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SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES DAS ESCOLAS
ESTADUAIS DE LEOPOLDINA-MG
Thássia Barbosa de Almeida
Graduada em Enfermagem – UNIPAC
Pós-Graduada em Programa Saúde da Família – Faculdade Redentor
Rua Lindolfo Pinheiro, 173 - B. Chácara Dona Euzébia
Leopoldina/MG
Telefone: (32) 88035280
thassia.barbosa@hotmail.com
Gisele Simas dos Santos, M.Sc
Orientadora
Enfermeira – UFF
Pós-Graduada em terapia Intensiva e Educação – UFJF
Pós-Graduada em Formação Pedagógica em Educação profissionais na Área de
Saúde – ENSP/FIOCRUZ/UFF
Mestre em Ciências da Saúde – UNIPLI
Rodovia BR 356, nº25, Cidade Nova, Itaperuna - RJ, 28300-000
Tel: 32 99595254
RESUMO
A categoria de professores vem sendo apontada como uma das mais propensas ao estresse
e burnout, demonstrando o risco que algumas pessoas possuem para desenvolvera a
Síndrome como consequência do estresse laboral crônico. Os objetivos deste estudo foram
descrever as características dos profissionais estudados e identificar as variáveis que
apresenta maior risco para desenvolver a Síndrome de Burnout. Foram entrevistados 18
professores da rede estadual do município de Leopoldina. Os dados foram analisados
utilizando o Inventário de Sintomas e o questionário Maslach Burnout Inventory (MBI), este
questionário verificou a incidência e os graus manifestos das dimensões: esgotamento
emocional (EE), despersonalização (DE) e Envolvimento Pessoal no trabalho (EP).
Observou-se que o MBI, permite analisar as diferentes fases do processo e explica melhor a
sintomatologia dos profissionais acometidos pelo burnout, confirmando suas qualidades
como instrumento. Houve predomínio médio em todas as dimensões indicando que há risco
de Burnout nos docentes das instituições estudas.
Sociedade Universitária Redentor
Faculdade Redentor
Pós-Graduação Lato-Sensu em Enfermagem
do Trabalho
Palavras – Chaves: Estresse, Síndrome de Burnout, professores.
ABSTRACT
The theacher category has been identify one of the most prone to stress and burnout,
demosntrating the risk some people have to develop the syndrome as a consenquence work
chronic stress. The obejectives of this study werw to describe the caracteristics of
professional study and identify variables that higher risk to develop the Burnout Syndrome.
We interviewed 18 teachers of the state of the city of Leopoldina. Data were analyzed using
the symptom inventory and a questionnaire Maslach Burnout Inventory (MBI), this
questionnaire found de incidence and manifests degrees dimensions, emotional exhaustion,
depersonalization and personal involvement in the work. It was observed that the MIB, allows
you to analyze the different stages of process and better explain the symptoms of
prefessionals affected of burnout, confirming his qualities as a tool. There was average
prevalence in all dimensions indicate that there is risk of Burnout the teachers in the
institutions studied.
Key-words: Stress, Burnout Syndrome, teachers.
1 INTRODUÇÃO
Durante o século XX, o tema estresse foi explorado sob diversos enfoques e
abordagens, partindo de assuntos ligados à fisiologia e respostas orgânicas,
chegando às implicações do fenômeno sobre o aspecto laboral, na saúde do
trabalhador e na saúde pública.
As pesquisas publicadas no início deste século apontam para a relação entre
eventos estressantes e etiologia de problemas de ordem física e/ ou emocionais.
Entende-se como estresse uma relação entre a pessoa e o ambiente que é
percebida pelo indivíduo como sobrecarga ou esgotamento de seus recursos de
enfrentamento, colocando em risco o bem-estar. (LAZARUS; FOLKMAN, 1984).
Estresse é um problema negativo, de natureza perceptiva, resultado da
incapacidade de lidar com as fontes de pressão no trabalho. Provoca conseqüência
sob forma de problemas na saúde física mental e na satisfação no trabalho,
comprometendo o indivíduo e as organizações. (BIANCHLI, 2001)
Síndrome de Burnout de acordo com Geraldo e Vitória (2010), é definida
como uma síndrome tridimensional, a qual acomete aqueles profissionais cujo
cotidiano de trabalho tem relação direta com pessoas expostas a um estresse
crônico. Caracteriza-se por desgaste emocional, despersonalização e sentimentos
de incompetência profissional, podendo levar ao abandono do emprego. O burnout
instala-se insidiosamente, correndo em forma progressiva a relação do sujeito com
sua atividade profissional.
O indivíduo acometido pode também desenvolver alterações
comportamentais, como a queda no rendimento, comportamento paranóico e até
indícios de aumento de álcool, café e remédios, tudo isso ocorre, devido, ao
trabalho, que consome o profissional tanto emocionalmente, como fisicamente.
Para Codo (2002) apud Santos (2010), no Brasil, os professores trabalham
em péssimas condições e com poucos recursos, em um quadro deste, onde um
trabalho tão essencial é feito em condições tão ruins, o profissional acaba se
desgastando emocionalmente.
Outras características inerentes a profissão de professor como: a
impossibilidade de atuar naquilo que realmente sente prazer, falta de qualidade e
das insuficiências dos outros recursos humanos, sobre carga de várias funções e a
baixa remuneração, propõe a profissão como potencialmente estressante.
A síndrome de burnout é definida em estudos como uma das conseqüências
mais marcantes do estresse profissional. Caracteriza-se por exaustão emocional,
avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade. A causa não é vista,
única e exclusivamente, como de fontes externas ao organismo: a ocorrência ou não
do fenômeno depende também da susceptibilidade da pessoa. É necessária uma
sensibilização dos profissionais de enfermagem sobre o fato de que a organização
laboral pode impor demandas específicas, conduzindo ao esgotamento.
O presente estudo traz como objeto de estudo a forma avançada do estresse
crônico e fatigante chamada burnout.
O objetivo geral desse trabalho foi identificar o risco na qual os professores de
escolas estaduais possuem para desenvolver a Síndrome de Burnout.
Os objetivos específicos são: levantar conteúdos da literatura sobre a
síndrome do esgotamento profissional, bem como o impacto das tensões laborais à
saúde do trabalhador.
