1. J o i n v i l l e Ter ça f e i r a , 2 3 d e J u l h o d e 2 0 0 2 Santa Catarina Brasil
ANotícia Leia também
Pano para dança
Dani Lima abre mostra contemporânea com Um olho na dança,
obra aérea outro no trabalho
Programação Foto divulga ção
Veja a P R O G R A M A Ç Ã O
completa do 20º Festival Trabalhar durante o festival é abrir
de Dança. mão dos espetáculos para servir aos
bailarinos e visitantes
Katherine Funke
Spoudaios Cia. de Dança: bela
coreografia e boa interpretação Joinville José Roberto Luiz recolhe o lixo do
mereceram 1º lugar no Centreventos Cau Hansen. Varre. Enxuga. Passa
contemporâneo pano no chão do auditório. E, quando pode, pára
por alguns minutos para espiar os ensaios dos
grupos participantes do Festival de Dança de
Joinville. Os dez minutos de pausa para o café são
reservados para acompanhar as apresentações no
palco alternativo localizado na praça de
alimentação. Ali, fica com um olho no tambor de
lixo e outro na ginga do break improvisado dos
Um panorama de bailarinos. "Pena que a gente não pode dançar
gratas surpresas também, seria legal", diz o auxiliar de serviços
gerais.
Quem trabalha durante o festival mal tem
Mostra competitiva de domingo projeta uma luz no fim oportunidade para espiar os ensaios, como José.
do túnel Aliás, ele é uma pessoa privilegiada nesse
sentido, porque seu trabalho, apesar de pesado,
Ana Francisca Ponzio concedelhe a liberdade para circular pelas
dependências da sede principal do evento. Já para
quem cuida dos estandes da Feira da Sapatilha ou
oinville Gratas surpresas! Finalmente, a mostra competitiva do 20º
das barraquinhas da praça de alimentação só
J Festival de Dança de Joinville traçou um belo panorama, com as
apresentações de dança contemporânea da noite de domingo, dia
resta a opção de esticar o pescoço quando o
número de atendimentos baixa um pouco.
21. Entre as 17 peças curtas da programação, pôdese contar com um
Na praça de alimentação, local onde há ainda
padrão de qualidade generalizado, que se estendeu das interpretações às
mais agito e menos descanso, a vista para o palco
criações o que não é pouco.
alternativo fica prejudicada com a passagem das
Embora não se possa dizer que os participantes estejam se arriscando
pessoas. "Mas, às vezes, a gente pega umas
em trilhas mais inovadoras, parte significativa do que foi apresentado
palhinhas", contentase a atendente de lanchonete
revelou invenção, bom acabamento técnico e desenvoltura na escrita
Renate Büchling Cordeiro.
coreográfica. Para a dança brasileira, que se ressente da falta de bons
Existem pessoas que trabalham há muitos anos
coreógrafos, uma apresentação como essa faz supor que há uma
como expositores no festival e nunca nunca!
germinação em curso.
assistiram a uma apresentação sequer. É o caso
Claro que não faltaram superficialidades. Mas mesmo aqueles que não
de Ana Maria de Souza, balconista no estande
conseguiram levar a bom termo suas propostas, deixaram aflorar um
das camisetas oficiais do evento. Há cinco
trabalho em processo, que pode ser melhorado. É o caso, por exemplo,
edições ela atende bailarinos, mas jamais
da coreógrafa Andréa Pivatto, que participou com três peças: "Nascido na
conseguiu sentar para admirar a beleza da dança
Terra", dançada por Thiago Macedo, da companhia Impacto, de
nem durante as mostras competitivas, nem em
Campinas; "Enquanto Você não Vem", interpretada por Michelle Sampaio,
noites de gala ou em palcos alternativos.
do Grupo Galpão 1 de Indaiatuba; e "Quase Eu, Quase Escorpião", com
De qualquer maneira, Ana Maria está feliz em
Alaércio Leite, do grupo Pavilhão D, de São Paulo.
