Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 35-36
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 41-42
1.
2. 1. Os sentimentos do sujeito poético
expressos nas três primeiras estrofes
são o “desespero”, ou contrariedade,
pela ‘insónia” que o afecta a meio da
noite (v. 3); a surpresa e alguma
satisfação ou consolo, ao deparar com
uma luz acesa numa outra janela, sinal
de que não é o único a estar acordado
àquela hora:
3. “E, de repente, humano! O quadrado
com cruz de uma janela iluminada!”
(vv. 4-5); e algum interesse e até
fraternidade para com aquele
desconhecido insone como ele: “Quem
serás?” (v. 10) e “Fraternidade
involuntária, incógnita, na noite!” (vv.
4-5).
4. 2. No poema estão representadas
sensações visuais nos versos “O
quadrado com cruz de uma janela
iluminada!” (v. 5), “Tom amarelo cheio
da tua janela incógnita...” (v. 21) e nas
referências à luz nos versos 9, 13, 19 e
22.
Estão também presentes sensações
auditivas — “no silêncio todo” (v. 1) e
“Nem galos gritando ainda no silêncio
definitivo!” (v. 18).
5. É de registar, ainda, a presença de
sensações tácteis nos versos 15-16:
“Sobre o parapeito da janela da traseira
da casa! Sentindo húmida da noite a
madeira onde agarro.”
Finalmente, no verso 2, há uma
sobreposição de sugestões auditivas e
visuais, uma sinestesia, portanto: “tictac
visível”.
6. 3. O verso 13 do poema pode
significar que as duas luzes são o
traço de união entre aqueles dois seres
na solidão da noite. São elas que
aproximam os dois únicos seres
humanos acordados. No fundo,
aquelas duas luzes acesas são a arma
comum que os irmana contra a solidão
e as trevas do mundo.
7. 4. A apóstrofe do último verso — “Ó
candeeiros de petróleo da minha infância
perdida!” — convoca a nostalgia da
infância e a consciência da sua perda
irreparável. O facto de o seu
companheiro de insónia não ter luz
eléctrica, usando, porventura, um
candeeiro a petróleo, fez irromper a
imagem meiga de uma “infância
perdida”, povoada de afetos que
contrastam com a solidão e a insónia do
presente.
8.
9.
10. Sou um guardador de rebanhos.
1
Metáfora
O sujeito poético aproxima-se da natureza.
A afirmação é a primeira premissa do
silogismo constituído pelos três primeiros
versos, cuja conclusão será «o sujeito
poético é um guardador de sensações».
11. Penso com os olhos e com os ouvidos / E
com as mãos e os pés, / E com o nariz e a
boca.
4-6
Enumeração
Com este inventário de órgãos sensoriais
reforça-se o que se estipulara no v. 3 (a
prevalência do sentir físico).
12. Penso com os olhos e com os ouvidos / E com as
mãos e os pés, / E com o nariz e a boca.
4-6
Polissíndeto
A articulação dos termos através da conjunção
«e» ajuda a representar o eu lírico como ingénuo,
simples, infantil, ao mesmo tempo que acentua o
citado predomínio das sensações.
13. Penso com os olhos e com os ouvidos / E com
as mãos e os pés, / E com o nariz e a boca.
4-6
Gradação
Hierarquizam-se as sensações de acordo com o
grau de conhecimento que permitem apreender:
as impressões visuais são a primeira fonte de
saber, seguindo-se as auditivas, as tácteis, as
olfativas e, por fim, as gustativas.
14. E com as mãos e os pés / E com o nariz e
a boca.
5-6
Anáfora / Paralelismo
Através da arrumação paralelística,
consegue-se estilizar, «poetizar», o
segmento, que pretendia também afirmar
a simplicidade (caeiriana) do eu.
15. Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la / E comer
um fruto é saber-lhe o sentido.
7-8
Metáfora / Quiasmo
Exemplifica-se o que se teorizara antes (o
poeta só pensa através das sensações — no
caso, visão, olfato, gosto). No v. 7, a ação
sensorial está à direita (pensar = visão e
olfato); no verso 8, a ordem é a contrária
(gosto = pensar).
16. Me sinto triste de gozá-lo tanto,
10
Antítese
O quase paradoxo marca talvez a
aversão do eu à perceção mental do
gozo.
17. E fecho os olhos quentes,
12
Sinestesia
Um pouco forçadamente, talvez se possa
considerar haver aqui uma associação
do tacto («quente») à visão («olhos»),
que, de novo, tenderia a valorizar o
domínio das sensações.
18. Sinto todo o meu corpo deitado na
realidade,
13
Metáfora
Sugere-se a importância do sentir (do
«corpo»), que seria a única via de acesso
à «realidade».
19. Sei a verdade e sou feliz.
14
Paralelismo / Bipartição do verso
Na sequência da metáfora anterior,
confirma-se a supremacia do sentir sobre
o pensar, assume-se a sensação como a
autêntica forma de conhecimento e única
fonte de felicidade.
20.
21.
22. a. A expressão sublinhada na frase «Sou
um guardador de rebanhos» (v. 1)
desempenha a função sintática de sujeito.
Predicativo do sujeito
23. b. O pronome «lhe» (v. 8) recupera o
referente «fruto» (v. 8).
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
antecedente
anáfora
24. c. Os vocábulos «olhos» (v. 4),
«ouvidos» (v. 4), «mãos», «pés» (v. 5),
«nariz» e «boca» (v. 6) são hipónimos de
«corpo» (v. 13).
Não, seriam hipónimos do hiperónimo
‘órgãos do corpo humano’.
São merónimos do holónimo ‘corpo’.
25. d. O conector «quando» (v. 9) introduz
um nexo causal.
O nexo é ordem temporal.
26. e. No contexto do poema, as palavras
«rebanho», «pensamentos» (v. 2) e
«sensações» (v. 3) mantêm entre si uma
relação semântica de equivalência.
27.
28. «Cruz na porta da tabacaria!»
Campos ou Pessoa ortónimo?
Regularidade métrica;
Regularidade rimática;
Regularidade estrófica;
Não haver nervosismo de Campos.
Aparente alusão ao mesmo contexto de
«Tabacaria».
29. Escreve síntese de «O mural de
Pessoa» (p. 72).
Regras das sínteses estão na p. 327
(falta porém a indicação de que, não
havendo outra indicação, a síntese terá
¼ da extensão do texto-fonte, talvez não
mais de oitenta palavras).
30. Em «O mural de Pessoa», Manuel
Halpern propõe-nos uma transposição da
ficção pessoana da heteronímia para o
contexto contemporâneo das redes
sociais. A divulgação de cada heterónimo
far-se-ia por perfis, já se vê falsos, no
Facebook. Diverte-se o cronista a imaginar
como seriam as páginas de cada um dos
heterónimos, adaptando as suas idiossincrasias conhecidas à situação que imaginou, ao mesmo tempo que conjetura a
popularidade que teriam junto de outros
membros.
31.
32.
33. «Cruz na porta da tabacaria!»
Campos ou Pessoa ortónimo?
Regularidade métrica;
Regularidade rimática;
Regularidade estrófica;
Não haver nervosismo de Campos.
Aparente alusão ao mesmo contexto de
«Tabacaria».