecessárias ou excessivas do
            sistema sanitário” (Jamoulle, 1986)
Conceito
Proteger pacientes saudáveis de investigações, testes
  ou tratamentos desnecessários (Jamoulle, 2003)

                …primo non nocere.

  …resistência contínua frente ao intervencionismo
médico, ante à medicalização da vida diária e sobre o
 abuso a respeito da definição de saúde, de fator de
         risco e enfermidade. (Gérvas, 2006)
Conceito




Fonte: Sá. Prevenção Quaternária. In: http://news.fm.ul.pt/
Conceito
“Movimento voltado para a formação de médicos com
espírito crítico aguçado e aptos a manter o processo de
educação continuada”

“Abordagem que utiliza (...) Epidemiologia Clínica; da
Estatística; da Metodologia Científica; e da Informática para
trabalhar a pesquisa; o conhecimento; e a atuação em
Saúde, com o objetivo de oferecer a melhor informação
disponível para a tomada de decisão”
Conceito de: Medicina Baseada em Evidências

“Movimento voltado para a formação de médicos com
espírito crítico aguçado e aptos a manter o processo de
educação continuada”

“Abordagem que utiliza (...) Epidemiologia Clínica; da
Estatística; da Metodologia Científica; e da Informática para
trabalhar a pesquisa; o conhecimento; e a atuação em
Saúde, com o objetivo de oferecer a melhor informação
disponível para a tomada de decisão”
Conceito
      A Prevenção Quaternária se utiliza da sua
Longitudinalidade do cuidado, da Medicina Baseada
em Evidências e da Epidemiologia clínica para obter a
melhor informação possível para a tomada de decisão
      a favor do paciente, evitando os riscos de
intervenções desnecessárias ou mesmo nocivas para o
                      paciente
Usando a MBE
Passos para a Busca
I. Formulação adequada da pergunta;                F
II. Busca da evidência;                            I
III. Análise qualitativa da evidência obtida;
                                                   R
IV. Análise quantitativa da evidência obtida;
V. Análise de custo-efetividade
                                                   E
VI. Avaliação da aplicabilidade dos dados para a
   sua prática clínica
Estratégia FIRE
   Formular uma Pergunta
  que possa ser repondida



     Buscar Informações



  Revisar as informações e
  fazer uma avaliação clínica



  Empregar os resultados
          na Prática
questões clínicas bem construídas
Sistematizar é fundamental!
Utiliza-se PICO ou PPR para a formulação adequada:

Pacientes            ou      População
I ntervenção ou Indicador
                             Preditor (fat.risco/prognóst./intervenção)
Comparação ou controle
Outcome = desfecho ou        Resultado

Buscar as palavras-chave que melhor descrevem os quatro
componentes das questões a se formular.
Análise das informações
Nível de evidência
Nível I     Ensaio clínico randomizado (ECR) ou revisão sistemática (RS) de ECR com
            desfechos clínicos.
Nível II    ECR ou RS destes, de menor qualidade
                      - desfechos substitutos validados
                      - análise de subgrupos ou hipóteses surgidas a posteriori
                      - menor rigor metodológico
            Estudo observacional, de reconhecido peso científico (coorte ou caso-controle
            + coorte, séries temporais múltiplas ou RS destes estudos)
Nível III   ECR com desfechos substitutos não validados
            Caso-controle (transversais, retrospectivos)
Nível IV    Estudo com desfecho clínico mas com maior potencial de viés (experimento
            não comparado, demais estudos observacionais)
Nível V     Fórum representativo ou opinião de especialista sem embasamento nas
            evidências acima
Uma dúvida da prática clínica...
                    Cenário - A velha e boa TRH
Você atendeu dona Belenina, 60 anos, que consultou no Hospital
Universitário por um AVC, agora já está estável, sem maiores
intercorrências, e você acabou de sair do Congresso Médico
Amazônico onde assistiu a brilhante palestra do prof. Gustavo Gusso
sobre prevenção quaternária. Relendo o prontuário, vê que a
paciente usou Terapia de Reposição Hormonal combinada, e imagina
que a medicação pode ter alguma relação com o AVC. Você conversa
com um outro colega que afirma “com certeza” ter lido sobre os
efeitos protetores da TRH sobre a incidência de AVC há “algum
tempo”. Sua estratégia de busca PICO é...
Decreased Risk of Stroke Among Postmenopausal Hormone Users Results From a
                                  National Cohort

Objective: To assess the impact of postmenopausal hormone use on the risk of stroke incidence and stroke
mortality.
Design: Longitudinal study consisting of three data collection waves. The average follow up for cohort
members was 11.9 years (maximum, 16.3 years). Cox proportional hazards regression models were used to
estimate the relative risk of stroke for postmenopausal hormone ever-users compared with never-users.
Participants: A national sample of 1910 (of 2371 eligible) white postmenopausal women who were 55 to 74
years old when examined in 1971 through 1975 as part of the first National Health and Nutrition
Examination Survey and who did not report a history of stroke at that time.
Main Outcome Measure: The main outcome measure was incident stroke (fatal and nonfatal). Events were
determined from discharge diagnosis information coded from hospital and nursing home records and cause
of death information coded from death certificates collected during the follow-up period (1971 through
1987).
Results: There were 250 incident cases of stroke identified, including 64 deaths with stroke listed as the
underlying cause. The age-adjusted incidence rate of stroke among postmenopausal hormone ever-users
was 82 per 10 000 woman-years of follow-up compared with 124 per 10 000 among never-users.
Postmenopausal hormone use remained a protective factor against stroke incidence (relative risk, 0.69;
95% confidence interval, 0.47 to 1.00) and stroke mortality (relative risk, 0.37; 95% confidence interval, 0.14
to 0.92) after adjusting for the baseline risk factors of age, systolic blood pressure, diabetes, body mass
index, smoking, history of hypertension and heart attack, and socioeconomic status.
Conclusions: The results suggest that postmenopausal hormone use is associated with a decrease in risk
of stroke incidence and mortality in white postmenopausal women. (Arch Intern Med. 1993;153:73-79)
• 1ª lição: Aprenda a utilizar a Medicina
  Baseada em Evidências na sua prática clínica.
  Ela é o melhor antídoto contra a
  iatrogenia, e, portanto, uma excelente
  ferramenta de prevenção quaternária.
Usando a Epidemiologia Clínica
O que é isto?