O estudo mostra-se relevante mediante as políticas de saúde do trabalhador
no Brasil visto que, em 06 de maio de 1999, o decreto do Ministério da Previdência e
Assistência Social reconheceu o estresse e a depressão como doenças do trabalho,
ressaltando que podem vir a se tornar grave problema de saúde pública. O tema
prevenção e proteção contra os riscos derivados dos ambientes do trabalho e
aspectos relacionados à saúde do trabalhador felizmente ganha a cada dia maior
visibilidade no cenário mundial e o Governo Brasileiro está sintonizado a esta onda.
2 METODOLOGIA
A metodologia usada na confecção desse artigo foi a Pesquisa de Campo.
É o tipo de pesquisa baseada em documentação direta, o levantamento de
dados é realizado no local onde ocorrem os fenômenos com o objetivo de obter
informações sobre um problema, ou confirmar uma hipótese, ou descobrir novas
relações entre fatos por meio da observação.
A pesquisa de campo é uma fase que é realizada após o estudo bibliográfico,
para que o pesquisador tenha um bom conhecimento sobre o assunto, pois é nesta
etapa que ele vai definir os objetivos da pesquisa, as hipóteses, definir qual é o meio
de coleta de dados, tamanho da amostra e como os dados serão tabulados e
analisados. (MARCONI & LAKATOS, 1996)
Foi distribuído um questionário denominado Inventário de Sintomas e um
questionário denominado Maslach Burnout Inventory (MBI) para 18 profissionais das
escolas estaduais de Leopoldina – MG.
O inventário de Sintomas é um questionário constituído por 30 perguntas
relacionadas ao cotidiano do profissional, dentre elas, problemas alérgicos, cansaço
rápido, problema na voz entre outras. As respostas variam de nunca, raras as vezes,
moderadamente, frequentemente e assiduadamente.
O questionário Maslach Burnout Inventory (MBI) é referência quase que
obrigatória na avaliação do burnout. Constituído por 22 itens, na maioria dos
trabalhos este instrumento evidencia três fatores fundamentais: exaustão emocional,
despersonalização e realização pessoal no trabalho. (JIMENEZ, et al.. 2002).
O questionário Maslach Burnout Inventory (MBI) é analisado através de
cálculos realizados levando em consideração alguns pontos. A Exaustão Emocional
se refere às questões 1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16, 20; a Despersonalização as questões
5, 10, 11, 15, 22; e a Realização Profissional as questões 4, 7, 9, 12, 17, 18, 19, 21.
A indicação para Burnout (IB) se dá quando o resultado se enquadra como
alta para EE e DE e baixa para RP. Alto risco para Burnout (AR) quando alto grau de
EE, as pontuações consideradas no limite para a classificação alta, RP com
pontuações próximas ao limite considerado alto. E baixo risco de burnout (BR)
quando pontuações contrárias as apresentadas pelo Grupo de Estudos e Pesquisas
sobre Estresse e Burnout (GEPEB).
Na primeira etapa, foram pesquisados artigos e livros sobre o tema. Em
seguida, esses foram selecionados mediante ao que melhor se encaixavam no
artigo. Após essa análise, começou-se a fazer o referencial teórico do presente
trabalho. Concluindo com a análise do questionário aplicado aos professores.
3 DESENVOLVIMENTO
3.1 Burnout nos dias Atuais
Nos dias de hoje, a correria da vida moderna e principalmente as exigências
do trabalho parecem levar rapidamente as pessoas a um esgotamento físico e
mental. E muito se fala de estresse, de depressão e ansiedade. Porém, quando
essas doenças estão ligadas ao dia a dia da profissão e compreende-se que a
causa desse mal tem ligação direta com o trabalho, o nome é diferente e chama-
se Síndrome de Burnout.
A síndrome de Burnout apresenta-se hoje como um dos grandes problemas
psicossociais. Tem gerado grande interesse e preocupação por parte da
comunidade científica e também de entidades governamentais, empresariais e
sindicais, devido à severidade de suas conseqüências, seja em nível individual como
organizacional. (CARLOTTO, 2000).
3.2 O Estresse Laboral
Com o decorrer dos anos, o ambiente de trabalho vem se modificando e
acompanhando o avanço das tecnologias ultrapassando cada vez mais o nível de
capacidade de adaptação dos trabalhadores. Os profissionais vivem hoje sob
contínua pressão, sendo o tempo todo cobrado não só no trabalho como também na
vida de uma maneira geral. O estresse ambiental pode exercer grande influência na
maneira como o indivíduo se comporta socialmente, como exemplo, pode torná-lo
agressivo.
O desgaste profissional, que as pessoas estão submetidas diariamente,
poderá gerar algum tipo de doença. Os modelos expostos são responsáveis pelos
seguintes fatores: agentes estressantes de natureza diversas: (física, biológica,
mecânica, social, etc.), como conjunto de características pessoais temos: (tipos de
personalidade, modos de reação ao estresse etc.), um conjunto de conseqüências
relacionadas à saúde do indivíduo: (doenças cardiovasculares, perturbações
psicológicas etc.) e da organização: (absenteísmo, acidentes, produtividade,
performance etc. (ROCHA, 2005)
O estudo do estresse laboral ganha espaço no meio acadêmico nos últimos
anos, recebendo destaque a análise do fenômeno sobre os trabalhadores de todas
as áreas. O estresse pode conduzir o corpo a respostas, atitudes, emoções e
comportamentos, alterações químicas, fisiológicas, dentre outras significativas
respostas ao estímulo estressor. Psiquicamente, a ansiedade crônica ou
esgotamento conduz ao estado de apatia e desinteresse, desânimo, estado de
pessimismo, insegurança e medo em relação à vida. (BALLONE; NETO;
ORTOLONI, 2002).
Os docentes formam uma categoria especialmente exposta aos riscos
psicossociais. Estes defrontam-se com desencadeantes de estresse próprios da
organização acadêmica e escolar e com situações nas quais se desequilibram as
expectativas individuais do profissional e a realidade do trabalho diário. (MORENO,
et al (2000) apud JIMENEZ, et al (2002).