participar do festival como expositora. "Só de ter
Na primeira, Andréa desenvolveu, com a concisão que faltou às demais, o
esse contato com os bailarinos e poder conversar
tema sobre o personagem que reconhece, a partir do próprio corpo, a sua
com pessoas de tantos lugares do País já me
condição humana. Foi uma das melhores apresentações da noite, graças,
sinto superbem", comenta Ana. O clima do festival
principalmente, à expressividade de Thiago, um bailarino que já percebeu
contagia as pessoas que trabalham no evento. É
que dança não se resume ao exibicionismo técnico e que já enveredou
possível flagrar algumas delas tentando
pelos meandros da interpretação (lamentavelmente, Thiago contou com o
acompanhar a música que estiver rolando no
desrespeito de boa parte da platéia que, insensível e maleducada, o
ambiente com movimentos de corpo enquanto
recebeu com assobios e manifestações de chacota).
atendem aos clientes.
Já as duas outras peças de Andréia, embora também apresentadas por
Há dois anos vendendo o jornal A Notícia dentro do
bailarinos que têm presença cênica, não ganharam a densidade que se
Centreventos, Dilce Ferrante até hoje não
anunciava no começo. A primeira, aparentando um excerto de videoclipe,
conseguiu ver apresentações da mostra oficial.
esbarrou no efeito moderninho. A segunda acabou aprisionada no jogo
Mas a convivência com os participantes do evento
formal e convencional de movimentos. No geral, entretanto, as três
cria alguns laços afetivos e amizades. Ela adora
criações de Andréa confirmaram um talento que merece ser depurado.
esse contato com os bailarinos. "Eles são muito
Na programação, também chamou atenção o duo "Medley", que Fernando
educados e queridos, isso eu já percebi", diz a
Azevedo criou para os bailarinos Luiz Fernando Azevedo Silva e Rodrigo
jornaleira.
Gondim Rodrigues, da Companhia Spoudaios, de Niterói. Com uma
dinâmica que não perdeu o pulso e um cuidado de concepção que se
estendeu à trilha sonora de Luiz Alves, especialmente composta para a
peça, "Medley" também destacou as boas interpretações de Fernando e
Rodrigo, os quais somaram méritos às performances masculinas da noite Uma feira com
de domingo.
muito mais que sapatilha
Foi, contudo, o Balé Jovem do Centro Cultural Gustav Ritter, de Goiânia,
que revelou os talentos mais amadurecidos entre os coreógrafos da noite.
Lavínia Bizotto e Kleber Damaso, autores de "Não Lugar", trouxeram para Joinville A Feira da Sapatilha está localizada,
a mostra uma concepção cheia de qualidades. Com segurança, a dupla este ano, no piso térreo do Centreventos Cau
soube compor um arrojado poema sobre personagens que lidam com a Hansen. Os 45 estandes estão abertos todos os
solidão no cotidiano. dias, das 9 até as 23 horas, trazendo produtos
À bemsucedida mostra contemporânea seguiuse a programação da especiais para interessados em dança e também
segunda parte, que trouxe mais uma rodada de dança de rua. para quem deseja enriquecer o vestuário. Há vários
Comparadas às apresentações da mesma modalidade do dia 19, as de estandes com malhas de lã, acrílico e moletom, e
2. Foi, contudo, o Balé Jovem do Centro Cultural Gustav Ritter, de Goiânia,
que revelou os talentos mais amadurecidos entre os coreógrafos da noite.
