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A mais bela prenda de anos Naquela sexta-feira, 12 de Junho, Anne acorda às seis
da manhã. Compreende-se: é o seu dia de aniversário,
festeja treze anos! Como lhe custa esperar a hora de
se levantar! Anne vive com o pai, a mãe e a irmã mais
velha, Margot, num bairro novo de Amesterdão.
Estamos em 1942. É a guerra. Já há dois anos que a
Holanda está ocupada pelos alemães. A família Frank
é judia. Os judeus são humilhados e perseguidos pelos
alemães. Cada vez lhes é mais difícil viver
normalmente. Mas, hoje, Anne não pensa em nada
disso. Às sete horas, vai ao quarto de seus pais.
Depois, a família reúne-se na sala de jantar para a
cerimónia das prendas. Nesse dia, Anne recebe: livros,
um puzzle, um broche, bombons e outros presentes
miúdos. Os pais oferecem-lhe também um diário. Um
caderno com capas duras forradas de pano aos
quadrados vermelhos e brancos. Anne está muito
contente: é a sua mais bela prenda. Nunca teve um
diário. Anne tem muitos amigos e amigas, mas com
eles só fala de coisas banais. Agora, decide fazer
como se o diário fosse a sua melhor amiga. Uma
confidente a quem poderá dizer tudo e a quem
chamará "Kitty". Na primeira página do diário, Anne
escreve:
Espero poder confiar-te tudo, como nunca o pude
ainda fazer com ninguém, e espero que sejas para
mim um grande apoio. (Anne Frank, 12 de Junho de
1942)
Na parte interior da capa, Anne cola uma fotografia sua e escreve: Que bonita fotografia! Não é?
Dois dias depois, domingo, 14 de junho, Anne redige as primeiras notas do seu diário. Claro que
nem imagina que a sua vida vai mudar por completo. Durante mais de dois anos, Anne
descreverá nesse caderno tudo o que lhe vai acontecer. Outra coisa que ela também não pode
imaginar é que, mais tarde, milhões de pessoas de todo o mundo lerão o seu diário.
No n.° 307 da Rua Marbach, Otto, Edith e Margot ocupam os dois primeiros andares do lado
direito. Mudam-se para aqui quando Margot tem dezoito meses, porque desejam viver numa casa
com jardim.
Papá e os seus tesouros,
escreverá mais tarde Anne no
seu álbum como legenda desta
fotografia que data de 1930. Anne
e Margot adoram o pai, a quem
chamam, carinhosamente, Pim.
Mais tarde, no seu diário, Anne
usa muito esse nome quando se
lhe refere.
À noite, à hora de deitar, Otto
conta às filhas histórias que ele
próprio inventa e cujas heroínas
são duas meninas chamadas
Paula. A Paula boa obedece aos
pais e porta-se bem; a Paula má
porta-se mal e faz tolices.
10 de Março de 1933.
Os maiores frios do Inverno passaram.
Anne e Margot já só usam meias até
aos joelhos, embora continuem
a vestir os casacos de Inverno. Os
Frank vão às compras e Otto tira uma
fotografia em Hauptwache, uma praça
bem conhecida no centro de
Francoforte. Muitas coisas mudaram
durante esse Inverno para a família
Frank, assim como para todos os
outros judeus da Alemanha. Seis
semanas antes, em Janeiro, Adolfo
Hitler chegou ao poder. Otto e Edith
estão muito preocupados, mas não
deixam que as filhas o percebam.
Adolfo Hitler, líder dos nazis, durante um discurso. A 30 de Janeiro de
1933, torna-se o chefe do Governo alemão.
Um grupo de refugiados judeus chega à estação de Naarden,
na Holanda.
Anne começa a ir à escola em 1934 Nos dois primeiros anos,
frequenta um jardim infantil da Escola Montessori, que é perto de casa.
Margot frequenta a mesma escola. Na foto, pode ver-se Anne na aula
do professor Van Gelder. Tem sete anos, e já sabe ler e escrever
correctamente.
No diário, Anne utiliza duas escritas diferentes. Umas vezes escreve
em letra de imprensa, mas utiliza mais frequentemente uma escrita
cursiva.
Judeus esperando a deportação.
Na Holanda, existem pequenos grupos de "caçadores de judeus" que recebem
uma recompensa por cada judeu entregue - mulher, homem ou criança. A polícia
alemã dá 37,50 florins a todos os que denunciaram cinco judeus. Na altura, esta
quantia representava o equivalente a, pelo menos, uma semana de salário médio.
A fachada do edifício, no n º 263 de
Prinsengracht, onde estão instalados
os escritórios de Otto Frank. 0 pai de
Bep e mais dois homens trabalham no
armazém, no rés-do-chão (1). A porta
da esquerda (2) conduz aos armazéns
dos segundo e terceiro andares. A
porta (3), ao lado, conduz ao escritório
do primeiro andar.