Como nas demais profissões assistenciais, o burnout nos
professores não aparece de forma brusca, mas constitui a fase final
de um processo contínuo que vai se gestando e que se identificam
com sinais tais como sensação de inadequação ao posto de
trabalho, sensação de falta de recursos para afrontar o labor de
professor, sentimento de carecer da formação necessária,
diminuição da capacidade para a resolução dos problemas, carência
de tempo suficiente, etc. O burnout do docente se caracterizaria por
um exaustão dos recursos emocionais próprios, em que são comuns
atitudes negativas e de distanciamento para com os alunos e a
valorização negativa de seu papel profissional. Objetivamente
manifesta-se da seguinte maneira: exaustão emocional,
despersonalização, falta de realização pessoal no trabalho.
(SCHAUFELI, ENZMANN, (1998) apud JIMENEZ, et al. (2002).
A síndrome de burnout é considerada uma doença que envolve atitudes e
condutas negativas com relação aos usuários, clientes, organização e trabalho,
enquanto que o estresse aparece mais como um desgaste pessoal com interferência
na vida do sujeito; e não necessariamente na sua relação com o trabalho. Fator que
recebeu destaque na análise.
3.3 Burnout em Professores
O mundo que todos idealizamos viver só é possível mediante a transformação
do homem em sua forma de pensar e agir. Esta transformação, no entanto, tem uma
fonte fidedigna: a educação. É por esta via que as pessoas conseguem se inserir no
contexto humano como gente que pensa, que fala, que escreve; que expõe suas
idéias e seus ideais. É pela educação que a pessoa consegue melhores
oportunidades de emprego e, consequentemente, mais acesso a alimentos,
vestuário, cultura e bens de consumo.
Diante do fenomenal e incontestável impacto positivo que tem a educação na
vida de quem dela se beneficia, cumpre-nos cuidar daquele que é, paralelo a família,
o principal agente mediador deste processo: o educador. (JBELI, 2008)
Os professores bem-sucedidos são aqueles que conseguem integrar
significado e sentido. São professores com uma formação adequada
que inclui a compreensão do significado de seu trabalho e que,
encontrando melhores condições objetivas ou lutando muito por elas,
e, em alguns casos, contando com apoio institucional, concretizam
uma prática pedagógica mais eficiente e menos alienante. (BASSO,
1998 apud CLARO, 2009)
O professor, neste processo, se depara com a necessidade de desempenhar
vários papéis, muitas vezes contraditórios, que lhe exigem manter o equilíbrio em
várias situações. Exige-se que sejam companheiro e amigo do aluno, lhe
proporcione apoio para o seu desenvolvimento pessoal, mas ao final do curso adote
um papel de julgamento, contrário ao anterior. Deve estimular a autonomia do aluno,
mas ao mesmo tempo pede que se acomode às regras do grupo e da instituição.
Algumas vezes é proposto que o professor atenda aos seus alunos individualmente
e em outras ele tem que lidar com as políticas educacionais para as quais as
necessidades sociais o direcionam, tornando professor e alunos submissos, a
serviço das necessidades políticas e econômicas do momento (MERAZZI, (1983)
apud CARLOTTO (2002)).
Para o educador, é muito difícil desistir de sua dedicação ao ensino,
abandoná- la, pois o trabalho educacional lhe propicia (ou deveria propiciar) outras
recompensas, que não as monetárias. Essa dificuldade gera a tendência de uma
‘evolução negativa’ no trabalho, afetando a habilidade profissional e a disposição de
atender às necessidades dos estudantes. Além disso, o contato e o relacionamento
com as pessoas usuárias do trabalho ficam prejudicados – corpo discente e docente,
pessoal técnico administrativo, enfim, a organização como um todo. (FERENHOF,
FERENHOF, 2002).
3.4 A Síndrome de Burnout como Doença
De acordo com Jimenes, et al, (2002), a Síndrome é avaliada através da
resposta onde os examinados respondem marcando a freqüência com que tiveram o
sentimento, se expressando através de uma escala que vai de 0 = “Nunca” a 6 =
“Todos os dias”. As dimensões que se avaliam são:
• Exaustão emocional: entendida como fadiga e perda de recursos emocionais.
Alguns exemplos são: “Sinto-me emocionalmente esgotado devido ao meu
trabalho”, “Sinto-me cansado ao final da jornada de trabalho”.
• Despersonalização: indiferença e atitudes distantes para com o trabalho que é
realizado. Por exemplo: “Tenho me tornado mais insensível com as pessoas
desde que exerço este trabalho” ou “Preocupa-me o fato de que este trabalho
esteja me endurecendo emocionalmente”.
• Realização pessoal: refere-se à eficácia percebida no desenvolvimento do
trabalho. Exemplos destes itens são: “Eu lido eficazmente com os problemas
dos alunos”, “Tenho conseguido muitas realizações em minha profissão”.
Os sinais avaliados podem ser divididos em:
Sintomas somáticos (físicos):
• Exaustão (esgotamento físico temporário);
• fadiga (capacidade física ou mental decrescente);
• dores de cabeça;
• dores generalizadas;
• transtornos no aparelho digestório;
• alteração do sono;
• disfunções sexuais.
Sintomas psicológicos:
• Quadro depressivo;
• irritabilidade;
• ansiedade;
• inflexibilidade;
• perda de interesse;
• descrédito (sistema e pessoas).
Sintomas comportamentais:
• Evita os alunos;
• evita fazer contato visual;
• faz uso de adjetivos depreciativos;
• dá explicações breves e superficiais aos alunos;
• transfere responsabilidades;
• faz contratransferência, ou seja, reaje às provocações em papéis distintos do papel
de educador;
• resiste à mudanças.
(JBELI, 2008)
4 ANÁLISE DOS DADOS
A partir dos dados estudados pode-se observar que a síndrome se refere a
um tipo de estresse ocupacional e institucional com predileção para profissionais que
mantêm uma relação constante e direta com outras pessoas, principalmente, quando
esta atividade é considerada de ajuda como médicos, enfermeiros e professores. As
próprias características envolvidas no desenvolvimento do burnout mantêm relação
com a principal função da profissão: o aprendizado.