Lavínia Bizotto e Kleber Damaso, autores de "Não Lugar", trouxeram para Joinville A Feira da Sapatilha está localizada,
a mostra uma concepção cheia de qualidades. Com segurança, a dupla este ano, no piso térreo do Centreventos Cau
soube compor um arrojado poema sobre personagens que lidam com a Hansen. Os 45 estandes estão abertos todos os
solidão no cotidiano. dias, das 9 até as 23 horas, trazendo produtos
À bemsucedida mostra contemporânea seguiuse a programação da especiais para interessados em dança e também
segunda parte, que trouxe mais uma rodada de dança de rua. para quem deseja enriquecer o vestuário. Há vários
Comparadas às apresentações da mesma modalidade do dia 19, as de estandes com malhas de lã, acrílico e moletom, e
domingo pelo menos reuniram grupos que concederam tratamento cênico um com casacos de couro do Rio Grande do Sul.
mais cuidadoso às suas produções. Algumas até apontaram uma luz no Marcas como a DoDance Brasil, que há nove anos
fim do túnel no emaranhado que vem sendo mostrado em Joinville. expõe no festival, trouxeram novos desenhos para
Honrando a cidade do festival, o Grupo Street Dance Átila Brenny tentou as camisetas, moletons, acessórios, meias e
aprofundar sua temática com "Psicoprisão" e conseguiu um resultado artigos de papelaria. Os desenhos exclusivos,
cênico com certo bom gosto. criados por Breno Barbosa, já são conhecidos na
Também de Joinville, o Paiee Young People se aproximou da mesma cidade pelos motivos engraçados e divertidos. "Os
forma de conteúdo mais conseqüente. Com "Babilônia", o grupo roçou um bailarinos são altamente brincalhões, o que
tema sobre a desordem mundial. Pena que tenha sido apenas um descobri convivendo com eles", diz o artista
arremedo, que mais uma vez deixou no ar a pergunta: por que esses plástico. Os produtos mais conhecidos da loja são
grupos de rua viram as costas para a riqueza de movimentos da dança hip as camisetas, com preços entre R$ 13,00 e R$
hop para se contentar com o showzinho barulhento e descartável? 15,00. Outras roupas com design exclusivo, como
os da marca Mr. Quandt, estão à venda na feira.
Cada peça é única, com aplicações artesanais e
junções aleatórias de retalhos, em estilo urbano. A
marca veste personagens da novela "Malhação",
Resultado do dia 21 da Rede Globo. Os preços das calças e jaquetas
varia entre R$ 30,00 e R$ 55,00 mas também há
camisetas e outras peças. O estande da Mr.
Quandt também vende CDs para aulas de street
dance, por R$ 15,00.
No estande de Susana Menda, de São Paulo (SP),
também é possível encontrar CDs, além de fitas de
vídeo e DVDs com gravações especiais para ser
O solo feminino "Dançando
No trio masculino, o Grupo Beth utilizadas como material didático. As fitas de vídeo
Mercedes", da Domínio Cia. de
Dorça ficou com o 2º lugar trazem apresentações de peças como "O Quebra
Dança, conquistou o
dançando "Irmão Águia" nozes", "Dom Quixote" e "Carmen", ou aulas de
2º lugar
flamenco, jazz, dança do ventre e outras
modalidades.
O material desse estande é visto como uma fonte
de pesquisa por bailarinos como Luciane Jardim
Guy da Rosa, diretora da Compasso Cia. de
Dança (RS). "Essas fitas a gente só encontra no
eixo RioSão Paulo, ou então aqui no festival", diz.
O Grupo Pavilhão D ganhou o 2º A própria Susana Menda também é pianista e
Na dança de rua , o 1º lugar ficou lugar no solo masculino com todos os anos grava dois ou três CDs com
com o Street Dance Soul, que "Quase Eu, Quase Escorpião", de repertório para aulas de balé clássico. Este ano,
apresentou a coreografia "Street Andréa Pivatto. A coreógrafa é a trouxe músicas folclóricas, baseada em um livro
Monsters" indicada da noite para o troféu AN antigo de partituras adquirido na última viagem
Festival para os Estados Unidos.