                -3σ     -2 σ    -1 σ    0      1σ     2σ      3σ
                                       68,2%
                                       95,0%
                                       99,7%

O valor “normal” de um exame, por convenção, inclui 95% da população saudável
Ponto de corte
   Vejamos a seguir uma população composta por
pessoas sabidamente diabéticas e pessoas que
comprovadamente não apresentam a doença.

   Considera-se diabético aquele paciente que com o
passar do tempo apresentará as complicações em diversos
órgãos, características da doença.

   A média de glicemia é superior na população com a
doença do que na população saudável.
Ponto de corte

                                        Não Diabéticos
                                        Diabéticos
                                        Ponto de corte




50   90    100   126   140   180   Glicemia (mg/dL)
Ponto de corte

                                        Não Diabéticos
                                        Diabéticos
                                        Ponto de
                                        corte




50   90    100   126   140   180   Glicemia (mg/dL)
Ponto de corte

                                        Não Diabéticos
                                        Diabéticos
                                        Ponto de
                                        corte




50   90    100   126   140   180   Glicemia (mg/dL)
Ponto de corte

O aumento do ponto de corte leva a:
   - Aumento de especificidade
   - Diminuição de sensibilidade

A diminuição do ponto de corte leva a:
   - Diminuição de especificidade
   - Aumento de sensibilidade
• 2ª lição: CUIDADO ao aceitar passivamente os
  pontos de corte de exames propostos em
  Guidelines. Eles podem te gerar falsas doenças
  com falsas necessidades (ou a falsa sensação
  de segurança).
Sensibilidade

Probabilidade de um teste ser positivo (ou apresentar
valor alterado) sabendo-se que o paciente examinado é
doente.

É uma característica intrínseca do teste

Pode ser calculada a partir da realização do teste em
uma população de pessoas sabidamente doentes e
verificação do percentual de exames alterados.
Doente

    Sadio

Resultado:

     inalterado
     alterado
Doente

                                                        Sadio

                                                    Resultado:

                                                         inalterado

                                                         alterado




Em 100 pacientes doentes, 90 resultados alterados
SENSIBILIDADE = 90%
Especificidade
Probabilidade de um teste ser negativo (ou apresentar
valor inalterado) sabendo-se que o paciente examinado
não apresenta a doença relacionada à alteração do
teste.

É uma característica intrínseca do teste

Pode ser calculada a partir da realização do teste em
uma população de pessoas sadias e verificação do
percentual de exames inalterados.
Doente

    Sadio

Resultado:

     inalterado

     alterado
Doente

                                                         Sadio

                                                     Resultado:

                                                          inalterado
                                                          alterado




Em 100 pacientes sadios, 90 resultados inalterados

ESPECIFICIDADE = 90%
O que é isto?
Onde está o nosso “olho” ao receber o resultado de
um teste de triagem?
                           Teste
                   Positivo   Negativo    Total
       Doente         a            b      a+b
      Não Doente      c            d       c+d
        Total        a+c           b+d   a+b+c+d
Desempenho do teste
Suponha um grupo etário de seu território que tem
10% de prevalência de uma doença
                          Teste
                   Positivo   Negativo   Total
       Doente        9             1      10
      Não Doente     9            81      90
        Total        18           82     100
Desempenho do teste
Sensibilidade e especificidade     são   bons   indicadores   das
qualidades gerais de um teste.

Eles não ajudam a decisão da equipe médica que recebendo um
paciente com resultado positivo precisa avaliar se o paciente está
ou não doente.

Isto ocorre por que o cálculo de sensibilidade e especificidade é
feito a partir de situações em que há certeza sobre o diagnóstico.

Os valores preditivo positivo e negativo refletem a capacidade de
um teste em produzir decisões clínicas corretas.
Valor Preditivo Positivo
É a probabilidade de o paciente estar realmente doente
quando seu exame tem resultado positivo.

Seu valor depende não apenas das características
intrínsecas do teste, mas também da prevalência da
doença na população.

O índice de falso-positivos de um teste em valores
percentuais é dado por: 100 – VPP (%)
Exemplo 1 – valor preditivo positivo



População composta por 100 pessoas. A
prevalência da doença na população é de 10%.
No total: 90 pessoas sadias e 10 pessoas
doentes
Doente

    Sadio

Resultado:

     inalterado

     alterado
Exemplo 1 – valor preditivo positivo


Realizado exame laboratorial para
todos os pacientes. Características do
exame solicitado:
Sensibilidade: 90%
Especificidade: 90%
Doente

    Sadio

Resultado:

     inalterado

     alterado
Exemplo 1 – valor preditivo positivo


Realizado exame laboratorial para
todos os pacientes. Características do
exame solicitado:
Sensibilidade: 90%
Especificidade: 90%
Doente

    Sadio

Resultado:

     inalterado

     alterado
Doente

18 exames com resultado alterado       Sadio

                                   Resultado:

                                        inalterado

                                        alterado
Doente

18 exames com resultado alterado          Sadio
Destes apenas 9 são de doentes
                                      Resultado:
                                           inalterado
Valor preditivo positivo = 9x100/18
                                           alterado
Valor preditivo positivo = 50%
Exemplo 2 – valor preditivo positivo



