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O BARROCO
BARROCO EM PORTUGAL

•Marco inicial – Unificação da
 Península Ibérica sob o domínio
 espanhol em 1580

•Marco final – Fundação da
 Arcádia Lusitana em 1756
BARROCO EM PORTUGAL

Fatos históricos:
• Término do Ciclo das Grandes
  Navegações;
• Reforma Protestante, liderada por
  Lutero (na Alemanha) e Calvino (na
  França);
• Movimento Católico de Contra-Reforma.
BARROCO EM PORTUGAL

“Mito do Sebastianismo”:
– Crença segundo a qual Dom Sebastião
  não teria realmente morrido, em 1578,
  na Batalha de Alcácer Quibir. Ele
  estaria apenas “escondido” e voltaria
  para transformar Portugal no Quinto
  Império.
BARROCO EM PORTUGAL

O que significa a palavra Barroco?

– A palavra é provavelmente derivada de
  Barróquia, nome de uma região da Índia,
  produtora de uma pérola de superfície
  irregular e áspera com manchas escuras.
  (Segundo os clássicos, o Barroco era um estilo
  “irregular”, “defeituoso”, de “mau gosto”.
BARROCO EM PORTUGAL

As principais características do Barroco:

•   Dualismo
•   Fugacidade
•   Pessimismo
•   Feísmo
•   Tensão religiosa
BARROCO EM PORTUGAL

• Dualismo – contraste entre as grandes
  forças reguladoras da existência
  humana:
• fé x razão;
• corpo x alma;
• Deus x Diabo;
• vida x morte.
BARROCO EM PORTUGAL

• Dualismo – contraste entre as grandes
  forças reguladoras da existência
  humana:
• fé x razão;
• corpo x alma;
• Deus x Diabo;
• vida x morte.
BARROCO EM PORTUGAL

Fugacidade

– Tudo no mundo é passageiro e instável, as
  pessoas, as coisas mudam, o mundo muda. O
  autor barroco tem a consciência do caráter
  efêmero da existência.
BARROCO EM PORTUGAL

Pessimismo

– Consciência da transitoriedade da vida conduz
  frequentemente à ideia de morte, tida como a
  expressão máxima da fugacidade da vida. A
  incerteza da vida e o medo da morte fazem da
  arte barroca uma arte pessimista, marcada
  por um desencantamento com o próprio
  homem e com o mundo.
BARROCO EM PORTUGAL

Feísmo

– Atração por cenas trágicas, por aspectos
  cruéis, dolorosos e grotescos. As imagens
  frequentemente são deformadas pelo
  exagero de detalhes. Há nesse momento
  uma ruptura com a harmonia, com o
  equilíbrio e a sobriedade clássica. O barroco
  é a arte dos contrastes, do exagero.
BARROCO EM PORTUGAL

Tensão religiosa

– Intensifica-se no Barroco, aspectos que já
  vinham sendo percebidos no Humanismo e no
  Classicismo:

     Antropocentrismo x Teocentrismo
BARROCO EM PORTUGAL

O Barroco apresenta duas faces:

Cultismo – jogo de palavras, imagens visando
 ao rebuscamento da forma do texto, à
 ornamentação e à erudição vocabular.

Conceptismo – Corresponde ao jogo de ideias e
 de conceitos, pautado no raciocínio lógico,
 visando ao convencimento à argumentação.
BARROCO NO BRASIL

• Bento Teixeira

• Padre Antônio Vieira

• Gregório de Matos
PADRE ANTÔNIO VIEIRA

Antônio Vieira (Lisboa, 6 de fevereiro de 1608 — Bahia,
18 de Julho de 1697)
• Escritor e orador da Companhia de Jesus
• Figura de influencia política do século XVII
• Missionário em terras brasileiras
• Defendeu os direitos humanos dos indígenas
• Contra a escravização do índio
• Defendeu os judeus contra a Inquisição
• Defendeu a abolição da escravatura do negro.
PADRE ANTÔNIO VIEIRA