A Feira da Sapatilha traz vários estandes que
Coreografia "Não Lugar", de Lavínia oferecem sapatilhas de ponta e meiaponta,
Bizotto e Cléber Damasco, dançada pelo sapatos para jazz e sapateado e roupas para
Centro Gustav Ritter, foi surpresa da noite dança. As sapatilhas de ponta são o artigo mais
procurado nessas lojas e têm preço médio de R$
30,00. Algumas lojas estão lançando produtos
durante o festival, como a marca Só Dance, de
São Paulo. Ano passado, só esta marca vendeu
mais de 500 pares de sapatilhas de ponta.
O estande da Caminho do Mar é um dos mais
Resultado do dia 21 movimentados, pois tem exclusividade na venda de
Confira os grupos ganhadores camisetas e moletons com a marca oficial do
festival. São dezenas de peças, que saem todos
Modalidade: Dança Contemporânea Categoria: Júnior os dias, por preços a partir de R$ 7,50. Camiseta
com a logo do 20º Festival de Dança de Joinville é
o suvenir mais procurado. O local também está
3º lugar: Grupo Ama (PR) comercializando o livro "15 Anos de Dança", com
Coreografia: "Que bom que Fosse" a história ilustrada do festival. A obra está em
promoção este ano com 78% de desconto, saindo
Modalidade: Dança Contemporânea Trio Categoria: por R$ 22,00.
Avançado Os bailarinos podem encontrar muitas opções de
roupas para treino, collants, calças, mochilas e
bolsas para ensaios. Chocolates caseiros com
2º lugar: Grupo Beth Dorça (MG)
motivos especiais sobre dança podem ser uma
Coreografia: "Irmão Águia" lembrança para levar para casa. Há dois estandes
3º lugar: Cia. de Dança Gláucia Lacerda Serra (SP) com opções belas e criativas, além das já
Coreografia: "A Espera" tradicionais sapatilhas em vários tamanhos.
Modalidade: Dança Contemporânea Duo Categoria: Feira da Sapatilha
Avançado Local: Piso térreo do Centreventos Cau Hansen.
Horário: Das 9 às 23 horas
1º lugar: Spoudaios Cia. de Dança (RJ)
Coreografia: "Medley"
2º lugar: Dac Dança e Aperfeiçoamento Corporal (SP)
Coreografia: "Perdido no tempo" Enquete
3º lugar: Balé Jovem do Centro Cultural Gustav Ritter (GO)
Coreografia: "Não Lugar" "Estou adorando. Vim fazer umas
compras na cidade e nem pensava que
Modalidade: Dança Contemporânea Solo Masculino iria encontrar dança no shopping. Mas
Categoria: Avançado ainda quero ver street dance"
Lourdes Sevegrani, doméstica, Pomerode (SC)
2º lugar: Grupo Pavilhão D (SP)
Coreografia: "Quase Eu, Quase Escorpião" "É ótimo. Podemos ver um pouco de
3º lugar: Impacto Cia. de Dança (SP) cada estilo de dança, tanto o balé
Coreografia: "Nascido da Terra" clássico quanto a contemporânea"
3. compras na cidade e nem pensava que
Modalidade: Dança Contemporânea Solo Masculino iria encontrar dança no shopping. Mas
Categoria: Avançado ainda quero ver street dance"
Lourdes Sevegrani, doméstica, Pomerode (SC)
2º lugar: Grupo Pavilhão D (SP)
Coreografia: "Quase Eu, Quase Escorpião" "É ótimo. Podemos ver um pouco de
3º lugar: Impacto Cia. de Dança (SP) cada estilo de dança, tanto o balé
Coreografia: "Nascido da Terra" clássico quanto a contemporânea"
Elói Backer Júnior, estudante, Joinville (SC)
Modalidade: Dança Contemporânea Solo Fem. Categoria:
"É muito bom, porque podemos entrar
Avançado no clima do festival. Trabalho no
shopping e estou aproveitando a
2º lugar: Domínio Cia. de Dança (RN) minha hora do lanche para assistir. As
Coreografia: "Dançando Mercedes" apresentações estão muito bonitas"
3º lugar: Grupo Experimental Mery Rosa & Luxaflex (SC) Samanta da Silva , Joinville (SC)
Coreografia: "Sangrei Depois da Hora"
"A iniciativa dos palcos alternativos é