População composta por 100 pessoas. A
prevalência da doença na população é de 40%.
No total: 60 pessoas sadias e 40 pessoas
doentes
Doente

    Sadio

Resultado:

     inalterado

     alterado
Exemplo 2 – valor preditivo positivo


Realizado exame laboratorial para
todos os pacientes. Características do
exame solicitado:
Sensibilidade: 90%
Especificidade: 90%
Exemplo 2 – valor preditivo positivo


Realizado exame laboratorial para
todos os pacientes. Características do
exame solicitado:
Sensibilidade: 90%
Especificidade: 90%
Doente

    Sadio

Resultado:

     inalterado

     alterado
Exemplo 2 – valor preditivo positivo


Realizado exame laboratorial para
todos os pacientes. Características do
exame solicitado:
Sensibilidade: 90%
Especificidade: 90%
Doente

    Sadio

Resultado:

     inalterado

     alterado
Doente

                                       Sadio

42 exames com resultado alterado
                                   Resultado:

                                        inalterado

                                        alterado
Doente

                                           Sadio

42 exames com resultado alterado
                                       Resultado:
Destes 36 são doentes
                                            inalterado

Valor preditivo positivo = 36x100/42        alterado

Valor preditivo positivo = 85,7%
• 3ª lição: Conheça a prevalência da doença na
  sua população. Ela equivale a probabilidade
  pré-teste de uma doença.
Valor Preditivo Negativo
É a probabilidade de o paciente não apresentar
determinada doença quando seu exame tem resultado
negativo.

Seu valor depende não apenas das características
intrínsecas do teste, mas também da prevalência da
doença na população.

O índice de falso-negativos de um teste em valores
percentuais é dado por: 100 – VPN (%)
Exemplo 1 – valor preditivo negativo



População composta por 100 pessoas. A
prevalência da doença na população é de 10%.
No total: 90 pessoas sadias e 10 pessoas
doentes
Doente

    Sadio

Resultado:

     inalterado

     alterado
Exemplo 1 – valor preditivo negativo


Realizado exame laboratorial para
todos os pacientes. Características do
exame solicitado:
Sensibilidade: 90%
Especificidade: 90%
Exemplo 1 – valor preditivo negativo


Realizado exame laboratorial para
todos os pacientes. Características do
exame solicitado:
Sensibilidade: 90%
Especificidade: 90%
Doente

    Sadio

Resultado:

     inalterado

     alterado
Exemplo 1 – valor preditivo negativo


Realizado exame laboratorial para
todos os pacientes. Características do
exame solicitado:
Sensibilidade: 90%
Especificidade: 90%
Doente

    Sadio

Resultado:

     inalterado

     alterado
Doente

                                         Sadio

                                     Resultado:

                                          inalterado

                                          alterado




82 exames com resultado inalterado
Doente

                                         Sadio

                                     Resultado:
                                          inalterado

                                          alterado




82 exames com resultado inalterado
Destes 81 não apresentam a doença
Doente

                                           Sadio

                                       Resultado:
                                            inalterado

                                            alterado




Valor preditivo negativo = 81x100/82
Valor preditivo negativo = 98,8%
Exemplo 2 – valor preditivo negativo



População composta por 100 pessoas. A
prevalência da doença na população é de 40%.
No total: 60 pessoas sadias e 40 pessoas
doentes
Doente

    Sadio

Resultado:

     inalterado

     alterado
Exemplo 2 – valor preditivo negativo


Realizado exame laboratorial para
todos os pacientes. Características do
exame solicitado:
Sensibilidade: 90%
Especificidade: 90%
2.4. Exemplo 2 – valor preditivo negativo


 Realizado exame laboratorial para
 todos os pacientes. Características do
 exame solicitado:
 Sensibilidade: 90%
 Especificidade: 90%
Doente

    Sadio

Resultado:

     inalterado

     alterado
2.4. Exemplo 2 – valor preditivo negativo


 Realizado exame laboratorial para
 todos os pacientes. Características do
 exame solicitado:
 Sensibilidade: 90%
 Especificidade: 90%
Doente

    Sadio

Resultado:

     inalterado

     alterado
58 exames com resultado inalterado

                                         Doente

                                         Sadio

                                     Resultado:

                                          inalterado

                                          alterado
58 exames com resultado inalterado
Destes, 54 não apresentam a doença
                                              Doente

                                              Sadio

                                          Resultado:

                                               inalterado

                                               alterado




   Valor preditivo negativo = 54x100/58
   Valor preditivo negativo = 93,1%
• 4ª lição: Além de conhecer a
  prevalência, descubra os VPP e VPN dos testes
  que você usa. Eles são mais úteis que
  sensibilidade e especificidades em sua
  Unidade de Saúde.
O “check-up”
• Probabilidade normal




                  -3σ     -2 σ    -1 σ    0      1σ     2σ      3σ
                                         68,2%
                                         95,0%
                                         99,7%

  O valor “normal” de um exame, por convenção, inclui 95% da população saudável
O “mito do check-up”
• Probabilidade de um achado anormal, em
  uma pessoa saudável
  = 1-p, ou seja, 1- 0,95 = 0,05
O “mito do check-up”
• Probabilidade de pelo menos um exame com
  resultado falso (3 exames)
  = (1-p)x 3 = (0,05) x 3 = 0,15 = 15%
O “mito do check-up”
• Probabilidade de pelo menos um exame falso
  (12 exames)

  = (1-p) x 12 = 0,6 =   60%
• 5ª lição: “Prevenir não é melhor que
  remediar”. Muitos exames significam muitas
  chances de erro do laboratório.
Redução de Risco

                           0,25
                                             RRR = (iT – iC) / iT
Incidência do evento (%)