No cimo das escadas, há uma porta
em vidro fosco, na qual tinha havido
uma placa a dizer "ESCRITÓRIO". É o
escritório principal que dá para a
frente, muito grande, com muita luz e
muito cheio. (9 de Julho de 1942.)
Nas traseiras, há também um pequeno
escritório onde dantes estavam o
senhor Van Daan e Victor Kugler.
Agora, só este trabalha lá. Por trás da
casa, há uma outra, que não é visível
da rua, o "Anexo". Esta casa
comunica, por um estreito corredor,
com o n.° 263 de Prinsengracht.
Este desenho dá
uma ideia bastante
aproximada da
maneira como o
Anexo estava
disposto.
O quartinho de Margot e Anne. O nosso quartinho ficava muito despido com as
paredes vazias. Graças ao Papá, que já tinha trazido toda a minha colecção de
postais e de fotografias de estrelas de cinema, pude decorar as paredes todas
usando cola e pincel e transformar o quarto numa imagem gigantesca. Assim,
está agora muito mais alegre. (11 de Julho de 1942.) É nesta mesa que Anne
escreve uma boa parte do seu diário. Esta fotografia foi tirada depois da guerra. 0
quarto tinha sido arrumado provisoriamente de acordo com as instruções de Otto
Frank e Miep Gies. Hoje, o quarto está vazio.
A maioria dos clandestinos não estão tão confortavelmente alojados
como os Frank. Como este casal, escondido sob o soalho de uma casa.
O quarto do senhor e da senhora Van Pels (Van Daan). Quando, no cimo das
escadas, se abre a porta, fica-se espantado por encontrar, neste velho edifício,
uma sala tão grande, clara e espaçosa (...) e uma banca. É aí a cozinha e, ao
mesmo tempo, o quarto do casal Van Daan, a sala de estar, a sala de jantar e a
sala de estudo comunitária. (9 de Julho de 1942) É nesta divisão que os
clandestinos passam a maior parte do seu tempo. O lixo é queimado no fogão.
Na fotografia, a divisão também está arrumada provisoriamente de acordo com as
indicações de Otto Frank e de Miep Gies. Presentemente, está vazia.
Quando a família Frank vem habitar o Anexo, em 6 de Julho de 1942, ainda não há estante giratória, há só
uma porta. Sobre isto, Anne escreve: Ninguém suspeitaria que tantas divisões se escondem por detrás
desta porta pintada de cinzento. Basta subir um degrau à frente da porta e tudo se desvenda. (9 de Julho de
1942.)
A entrada para o Anexo foi camuflada como medida de segurança. Um mês depois, Anne escreverá no
diário: Querida Kitty, o nosso esconderijo tornou-se um autêntico esconderijo.
O senhor Kugler achou mais prudente colocar uma estante a tapar a porta de entrada. (...).
É uma estante giratória que se abre como uma porta. (...). Agora, para descermos, temos de baixar primeiro
a cabeça e, depois, saltar. Ao fim de três dias, tínhamos todos a testa cheia de papos porque todos
batíamos no baixo enquadramento da porta. Peter tentou amortecer a pancada colocando um pano cheio
de serrim. Esperemos que funcione! (21 de Agosto de 1942).
No Oeste da Holanda, milhares de pessoas morrem de fome
e de frio no Inverno de 1944-45.
A estação de
Auschwitz-Birkenau. É
aqui que chegam os
oito clandestinos do
Anexo e é aqui que é
realizada a selecção.
Os que são
suficientemente fortes
para trabalhar para os
alemães ficarão vivos
(mais algum tempo).
Os outros, entre os
quais a quase
totalidade dos
menores de quinze
anos, são conduzidos
directamente para as
câmaras de gás. Anne
escapa a este destino
porque acaba de
completar quinze
anos.
Os exércitos aliados libertam os sobreviventes dos campos da morte
alemães e polacos. Os soldados mal conseguem acreditar no que vêem.
Para os libertados começa então a difícil viagem de regresso. A maior
parte deles perdeu a família e os amigos. Muitas vezes, os seus relatos
esbarram em cepticismo e incredulidade.
Otto Frank em 1967.
Ele morrerá em Birsfelden, nos
arredores de Basileia, a 19 de
Agosto de 1980, com 91 anos, e
faz doação dos diários de Anne ao
Estado holandês.
A Casa de Anne Frank, em
Amesterdão.
Vindas de todo o mundo,
visitam-na todos os anos cerca
de 600 000 pessoas.
O quartinho de Anne Frank. Não há móveis no Anexo, mas há ainda
vestígios dos clandestinos. No quarto de Anne, mantêm-se as fotografias
de artistas de cinema que ela tinha colado nas paredes.