Modalidade: Dança de Rua Categoria: Júnior muito interessante porque quem não
pode ir ao Centreventos consegue
2º lugar: Grupo Andança Streeter's Tribe (SC) assistir a algumas apresentações de
Coreografia: "Bufões" dança"
3º lugar: The Boys Company (SC) Gisele Souza, operadora de caixa, Joinville (SC)
Coreografia: "Darck, o Mito"
"Considero os palcos alternativos
Modalidade: Dança de Rua Categoria: Sênior como uma prévia, de muita qualidade,
do que pode ser conferido nas mostras
1º lugar: Street Dance Soul (RJ) competitivas e nas noites de gala do
Coreografia: "Street Monsters" festival"
2º lugar: Grupo de Dança Millennium (SC) Ramone Abreu Amado, escritora, Joinville (SC)
Coreografia: "Guerreiros da Luz"
3º lugar: Grupo Paiee Young People (SC) "Para nós, é uma oportunidade de
Coreografia: "Babilônia" ganhar experiência e sentir o público
mais de perto"
Amanda Salone , bailarina, São José dos
Campos (SP)
Modalidade pede um novo olhar
Dança de Rua quer valorizar trabalhos Circo e música
ao vivo em "Vaidade"
Joinville As críticas à dança de rua apresentada nas noites
competitivas e publicadas no AN Festival geraram Cia. Dani Lima abre segunda edição
discussões entre coreógrafos e bailarinos da modalidade. da Mostra Contemporânea, no Teatro
Para eles, embora possam existir casos de desvirtuamentos Juarez Machado
da proposta original da street dance, é importante que se
compreenda o processo de evolução natural e o esforço dos Joinville A segunda edição da Mostra de Dança
grupos em, inclusive, criar novas tendências. Contemporânea será aberta hoje pela Cia. Dani
Coreógrafos como Maria Aparecida Gonzaga, da Cia. de Lima, que leva o nome de sua fundadora e
Dança Alma Negra, de Florianópolis (SC), entendem que a coreógrafa. O espetáculo será às 22 horas, no
prova disso é o próprio fato de terem sido aprovados na auditório do Teatro Juarez Machado, logo após a
seletiva do festival. "São diversas tendências no Brasil, e o mostra competitiva da noite. Ela traz a Joinville um
trabalho calcado sobre os sentimentos humanos
festival traz, todos os anos, mais novidades basta que se
relacionados à "Vaidade", nome da peça. Em sua
tenha a sensibilidade adequada para enxergar essa linguagem cênica, reúne toda a bagagem
evolução", diz Maria. assimilada com a acrobacia aérea, desenvolvida
O fato de o público entrar em êxtase com a dança de rua com a Intrépida Trupe (da qual foi uma das
pode ser provocado intencionalmente pela coreografia. Essa fundadoras no Rio de Janeiro), e dança
provocação nem sempre é saudável, admite a coreógrafa contemporânea, tendo estudado com Nienke
joinvilense Juliana Regina Crestani, da Academia Átila Reehorst e com Deborah Colker.
Brenny. Ela avalia ser possível detectar nas coreografias Visualmente, o resultado reúne a projeção de
imagens e elementos circenses, de dança e
passos que imitam as boys band criadas com intenções
teatro. A música é composta e executada ao vivo
claramente comerciais pela indústria cultural (como N´Sync e pela banda Brasov, ao som de guitarras, baixo,
Backstreet Boys). Essas coreografias dos clipes televisivos sax e bateria. A sonoridade reflete a urgência dos
contêm fortes elementos de sensualidade, que parte do movimentos, numa alusão à agitação urbana. O
público adora. No entanto, a simples imitação, sem uma caráter intimista da apresentação é definido pela
proposta que fundamente a coreografia, é que se torna ponto interatividade com os espectadores, quando os
negativo. bailarinosacrobatas se aproximam da platéia,
Ao mesmo tempo em que existem fatores criticáveis, há levando elementos cênicos.