                            0,2


                           0,15


                            0,1


                           0,05
                                                 Grupo Tratado
                                                 Grupo Controle
                             0
Redução de Risco

                           0,25
                                             RRR = (iT – iC) / iT
Incidência do evento (%)




                            0,2


                           0,15


                            0,1


                           0,05
                                                 Grupo Tratado
                                                 Grupo Controle
                             0
Seminário Conjunto UFMG - HOB




                                   Redução de Risco

                            0,25
                                              RRR = (iT – iC) / iT
 Incidência do evento (%)




                             0,2


                            0,15


                             0,1


                            0,05
                                                  Grupo Tratado
                                                  Grupo Controle
                              0
Redução de Risco

                           0,25
                                             RRR = (0,2 – 0,1) / 0,2
Incidência do evento (%)




                            0,2


                           0,15


                            0,1


                           0,05
                                                 Grupo Tratado
                                                 Grupo Controle
                             0
Redução de Risco

                           0,25
                                             RRR = 0,5 ou 50%
Incidência do evento (%)




                            0,2


                           0,15


                            0,1


                           0,05
                                                Grupo Tratado
                                                Grupo Controle
                             0
Redução de Risco

                           0,25
                                             RRR = 0,5 ou 50%
Incidência do evento (%)




                            0,2
                                             RAR = iT - iC
                           0,15


                            0,1


                           0,05
                                                 Grupo Tratado
                                                 Grupo Controle
                             0
Redução de Risco

                           0,25
                                             RRR = 0,5 ou 50%
Incidência do evento (%)




                            0,2
                                             RAR = iT - iC
                           0,15


                            0,1


                           0,05
                                                 Grupo Tratado
                                                 Grupo Controle
                             0
Redução de Risco

                           0,25
                                             RRR = 0,5 ou 50%
Incidência do evento (%)




                            0,2
                                             RAR = 0,2 – 0,1
                           0,15


                            0,1


                           0,05
                                                 Grupo Tratado
                                                 Grupo Controle
                             0
Redução de Risco

                           0,25
                                             RRR = 0,5 ou 50%
Incidência do evento (%)




                            0,2
                                             RAR = 0,1
                           0,15


                            0,1


                           0,05
                                                Grupo Tratado
                                                Grupo Controle
                             0
Redução de Risco

                           0,25
                                             RRR = 0,5 ou 50%
Incidência do evento (%)




                            0,2
                                             RAR = 0,1
                           0,15

                                             NNT = 100 / RAR (absoluto)
                            0,1


                           0,05
                                                Grupo Tratado
                                                Grupo Controle
                             0
Redução de Risco

                           0,25
                                             RRR = 0,5 ou 50%
Incidência do evento (%)




                            0,2
                                             RAR = 0,1
                           0,15

                                             NNT = 100 / 0,1 = 1000
                            0,1


                           0,05
                                                 Grupo Tratado
                                                 Grupo Controle
                             0
Redução de Risco

                           0,25
                                             RRR = 0,5 ou 50%
Incidência do evento (%)




                            0,2
                                             RAR = 0,1
                           0,15

                                             NNT = 100 / 0,1 = 1000
                            0,1


                           0,05
                                                 Grupo Tratado
                                                 Grupo Controle
                             0
Redução de Risco

                           25
Incidência do evento (%)




                           20


                           15


                           10


                            5
                                            Grupo Tratado
                                            Grupo Controle
                            0
Redução de Risco

                           25
                                           RRR = (iT – iC) / iT
Incidência do evento (%)




                           20


                           15


                           10


                            5
                                               Grupo Tratado
                                               Grupo Controle
                            0
Redução de Risco

                           25
                                           RRR = 0,5 ou 50%
Incidência do evento (%)




                           20


                           15


                           10


                            5
                                              Grupo Tratado
                                              Grupo Controle
                            0
Redução de Risco

                           25
                                           RRR = 0,5 ou 50%
Incidência do evento (%)




                           20
                                           RAR = iT - iC
                           15


                           10


                            5
                                               Grupo Tratado
                                               Grupo Controle
                            0
Redução de Risco

                           25
                                           RRR = 0,5 ou 50%
Incidência do evento (%)




                           20
                                           RAR = 10
                           15


                           10


                            5
                                              Grupo Tratado
                                              Grupo Controle
                            0
Redução de Risco

                           25
                                           RRR = 0,5 ou 50%
Incidência do evento (%)




                           20
                                           RAR = 10
                           15

                                           NNT = 100 / RAR
                           10


                            5
                                              Grupo Tratado
                                              Grupo Controle
                            0
Redução de Risco

                           25
                                           RRR = 0,5 ou 50%
Incidência do evento (%)




                           20
                                           RAR = 10
                           15

                                           NNT = 100 / 10 = 10
                           10


                            5
                                               Grupo Tratado
                                               Grupo Controle
                            0
Redução de Risco

                           25
                                           RRR = 0,5 ou 50%
Incidência do evento (%)




                           20
                                           RAR = 10
                           15

                                           NNT = 100 / 10 = 10
                           10


                            5
                                               Grupo Tratado
                                               Grupo Controle
                            0
• 6ª lição: RISCO ABSOLUTO e RISCO RELATIVO
  são coisas diferentes. Não “compre” qualquer
  informação que lhe é dada sem conhecer a
  fonte da informação. [use a MBE]
Mensagens finais
Importante saber:
• Quando e quais doenças “rastrear”?
  – Doenças que tenham repercussões
    potencialmente graves
  – Doenças de prevalência elevada.
  – Necessariamente doenças que se conheça bem a
    história natural e para as quais exista tratamento
    adequado.