Dentre os participantes da pesquisa houve um predomínio do gênero
feminino (78%), e os homens (22). A diferença entre professores homens e mulheres
estaria articulada à hierarquia de gênero, na qual as distintas socializações levariam
a mulher a se conformar em seu "papel doméstico", de mãe e dona-de-casa, e as
professoras combinariam "referenciais domésticos e profissionais, trazendo para a
escola habilidades e saberes do trabalho doméstico e da maternagem", adquiridos
na socialização. (CARVALHO, 1999)
Pode-se demonstrar de acordo com a tabela 1 (Inventário de Sintomas) que a
maioria nunca apresentou dores no peito (67%), dificuldade de adaptação (61%),
erupções na pele (72%), aumento de consumo de bebidas alcoólicas (67%), pressão
arterial alta (83%), fadiga generalizada (56%), problemas gastrointestinais (56%) e
problemas alérgicos (56%)
Ainda na análise da tabela 1 metade dos entrevistados relataram que nunca
sentiram sentimentos de baixa estima (50%) e dificuldade em controlar a
agressividade (50%) e estado de aceleração continua (50%).
Os entrevistados raras vezes apresentaram os seguintes sintomas: Sentir-se
vontade de começar nada (72%), pouca vontade de comunicar-se (56%), perda do
senso de humor (67%), gripes e resfriados (67%), cansaço rápido (56%), dificuldade
de sono (44%) e dificuldade de memória ou concentração (39%).
A freqüência com que os sintomas se manifestaram moderadamente foram:
Dores no ombro ou nuca (28%), irritabilidade (44%), perda ou excesso de apetite
(22%), dor de cabeça (39%), sentimento de cansaço mental (22%) e pouco tempo
para si mesmo (22%).
A frequência assiduidade laboral foi a menos relatada, ficando entre 0% a
11%, mostrando assim que os professores se ausentam pouco no trabalho.
Tabela 1 Inventário de Sintomas
Tabela 2 Total de Pontuação dos Professores das Escolas Estaduais relacionadas
ao MBI
O questionário Maslach Burnout Inventory (MBI) é analisado através de
cálculos realizados levando em consideração alguns pontos. A Exaustão Emocional
se refere às questões 1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16, 20; a Despersonalização as questões
5, 10, 11, 15, 22; e a Realização Profissional as questões 4, 7, 9, 12, 17, 18, 19 e 21,
como podemos verificar na tabela 3.
A indicação para Burnout (IB) se dá quando o resultado se enquadra como
alta para EE e DE e baixa para RP. Alto risco para Burnout (AR) quando alto grau de
EE, as pontuações consideradas no limite para a classificação alta, RP com
pontuações próximas ao limite considerado alto. E baixo risco de burnout (BR)
quando pontuações contrárias as apresentadas pelo GEPEB.
As soma total dos pontos respondidos pelos professores foram Exaustão
Emocional - EE (315), Despersonalização - DE (129) e Realização Profissional - RP
(646) mostrou como risco médio para todos, conforme mostra a tabela 2.
O predomínio médio em todas as dimensões parece indicar que há risco de
Burnout nos docentes das instituições estudas. Como sugerido no manual do MBI,
aponta-se a presença da síndrome quando o individuo obtém grau alto em EE e DE
e grau baixo em RP, sendo DE uma forma de defesa ao elevado nível de EE.
Tabela 3 Questionário Maslach Burnout Inventory (MBI)
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o seu cotidiano de trabalho, os participantes dessa pesquisa
vivenciam situações adversas, o que inclui falta de materiais, desvalorização,
cansaço e baixa remuneração. Essas condições os colocam em risco potencial para
desenvolverem a Síndrome de Burnout, o que, por sua vez, pode ocasionar um
aprendizado prejudicado para o aluno. Assim, para esses profissionais, a questão
fundamental do Burnout não se circunscreve apenas à dimensão subjetiva. Suscita a
reflexão sobre uma política de trabalho que não considere os profissionais apenas
como uma mera peça na engrenagem, situação que os despersonaliza e
desumaniza, fazendo-os reféns de uma submissão alienante.
Constatou-se nesta investigação que é necessário que os trabalhadores
busquem em seu espaço de convivência, momentos para a discussão sobre seu
próprio bem-estar, qualidade do ambiente de trabalho, organização do trabalho e
sobre as políticas de saúde do trabalhador que apóiem ações preventivas.
Desta forma, o momento atual pede reflexões sobre medidas práticas, gerais
e específicas para prevenção e controle de agravos à saúde física e mental, já que a
mente e corpo sofrem concomitantemente com as conseqüências do estresse
crônico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALLONE, J. G.; NETO, E.; ORTOLONI, I. V. Da emoção à lesão. São Paulo:
Mande, 2002.
BIANCHLI, E.R.F, Conceito de Estresse – Evolução Histórica. Nursing. Baurueri –
SP. Edição 39.. Agosto 2001
CARLOTTO, M.S. A Síndrome de Burnout e o Trabalho Docente. Psicologia em
Estudo. Maringá. v.7. 2002.
CARLOTTO, M.S. & GOBI, M.D. Síndrome de Burnout: um problema do
indivíduo ou de seu contexto de trabalho?. Alethéia. 2000.
CARVALHO, M. P. Educação. São Paulo, Xamã, 1999.
CLARO, G.R. Trabalho Docente e Saúde Mental: Um estudo de estresse no
Sistema de Ensino Municipal de Curitiba. Curitiba. 2009
FERENHOF, I.A. FERENHOF, E.A. Burnout em Professores. Revista Científica.
SP. v.4. 2002.
GERALDO, M.S. VITÓRIA, H.C.E. Síndrome de Burnout em profissionais de
enfermagem que trabalham em uma UTI. Nursing. V.6. Bolina. SP. 2010.
JBELI, C. Burnout em Professores: Identificação, tratamento e prevenção. Rio de
Janeiro. 2008. Disponível em:<www.saudedoprofessor.com.br> Acesso: 14/08/2011
JIMENEZ, B.M. HERNADEZ, E.G. GALVEZ, M. GONZALEZ, J.L. PEREIRA,
A.M.T.B. A Avaliação do Burnout em Professores. Comparação de Instrumentos:
CBP-R e MBI-ED. Psicologia em Estudo. Maringá. v.7. 2002
LÁZARO, R.S. FOLKMAN, S. Avaliação de estresse e enfrentamento. New York:
Springer. 1984.
MARCONI, M. D. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e
execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração,
análise e interpretação de dados. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1996.
Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS. Disponível em:
<http://www.mpas.gov.br/conteudoDinamico.php?id=39> Acesso em: 14/07/2011
ROCHA, A.C.F. O estresse no ambiente de trabalho. Rio de Janeiro. 2005.
Disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/pemp05.htm. Acesso em:
14/08/2011
SANTOS, G.S. Análise do Risco em Docentes Universitários da Área da Saúde:
Síndrome de Burnout. Dissertação de mestrado. UNIPLI, Niterói. 2010.

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  • 1. SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE LEOPOLDINA-MG Thássia Barbosa de Almeida Graduada em Enfermagem – UNIPAC Pós-Graduada em Programa Saúde da Família – Faculdade Redentor Rua Lindolfo Pinheiro, 173 - B. Chácara Dona Euzébia Leopoldina/MG Telefone: (32) 88035280 thassia.barbosa@hotmail.com Gisele Simas dos Santos, M.Sc Orientadora Enfermeira – UFF Pós-Graduada em terapia Intensiva e Educação – UFJF Pós-Graduada em Formação Pedagógica em Educação profissionais na Área de Saúde – ENSP/FIOCRUZ/UFF Mestre em Ciências da Saúde – UNIPLI Rodovia BR 356, nº25, Cidade Nova, Itaperuna - RJ, 28300-000 Tel: 32 99595254 RESUMO A categoria de professores vem sendo apontada como uma das mais propensas ao estresse e burnout, demonstrando o risco que algumas pessoas possuem para desenvolvera a Síndrome como consequência do estresse laboral crônico. Os objetivos deste estudo foram descrever as características dos profissionais estudados e identificar as variáveis que apresenta maior risco para desenvolver a Síndrome de Burnout. Foram entrevistados 18 professores da rede estadual do município de Leopoldina. Os dados foram analisados utilizando o Inventário de Sintomas e o questionário Maslach Burnout Inventory (MBI), este questionário verificou a incidência e os graus manifestos das dimensões: esgotamento emocional (EE), despersonalização (DE) e Envolvimento Pessoal no trabalho (EP). Observou-se que o MBI, permite analisar as diferentes fases do processo e explica melhor a sintomatologia dos profissionais acometidos pelo burnout, confirmando suas qualidades como instrumento. Houve predomínio médio em todas as dimensões indicando que há risco de Burnout nos docentes das instituições estudas. Sociedade Universitária Redentor Faculdade Redentor Pós-Graduação Lato-Sensu em Enfermagem do Trabalho
  • 2. Palavras – Chaves: Estresse, Síndrome de Burnout, professores. ABSTRACT The theacher category has been identify one of the most prone to stress and burnout, demosntrating the risk some people have to develop the syndrome as a consenquence work chronic stress. The obejectives of this study werw to describe the caracteristics of professional study and identify variables that higher risk to develop the Burnout Syndrome. We interviewed 18 teachers of the state of the city of Leopoldina. Data were analyzed using the symptom inventory and a questionnaire Maslach Burnout Inventory (MBI), this questionnaire found de incidence and manifests degrees dimensions, emotional exhaustion, depersonalization and personal involvement in the work. It was observed that the MIB, allows you to analyze the different stages of process and better explain the symptoms of prefessionals affected of burnout, confirming his qualities as a tool. There was average prevalence in all dimensions indicate that there is risk of Burnout the teachers in the institutions studied. Key-words: Stress, Burnout Syndrome, teachers. 1 INTRODUÇÃO Durante o século XX, o tema estresse foi explorado sob diversos enfoques e abordagens, partindo de assuntos ligados à fisiologia e respostas orgânicas, chegando às implicações do fenômeno sobre o aspecto laboral, na saúde do trabalhador e na saúde pública. As pesquisas publicadas no início deste século apontam para a relação entre eventos estressantes e etiologia de problemas de ordem física e/ ou emocionais. Entende-se como estresse uma relação entre a pessoa e o ambiente que é percebida pelo indivíduo como sobrecarga ou esgotamento de seus recursos de enfrentamento, colocando em risco o bem-estar. (LAZARUS; FOLKMAN, 1984). Estresse é um problema negativo, de natureza perceptiva, resultado da incapacidade de lidar com as fontes de pressão no trabalho. Provoca conseqüência sob forma de problemas na saúde física mental e na satisfação no trabalho, comprometendo o indivíduo e as organizações. (BIANCHLI, 2001) Síndrome de Burnout de acordo com Geraldo e Vitória (2010), é definida como uma síndrome tridimensional, a qual acomete aqueles profissionais cujo cotidiano de trabalho tem relação direta com pessoas expostas a um estresse crônico. Caracteriza-se por desgaste emocional, despersonalização e sentimentos de incompetência profissional, podendo levar ao abandono do emprego. O burnout
  • 3. instala-se insidiosamente, correndo em forma progressiva a relação do sujeito com sua atividade profissional. O indivíduo acometido pode também desenvolver alterações comportamentais, como a queda no rendimento, comportamento paranóico e até indícios de aumento de álcool, café e remédios, tudo isso ocorre, devido, ao trabalho, que consome o profissional tanto emocionalmente, como fisicamente. Para Codo (2002) apud Santos (2010), no Brasil, os professores trabalham em péssimas condições e com poucos recursos, em um quadro deste, onde um trabalho tão essencial é feito em condições tão ruins, o profissional acaba se desgastando emocionalmente. Outras características inerentes a profissão de professor como: a impossibilidade de atuar naquilo que realmente sente prazer, falta de qualidade e das insuficiências dos outros recursos humanos, sobre carga de várias funções e a baixa remuneração, propõe a profissão como potencialmente estressante. A síndrome de burnout é definida em estudos como uma das conseqüências mais marcantes do estresse profissional. Caracteriza-se por exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade. A causa não é vista, única e exclusivamente, como de fontes externas ao organismo: a ocorrência ou não do fenômeno depende também da susceptibilidade da pessoa. É necessária uma sensibilização dos profissionais de enfermagem sobre o fato de que a organização laboral pode impor demandas específicas, conduzindo ao esgotamento. O presente estudo traz como objeto de estudo a forma avançada do estresse crônico e fatigante chamada burnout. O objetivo geral desse trabalho foi identificar o risco na qual os professores de escolas estaduais possuem para desenvolver a Síndrome de Burnout. Os objetivos específicos são: levantar conteúdos da literatura sobre a síndrome do esgotamento profissional, bem como o impacto das tensões laborais à saúde do trabalhador. O estudo mostra-se relevante mediante as políticas de saúde do trabalhador no Brasil visto que, em 06 de maio de 1999, o decreto do Ministério da Previdência e Assistência Social reconheceu o estresse e a depressão como doenças do trabalho, ressaltando que podem vir a se tornar grave problema de saúde pública. O tema prevenção e proteção contra os riscos derivados dos ambientes do trabalho e
