O documento apresenta uma análise da estrutura formal e temática da obra poética de Carlos Drummond de Andrade. Descreve sua linguagem dinâmica e irônica, o uso do verso livre e elementos da prosa, e como ele recriava filosoficamente o mundo a partir de assuntos cotidianos. Também analisa temas recorrentes em sua poesia como a família, o amor, a solidão e a crítica social.
6. RetorcidoRetorcido
GaucheGauche
ExaustoExausto
Sem esperançasSem esperanças
DesajeitadoDesajeitado
Desencantado com o mundoDesencantado com o mundo
CarenteCarente
AngustiadoAngustiado
Sozinho na multidãoSozinho na multidão
Esse “Eu” sofre uma evolução na medidaEsse “Eu” sofre uma evolução na medida
em que começa a tratar do “Outro”em que começa a tratar do “Outro”
UM EU RETORCIDOUM EU RETORCIDO
7.
8. Crítica ao provincianismoCrítica ao provincianismo
A visão do filho que volta modificada porA visão do filho que volta modificada por
suas vivênciassuas vivências
A pressa de viver, o desejo pelo progresso, aA pressa de viver, o desejo pelo progresso, a
busca da felicidadebusca da felicidade
A imagem no retratoA imagem no retrato
Os costumes: romarias, procissões, aOs costumes: romarias, procissões, a
religiosidade mineirareligiosidade mineira
O cordão umbilical ainda não está de todoO cordão umbilical ainda não está de todo
rompidorompido
UMA PROVÍNCIA: ESTAUMA PROVÍNCIA: ESTA
9.
10. FAMÍLIA: palco dos primeiros conflitosFAMÍLIA: palco dos primeiros conflitos
CDA se dirige à “família que ele se deu, comoCDA se dirige à “família que ele se deu, como
a negar qualquer imposição sangüínea oua negar qualquer imposição sangüínea ou
anterior, hereditária ou herdada, afirmando simanterior, hereditária ou herdada, afirmando sim
os laços construídos, os laços de afeto, deos laços construídos, os laços de afeto, de
convivência, seja ela física, com os seusconvivência, seja ela física, com os seus
contemporâneos, seja ela de memória, com oscontemporâneos, seja ela de memória, com os
que foram antes dele chegar” (Petras Felício /que foram antes dele chegar” (Petras Felício /
Edison Volpato)Edison Volpato)
A FAMÍLIA QUE ME DEIA FAMÍLIA QUE ME DEI
11. Ruína financeira da família (retratoRuína financeira da família (retrato
empoeirado na parede)empoeirado na parede)
A imagem de Robinson CrusoéA imagem de Robinson Crusoé
Relampejos de otimismo: “minha história éRelampejos de otimismo: “minha história é
mais bonita que a Robinson Crusoé”mais bonita que a Robinson Crusoé”
A convivência com o passado é por vezesA convivência com o passado é por vezes
conturbada e por vezes tranqüilaconturbada e por vezes tranqüila
Momentos de solidão e isolamentoMomentos de solidão e isolamento
A FAMÍLIA QUE ME DEIA FAMÍLIA QUE ME DEI
12.
13. Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Jorge deManuel Bandeira, Mário de Andrade, Jorge de
Lima, Frederico Garcia Lorca (poeta eLima, Frederico Garcia Lorca (poeta e
dramaturgo espanhol), Charles Chaplin,dramaturgo espanhol), Charles Chaplin,
Candido Portinari e Américo Facó (poetaCandido Portinari e Américo Facó (poeta
cearense).cearense).
CANTAR DE AMIGOSCANTAR DE AMIGOS
14. O que fizeram para melhorar o mundo no qualO que fizeram para melhorar o mundo no qual
viviam?viviam?
A crítica ao sistema ladeada com a líricaA crítica ao sistema ladeada com a lírica
elogiosa.elogiosa.
"Despertada uma vez a consciência de estar"Despertada uma vez a consciência de estar
no mundo e de não estar sozinho nele, não háno mundo e de não estar sozinho nele, não há
mais volta e Drummond aceitou e cumpriumais volta e Drummond aceitou e cumpriu
magnificamente o papel de arauto da liberdade,magnificamente o papel de arauto da liberdade,
de cantor da humanidade, fazendo dobrar osde cantor da humanidade, fazendo dobrar os
sinos por aqueles que mereciam seu dobrar"sinos por aqueles que mereciam seu dobrar"
(Petras Felício / Edison Volpato).(Petras Felício / Edison Volpato).
CANTAR DE AMIGOSCANTAR DE AMIGOS
15.
16. A descoberta do Outro: Auteridade;A descoberta do Outro: Auteridade;
O pessimismo quanto ao futuro;O pessimismo quanto ao futuro;
A poesia social.A poesia social.
NA PRAÇA DOS CONVITESNA PRAÇA DOS CONVITES
17.