                              [Harvard Medical School de Portugal]
                                             António Vaz Carneiro
Cuidado com...
• «marketing do medo» sobrestimação de
  situações patológicas na população em geral,

• «medicalização» de fatores de risco, visando
  alargar o mercado dos consumidores de
  saúde, ou seja, o mercado farmacêutico.
Características do teste de rastreio:
 – Alta sensibilidade e alta especificidade.
 – Testes simples, baratos e seguros.
 – Nenhum teste é absolutamente seguro.
 – O “rastreio de massa” em pessoas saudáveis
   apresenta problemas potenciais (falsos-positivos)
 – O rastreio deve ser direcionado para pacientes
   que mais se beneficiem, com acompanhamento
   garantido.
                             [Harvard Medical School de Portugal]
                                            António Vaz Carneiro
Critérios para um Programa de Rastreio
1. A doença deve representar um problema de saúde pública
   relevante, considerando magnitude, transcendência e vulnerabilidade;
2. A história natural da doença/ problema deve ser bem conhecida;
3. Há um estágio pré-clínico (assintomático) bem definido, no qual a
   doença possa ser diagnosticada;
4. O benefício da detecção/ tratamento precoce com o rastreio é maior
   do que se a condição fosse tratada ao diagnóstico;
5. Os exames que detectam a condição clínica no estágio assintomático
   são disponíveis, aceitáveis e confiáveis;
6. O custo do rastreamento/ tratamento de uma condição deve ser
   razoável e compatível com o orçamento do sistema de saúde;
7. O rastreamento deve ser um processo contínuo e sistemático.
          Wilson e Jungner, 1968 In: [Cadernos da Atenção Básica 29] Rastreamento
OBRIGADO
              Leonardo C M Savassi

savassi@medicina.ufop.br
sites.google.com/site/leosavassi

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2012 cma prevenção quaternaria