A apresentação inicia às 22 horas, após o término
pontos admiráveis nas coreografias de dança de rua. Os
das apresentações competitivas.
passos firmes, com sincronismo do grupo, as referências a
estilos já consolidados, como o da Dança de Rua do Brasil, o
de Tatiana Sanchez e o de Otávio Nassur ou mesmo o uso da Programação
mistura entre força, brincadeira e leveza são alguns fatores Locais onde há apresentações de
que os coreógrafos destacam. Mas "fator surpresa" parece dança
ser mesmo a característica mais forte da modalidade.
Shopping Mueller Joinville
Apesar do "fator surpresa", a dança de rua também tem Rua Senador Felipe Schmidt, 235, centro
passos universalmente conhecidos pelos mesmos nomes, Todos os dias, das 11 às 12 horas, das 13h30 às
como no balé clássico. Há o que se chama de footwork 14h30, das 16 às 17 horas, e das 18 às 19 horas
(passo estilizado de pernas no chão), de freeze (passos
congelados), e inúmeros outros passos. Ao contrário do balé Shopping Cidade das Flores
clássico, no entanto, a ordem desses passos ainda reserva Rua dos Ginásticos, 155, centro
imprevisibilidade. Também existem estilos definidos, desde o Todos os dias, das 14 às 16 horas, e das 17 às 19
"original" até suas ramificações. "No street, quase tudo é horas
inédito. Os passos podem surgir até do ato diário de escovar
os dentes", conta Juliana, de olho no ensaio geral do grupo Shopping Americanas
Av. Getúlio Vargas, 1.446
Paiee, de Joinville.
4. (passo estilizado de pernas no chão), de freeze (passos
congelados), e inúmeros outros passos. Ao contrário do balé Shopping Cidade das Flores
clássico, no entanto, a ordem desses passos ainda reserva Rua dos Ginásticos, 155, centro
imprevisibilidade. Também existem estilos definidos, desde o Todos os dias, das 14 às 16 horas, e das 17 às 19
"original" até suas ramificações. "No street, quase tudo é horas
inédito. Os passos podem surgir até do ato diário de escovar
os dentes", conta Juliana, de olho no ensaio geral do grupo Shopping Americanas
Av. Getúlio Vargas, 1.446
Paiee, de Joinville.
Todos os dias, das 14 às 18 horas
Aliás, assistir aos ensaios e aproveitar este momento para
conhecer as novidades reunidas no Festival de Dança de
Praça Nereu Ramos
Joinville é uma das formas de pesquisar. Recomendase que Rua do Príncipe, centro
se esqueça um pouco o lado competitivo para dar lugar à Todos os dias, das 11 às 12 horas, e das 13 às 14
absorção de novas idéias, durante as apresentações, nos horas
bastidores do festival ou nos ensaios gerais. Cabe ao
coreógrafo pesquisar, estudar e fundamentar cada vez melhor Feira da Sapatilha
seu trabalho. Praça de alimentação, anexa ao Centreventos
Para o coreógrafo Jorge Luiz Cevinscki, do grupo The Boys Todos os dias, das 16h30 às 18 horas
Company, de São Francisco do Sul (SC), a busca pelo
profissionalismo na dança de rua é um aspecto positivo.