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  • 1.
  • 2. A mais bela prenda de anos Naquela sexta-feira, 12 de Junho, Anne acorda às seis da manhã. Compreende-se: é o seu dia de aniversário, festeja treze anos! Como lhe custa esperar a hora de se levantar! Anne vive com o pai, a mãe e a irmã mais velha, Margot, num bairro novo de Amesterdão. Estamos em 1942. É a guerra. Já há dois anos que a Holanda está ocupada pelos alemães. A família Frank é judia. Os judeus são humilhados e perseguidos pelos alemães. Cada vez lhes é mais difícil viver normalmente. Mas, hoje, Anne não pensa em nada disso. Às sete horas, vai ao quarto de seus pais. Depois, a família reúne-se na sala de jantar para a cerimónia das prendas. Nesse dia, Anne recebe: livros, um puzzle, um broche, bombons e outros presentes miúdos. Os pais oferecem-lhe também um diário. Um caderno com capas duras forradas de pano aos quadrados vermelhos e brancos. Anne está muito contente: é a sua mais bela prenda. Nunca teve um diário. Anne tem muitos amigos e amigas, mas com eles só fala de coisas banais. Agora, decide fazer como se o diário fosse a sua melhor amiga. Uma confidente a quem poderá dizer tudo e a quem chamará "Kitty". Na primeira página do diário, Anne escreve: Espero poder confiar-te tudo, como nunca o pude ainda fazer com ninguém, e espero que sejas para mim um grande apoio. (Anne Frank, 12 de Junho de 1942) Na parte interior da capa, Anne cola uma fotografia sua e escreve: Que bonita fotografia! Não é? Dois dias depois, domingo, 14 de junho, Anne redige as primeiras notas do seu diário. Claro que nem imagina que a sua vida vai mudar por completo. Durante mais de dois anos, Anne descreverá nesse caderno tudo o que lhe vai acontecer. Outra coisa que ela também não pode imaginar é que, mais tarde, milhões de pessoas de todo o mundo lerão o seu diário.
  • 3. No n.° 307 da Rua Marbach, Otto, Edith e Margot ocupam os dois primeiros andares do lado direito. Mudam-se para aqui quando Margot tem dezoito meses, porque desejam viver numa casa com jardim.
  • 4. Papá e os seus tesouros, escreverá mais tarde Anne no seu álbum como legenda desta fotografia que data de 1930. Anne e Margot adoram o pai, a quem chamam, carinhosamente, Pim. Mais tarde, no seu diário, Anne usa muito esse nome quando se lhe refere. À noite, à hora de deitar, Otto conta às filhas histórias que ele próprio inventa e cujas heroínas são duas meninas chamadas Paula. A Paula boa obedece aos pais e porta-se bem; a Paula má porta-se mal e faz tolices.
  • 5. 10 de Março de 1933. Os maiores frios do Inverno passaram. Anne e Margot já só usam meias até aos joelhos, embora continuem a vestir os casacos de Inverno. Os Frank vão às compras e Otto tira uma fotografia em Hauptwache, uma praça bem conhecida no centro de Francoforte. Muitas coisas mudaram durante esse Inverno para a família Frank, assim como para todos os outros judeus da Alemanha. Seis semanas antes, em Janeiro, Adolfo Hitler chegou ao poder. Otto e Edith estão muito preocupados, mas não deixam que as filhas o percebam.
  • 6. Adolfo Hitler, líder dos nazis, durante um discurso. A 30 de Janeiro de 1933, torna-se o chefe do Governo alemão.
  • 7. Um grupo de refugiados judeus chega à estação de Naarden, na Holanda.
  • 8. Anne começa a ir à escola em 1934 Nos dois primeiros anos, frequenta um jardim infantil da Escola Montessori, que é perto de casa. Margot frequenta a mesma escola. Na foto, pode ver-se Anne na aula do professor Van Gelder. Tem sete anos, e já sabe ler e escrever correctamente.
  • 9. No diário, Anne utiliza duas escritas diferentes. Umas vezes escreve em letra de imprensa, mas utiliza mais frequentemente uma escrita cursiva.
  • 10. Judeus esperando a deportação. Na Holanda, existem pequenos grupos de "caçadores de judeus" que recebem uma recompensa por cada judeu entregue - mulher, homem ou criança. A polícia alemã dá 37,50 florins a todos os que denunciaram cinco judeus. Na altura, esta quantia representava o equivalente a, pelo menos, uma semana de salário médio.