• Origem humilde
• Primogênito de quatro filhos
• Sua mãe era filha de uma mulata ou africana
• Seu pai serviu na Marinha Portuguesa e foi escrivão
  da Inquisição
• Mudou-se para Salvador, na Bahia em 1618
• Fez os estudos no Colégio dos Jesuítas em Salvador
• Ingressou na Companhia de Jesus como noviço em
  maio de 1623
PADRE ANTÔNIO VIEIRA

1624 – Primeira Invasão holandesa ao Nordeste do
  Brasil:

• Refugia-se no interior da capitania
• Inicia a sua vocação missionária
• Faz votos de castidade, pobreza e obediência e
  abandonando o noviciado
• Estuda Teologia, Lógica, Metafísica e Matemática,
  obtém o mestrado em Artes
• Torna-se professor de Retórica em Olinda
• Ordena-se sacerdote em 1634
PADRE ANTÔNIO VIEIRA

1630-1654 - Segunda Invasão holandesa ao
  Nordeste do Brasil

• Defendeu que Portugal entregasse a região aos
  holandeses.

• Disputa entre Dominicanos (membros da
  Inquisição) e Jesuítas (catequistas)
PADRE ANTÔNIO VIEIRA

1640 - Restauração da Independência e volta a
  Portugal:

• Regresso a Lisboa
• Início da carreira diplomática
• Conquista a amizade e a confiança do rei João IV
• Enviado a Holanda para negociar a devolução do
  Nordeste do Brasil
• Viaja para o Brasil para defender a liberdade dos
  indígenas
• Naufrágio em Açores
PADRE ANTÔNIO VIEIRA

1669 - 1675 – Roma

• Encontra-se com o Papa

• Luta contra a Inquisição

• Suspensão das atividades da Inquisição
  entre 1675 e 1681
PADRE ANTÔNIO VIEIRA

Últimos anos e retorno ao Brasil:

• Volta ao Brasil, em 1681

• Morre a 18 de julho de 1697, com 89 anos
PADRE ANTÔNIO VIEIRA

Obra
• Sermões
• Clavis Prophetarum (i
• nacabado)



Entre os inúmeros sermões, destacam-se: o "Sermão da Quinta
Dominga da Quaresma", o "Sermão da Sexagésima", o "Sermão
pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda", o
"Sermão do Bom Ladrão","Sermão de Santo António aos Peixes".
PADRE ANTÔNIO VIEIRA

Já que falo contra os estilos modernos, quero alegar por
mim o estilo do mais antigo pregador que houve no
Mundo. E qual foi ele? – O mais antigo pregador que
houve no Mundo foi o céu. Coeli enarrant gloriam Dei et
opera manuum ejus annuntiat Firmamentum – diz
David. Suposto que o céu é pregador, deve de ter sermões
e deve de ter palavras. Sim, tem, diz o mesmo David;
tem palavras e tem sermões; e mais, muito bem ouvidos.
Non sunt loquellae, nec sermones, quorum non audiantur
voces eorum.
PADRE ANTÔNIO VIEIRA

E quais são estes sermões e estas palavras do céu? – As
palavras são as estrelas, os sermões são a composição, a
ordem, a harmonia e o curso delas. Vede como diz o estilo
de pregar do céu, com o estilo que Cristo ensinou na
terra. Um e outro é semear; a terra semeada de trigo, o
céu semeado de estrelas. O pregar há-de ser como quem
semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja.
PADRE ANTÔNIO VIEIRA

Ordenado, mas como as estrelas: Stellae manentes in
ordine suo. Todas as estrelas estão por sua ordem; mas é
ordem que faz influência, não é ordem que faça lavor.
Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os
pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de
uma parte há-de estar branco, da outra há-de estar
negro; se de uma parte dizem luz, da outra hão-de dizer
sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão-de
dizer subiu.
PADRE ANTÔNIO VIEIRA

Basta que não havemos de ver num sermão duas
palavras em paz? Todas hão-de estar sempre em
fronteira com o seu contrário? Aprendamos do céu o
estilo da disposição, e também o das palavras. As
estrelas são muito distintas e muito claras. Assim há-de
ser o estilo da pregação; muito distinto e muito claro.
BENTO TEIXEIRA

[Porto, 1561 (?) - Pernambuco ou Lisboa, 1618 (?)]

