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ANÁLISE DO EPISÓDIODespedidas emBelém
NARRAÇÃO (canto IV) 83Foram de Emanuel (Rei D. Manuel)  remunerados,Porque com mais amor se apercebessem,E com palavras altas animadosPara quantos trabalhos sucedessem.Assi foram os Mínias(povo onde Jasão recrutou a tripulação e guerreiros da nau Argos ) ajuntados,Para que o Véu (velo de ouro) dourado combatessem,Na fatídica (a nau Argos tinha o condão de falar emitindo oráculos). Nau, que ousou primeiraTentar o mar Euxínio, (Mar Negro)  aventureira
	A viagem à Índia tinha sido planeada por D. João III, mas só foi concretizada por D. Manuel I, porque em sonhos lhe tinha sido auspiciado um bom futuro. 	D. Manuel premiou-os e animou-os com palavras de louvor. Da mesma forma tinham sido reunidos à conquista do Velo de Ouro , na nau fadada, que pela primeira vez se arriscou a navegar o mar Negro.
Partiram no dia 8 de Julho de 1497
84E já no porto da ínclita Ulisseia(Lisboa)Cum alvoroço nobre e cum desejo, (Onde o licor (água)  mistura e branca areiaCo salgado Neptuno (mar) o doce Tejo)As naus prestes estão; e não refreiaTemor nenhum o juvenil despejo, (vivacidade, ousadia)Porque a gente marítima e a de MarteEstão para seguir-me a toda parte.
	Já no porto de Lisboa, onde o Tejo mistura as suas águas e areias com as do oceano, estavam prestes as naus e os homens, alvoroçados e animados de um nobre desejo. Nenhum receio entravava o atrevimento juvenil. Soldados e marinheiros estão prontos a seguir o Gama para onde quer que seja.
85Pelas praias vestidos os soldadosDe várias cores vêm e várias artes,E não menos de esforço aparelhados (preparados)Pera buscar do mundo novas partes. (objectivo da viagem)Nas fortes naus os ventos sossegadosOndeiam os aéreos estandartes;Elas prometem, vendo os mares largos,De ser no Olimpo estrelas como a de Argos.
	Vêm os soldados pelas praias, vestidos de cores e feitios diversos, preparados para buscar novas regiões do mundo. A brisa faz ondear as bandeiras das naus, que estão destinadas, pela sua grande viagem, a subir ao céu, como a dos Argonautas.
86Despois de aparelhados desta sorteDe quanto tal viagem pede e manda,Aparelhámos a alma para a morte, (ouvimos missa e comungámos) (eufemismo)Que sempre aos nautas ante os olhos anda.Para o sumo Poder que a etérea CorteSustenta só coa vista veneranda,Implorámos favor que nos guiasse,E que nossos começos aspirasse. (auxiliasse)
	Depois dos preparativos para viagem, prepararam a alma para a morte, que anda sempre diante dos olhos dos marinheiros. Imploraram o favor de Deus para que favorecesse os começos da viagem.
1ª Parte (estrofe 83 à estrofe 86)  Localização da acção no tempo e no espaço (Reinado de D. Manuel I; Lisboa); Preparação das naus; Preparação espiritual dos marinheiros (oração e pedido de auxílio).
	87Partimo-nos assim do santo templo (Ermida de Nossa Srª de Belém)Que nas praias do mar está assentado,Que o nome tem da terra, pera exemplo,Donde Deus foi em carne ao mundo dado.Certifico-te, ó Rei, (destinatário da mensagem – Rei de Melinde) que se contemploComo fui destas praias apartado,Cheio dentro de dúvida e receio,Que apenas nos meus olhos ponho o freio.
Assim partiram do templo de Belém, que está à beira da água. Quando pensa nesta partida, Vasco da Gama mal pode reter as lágrimas. Belém é o nome da terra onde nasceu Cristo. O mesmo nome foi dado a uma capela, depois substituída pelo Mosteiro dos Jerónimos.
	88A gente da cidade aquele dia,(Uns por amigos, outros por parentes,Outros por ver somente) (enumeração) concorria,Saudosos na vista e descontentes.E nóscoa virtuosa companhiaDe mil religiosos diligentes, (hipérbole)Em procissão solene a Deus orando,Para os batéis viemos caminhando.
	Vinha gente da cidade por causa de amigos os parentes ou só para ver, saudosos e tristes. Eles, acompanhados de muitos frades, em procissão solene avançaram rezando para os batéis.
	89Em tão longo caminho e duvidosoPor perdidos as gentes nos julgavam, (hipérbato)As mulheres cum choro piedoso,Os homens com suspiros que arrancavam;Mães, esposas, irmãs, que o temerosoAmor mais desconfia, acrescentavamA desesperação e frio medoDe já nos não tornar a ver tão cedo.