  • 1. Prevenção Quaternária Leonardo Cançado Monteiro Savassi Universidade Federal de Ouro Preto UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO www.medicina.ufop.br 24/04/2012
  • 2. Conceito • Leavell e Clark (1965): Micro tríade ecológica organismo ambiente indivíduo
  • 3. Conceito • Leavell e Clark (1965): Promoção da Proteção Diagnóstico e Limitação Reabilitação saúde específica tratamento da invalidez precoces Prevenção Prevenção Prevenção primária secundária terciária
  • 4. Conceito “Prevenção Quaternária é a intervenção que evita ou atenua as consequências de atividades desnecessárias ou excessivas do sistema sanitário” (Jamoulle, 1986)
  • 5. Conceito Proteger pacientes saudáveis de investigações, testes ou tratamentos desnecessários (Jamoulle, 2003) …primo non nocere. …resistência contínua frente ao intervencionismo médico, ante à medicalização da vida diária e sobre o abuso a respeito da definição de saúde, de fator de risco e enfermidade. (Gérvas, 2006)
  • 6. Conceito Fonte: Sá. Prevenção Quaternária. In: http://news.fm.ul.pt/
  • 7. Conceito “Movimento voltado para a formação de médicos com espírito crítico aguçado e aptos a manter o processo de educação continuada” “Abordagem que utiliza (...) Epidemiologia Clínica; da Estatística; da Metodologia Científica; e da Informática para trabalhar a pesquisa; o conhecimento; e a atuação em Saúde, com o objetivo de oferecer a melhor informação disponível para a tomada de decisão”
  • 8. Conceito de: Medicina Baseada em Evidências “Movimento voltado para a formação de médicos com espírito crítico aguçado e aptos a manter o processo de educação continuada” “Abordagem que utiliza (...) Epidemiologia Clínica; da Estatística; da Metodologia Científica; e da Informática para trabalhar a pesquisa; o conhecimento; e a atuação em Saúde, com o objetivo de oferecer a melhor informação disponível para a tomada de decisão”
  • 9. Conceito A Prevenção Quaternária se utiliza da sua Longitudinalidade do cuidado, da Medicina Baseada em Evidências e da Epidemiologia clínica para obter a melhor informação possível para a tomada de decisão a favor do paciente, evitando os riscos de intervenções desnecessárias ou mesmo nocivas para o paciente
  • 11. Passos para a Busca I. Formulação adequada da pergunta; F II. Busca da evidência; I III. Análise qualitativa da evidência obtida; R IV. Análise quantitativa da evidência obtida; V. Análise de custo-efetividade E VI. Avaliação da aplicabilidade dos dados para a sua prática clínica
  • 12. Estratégia FIRE Formular uma Pergunta que possa ser repondida Buscar Informações Revisar as informações e fazer uma avaliação clínica Empregar os resultados na Prática
  • 13. questões clínicas bem construídas Sistematizar é fundamental! Utiliza-se PICO ou PPR para a formulação adequada: Pacientes ou População I ntervenção ou Indicador Preditor (fat.risco/prognóst./intervenção) Comparação ou controle Outcome = desfecho ou Resultado Buscar as palavras-chave que melhor descrevem os quatro componentes das questões a se formular.
  • 14. Análise das informações Nível de evidência Nível I Ensaio clínico randomizado (ECR) ou revisão sistemática (RS) de ECR com desfechos clínicos. Nível II ECR ou RS destes, de menor qualidade - desfechos substitutos validados - análise de subgrupos ou hipóteses surgidas a posteriori - menor rigor metodológico Estudo observacional, de reconhecido peso científico (coorte ou caso-controle + coorte, séries temporais múltiplas ou RS destes estudos) Nível III ECR com desfechos substitutos não validados Caso-controle (transversais, retrospectivos) Nível IV Estudo com desfecho clínico mas com maior potencial de viés (experimento não comparado, demais estudos observacionais) Nível V Fórum representativo ou opinião de especialista sem embasamento nas evidências acima
  • 15. Uma dúvida da prática clínica... Cenário - A velha e boa TRH Você atendeu dona Belenina, 60 anos, que consultou no Hospital Universitário por um AVC, agora já está estável, sem maiores intercorrências, e você acabou de sair do Congresso Médico Amazônico onde assistiu a brilhante palestra do prof. Gustavo Gusso sobre prevenção quaternária. Relendo o prontuário, vê que a paciente usou Terapia de Reposição Hormonal combinada, e imagina que a medicação pode ter alguma relação com o AVC. Você conversa com um outro colega que afirma “com certeza” ter lido sobre os efeitos protetores da TRH sobre a incidência de AVC há “algum tempo”. Sua estratégia de busca PICO é...
  • 16. Decreased Risk of Stroke Among Postmenopausal Hormone Users Results From a National Cohort Objective: To assess the impact of postmenopausal hormone use on the risk of stroke incidence and stroke mortality. Design: Longitudinal study consisting of three data collection waves. The average follow up for cohort members was 11.9 years (maximum, 16.3 years). Cox proportional hazards regression models were used to estimate the relative risk of stroke for postmenopausal hormone ever-users compared with never-users. Participants: A national sample of 1910 (of 2371 eligible) white postmenopausal women who were 55 to 74 years old when examined in 1971 through 1975 as part of the first National Health and Nutrition Examination Survey and who did not report a history of stroke at that time. Main Outcome Measure: The main outcome measure was incident stroke (fatal and nonfatal). Events were determined from discharge diagnosis information coded from hospital and nursing home records and cause of death information coded from death certificates collected during the follow-up period (1971 through 1987). Results: There were 250 incident cases of stroke identified, including 64 deaths with stroke listed as the underlying cause. The age-adjusted incidence rate of stroke among postmenopausal hormone ever-users was 82 per 10 000 woman-years of follow-up compared with 124 per 10 000 among never-users. Postmenopausal hormone use remained a protective factor against stroke incidence (relative risk, 0.69; 95% confidence interval, 0.47 to 1.00) and stroke mortality (relative risk, 0.37; 95% confidence interval, 0.14 to 0.92) after adjusting for the baseline risk factors of age, systolic blood pressure, diabetes, body mass index, smoking, history of hypertension and heart attack, and socioeconomic status. Conclusions: The results suggest that postmenopausal hormone use is associated with a decrease in risk of stroke incidence and mortality in white postmenopausal women. (Arch Intern Med. 1993;153:73-79)
  • 17.
  • 18. • 1ª lição: Aprenda a utilizar a Medicina Baseada em Evidências na sua prática clínica. Ela é o melhor antídoto contra a iatrogenia, e, portanto, uma excelente ferramenta de prevenção quaternária.
  • 20. O que é isto? -3σ -2 σ -1 σ 0 1σ 2σ 3σ 68,2% 95,0% 99,7% O valor “normal” de um exame, por convenção, inclui 95% da população saudável
  • 21. Ponto de corte Vejamos a seguir uma população composta por pessoas sabidamente diabéticas e pessoas que comprovadamente não apresentam a doença. Considera-se diabético aquele paciente que com o passar do tempo apresentará as complicações em diversos órgãos, características da doença. A média de glicemia é superior na população com a doença do que na população saudável.