•Autor do marco inicial do Barroco no Brasil.

•Veio de Portugal com a família para a Bahia.

•Ao se declarar judeu, fugiu para Pernambuco.

•Assassinou a esposa, alegando adultério.

•Principal obra: Prosopopéia (1601)
PROSOPOPÉIA (1601)

• Poema épico com 94 estrofes, em oitava rima.

• Versos decassílabos.

• Influenciada pelo poema Os Lusíadas, de Camões.

• Canta os feitos de Jorge d'Albuquerque, então
  governador da Capitania de Pernambuco.
PROSOPOPÉIA (1601)

“LX
Olhai o grande gozo e doce glória
Que tereis quando, postos em descanso,
Contardes esta larga e triste história,
Junto do pátrio lar, seguro e manso.
Que vai da batalha a ter victória,
O que do Mar inchado a um remanso,
Isso então haverá de vosso estado
Aos males que tiverdes já passado.”
GREGÓRIO DE MATOS
Gregório de Matos e Guerra (Salvador, 23 de dezembro de 1636 —
Recife, 26 de novembro de 1695)

• Filho de uma família abastada.

• Nasceu na Bahia, mas foi para Portugal, onde se diplomou em
  Direito.

• De volta ao Brasil, firma-se como o primeiro poeta brasileiro.

• Suas sátiras são marcadas pela linguagem maliciosa, direta e
  muitas vezes ferina.

• Recebeu o apelido de Boca do Inferno.
GREGÓRIO DE MATOS

Existem muitas dúvidas quanto à autenticidade de
sua obra:

• Não publicou nada em vida.

• Não deixou nenhum texto autografado ou produzido
  de próprio punho.

• Sua obra permaneceu praticamente inédita até o início
  do século XX.
GREGÓRIO DE MATOS

• Dualismo

• Insatisfação

• Fugacidade

• Ousadia
GREGÓRIO DE MATOS

Dualismo:

Oscilou entre o sagrado e o profano. Ora demonstrava
aversão pelo sagrado, pelo religioso, escrevendo textos
sensuais e pornográficos, ora seus poemas apresentavam
uma profunda devoção a Deus e aos santos.
GREGÓRIO DE MATOS

Insatisfação:

Vários textos mostram sua insatisfação com a vida na
colônia e sua incapacidade de se adaptar ao ambiente
baiano, frequentemente criticado.
GREGÓRIO DE MATOS

Fugacidade:

• Deixou clara a sua consciência sobre a transitoriedade
  da vida.

• Seus textos mostram frequentemente as vaidades
  humanas como insignificantes e passageiras.
GREGÓRIO DE MATOS

Ousadia:

• Considerado um poeta inovador e irreverente.

• Foi adepto do cultismo, e também cultivou o jogo de
  idéias presente no conceptismo.
GREGÓRIO DE MATOS

Gêneros:

Poesia lírica
• Sacra
• Amorosa
• Encomiástica

Poesia satírica
GREGÓRIO DE MATOS

Poesia sacra ou religiosa:

• Marcada pelo conflito gerado entre a vida mundana e
  o a vida espiritual.
• Entre a consciência do pecado e o desejo de salvação.