Afinal, a quantidade de ensaios e cuidados técnicos é a
mesma de qualquer outra modalidade. O que muda é o Outras apresentações
resultado do trabalho, não o processo de dedicação do
bailarino. O grupo The Boys Company ensaiou por oito meses Prefeitura de Joinville
a coreografia que apresentou no festival. A Academia Átila Rua Hermann August Lepper, 10
Dia 23, das 11 às 12 horas
Brenny passou um ano criando "Psicoprisão" e é um dos 14
grupos selecionados para participar, em 2002, da etapa
Ciser
brasileira da Batalha do Ano, em São Paulo (SP).
Rua Aubé, 330, centro
Este ano, o festival investiu na dança de rua ao trazer Nelson Dia 24, das 12h30 às 14h30
Triunfo para a banca de jurados. "Sintome feliz em ver um
profissional com 'pê' masculino participando do evento", diz Embraco
Juliana. Por enquanto, o que os coreógrafos pedem é que Rua Rui Barbosa, 1.020, Distrito Industrial
pelo menos as críticas feitas ao seu trabalho não primem Dia 25, das 8 às 9h15, das 11h45 às 13h15, das
pelos "rótulos", mas sejam fundamentadas no 18 às 19h15, e da 0h15 à 1h30
acompanhamento do trabalho realizado. "Você pode ter um
olhar competitivo, de quem só procura defeitos, ou com o olho Petrobras
de quem ver as transformações que estão bem à vista, no Rua Felipe Musse, 803, São Francisco do Sul
palco", avalia Maria Aparecida. (Katherine Funke) Dia 26, às 10 horas
Escola Municipal Professora Ada Santana
Silveira
Rua Monsenhor Gercino, 6674, Paranaguamirim
Corpo de idéias: dança como relação Dia 27, às 17 horas
... ... ...
Jussara Xavier
Joinville O corpo pode ser entendido como um espaço onde Programação
Veja a P R O G R A M A Ç Ã O completa do 20º Festival de
diferentes informações conversam, acusando trocas e Dança.
acordos até chegar a um resultado único: a dança.
Conhecer a dança é refletir sobre o corpo humano, o lugar em
que ela acontece. Podemos perceber o corpo como um
sistema de signos complexo, construído através da interação
entre sua natureza biológica e social, algo dotado de
plasticidade, peso, mobilidade, que abriga um conjunto de
órgãos como uma biografia, pois conta uma história.
Quando um corpo dança, configura movimentos para
significar e comunicar e, assim, vai desenhando no tempo
espaço um pensamento. Estes elementos corpo,
movimento, tempo, espaço e pensamento estão juntos,
formando o sistema dança e, apesar de freqüentemente
serem abordados isoladamente, não se dissociam. A noção
de sistema indica qualquer conjunto de relações entre
constituintes formando um todo, idéia que serve para
designar a dança, já que esta se revela como uma
associação combinatória de elementos diversos.
Para compreender a dança como linguagem, devemos
pensar em processos de relação de complementaridade. A
linguagem, no sentido semiótico mais amplo do termo, é
sistema organizado de geração, organização e interpretação
da informação. Na dança, a seleção e combinação de
elementos resulta em coreografias. Organização complexa de
dança, a palavra deriva do grego choreia uma dança coral, e
graphia escrita, significando a escrita da dança. Tratase de
um sistema comunicativo marcado pela heterogeneidade,
pois além de utilizar o corpo como mídia, trabalha com a
combinação de vários sistemas semióticos música,
cenografia, cinema, literatura, circo, poesia, iluminação,
vestuário, vídeo, teatro, entre outros e não de forma isolada.
Seu mecanismo semiótico é o de traduzir diferentes
informações em um texto cultural: dança.