  • 22. Ponto de corte Não Diabéticos Diabéticos Ponto de corte 50 90 100 126 140 180 Glicemia (mg/dL)
  • 23. Ponto de corte Não Diabéticos Diabéticos Ponto de corte 50 90 100 126 140 180 Glicemia (mg/dL)
  • 24. Ponto de corte Não Diabéticos Diabéticos Ponto de corte 50 90 100 126 140 180 Glicemia (mg/dL)
  • 25. Ponto de corte O aumento do ponto de corte leva a: - Aumento de especificidade - Diminuição de sensibilidade A diminuição do ponto de corte leva a: - Diminuição de especificidade - Aumento de sensibilidade
  • 26. • 2ª lição: CUIDADO ao aceitar passivamente os pontos de corte de exames propostos em Guidelines. Eles podem te gerar falsas doenças com falsas necessidades (ou a falsa sensação de segurança).
  • 27. Sensibilidade Probabilidade de um teste ser positivo (ou apresentar valor alterado) sabendo-se que o paciente examinado é doente. É uma característica intrínseca do teste Pode ser calculada a partir da realização do teste em uma população de pessoas sabidamente doentes e verificação do percentual de exames alterados.
  • 28. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado
  • 29. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado Em 100 pacientes doentes, 90 resultados alterados SENSIBILIDADE = 90%
  • 30. Especificidade Probabilidade de um teste ser negativo (ou apresentar valor inalterado) sabendo-se que o paciente examinado não apresenta a doença relacionada à alteração do teste. É uma característica intrínseca do teste Pode ser calculada a partir da realização do teste em uma população de pessoas sadias e verificação do percentual de exames inalterados.
  • 31. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado
  • 32. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado Em 100 pacientes sadios, 90 resultados inalterados ESPECIFICIDADE = 90%
  • 33. O que é isto? Onde está o nosso “olho” ao receber o resultado de um teste de triagem? Teste Positivo Negativo Total Doente a b a+b Não Doente c d c+d Total a+c b+d a+b+c+d
  • 34. Desempenho do teste Suponha um grupo etário de seu território que tem 10% de prevalência de uma doença Teste Positivo Negativo Total Doente 9 1 10 Não Doente 9 81 90 Total 18 82 100
  • 35. Desempenho do teste Sensibilidade e especificidade são bons indicadores das qualidades gerais de um teste. Eles não ajudam a decisão da equipe médica que recebendo um paciente com resultado positivo precisa avaliar se o paciente está ou não doente. Isto ocorre por que o cálculo de sensibilidade e especificidade é feito a partir de situações em que há certeza sobre o diagnóstico. Os valores preditivo positivo e negativo refletem a capacidade de um teste em produzir decisões clínicas corretas.
  • 36. Valor Preditivo Positivo É a probabilidade de o paciente estar realmente doente quando seu exame tem resultado positivo. Seu valor depende não apenas das características intrínsecas do teste, mas também da prevalência da doença na população. O índice de falso-positivos de um teste em valores percentuais é dado por: 100 – VPP (%)
  • 37. Exemplo 1 – valor preditivo positivo População composta por 100 pessoas. A prevalência da doença na população é de 10%. No total: 90 pessoas sadias e 10 pessoas doentes
  • 38. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado
  • 39. Exemplo 1 – valor preditivo positivo Realizado exame laboratorial para todos os pacientes. Características do exame solicitado: Sensibilidade: 90% Especificidade: 90%
  • 40. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado
  • 41. Exemplo 1 – valor preditivo positivo Realizado exame laboratorial para todos os pacientes. Características do exame solicitado: Sensibilidade: 90% Especificidade: 90%
  • 42. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado
  • 43. Doente 18 exames com resultado alterado Sadio Resultado: inalterado alterado
  • 44. Doente 18 exames com resultado alterado Sadio Destes apenas 9 são de doentes Resultado: inalterado Valor preditivo positivo = 9x100/18 alterado Valor preditivo positivo = 50%
  • 45. Exemplo 2 – valor preditivo positivo População composta por 100 pessoas. A prevalência da doença na população é de 40%. No total: 60 pessoas sadias e 40 pessoas doentes
  • 46. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado
  • 47. Exemplo 2 – valor preditivo positivo Realizado exame laboratorial para todos os pacientes. Características do exame solicitado: Sensibilidade: 90% Especificidade: 90%
  • 48. Exemplo 2 – valor preditivo positivo Realizado exame laboratorial para todos os pacientes. Características do exame solicitado: Sensibilidade: 90% Especificidade: 90%
  • 49. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado
  • 50. Exemplo 2 – valor preditivo positivo Realizado exame laboratorial para todos os pacientes. Características do exame solicitado: Sensibilidade: 90% Especificidade: 90%
  • 51. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado
  • 52. Doente Sadio 42 exames com resultado alterado Resultado: inalterado alterado
  • 53. Doente Sadio 42 exames com resultado alterado Resultado: Destes 36 são doentes inalterado Valor preditivo positivo = 36x100/42 alterado Valor preditivo positivo = 85,7%
  • 54. • 3ª lição: Conheça a prevalência da doença na sua população. Ela equivale a probabilidade pré-teste de uma doença.
  • 55. Valor Preditivo Negativo É a probabilidade de o paciente não apresentar determinada doença quando seu exame tem resultado negativo. Seu valor depende não apenas das características intrínsecas do teste, mas também da prevalência da doença na população. O índice de falso-negativos de um teste em valores percentuais é dado por: 100 – VPN (%)
  • 56. Exemplo 1 – valor preditivo negativo População composta por 100 pessoas. A prevalência da doença na população é de 10%. No total: 90 pessoas sadias e 10 pessoas doentes
  • 57. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado
  • 58. Exemplo 1 – valor preditivo negativo Realizado exame laboratorial para todos os pacientes. Características do exame solicitado: Sensibilidade: 90% Especificidade: 90%
  • 59. Exemplo 1 – valor preditivo negativo Realizado exame laboratorial para todos os pacientes. Características do exame solicitado: Sensibilidade: 90% Especificidade: 90%
  • 60. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado
  • 61. Exemplo 1 – valor preditivo negativo Realizado exame laboratorial para todos os pacientes. Características do exame solicitado: Sensibilidade: 90% Especificidade: 90%
  • 62. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado
  • 63. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado 82 exames com resultado inalterado
  • 64. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado 82 exames com resultado inalterado Destes 81 não apresentam a doença
  • 65. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado Valor preditivo negativo = 81x100/82 Valor preditivo negativo = 98,8%
