3. A Crítica Genética
“Com a mesma curiosidade de quem paira no ar , o crítico genético entrega-se ao
acompanhamento de percursos criativos, sempre em busca de uma aproximação
maior do processo criador ”
Le mystère Picasso de
Henri-Georges Clouzot, 1955
http://www.youtube.com/watch?v=X39aJnte2y0
4. Não é uma interpretação do produto considerado final pelo artista, mas
do processo responsável pela geração da obra. A ênfase dada ao processo
não é feita em detrimento da obra (...) só nos interessamos em estudar o
processo de criação por que a obra existe.
Quando falamos em percurso, referimo-nos aos rastros deixados pelo
artista, [a esta] arqueologia da criação. Processos e pegadas são inde-
pendentes da materialidade na qual a obra se manifesta.
RASTROS
5. O MANUSCRITO
Manuscrito de Heinrich Heine
Eram pesquisadores envolvidos nas tentativas de decifração dos segredos guardados pelas
palavras rasuradas a lapis, a tinta ou a maquia. O crítico, acompanhando o ritmo da
mão do escritor, ordenava, classificava e interpretava todo esse material
Manuscrito de Carlos Drummond de Andrade
6. CENTRE NATIONAL DE RECHERCHE SCIENTIFIQUE
Louis Hay
1968
COLÓQUIO DE CRÍTICA TEXTUAL: O MANUSCRITO MODERNO E AS
EDIÇÕES
Philippe Willemart
1985
CENTRO DE ESTUDOS DE CRÍTICA GENÉTICA
Programa de Pós Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP
1993
CENTROS DE PESQUISA
7. GRUPO DE ESTUDOS EM
PROCESSOS DE CRIAÇÃO
A crítica genética conhecia o prazer da con-
strução literária. O crítico ficou exposto a
alquimia do fazer em todas as artes, em uma
profícua troca de informações. Esse tipo de
pesquisa passou, então, a se interessar pelo o
universo da criação além dos limites da pala-
vra. (...) O crítico genético passou a lidar com o
diálogo entre as linguagens ou a interde-
pendência dos diversos códigos.
Caderno de esboços de
VIncent Van Gogh
8. Registros
Os cadernos de anotações (...) já o preparava, de certo modo, para esse encontro de águas de
naturezas diversas. Pensamentos fugazes são capturados na linguagem mais acessivel
naquele determinado momento. Diagramas visuais caminham lado a lado com palavras.
Lida-se, assim, com índices de materialidades diversas: rascunhos, roteiros, esboços, plantas,
maquetes, copiões, ensaios, storyboards e cadernos de artista. Tudo é registro do percurso.
Cadernos de Vera Goulart
9. Crítica genética
e as novas tecnologias
Artistas (...) encontraram no computador um meio facilidador de seu percurso,
e, em muitos casos, não em detrimento dos outros meios que já eram usados.
Há, ainda, os processos criativos de obras que têm as novas tecnologias como
suporte. O crítico vai se defrontar, nestes cassos, com (...) arquivos da criação.
Guy Shield
http://www.behance.net/gallery/The-Downpour/15283423
10. Documentos de processo
Como estamos em busca de in-
strumentos gerais de análise opto
por denominar o objeto de estudo
do crítico genético como docu-
mentos de processo. (...) Esses
documentos contém sempre a
idéia de registro. Há, por parte
do artista, uma necessidade de
reter alguns elementos que
podem ser possíveis concretizações
da obra ou auxiliares dessa con-
cretização. (...) São retratos tem-
porais de uma construção que
agem como índices do percurso
criativo.
11. Registro de experimentação
Outra função desempenhada pelos documentos de processo é a de registro de ex-
perimentação, deixando transparecer a natureza indutiva da criação. (...) A
experimentação é comum, as singularidades surgem nos princípios que direcio-
nam as opções.
Der Schrei der Natur
Edvard Munch (1863-1944)
12. Documentos retrospectivos
Entrevistas, depoimentos e en-
saios reflexivos são documentos
públicos que oferecem, também,
dados importantes para os estu-
diosos do processo criador; tem, no
entanto, caráter retrospectivo
que os coloca fora do momento da
criação.
Henri Matisse
13. Jean Dupin
Alberto Giacometti
A estética do inacabado
O olhar científico procura por expli-
cações para os processo criativo que
estes documentos guardam (...) num
acompanhamento crítico-interpreta-
tivo dos registros. (...) Esses docu-
mentos guardam o tempo contínuo
e não linear da criação. Ao intro-
duzir na crítica esta noção do tempo,
seus pesquisadores passam a lidar
com a continuidade, que nos leva a
estética do inacabado.