  • 11. A fachada do edifício, no n º 263 de Prinsengracht, onde estão instalados os escritórios de Otto Frank. 0 pai de Bep e mais dois homens trabalham no armazém, no rés-do-chão (1). A porta da esquerda (2) conduz aos armazéns dos segundo e terceiro andares. A porta (3), ao lado, conduz ao escritório do primeiro andar. No cimo das escadas, há uma porta em vidro fosco, na qual tinha havido uma placa a dizer "ESCRITÓRIO". É o escritório principal que dá para a frente, muito grande, com muita luz e muito cheio. (9 de Julho de 1942.) Nas traseiras, há também um pequeno escritório onde dantes estavam o senhor Van Daan e Victor Kugler. Agora, só este trabalha lá. Por trás da casa, há uma outra, que não é visível da rua, o "Anexo". Esta casa comunica, por um estreito corredor, com o n.° 263 de Prinsengracht.
  • 12. Este desenho dá uma ideia bastante aproximada da maneira como o Anexo estava disposto.
  • 13. O quartinho de Margot e Anne. O nosso quartinho ficava muito despido com as paredes vazias. Graças ao Papá, que já tinha trazido toda a minha colecção de postais e de fotografias de estrelas de cinema, pude decorar as paredes todas usando cola e pincel e transformar o quarto numa imagem gigantesca. Assim, está agora muito mais alegre. (11 de Julho de 1942.) É nesta mesa que Anne escreve uma boa parte do seu diário. Esta fotografia foi tirada depois da guerra. 0 quarto tinha sido arrumado provisoriamente de acordo com as instruções de Otto Frank e Miep Gies. Hoje, o quarto está vazio.
  • 14. A maioria dos clandestinos não estão tão confortavelmente alojados como os Frank. Como este casal, escondido sob o soalho de uma casa.
  • 15. O quarto do senhor e da senhora Van Pels (Van Daan). Quando, no cimo das escadas, se abre a porta, fica-se espantado por encontrar, neste velho edifício, uma sala tão grande, clara e espaçosa (...) e uma banca. É aí a cozinha e, ao mesmo tempo, o quarto do casal Van Daan, a sala de estar, a sala de jantar e a sala de estudo comunitária. (9 de Julho de 1942) É nesta divisão que os clandestinos passam a maior parte do seu tempo. O lixo é queimado no fogão. Na fotografia, a divisão também está arrumada provisoriamente de acordo com as indicações de Otto Frank e de Miep Gies. Presentemente, está vazia.
  • 16. Quando a família Frank vem habitar o Anexo, em 6 de Julho de 1942, ainda não há estante giratória, há só uma porta. Sobre isto, Anne escreve: Ninguém suspeitaria que tantas divisões se escondem por detrás desta porta pintada de cinzento. Basta subir um degrau à frente da porta e tudo se desvenda. (9 de Julho de 1942.) A entrada para o Anexo foi camuflada como medida de segurança. Um mês depois, Anne escreverá no diário: Querida Kitty, o nosso esconderijo tornou-se um autêntico esconderijo. O senhor Kugler achou mais prudente colocar uma estante a tapar a porta de entrada. (...). É uma estante giratória que se abre como uma porta. (...). Agora, para descermos, temos de baixar primeiro a cabeça e, depois, saltar. Ao fim de três dias, tínhamos todos a testa cheia de papos porque todos batíamos no baixo enquadramento da porta. Peter tentou amortecer a pancada colocando um pano cheio de serrim. Esperemos que funcione! (21 de Agosto de 1942).
  • 17. No Oeste da Holanda, milhares de pessoas morrem de fome e de frio no Inverno de 1944-45.
  • 18. A estação de Auschwitz-Birkenau. É aqui que chegam os oito clandestinos do Anexo e é aqui que é realizada a selecção. Os que são suficientemente fortes para trabalhar para os alemães ficarão vivos (mais algum tempo). Os outros, entre os quais a quase totalidade dos menores de quinze anos, são conduzidos directamente para as câmaras de gás. Anne escapa a este destino porque acaba de completar quinze anos.
  • 19. Os exércitos aliados libertam os sobreviventes dos campos da morte alemães e polacos. Os soldados mal conseguem acreditar no que vêem. Para os libertados começa então a difícil viagem de regresso. A maior parte deles perdeu a família e os amigos. Muitas vezes, os seus relatos esbarram em cepticismo e incredulidade.
  • 20. Otto Frank em 1967. Ele morrerá em Birsfelden, nos arredores de Basileia, a 19 de Agosto de 1980, com 91 anos, e faz doação dos diários de Anne ao Estado holandês.
  • 21. A Casa de Anne Frank, em Amesterdão. Vindas de todo o mundo, visitam-na todos os anos cerca de 600 000 pessoas.
  • 22. O quartinho de Anne Frank. Não há móveis no Anexo, mas há ainda vestígios dos clandestinos. No quarto de Anne, mantêm-se as fotografias de artistas de cinema que ela tinha colado nas paredes.