	As gentes davam-nos já por perdidos, tratando-se de uma viagem tão longa e incerta. As mulheres choravam, os homens suspiravam de maneira comovente. Nas mães, esposas e irmãs era maior ainda o desespero e o medo.
90Qual vai dizendo: -”Ó filho, a quem eu tinhaSó para refrigério, e doce amparoDesta cansada já velhice minha,Que em choro acabará, penoso e amaro,Por que me deixas, mísera e mesquinha?Por que de mi te vás, ó filho caro,A fazer o funéreo enterramento, (pleonasmo)Onde sejas de pexes mantimento?”
Uma fala ao filho, queixando-se de que ele a deixa desamparada na velhice para ser comido pelos peixes.
	91Qual em cabelo: -”Ó doce e amado esposo,Sem quem não quis Amor que viver possa,Por que is aventurar ao mar irosoEssa vida que é minha, e não é vossa?Como por um caminho duvidosoVos esquece a afeição tão doce nossa?Nosso amor, nosso vão contentamentoQuereis que com as velas leve o vento?”
Outra, com o cabelo descoberto, fala ao marido, mostrando-se magoada por ele ir arriscar ao mar uma vida que lhe pertence (a ela) e trocar o amor entre ambos pela incerteza.
	92Nestas e outras palavras que diziamDe amor e de piedosa humanidade,Os velhos e os mininos os seguiam,Em quem menos esforço põe a idade.Os montes de mais perto respondiam,Quase movidos de alta piedade;A branca areia as lágrimas banhavam,Que em multidão com elas se igualavam.
2ª Parte (estrofe 87 à estrofe 92)  Descrição da procissão solene até às naus.  Reacções das pessoas que assistem à partida.  Reacções da Natureza à partida dos marinheiros.
	93Nós outros sem a vista alevantarmosNem a mãe, nem a esposa, neste estado,Por nos não magoarmos, ou mudarmosDo propósito firme começado,Determinei de assi nos embarcarmosSem o despedimento costumado,Que, posto que é de amor usança boa,A quem se aparta, ou fica, mais magoa.
3ª Parte (estrofe 93)  Partida para a Índia sem as despedidas habituais. Lurdes Martins

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Despedidas em belém

  • 2.
  • 3. NARRAÇÃO (canto IV) 83Foram de Emanuel (Rei D. Manuel) remunerados,Porque com mais amor se apercebessem,E com palavras altas animadosPara quantos trabalhos sucedessem.Assi foram os Mínias(povo onde Jasão recrutou a tripulação e guerreiros da nau Argos ) ajuntados,Para que o Véu (velo de ouro) dourado combatessem,Na fatídica (a nau Argos tinha o condão de falar emitindo oráculos). Nau, que ousou primeiraTentar o mar Euxínio, (Mar Negro) aventureira
  • 4. A viagem à Índia tinha sido planeada por D. João III, mas só foi concretizada por D. Manuel I, porque em sonhos lhe tinha sido auspiciado um bom futuro. D. Manuel premiou-os e animou-os com palavras de louvor. Da mesma forma tinham sido reunidos à conquista do Velo de Ouro , na nau fadada, que pela primeira vez se arriscou a navegar o mar Negro.
  • 5. Partiram no dia 8 de Julho de 1497
  • 6. 84E já no porto da ínclita Ulisseia(Lisboa)Cum alvoroço nobre e cum desejo, (Onde o licor (água) mistura e branca areiaCo salgado Neptuno (mar) o doce Tejo)As naus prestes estão; e não refreiaTemor nenhum o juvenil despejo, (vivacidade, ousadia)Porque a gente marítima e a de MarteEstão para seguir-me a toda parte.
  • 7. Já no porto de Lisboa, onde o Tejo mistura as suas águas e areias com as do oceano, estavam prestes as naus e os homens, alvoroçados e animados de um nobre desejo. Nenhum receio entravava o atrevimento juvenil. Soldados e marinheiros estão prontos a seguir o Gama para onde quer que seja.
  • 8. 85Pelas praias vestidos os soldadosDe várias cores vêm e várias artes,E não menos de esforço aparelhados (preparados)Pera buscar do mundo novas partes. (objectivo da viagem)Nas fortes naus os ventos sossegadosOndeiam os aéreos estandartes;Elas prometem, vendo os mares largos,De ser no Olimpo estrelas como a de Argos.
  • 9. Vêm os soldados pelas praias, vestidos de cores e feitios diversos, preparados para buscar novas regiões do mundo. A brisa faz ondear as bandeiras das naus, que estão destinadas, pela sua grande viagem, a subir ao céu, como a dos Argonautas.