“ ... Esta razão me obriga a confiar,
Que, por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.”
GREGÓRIO DE MATOS

  Poesia amorosa:
  Presença da dualidade barroca oscilando entre o amor
  elevado, espiritual e o sensualismo e o erotismo do amor
  carnal.
Trecho 1:                                Trecho 2:
“ Ardor em firme coração nascido;        “O Amor é finalmente
Pranto por belos olhos derramado;        um embaraço de pernas,
Incêndio em mares de água disfarçado;    uma união de barrigas,
Rio de neve em fogo convertido:          um breve tremor de artérias.
Tu, que em um peito abrasas escondido;   Uma confusão de bocas,
Tu, que em um rosto corres desatado;     Uma batalha de veias, um rebuliço de
Quando fogo, em cristais aprisionado;        ancas;
Quando cristal, em chamas derretido.”    Quem diz outra coisa, é besta.”
GREGÓRIO DE MATOS

Poesia Encomiástica:

Em suas sátiras, criticou os vários tipos humanos de sua época, os
costumes, os primeiros colonos nascidos no Brasil, conhecidos como
“caramurus” e principalmente o relaxamento moral da Bahia, numa
posição de recusa em relação à exploração da colônia.


“Que os brasileiros são bestas
E estão sempre a trabalhar
Toda a vida por manter
Maganos de Portugal”
GREGÓRIO DE MATOS

Poesia Satírica:

A sátira não é apenas um tipo de zombaria, engraçada e maldosa,
mas uma crítica feita em tom jocoso:

O governador Câmara Coutinho foi retratado assim:

“Nariz de embono
com tal sacada,
que entra na escada
duas horas primeiro
que seu dono.”
GREGÓRIO DE MATOS
Poesia Satírica:

A uma que lhe chamou “pica-flor”

Se Pica-flor me chamais
Pica-flor aceito ser
mas resta agora saber
se no nome que me dais
meteis a flor que guardais
no passarinho melhor.
Se me dais este favor
sendo só de mim o Pica
e o mais vosso, claro fica
que fico então Pica-flor.
GREGÓRIO DE MATOS
Poesia Satírica:

A uma que lhe chamou “pica-flor”

Se Pica-flor me chamais
Pica-flor aceito ser
mas resta agora saber
se no nome que me dais
meteis a flor que guardais
no passarinho melhor.
Se me dais este favor
sendo só de mim o Pica
e o mais vosso, claro fica
que fico então Pica-flor.