  • 4. aspectos relacionados à saúde do trabalhador felizmente ganha a cada dia maior visibilidade no cenário mundial e o Governo Brasileiro está sintonizado a esta onda. 2 METODOLOGIA A metodologia usada na confecção desse artigo foi a Pesquisa de Campo. É o tipo de pesquisa baseada em documentação direta, o levantamento de dados é realizado no local onde ocorrem os fenômenos com o objetivo de obter informações sobre um problema, ou confirmar uma hipótese, ou descobrir novas relações entre fatos por meio da observação. A pesquisa de campo é uma fase que é realizada após o estudo bibliográfico, para que o pesquisador tenha um bom conhecimento sobre o assunto, pois é nesta etapa que ele vai definir os objetivos da pesquisa, as hipóteses, definir qual é o meio de coleta de dados, tamanho da amostra e como os dados serão tabulados e analisados. (MARCONI & LAKATOS, 1996) Foi distribuído um questionário denominado Inventário de Sintomas e um questionário denominado Maslach Burnout Inventory (MBI) para 18 profissionais das escolas estaduais de Leopoldina – MG. O inventário de Sintomas é um questionário constituído por 30 perguntas relacionadas ao cotidiano do profissional, dentre elas, problemas alérgicos, cansaço rápido, problema na voz entre outras. As respostas variam de nunca, raras as vezes, moderadamente, frequentemente e assiduadamente. O questionário Maslach Burnout Inventory (MBI) é referência quase que obrigatória na avaliação do burnout. Constituído por 22 itens, na maioria dos trabalhos este instrumento evidencia três fatores fundamentais: exaustão emocional, despersonalização e realização pessoal no trabalho. (JIMENEZ, et al.. 2002). O questionário Maslach Burnout Inventory (MBI) é analisado através de cálculos realizados levando em consideração alguns pontos. A Exaustão Emocional se refere às questões 1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16, 20; a Despersonalização as questões 5, 10, 11, 15, 22; e a Realização Profissional as questões 4, 7, 9, 12, 17, 18, 19, 21. A indicação para Burnout (IB) se dá quando o resultado se enquadra como alta para EE e DE e baixa para RP. Alto risco para Burnout (AR) quando alto grau de EE, as pontuações consideradas no limite para a classificação alta, RP com pontuações próximas ao limite considerado alto. E baixo risco de burnout (BR)
  • 5. quando pontuações contrárias as apresentadas pelo Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Estresse e Burnout (GEPEB). Na primeira etapa, foram pesquisados artigos e livros sobre o tema. Em seguida, esses foram selecionados mediante ao que melhor se encaixavam no artigo. Após essa análise, começou-se a fazer o referencial teórico do presente trabalho. Concluindo com a análise do questionário aplicado aos professores. 3 DESENVOLVIMENTO 3.1 Burnout nos dias Atuais Nos dias de hoje, a correria da vida moderna e principalmente as exigências do trabalho parecem levar rapidamente as pessoas a um esgotamento físico e mental. E muito se fala de estresse, de depressão e ansiedade. Porém, quando essas doenças estão ligadas ao dia a dia da profissão e compreende-se que a causa desse mal tem ligação direta com o trabalho, o nome é diferente e chama- se Síndrome de Burnout. A síndrome de Burnout apresenta-se hoje como um dos grandes problemas psicossociais. Tem gerado grande interesse e preocupação por parte da comunidade científica e também de entidades governamentais, empresariais e sindicais, devido à severidade de suas conseqüências, seja em nível individual como organizacional. (CARLOTTO, 2000). 3.2 O Estresse Laboral Com o decorrer dos anos, o ambiente de trabalho vem se modificando e acompanhando o avanço das tecnologias ultrapassando cada vez mais o nível de capacidade de adaptação dos trabalhadores. Os profissionais vivem hoje sob contínua pressão, sendo o tempo todo cobrado não só no trabalho como também na vida de uma maneira geral. O estresse ambiental pode exercer grande influência na maneira como o indivíduo se comporta socialmente, como exemplo, pode torná-lo agressivo. O desgaste profissional, que as pessoas estão submetidas diariamente, poderá gerar algum tipo de doença. Os modelos expostos são responsáveis pelos
  • 6. seguintes fatores: agentes estressantes de natureza diversas: (física, biológica, mecânica, social, etc.), como conjunto de características pessoais temos: (tipos de personalidade, modos de reação ao estresse etc.), um conjunto de conseqüências relacionadas à saúde do indivíduo: (doenças cardiovasculares, perturbações psicológicas etc.) e da organização: (absenteísmo, acidentes, produtividade, performance etc. (ROCHA, 2005) O estudo do estresse laboral ganha espaço no meio acadêmico nos últimos anos, recebendo destaque a análise do fenômeno sobre os trabalhadores de todas as áreas. O estresse pode conduzir o corpo a respostas, atitudes, emoções e comportamentos, alterações químicas, fisiológicas, dentre outras significativas respostas ao estímulo estressor. Psiquicamente, a ansiedade crônica ou esgotamento conduz ao estado de apatia e desinteresse, desânimo, estado de pessimismo, insegurança e medo em relação à vida. (BALLONE; NETO; ORTOLONI, 2002). Os docentes formam uma categoria especialmente exposta aos riscos psicossociais. Estes defrontam-se com desencadeantes de estresse próprios da organização acadêmica e escolar e com situações nas quais se desequilibram as expectativas individuais do profissional e a realidade do trabalho diário. (MORENO, et al (2000) apud JIMENEZ, et al (2002). Como nas demais profissões assistenciais, o burnout nos professores não aparece de forma brusca, mas constitui a fase final de um processo contínuo que vai se gestando e que se identificam com sinais tais como sensação de inadequação ao posto de trabalho, sensação de falta de recursos para afrontar o labor de professor, sentimento de carecer da formação necessária, diminuição da capacidade para a resolução dos problemas, carência de tempo suficiente, etc. O burnout do docente se caracterizaria por um exaustão dos recursos emocionais próprios, em que são comuns atitudes negativas e de distanciamento para com os alunos e a valorização negativa de seu papel profissional. Objetivamente manifesta-se da seguinte maneira: exaustão emocional, despersonalização, falta de realização pessoal no trabalho. (SCHAUFELI, ENZMANN, (1998) apud JIMENEZ, et al. (2002). A síndrome de burnout é considerada uma doença que envolve atitudes e condutas negativas com relação aos usuários, clientes, organização e trabalho, enquanto que o estresse aparece mais como um desgaste pessoal com interferência na vida do sujeito; e não necessariamente na sua relação com o trabalho. Fator que recebeu destaque na análise.