Esta mistura entre a dança e outras formas de arte nos
desafia a compreender todas as interações postas em cena
ao mesmo tempo em que anuncia as muitas abordagens que
uma obra pode assumir e questiona nosso uso confortável de
enquadrar a dança como uma categoria artística fechada,
universal e imutável. A interdisciplinaridade presente na
7. Ballet Eliana Karin RJ
Grupo Dança Viwa Ballet SP
Lyceu Escola de Dança RJ
Grupo Habeas Corpus Ballet Elisa SP
Ballet Inês Amaral SP
Ballet Márcia Lago SP
Studio 3 Espaço de Dança SP
Juvenil do Studio de Dança Luciana Junqueira SP
Balé Clássico de Repertório Grand PasdeDeux
Avançado
Projeto Pé de Moleque MG
K. S. Studio de Dança SP
Grupo Especial SP
Ballet Aracy de Almeida SP
Especial Academia de Ballet SP
Paula Castro Cia. de Dança SP
Experiência
alternativa nos palcos
Enquanto o público aprecia as apresentações,
para 36 grupos esta é a oportunidade de mostrar
seu trabalho
Joinville Os olhos da pequena Júlia Navarro, quatro anos,
estavam fixamente tentando acompanhar os pés das
bailarinas que se apresentavam no palco alternativo do
Shopping Mueller. Ela já é estudante de balé em Rezende
(SP), onde mora, e está passando uma semana em Joinville,
com seu pai Ronaldo.
Assim como a família de Júlia, outras pessoas estão
aproveitando a oportunidade de assistir às apresentações
nos 15 espaços alternativos montados pela organização.
Moradores de Joinville, como a escritora Ramone Abreu
Amado, 20 anos, apreciam a iniciativa dos organizadores
(veja a enquete página ao lado).
Algumas empresas e lojas são sedes dos palcos alternativos,
como Termotécnica, Salfer, Ciser e Embraco, em Joinville, e
Petrobras, em São Francisco do Sul. Haverá apresentações
também na Prefeitura e no Hospital São José. Além disso, os
palcos estão distribuídos em shoppings e praças.
Nesta edição, o Instituto Festival de Dança regulamentou o
espaço alternativo. Para participar, os grupos tiveram de
passar por um processo de seleção semelhante ao das
mostras competitivas. Dessa forma, os grupos selecionados
passam a ter os mesmos direitos dos demais participantes:
alojamento, transporte, crachá e certificado de participação.
Este ano, 36 grupos vieram especialmente para se
apresentar nesses espaços, além daqueles que também
competem no Centreventos. "A seleção limita a quantidade
de grupos, mas era preciso estabelecer um nível mínimo",
avalia a coreógrafa Ana Paula Pinho, do Estúdio A (Ballet do
Clube dos Oficiais da Polícia Militar), de Florianópólis (SC).
Iane Rocha, diretora e coreógrafa do Ballet Iane Rocha, de
Nova Friburgo (RJ), concorda que o estabelecimento de
critérios de seleção tornouse importante para garantir a
qualidade das apresentações. "Essa experiência é sempre
bemvinda, tanto pelos bailarinos quanto pela comunidade, e
serve para difundir a dança", afirma. A proximidade dos
espectadores também anima o bailarino do palco alternativo,
dizem as meninas da Academia Narciso Coelho, de São
Paulo (SP). Talita Marino Vieira, de 13 anos, conta que nem
consegue olhar para os rostos na platéia, enquanto está
dançando, mas sente que seus gestos são acompanhados
com muito mais atenção à luz do dia.
A aprovação no processo seletivo serve como estímulo para a
evolução da dança, diz a bailarina Jéssica da Cruz Angelo, 15
anos, da Academia Narciso Coelho. "Assim, ficamos
sabendo que também temos qualidade", diz a bailarina. O
grupo reservou nove coreografias especiais de balé clássico
somente para as apresentações periféricas, com bailarinas
de diversas idades. A oportunidade de estar nos alojamentos,
assistir às apresentações dos demais grupos e, quem sabe,
ainda fazer um curso de extensão, são fatores que levam o
bailarino dos palcos alternativos a encarar o Festival de
Dança de Joinville como experiência produtiva. "Levaremos
as coisas boas e ruins que aprendermos aqui para melhorar o
nosso trabalho", diz Jéssica. (Katherine Funke)
Manchetes AN