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  • 2. BARROCO EM PORTUGAL •Marco inicial – Unificação da Península Ibérica sob o domínio espanhol em 1580 •Marco final – Fundação da Arcádia Lusitana em 1756
  • 3. BARROCO EM PORTUGAL Fatos históricos: • Término do Ciclo das Grandes Navegações; • Reforma Protestante, liderada por Lutero (na Alemanha) e Calvino (na França); • Movimento Católico de Contra-Reforma.
  • 4. BARROCO EM PORTUGAL “Mito do Sebastianismo”: – Crença segundo a qual Dom Sebastião não teria realmente morrido, em 1578, na Batalha de Alcácer Quibir. Ele estaria apenas “escondido” e voltaria para transformar Portugal no Quinto Império.
  • 5. BARROCO EM PORTUGAL O que significa a palavra Barroco? – A palavra é provavelmente derivada de Barróquia, nome de uma região da Índia, produtora de uma pérola de superfície irregular e áspera com manchas escuras. (Segundo os clássicos, o Barroco era um estilo “irregular”, “defeituoso”, de “mau gosto”.
  • 6. BARROCO EM PORTUGAL As principais características do Barroco: • Dualismo • Fugacidade • Pessimismo • Feísmo • Tensão religiosa
  • 7. BARROCO EM PORTUGAL • Dualismo – contraste entre as grandes forças reguladoras da existência humana: • fé x razão; • corpo x alma; • Deus x Diabo; • vida x morte.
  • 8. BARROCO EM PORTUGAL • Dualismo – contraste entre as grandes forças reguladoras da existência humana: • fé x razão; • corpo x alma; • Deus x Diabo; • vida x morte.
  • 9. BARROCO EM PORTUGAL Fugacidade – Tudo no mundo é passageiro e instável, as pessoas, as coisas mudam, o mundo muda. O autor barroco tem a consciência do caráter efêmero da existência.
  • 10. BARROCO EM PORTUGAL Pessimismo – Consciência da transitoriedade da vida conduz frequentemente à ideia de morte, tida como a expressão máxima da fugacidade da vida. A incerteza da vida e o medo da morte fazem da arte barroca uma arte pessimista, marcada por um desencantamento com o próprio homem e com o mundo.
  • 11. BARROCO EM PORTUGAL Feísmo – Atração por cenas trágicas, por aspectos cruéis, dolorosos e grotescos. As imagens frequentemente são deformadas pelo exagero de detalhes. Há nesse momento uma ruptura com a harmonia, com o equilíbrio e a sobriedade clássica. O barroco é a arte dos contrastes, do exagero.
  • 12. BARROCO EM PORTUGAL Tensão religiosa – Intensifica-se no Barroco, aspectos que já vinham sendo percebidos no Humanismo e no Classicismo: Antropocentrismo x Teocentrismo
  • 13. BARROCO EM PORTUGAL O Barroco apresenta duas faces: Cultismo – jogo de palavras, imagens visando ao rebuscamento da forma do texto, à ornamentação e à erudição vocabular. Conceptismo – Corresponde ao jogo de ideias e de conceitos, pautado no raciocínio lógico, visando ao convencimento à argumentação.
  • 14. BARROCO NO BRASIL • Bento Teixeira • Padre Antônio Vieira • Gregório de Matos
  • 15. PADRE ANTÔNIO VIEIRA Antônio Vieira (Lisboa, 6 de fevereiro de 1608 — Bahia, 18 de Julho de 1697) • Escritor e orador da Companhia de Jesus • Figura de influencia política do século XVII • Missionário em terras brasileiras • Defendeu os direitos humanos dos indígenas • Contra a escravização do índio • Defendeu os judeus contra a Inquisição • Defendeu a abolição da escravatura do negro.
  • 16. PADRE ANTÔNIO VIEIRA • Origem humilde • Primogênito de quatro filhos • Sua mãe era filha de uma mulata ou africana • Seu pai serviu na Marinha Portuguesa e foi escrivão da Inquisição • Mudou-se para Salvador, na Bahia em 1618 • Fez os estudos no Colégio dos Jesuítas em Salvador • Ingressou na Companhia de Jesus como noviço em maio de 1623
  • 17. PADRE ANTÔNIO VIEIRA 1624 – Primeira Invasão holandesa ao Nordeste do Brasil: • Refugia-se no interior da capitania • Inicia a sua vocação missionária • Faz votos de castidade, pobreza e obediência e abandonando o noviciado • Estuda Teologia, Lógica, Metafísica e Matemática, obtém o mestrado em Artes • Torna-se professor de Retórica em Olinda • Ordena-se sacerdote em 1634