  • 7. 3.3 Burnout em Professores O mundo que todos idealizamos viver só é possível mediante a transformação do homem em sua forma de pensar e agir. Esta transformação, no entanto, tem uma fonte fidedigna: a educação. É por esta via que as pessoas conseguem se inserir no contexto humano como gente que pensa, que fala, que escreve; que expõe suas idéias e seus ideais. É pela educação que a pessoa consegue melhores oportunidades de emprego e, consequentemente, mais acesso a alimentos, vestuário, cultura e bens de consumo. Diante do fenomenal e incontestável impacto positivo que tem a educação na vida de quem dela se beneficia, cumpre-nos cuidar daquele que é, paralelo a família, o principal agente mediador deste processo: o educador. (JBELI, 2008) Os professores bem-sucedidos são aqueles que conseguem integrar significado e sentido. São professores com uma formação adequada que inclui a compreensão do significado de seu trabalho e que, encontrando melhores condições objetivas ou lutando muito por elas, e, em alguns casos, contando com apoio institucional, concretizam uma prática pedagógica mais eficiente e menos alienante. (BASSO, 1998 apud CLARO, 2009) O professor, neste processo, se depara com a necessidade de desempenhar vários papéis, muitas vezes contraditórios, que lhe exigem manter o equilíbrio em várias situações. Exige-se que sejam companheiro e amigo do aluno, lhe proporcione apoio para o seu desenvolvimento pessoal, mas ao final do curso adote um papel de julgamento, contrário ao anterior. Deve estimular a autonomia do aluno, mas ao mesmo tempo pede que se acomode às regras do grupo e da instituição. Algumas vezes é proposto que o professor atenda aos seus alunos individualmente e em outras ele tem que lidar com as políticas educacionais para as quais as necessidades sociais o direcionam, tornando professor e alunos submissos, a serviço das necessidades políticas e econômicas do momento (MERAZZI, (1983) apud CARLOTTO (2002)). Para o educador, é muito difícil desistir de sua dedicação ao ensino, abandoná- la, pois o trabalho educacional lhe propicia (ou deveria propiciar) outras recompensas, que não as monetárias. Essa dificuldade gera a tendência de uma ‘evolução negativa’ no trabalho, afetando a habilidade profissional e a disposição de atender às necessidades dos estudantes. Além disso, o contato e o relacionamento
  • 8. com as pessoas usuárias do trabalho ficam prejudicados – corpo discente e docente, pessoal técnico administrativo, enfim, a organização como um todo. (FERENHOF, FERENHOF, 2002). 3.4 A Síndrome de Burnout como Doença De acordo com Jimenes, et al, (2002), a Síndrome é avaliada através da resposta onde os examinados respondem marcando a freqüência com que tiveram o sentimento, se expressando através de uma escala que vai de 0 = “Nunca” a 6 = “Todos os dias”. As dimensões que se avaliam são: • Exaustão emocional: entendida como fadiga e perda de recursos emocionais. Alguns exemplos são: “Sinto-me emocionalmente esgotado devido ao meu trabalho”, “Sinto-me cansado ao final da jornada de trabalho”. • Despersonalização: indiferença e atitudes distantes para com o trabalho que é realizado. Por exemplo: “Tenho me tornado mais insensível com as pessoas desde que exerço este trabalho” ou “Preocupa-me o fato de que este trabalho esteja me endurecendo emocionalmente”. • Realização pessoal: refere-se à eficácia percebida no desenvolvimento do trabalho. Exemplos destes itens são: “Eu lido eficazmente com os problemas dos alunos”, “Tenho conseguido muitas realizações em minha profissão”. Os sinais avaliados podem ser divididos em: Sintomas somáticos (físicos): • Exaustão (esgotamento físico temporário); • fadiga (capacidade física ou mental decrescente); • dores de cabeça; • dores generalizadas; • transtornos no aparelho digestório; • alteração do sono; • disfunções sexuais. Sintomas psicológicos: • Quadro depressivo;
  • 9. • irritabilidade; • ansiedade; • inflexibilidade; • perda de interesse; • descrédito (sistema e pessoas). Sintomas comportamentais: • Evita os alunos; • evita fazer contato visual; • faz uso de adjetivos depreciativos; • dá explicações breves e superficiais aos alunos; • transfere responsabilidades; • faz contratransferência, ou seja, reaje às provocações em papéis distintos do papel de educador; • resiste à mudanças. (JBELI, 2008) 4 ANÁLISE DOS DADOS A partir dos dados estudados pode-se observar que a síndrome se refere a um tipo de estresse ocupacional e institucional com predileção para profissionais que mantêm uma relação constante e direta com outras pessoas, principalmente, quando esta atividade é considerada de ajuda como médicos, enfermeiros e professores. As próprias características envolvidas no desenvolvimento do burnout mantêm relação com a principal função da profissão: o aprendizado. Dentre os participantes da pesquisa houve um predomínio do gênero feminino (78%), e os homens (22). A diferença entre professores homens e mulheres estaria articulada à hierarquia de gênero, na qual as distintas socializações levariam a mulher a se conformar em seu "papel doméstico", de mãe e dona-de-casa, e as professoras combinariam "referenciais domésticos e profissionais, trazendo para a escola habilidades e saberes do trabalho doméstico e da maternagem", adquiridos na socialização. (CARVALHO, 1999) Pode-se demonstrar de acordo com a tabela 1 (Inventário de Sintomas) que a maioria nunca apresentou dores no peito (67%), dificuldade de adaptação (61%),
  • 10. erupções na pele (72%), aumento de consumo de bebidas alcoólicas (67%), pressão arterial alta (83%), fadiga generalizada (56%), problemas gastrointestinais (56%) e problemas alérgicos (56%) Ainda na análise da tabela 1 metade dos entrevistados relataram que nunca sentiram sentimentos de baixa estima (50%) e dificuldade em controlar a agressividade (50%) e estado de aceleração continua (50%). Os entrevistados raras vezes apresentaram os seguintes sintomas: Sentir-se vontade de começar nada (72%), pouca vontade de comunicar-se (56%), perda do senso de humor (67%), gripes e resfriados (67%), cansaço rápido (56%), dificuldade de sono (44%) e dificuldade de memória ou concentração (39%). A freqüência com que os sintomas se manifestaram moderadamente foram: Dores no ombro ou nuca (28%), irritabilidade (44%), perda ou excesso de apetite (22%), dor de cabeça (39%), sentimento de cansaço mental (22%) e pouco tempo para si mesmo (22%). A frequência assiduidade laboral foi a menos relatada, ficando entre 0% a 11%, mostrando assim que os professores se ausentam pouco no trabalho.