  • 10. 86Despois de aparelhados desta sorteDe quanto tal viagem pede e manda,Aparelhámos a alma para a morte, (ouvimos missa e comungámos) (eufemismo)Que sempre aos nautas ante os olhos anda.Para o sumo Poder que a etérea CorteSustenta só coa vista veneranda,Implorámos favor que nos guiasse,E que nossos começos aspirasse. (auxiliasse)
  • 11. Depois dos preparativos para viagem, prepararam a alma para a morte, que anda sempre diante dos olhos dos marinheiros. Imploraram o favor de Deus para que favorecesse os começos da viagem.
  • 12. 1ª Parte (estrofe 83 à estrofe 86) Localização da acção no tempo e no espaço (Reinado de D. Manuel I; Lisboa); Preparação das naus; Preparação espiritual dos marinheiros (oração e pedido de auxílio).
  • 13. 87Partimo-nos assim do santo templo (Ermida de Nossa Srª de Belém)Que nas praias do mar está assentado,Que o nome tem da terra, pera exemplo,Donde Deus foi em carne ao mundo dado.Certifico-te, ó Rei, (destinatário da mensagem – Rei de Melinde) que se contemploComo fui destas praias apartado,Cheio dentro de dúvida e receio,Que apenas nos meus olhos ponho o freio.
  • 14. Assim partiram do templo de Belém, que está à beira da água. Quando pensa nesta partida, Vasco da Gama mal pode reter as lágrimas. Belém é o nome da terra onde nasceu Cristo. O mesmo nome foi dado a uma capela, depois substituída pelo Mosteiro dos Jerónimos.
  • 15. 88A gente da cidade aquele dia,(Uns por amigos, outros por parentes,Outros por ver somente) (enumeração) concorria,Saudosos na vista e descontentes.E nóscoa virtuosa companhiaDe mil religiosos diligentes, (hipérbole)Em procissão solene a Deus orando,Para os batéis viemos caminhando.
  • 16. Vinha gente da cidade por causa de amigos os parentes ou só para ver, saudosos e tristes. Eles, acompanhados de muitos frades, em procissão solene avançaram rezando para os batéis.
  • 17. 89Em tão longo caminho e duvidosoPor perdidos as gentes nos julgavam, (hipérbato)As mulheres cum choro piedoso,Os homens com suspiros que arrancavam;Mães, esposas, irmãs, que o temerosoAmor mais desconfia, acrescentavamA desesperação e frio medoDe já nos não tornar a ver tão cedo.
  • 18. As gentes davam-nos já por perdidos, tratando-se de uma viagem tão longa e incerta. As mulheres choravam, os homens suspiravam de maneira comovente. Nas mães, esposas e irmãs era maior ainda o desespero e o medo.
  • 19. 90Qual vai dizendo: -”Ó filho, a quem eu tinhaSó para refrigério, e doce amparoDesta cansada já velhice minha,Que em choro acabará, penoso e amaro,Por que me deixas, mísera e mesquinha?Por que de mi te vás, ó filho caro,A fazer o funéreo enterramento, (pleonasmo)Onde sejas de pexes mantimento?”
  • 20. Uma fala ao filho, queixando-se de que ele a deixa desamparada na velhice para ser comido pelos peixes.
  • 21. 91Qual em cabelo: -”Ó doce e amado esposo,Sem quem não quis Amor que viver possa,Por que is aventurar ao mar irosoEssa vida que é minha, e não é vossa?Como por um caminho duvidosoVos esquece a afeição tão doce nossa?Nosso amor, nosso vão contentamentoQuereis que com as velas leve o vento?”
  • 22. Outra, com o cabelo descoberto, fala ao marido, mostrando-se magoada por ele ir arriscar ao mar uma vida que lhe pertence (a ela) e trocar o amor entre ambos pela incerteza.
  • 23. 92Nestas e outras palavras que diziamDe amor e de piedosa humanidade,Os velhos e os mininos os seguiam,Em quem menos esforço põe a idade.Os montes de mais perto respondiam,Quase movidos de alta piedade;A branca areia as lágrimas banhavam,Que em multidão com elas se igualavam.
  • 24. 2ª Parte (estrofe 87 à estrofe 92) Descrição da procissão solene até às naus. Reacções das pessoas que assistem à partida. Reacções da Natureza à partida dos marinheiros.
  • 25. 93Nós outros sem a vista alevantarmosNem a mãe, nem a esposa, neste estado,Por nos não magoarmos, ou mudarmosDo propósito firme começado,Determinei de assi nos embarcarmosSem o despedimento costumado,Que, posto que é de amor usança boa,A quem se aparta, ou fica, mais magoa.
  • 26. 3ª Parte (estrofe 93) Partida para a Índia sem as despedidas habituais. Lurdes Martins