  • 18. PADRE ANTÔNIO VIEIRA 1630-1654 - Segunda Invasão holandesa ao Nordeste do Brasil • Defendeu que Portugal entregasse a região aos holandeses. • Disputa entre Dominicanos (membros da Inquisição) e Jesuítas (catequistas)
  • 19. PADRE ANTÔNIO VIEIRA 1640 - Restauração da Independência e volta a Portugal: • Regresso a Lisboa • Início da carreira diplomática • Conquista a amizade e a confiança do rei João IV • Enviado a Holanda para negociar a devolução do Nordeste do Brasil • Viaja para o Brasil para defender a liberdade dos indígenas • Naufrágio em Açores
  • 20. PADRE ANTÔNIO VIEIRA 1669 - 1675 – Roma • Encontra-se com o Papa • Luta contra a Inquisição • Suspensão das atividades da Inquisição entre 1675 e 1681
  • 21. PADRE ANTÔNIO VIEIRA Últimos anos e retorno ao Brasil: • Volta ao Brasil, em 1681 • Morre a 18 de julho de 1697, com 89 anos
  • 22. PADRE ANTÔNIO VIEIRA Obra • Sermões • Clavis Prophetarum (i • nacabado) Entre os inúmeros sermões, destacam-se: o "Sermão da Quinta Dominga da Quaresma", o "Sermão da Sexagésima", o "Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda", o "Sermão do Bom Ladrão","Sermão de Santo António aos Peixes".
  • 23. PADRE ANTÔNIO VIEIRA Já que falo contra os estilos modernos, quero alegar por mim o estilo do mais antigo pregador que houve no Mundo. E qual foi ele? – O mais antigo pregador que houve no Mundo foi o céu. Coeli enarrant gloriam Dei et opera manuum ejus annuntiat Firmamentum – diz David. Suposto que o céu é pregador, deve de ter sermões e deve de ter palavras. Sim, tem, diz o mesmo David; tem palavras e tem sermões; e mais, muito bem ouvidos. Non sunt loquellae, nec sermones, quorum non audiantur voces eorum.
  • 24. PADRE ANTÔNIO VIEIRA E quais são estes sermões e estas palavras do céu? – As palavras são as estrelas, os sermões são a composição, a ordem, a harmonia e o curso delas. Vede como diz o estilo de pregar do céu, com o estilo que Cristo ensinou na terra. Um e outro é semear; a terra semeada de trigo, o céu semeado de estrelas. O pregar há-de ser como quem semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja.
  • 25. PADRE ANTÔNIO VIEIRA Ordenado, mas como as estrelas: Stellae manentes in ordine suo. Todas as estrelas estão por sua ordem; mas é ordem que faz influência, não é ordem que faça lavor. Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte há-de estar branco, da outra há-de estar negro; se de uma parte dizem luz, da outra hão-de dizer sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão-de dizer subiu.
  • 26. PADRE ANTÔNIO VIEIRA Basta que não havemos de ver num sermão duas palavras em paz? Todas hão-de estar sempre em fronteira com o seu contrário? Aprendamos do céu o estilo da disposição, e também o das palavras. As estrelas são muito distintas e muito claras. Assim há-de ser o estilo da pregação; muito distinto e muito claro.
  • 27. BENTO TEIXEIRA [Porto, 1561 (?) - Pernambuco ou Lisboa, 1618 (?)] •Autor do marco inicial do Barroco no Brasil. •Veio de Portugal com a família para a Bahia. •Ao se declarar judeu, fugiu para Pernambuco. •Assassinou a esposa, alegando adultério. •Principal obra: Prosopopéia (1601)
  • 28. PROSOPOPÉIA (1601) • Poema épico com 94 estrofes, em oitava rima. • Versos decassílabos. • Influenciada pelo poema Os Lusíadas, de Camões. • Canta os feitos de Jorge d'Albuquerque, então governador da Capitania de Pernambuco.
  • 29. PROSOPOPÉIA (1601) “LX Olhai o grande gozo e doce glória Que tereis quando, postos em descanso, Contardes esta larga e triste história, Junto do pátrio lar, seguro e manso. Que vai da batalha a ter victória, O que do Mar inchado a um remanso, Isso então haverá de vosso estado Aos males que tiverdes já passado.”
