Este documento contém vários poemas curtos de José Gomes Ferreira sobre temas como a primavera, flores, borboletas, solidão e amor. Os poemas exploram imagens visuais e temas da natureza.
Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 35-36
Trabalhos Da Semana Jgf 2 (Caligramas)
1. «Estive a reler os Calligrammes [de Apollinaire]»
José Gomes Ferreira, Dias Comuns, II, p. 152
[Desenhar um caligrama (ou outro tipo de «poema-visual»), a
partir de poema de José Gomes Ferreira:]
Que temos nós com a primavera?
Não nos sai dos olhos
nem da boca,
mas da terra
que não é nossa.
Primavera para quê?
Malmequeres para quê?
Para a aceitação com perfumes
deste silêncio de fossa?
José Gomes Ferreira, Poesia-III, p. 139
[João C., 7.º 2.ª]
2. (Madrigal para a Inventada.)
Vou inventar uma flor
para pôr
no teu cabelo.
Uma flor com asas de lume
donde, em vez de perfume,
saiam sons de violoncelo.
E eu posso dizer à Terra:
«Sim. Bendito seja o teu ventre entre as mulheres.
Mas basta de malmequeres!»
José Gomes Ferreira, Poeta Militante, I, p. 263
[Catarina, 7.º 2.ª]
3. [Marta, 7.º 5.ª]
E se, de repente,
voassem dos teus olhos
duas pombas azuis?
Então, sim, poeta,
cairia pela primeira vez no mundo
o espanto da primavera completa.
José Gomes Ferreira, Poeta militante, I, p. 262
[Carolina, 7.º 2.ª]
Não queriam que eu cantasse as flores?
Pois cá estou a cantá-las
— pobre dormir de cores
em voos cativos
4. que os mortos atiram das valas
para o remorso dos vivos.
José Gomes Ferreira, Poesia-II, p. 28
[Carlota, 7.º 5.ª]
(Marcha fúnebre para uma borboleta pisada.)
Pobre borboleta morta
que se desfez num sopro
de poeira de asas!
Que ficou de ti no mundo?
O desenho dum voo
com rasto de pólen?
5. Um corpo caído
de cores mais inúteis?
Uma nódoa apenas
sem a grandeza da morte
— porque a morte é só humana?
(Quero lá saber!... O que me dói
é tudo ser borboleta morta.)
José Gomes Ferreira, Poeta Militante, I, p. 191
[Mariana, 7.º 5.ª]
6. [Micaela, 7.º 6.ª]
Ouve, sol:
quando vejo a minha sombra no chão
a desnhar a vala
da fronteira da solidão
— apetece-me dar um salto e estrangulá-la.
José Gomes Ferreira, Poeta Militante, I, p. 231
7. [Carolina, 7.º 6.ª]
o sol da fogueira,
na estrada a arder... A criação na minha frente
dum novo ser
E eu parei estremecido soprado de azul?...
num esperar de mistério.
...uma árvore diferente
Que vai acontecer?
José Gomes Ferreira, Poeta militante, p. 138
[Raquel, 7.º 5.ª]
8. (Outra canção de amor para a Inventada.)
Onde poisaste os olhos
não nasceram flores
nem astros de tempestade.
Ficou apenas o pudor do pólen
a perfumar a lua
de complicações de fantasmas...
E este silêncio
de duas mãos que se procuram
no amor entrelaçado das aranhas.
José Gomes Ferreira, Poeta militante, I, p. 279
[Paulo, 7.º 1.ª]