  • 66. Exemplo 2 – valor preditivo negativo População composta por 100 pessoas. A prevalência da doença na população é de 40%. No total: 60 pessoas sadias e 40 pessoas doentes
  • 67. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado
  • 68. Exemplo 2 – valor preditivo negativo Realizado exame laboratorial para todos os pacientes. Características do exame solicitado: Sensibilidade: 90% Especificidade: 90%
  • 69. 2.4. Exemplo 2 – valor preditivo negativo Realizado exame laboratorial para todos os pacientes. Características do exame solicitado: Sensibilidade: 90% Especificidade: 90%
  • 70. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado
  • 71. 2.4. Exemplo 2 – valor preditivo negativo Realizado exame laboratorial para todos os pacientes. Características do exame solicitado: Sensibilidade: 90% Especificidade: 90%
  • 72. Doente Sadio Resultado: inalterado alterado
  • 73. 58 exames com resultado inalterado Doente Sadio Resultado: inalterado alterado
  • 74. 58 exames com resultado inalterado Destes, 54 não apresentam a doença Doente Sadio Resultado: inalterado alterado Valor preditivo negativo = 54x100/58 Valor preditivo negativo = 93,1%
  • 75. • 4ª lição: Além de conhecer a prevalência, descubra os VPP e VPN dos testes que você usa. Eles são mais úteis que sensibilidade e especificidades em sua Unidade de Saúde.
  • 76. O “check-up” • Probabilidade normal -3σ -2 σ -1 σ 0 1σ 2σ 3σ 68,2% 95,0% 99,7% O valor “normal” de um exame, por convenção, inclui 95% da população saudável
  • 77. O “mito do check-up” • Probabilidade de um achado anormal, em uma pessoa saudável = 1-p, ou seja, 1- 0,95 = 0,05
  • 78. O “mito do check-up” • Probabilidade de pelo menos um exame com resultado falso (3 exames) = (1-p)x 3 = (0,05) x 3 = 0,15 = 15%
  • 79. O “mito do check-up” • Probabilidade de pelo menos um exame falso (12 exames) = (1-p) x 12 = 0,6 = 60%
  • 80. • 5ª lição: “Prevenir não é melhor que remediar”. Muitos exames significam muitas chances de erro do laboratório.
  • 81. Redução de Risco 0,25 RRR = (iT – iC) / iT Incidência do evento (%) 0,2 0,15 0,1 0,05 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 82. Redução de Risco 0,25 RRR = (iT – iC) / iT Incidência do evento (%) 0,2 0,15 0,1 0,05 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 83. Seminário Conjunto UFMG - HOB Redução de Risco 0,25 RRR = (iT – iC) / iT Incidência do evento (%) 0,2 0,15 0,1 0,05 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 84. Redução de Risco 0,25 RRR = (0,2 – 0,1) / 0,2 Incidência do evento (%) 0,2 0,15 0,1 0,05 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 85. Redução de Risco 0,25 RRR = 0,5 ou 50% Incidência do evento (%) 0,2 0,15 0,1 0,05 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 86. Redução de Risco 0,25 RRR = 0,5 ou 50% Incidência do evento (%) 0,2 RAR = iT - iC 0,15 0,1 0,05 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 87. Redução de Risco 0,25 RRR = 0,5 ou 50% Incidência do evento (%) 0,2 RAR = iT - iC 0,15 0,1 0,05 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 88. Redução de Risco 0,25 RRR = 0,5 ou 50% Incidência do evento (%) 0,2 RAR = 0,2 – 0,1 0,15 0,1 0,05 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 89. Redução de Risco 0,25 RRR = 0,5 ou 50% Incidência do evento (%) 0,2 RAR = 0,1 0,15 0,1 0,05 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 90. Redução de Risco 0,25 RRR = 0,5 ou 50% Incidência do evento (%) 0,2 RAR = 0,1 0,15 NNT = 100 / RAR (absoluto) 0,1 0,05 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 91. Redução de Risco 0,25 RRR = 0,5 ou 50% Incidência do evento (%) 0,2 RAR = 0,1 0,15 NNT = 100 / 0,1 = 1000 0,1 0,05 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 92. Redução de Risco 0,25 RRR = 0,5 ou 50% Incidência do evento (%) 0,2 RAR = 0,1 0,15 NNT = 100 / 0,1 = 1000 0,1 0,05 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 93. Redução de Risco 25 Incidência do evento (%) 20 15 10 5 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 94. Redução de Risco 25 RRR = (iT – iC) / iT Incidência do evento (%) 20 15 10 5 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 95. Redução de Risco 25 RRR = 0,5 ou 50% Incidência do evento (%) 20 15 10 5 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 96. Redução de Risco 25 RRR = 0,5 ou 50% Incidência do evento (%) 20 RAR = iT - iC 15 10 5 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 97. Redução de Risco 25 RRR = 0,5 ou 50% Incidência do evento (%) 20 RAR = 10 15 10 5 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 98. Redução de Risco 25 RRR = 0,5 ou 50% Incidência do evento (%) 20 RAR = 10 15 NNT = 100 / RAR 10 5 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 99. Redução de Risco 25 RRR = 0,5 ou 50% Incidência do evento (%) 20 RAR = 10 15 NNT = 100 / 10 = 10 10 5 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 100. Redução de Risco 25 RRR = 0,5 ou 50% Incidência do evento (%) 20 RAR = 10 15 NNT = 100 / 10 = 10 10 5 Grupo Tratado Grupo Controle 0
  • 101. • 6ª lição: RISCO ABSOLUTO e RISCO RELATIVO são coisas diferentes. Não “compre” qualquer informação que lhe é dada sem conhecer a fonte da informação. [use a MBE]
  • 103. Importante saber: • Quando e quais doenças “rastrear”? – Doenças que tenham repercussões potencialmente graves – Doenças de prevalência elevada. – Necessariamente doenças que se conheça bem a história natural e para as quais exista tratamento adequado. [Harvard Medical School de Portugal] António Vaz Carneiro
  • 104. Cuidado com... • «marketing do medo» sobrestimação de situações patológicas na população em geral, • «medicalização» de fatores de risco, visando alargar o mercado dos consumidores de saúde, ou seja, o mercado farmacêutico.
  • 105. Características do teste de rastreio: – Alta sensibilidade e alta especificidade. – Testes simples, baratos e seguros. – Nenhum teste é absolutamente seguro. – O “rastreio de massa” em pessoas saudáveis apresenta problemas potenciais (falsos-positivos) – O rastreio deve ser direcionado para pacientes que mais se beneficiem, com acompanhamento garantido. [Harvard Medical School de Portugal] António Vaz Carneiro
  • 106. Critérios para um Programa de Rastreio 1. A doença deve representar um problema de saúde pública relevante, considerando magnitude, transcendência e vulnerabilidade; 2. A história natural da doença/ problema deve ser bem conhecida; 3. Há um estágio pré-clínico (assintomático) bem definido, no qual a doença possa ser diagnosticada; 4. O benefício da detecção/ tratamento precoce com o rastreio é maior do que se a condição fosse tratada ao diagnóstico; 5. Os exames que detectam a condição clínica no estágio assintomático são disponíveis, aceitáveis e confiáveis; 6. O custo do rastreamento/ tratamento de uma condição deve ser razoável e compatível com o orçamento do sistema de saúde; 7. O rastreamento deve ser um processo contínuo e sistemático. Wilson e Jungner, 1968 In: [Cadernos da Atenção Básica 29] Rastreamento
  • 107. OBRIGADO Leonardo C M Savassi savassi@medicina.ufop.br sites.google.com/site/leosavassi