18. Amor amargo / Amar o;Amor amargo / Amar o;
Amor “eterno enquanto dure”;Amor “eterno enquanto dure”;
O conhecimento amoroso é árduo, cruel;O conhecimento amoroso é árduo, cruel;
Existem obstáculos no convívio entre asExistem obstáculos no convívio entre as
pessoas;pessoas;
Às vezes, o sentimento amoroso éÀs vezes, o sentimento amoroso é
suplantando pelo desejo de ascensão social.suplantando pelo desejo de ascensão social.
AMAR-AMAROAMAR-AMARO
19.
20. ““Nesta reunião, encontramos somenteNesta reunião, encontramos somente
produtos da maturidade poética de Drummond,produtos da maturidade poética de Drummond,
textos nos quais a poesia é matéria, deixa detextos nos quais a poesia é matéria, deixa de
ser somente instrumento e passa a ser tambémser somente instrumento e passa a ser também
temática, com a consciência adquirida de que atemática, com a consciência adquirida de que a
palavra é o substrato essencial, a fala primeirapalavra é o substrato essencial, a fala primeira
e última, como o Verbo se fazendo carne”.e última, como o Verbo se fazendo carne”.
POESIA CONTEMPLADAPOESIA CONTEMPLADA
21. Na verdade, o poeta não está incorrendo emNa verdade, o poeta não está incorrendo em
nenhuma contradição. O que pratica é anenhuma contradição. O que pratica é a
definição de poesia como algo que é aquilodefinição de poesia como algo que é aquilo
mesmo sobre o que se está versando. Oumesmo sobre o que se está versando. Ou
melhor: poesia não como algo que fala sobremelhor: poesia não como algo que fala sobre
qualquer assunto, mas uma forma que é elaqualquer assunto, mas uma forma que é ela
mesma, aquilo sobre a qual versa. Poesia nãomesma, aquilo sobre a qual versa. Poesia não
como uma força dentro da qual se derrama umcomo uma força dentro da qual se derrama um
conteúdo, poesia que não se limita a ser umconteúdo, poesia que não se limita a ser um
eventual instrumento ou meio para comunicareventual instrumento ou meio para comunicar
alguma coisa.alguma coisa.
POESIA CONTEMPLADAPOESIA CONTEMPLADA
22.
23. Os poemas deste grupo apresentam umOs poemas deste grupo apresentam um
caráter jocoso, brincalhão, irônico,caráter jocoso, brincalhão, irônico,
despretensioso e simples, sendo, como odespretensioso e simples, sendo, como o
próprio poeta denomina, exercícios lúdicos,próprio poeta denomina, exercícios lúdicos,
brincadeiras com versos, jogos de palavras sembrincadeiras com versos, jogos de palavras sem
maiores objetivos que não o divertimento, masmaiores objetivos que não o divertimento, mas
que nem por isso deixam de apresentar seuque nem por isso deixam de apresentar seu
conteúdo, sua mensagem e sua essência.conteúdo, sua mensagem e sua essência.
UMA, DUAS ARGOLINHASUMA, DUAS ARGOLINHAS
25. As mais variadas possibilidadesAs mais variadas possibilidades
interpretativas;interpretativas;
A memória que resiste às traças do tempo;A memória que resiste às traças do tempo;
A filosofia existencialista de MartimA filosofia existencialista de Martim
Heidegger;Heidegger;
O conflito do poeta com o mundo;O conflito do poeta com o mundo;
A visão do mundo como um todo;A visão do mundo como um todo;
Os questionamentos sobre o homem e suaOs questionamentos sobre o homem e sua
existência.existência.
TENTATIVA DE EXPLORAÇÃO E DE INTERPRETAÇÃO DOTENTATIVA DE EXPLORAÇÃO E DE INTERPRETAÇÃO DO
ESTAR-N0-MUNDOESTAR-N0-MUNDO
26. A estrutura formal da composição de CarlosA estrutura formal da composição de Carlos
Drummond de Andrade é a seguinte:Drummond de Andrade é a seguinte:
1. Versilibrismo: o uso indiscriminado do verso1. Versilibrismo: o uso indiscriminado do verso
livre.livre.
2. Prosaísmo: adoção na poesia de processos2. Prosaísmo: adoção na poesia de processos
adequados à prosa como o discurso direto, aadequados à prosa como o discurso direto, a
ausência de rimas, a conversa com o leitor.ausência de rimas, a conversa com o leitor.
ESTRUTURA FORMALESTRUTURA FORMAL
27. 3. Linguagem dinâmica e irônica: versos3. Linguagem dinâmica e irônica: versos
pequenos e concisos no significado, semelhantepequenos e concisos no significado, semelhante
ao poema pílula de Oswald de Andrade.ao poema pílula de Oswald de Andrade.
4. Cenas do cotidiano: a infância, a metrópole,4. Cenas do cotidiano: a infância, a metrópole,
Itabira e a família.Itabira e a família.
5. Recriação metonímica da realidade sentida:5. Recriação metonímica da realidade sentida:
Drummond apreende filosoficamente o mundo aDrummond apreende filosoficamente o mundo a
partir de assuntos banais.partir de assuntos banais.
ESTRUTURA FORMALESTRUTURA FORMAL