  • 11. Tabela 1 Inventário de Sintomas
  • 12. Tabela 2 Total de Pontuação dos Professores das Escolas Estaduais relacionadas ao MBI O questionário Maslach Burnout Inventory (MBI) é analisado através de cálculos realizados levando em consideração alguns pontos. A Exaustão Emocional se refere às questões 1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16, 20; a Despersonalização as questões 5, 10, 11, 15, 22; e a Realização Profissional as questões 4, 7, 9, 12, 17, 18, 19 e 21, como podemos verificar na tabela 3. A indicação para Burnout (IB) se dá quando o resultado se enquadra como alta para EE e DE e baixa para RP. Alto risco para Burnout (AR) quando alto grau de EE, as pontuações consideradas no limite para a classificação alta, RP com pontuações próximas ao limite considerado alto. E baixo risco de burnout (BR) quando pontuações contrárias as apresentadas pelo GEPEB. As soma total dos pontos respondidos pelos professores foram Exaustão Emocional - EE (315), Despersonalização - DE (129) e Realização Profissional - RP (646) mostrou como risco médio para todos, conforme mostra a tabela 2. O predomínio médio em todas as dimensões parece indicar que há risco de Burnout nos docentes das instituições estudas. Como sugerido no manual do MBI, aponta-se a presença da síndrome quando o individuo obtém grau alto em EE e DE e grau baixo em RP, sendo DE uma forma de defesa ao elevado nível de EE.
  • 13. Tabela 3 Questionário Maslach Burnout Inventory (MBI)
  • 14. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante o seu cotidiano de trabalho, os participantes dessa pesquisa vivenciam situações adversas, o que inclui falta de materiais, desvalorização, cansaço e baixa remuneração. Essas condições os colocam em risco potencial para desenvolverem a Síndrome de Burnout, o que, por sua vez, pode ocasionar um aprendizado prejudicado para o aluno. Assim, para esses profissionais, a questão fundamental do Burnout não se circunscreve apenas à dimensão subjetiva. Suscita a reflexão sobre uma política de trabalho que não considere os profissionais apenas como uma mera peça na engrenagem, situação que os despersonaliza e desumaniza, fazendo-os reféns de uma submissão alienante. Constatou-se nesta investigação que é necessário que os trabalhadores busquem em seu espaço de convivência, momentos para a discussão sobre seu próprio bem-estar, qualidade do ambiente de trabalho, organização do trabalho e sobre as políticas de saúde do trabalhador que apóiem ações preventivas. Desta forma, o momento atual pede reflexões sobre medidas práticas, gerais e específicas para prevenção e controle de agravos à saúde física e mental, já que a mente e corpo sofrem concomitantemente com as conseqüências do estresse crônico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALLONE, J. G.; NETO, E.; ORTOLONI, I. V. Da emoção à lesão. São Paulo: Mande, 2002. BIANCHLI, E.R.F, Conceito de Estresse – Evolução Histórica. Nursing. Baurueri – SP. Edição 39.. Agosto 2001 CARLOTTO, M.S. A Síndrome de Burnout e o Trabalho Docente. Psicologia em Estudo. Maringá. v.7. 2002. CARLOTTO, M.S. & GOBI, M.D. Síndrome de Burnout: um problema do indivíduo ou de seu contexto de trabalho?. Alethéia. 2000. CARVALHO, M. P. Educação. São Paulo, Xamã, 1999.
  • 15. CLARO, G.R. Trabalho Docente e Saúde Mental: Um estudo de estresse no Sistema de Ensino Municipal de Curitiba. Curitiba. 2009 FERENHOF, I.A. FERENHOF, E.A. Burnout em Professores. Revista Científica. SP. v.4. 2002. GERALDO, M.S. VITÓRIA, H.C.E. Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem que trabalham em uma UTI. Nursing. V.6. Bolina. SP. 2010. JBELI, C. Burnout em Professores: Identificação, tratamento e prevenção. Rio de Janeiro. 2008. Disponível em:<www.saudedoprofessor.com.br> Acesso: 14/08/2011 JIMENEZ, B.M. HERNADEZ, E.G. GALVEZ, M. GONZALEZ, J.L. PEREIRA, A.M.T.B. A Avaliação do Burnout em Professores. Comparação de Instrumentos: CBP-R e MBI-ED. Psicologia em Estudo. Maringá. v.7. 2002 LÁZARO, R.S. FOLKMAN, S. Avaliação de estresse e enfrentamento. New York: Springer. 1984. MARCONI, M. D. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1996. Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS. Disponível em: <http://www.mpas.gov.br/conteudoDinamico.php?id=39> Acesso em: 14/07/2011 ROCHA, A.C.F. O estresse no ambiente de trabalho. Rio de Janeiro. 2005. Disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/pemp05.htm. Acesso em: 14/08/2011 SANTOS, G.S. Análise do Risco em Docentes Universitários da Área da Saúde: Síndrome de Burnout. Dissertação de mestrado. UNIPLI, Niterói. 2010.