  • 30. GREGÓRIO DE MATOS Gregório de Matos e Guerra (Salvador, 23 de dezembro de 1636 — Recife, 26 de novembro de 1695) • Filho de uma família abastada. • Nasceu na Bahia, mas foi para Portugal, onde se diplomou em Direito. • De volta ao Brasil, firma-se como o primeiro poeta brasileiro. • Suas sátiras são marcadas pela linguagem maliciosa, direta e muitas vezes ferina. • Recebeu o apelido de Boca do Inferno.
  • 31. GREGÓRIO DE MATOS Existem muitas dúvidas quanto à autenticidade de sua obra: • Não publicou nada em vida. • Não deixou nenhum texto autografado ou produzido de próprio punho. • Sua obra permaneceu praticamente inédita até o início do século XX.
  • 32. GREGÓRIO DE MATOS • Dualismo • Insatisfação • Fugacidade • Ousadia
  • 33. GREGÓRIO DE MATOS Dualismo: Oscilou entre o sagrado e o profano. Ora demonstrava aversão pelo sagrado, pelo religioso, escrevendo textos sensuais e pornográficos, ora seus poemas apresentavam uma profunda devoção a Deus e aos santos.
  • 34. GREGÓRIO DE MATOS Insatisfação: Vários textos mostram sua insatisfação com a vida na colônia e sua incapacidade de se adaptar ao ambiente baiano, frequentemente criticado.
  • 35. GREGÓRIO DE MATOS Fugacidade: • Deixou clara a sua consciência sobre a transitoriedade da vida. • Seus textos mostram frequentemente as vaidades humanas como insignificantes e passageiras.
  • 36. GREGÓRIO DE MATOS Ousadia: • Considerado um poeta inovador e irreverente. • Foi adepto do cultismo, e também cultivou o jogo de idéias presente no conceptismo.
  • 37. GREGÓRIO DE MATOS Gêneros: Poesia lírica • Sacra • Amorosa • Encomiástica Poesia satírica
  • 38. GREGÓRIO DE MATOS Poesia sacra ou religiosa: • Marcada pelo conflito gerado entre a vida mundana e o a vida espiritual. • Entre a consciência do pecado e o desejo de salvação. “ ... Esta razão me obriga a confiar, Que, por mais que pequei, neste conflito Espero em vosso amor de me salvar.”
  • 39. GREGÓRIO DE MATOS Poesia amorosa: Presença da dualidade barroca oscilando entre o amor elevado, espiritual e o sensualismo e o erotismo do amor carnal. Trecho 1: Trecho 2: “ Ardor em firme coração nascido; “O Amor é finalmente Pranto por belos olhos derramado; um embaraço de pernas, Incêndio em mares de água disfarçado; uma união de barrigas, Rio de neve em fogo convertido: um breve tremor de artérias. Tu, que em um peito abrasas escondido; Uma confusão de bocas, Tu, que em um rosto corres desatado; Uma batalha de veias, um rebuliço de Quando fogo, em cristais aprisionado; ancas; Quando cristal, em chamas derretido.” Quem diz outra coisa, é besta.”
  • 40. GREGÓRIO DE MATOS Poesia Encomiástica: Em suas sátiras, criticou os vários tipos humanos de sua época, os costumes, os primeiros colonos nascidos no Brasil, conhecidos como “caramurus” e principalmente o relaxamento moral da Bahia, numa posição de recusa em relação à exploração da colônia. “Que os brasileiros são bestas E estão sempre a trabalhar Toda a vida por manter Maganos de Portugal”
  • 41. GREGÓRIO DE MATOS Poesia Satírica: A sátira não é apenas um tipo de zombaria, engraçada e maldosa, mas uma crítica feita em tom jocoso: O governador Câmara Coutinho foi retratado assim: “Nariz de embono com tal sacada, que entra na escada duas horas primeiro que seu dono.”
  • 42. GREGÓRIO DE MATOS Poesia Satírica: A uma que lhe chamou “pica-flor” Se Pica-flor me chamais Pica-flor aceito ser mas resta agora saber se no nome que me dais meteis a flor que guardais no passarinho melhor. Se me dais este favor sendo só de mim o Pica e o mais vosso, claro fica que fico então Pica-flor.
  • 43. GREGÓRIO DE MATOS Poesia Satírica: A uma que lhe chamou “pica-flor” Se Pica-flor me chamais Pica-flor aceito ser mas resta agora saber se no nome que me dais meteis a flor que guardais no passarinho melhor. Se me dais este favor sendo só de mim o Pica e o mais vosso, claro fica que fico então Pica-flor.