Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Desenvolvimento da Biblioteca Escolar
1. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
Desenvolvimento da Biblioteca na escola – a
BE: Planificação e Avaliação dos Recursos
e dos Serviços
A Biblioteca Escolar
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro
2. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
Índice
I – Introdução pág. 3
II – O que é uma Biblioteca Escolar? pág. 5
III - A missão e as funções de uma Biblioteca Escolar pág. 7
IV – Como e quando surgiram pág. 10
V - Objectivos e Competências a desenvolver na Biblioteca
Escolar pág. 12
VI– A) Objectivos
VII – B) Competências
VIII - Serviços prestados pág. 14
IX - Como se organiza pág. 15
X - Que recursos pág. 19
XI – Conclusão pág. 24
XII – Anexos pág. 25
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 2
3. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
I - Introdução
Este trabalho surge na continuidade da “paixão” que os livros sempre
me despontaram. Desde cedo que aproveitava tudo o que me viesse parar às
mãos para ler, desde romances tipo Sabrina, às revistas como A Cruzada ou
As Selecções dos Readers Digest . Felizmente e apercebendo-se do meu
interesse pela leitura, os meus pais foram adquirindo outras obras de
interesse geral.
A paixão pelo trabalho na Biblioteca surgiu hà cerca de cinco anos,
quando me deram a oportunidade de completar horário na Biblioteca da
escola EB 2,3 de Aver – o – Mar. Aí tomei conhecimento prático das imensas
possibilidades e potencialidades que o trabalho numa biblioteca escolar pode
abrir.
Mas nem todas as escolas são iguais e nem todas favorecem ou
reconhecem a necessidade do desenvolvimento das bibliotecas escolares.
Mas, é também aí, que entra o trabalho dos professores que se interessam
por este trabalho. Quero salvaguardar o facto de que vou fazer
comparações e reparos à biblioteca onde trabalho, mas sempre numa
perspectiva construtiva e de melhoria das condições de funcionamento da
mesma. Por este motivo, este é um trabalho em espiral, isto é, vão sendo
acrescentadas informações sobre o funcionamento e organização da
biblioteca da escola EB 2,3 de Lagares.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 3
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Como referi, a experiência em Aver – o – Mar, deu-me alguma
experiência prática mas falta-me a teórica para melhor aplicar a prática.
Daí a inscrição nesta acção de formação que, no início pensei, ser mais
virada para o lado mais prático – catalogação - do trabalho em biblioteca.
Uma vez que esta acção é vocacionada para a avaliação da biblioteca
escolar, tentarei aliar a alguma experiência, com o trabalho que actualmente
tento desenvolver na escola onde Lecciono – EB 2,3 de Lagares, Felgueiras –
com o que pretendo aprender nesta acção.
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I – O que é uma Biblioteca Escolar?
Foram vários os significados dados ao conceito de biblioteca escolar,
desde local de animação, colecção de livros ou biblioteca de turma... 1.
Hoje, elas devem surgir como parte integrante do processo educativo,
com um papel principal na aquisição de competências essenciais e variadas,
ligadas à leitura e sua compreensão, aquisição e prazer no hábito da leitura...
Se pensarmos que: “Toda a actividade curricular consiste num
processo de selecção, tratamento, produção e difusão da informação tendo
como principal finalidade a aquisição de um “”saber escolar”” 2, é necessário
que as escolas tenham um espaço, meios técnicos e humanos para aplicar
este princípio. Esse espaço e essa função cabe à biblioteca escolar, que hoje
deve ser entendida como centro multimédia onde: “... a informação com fins
educativos é tratada, integrada, disponibilizada e produzida em diferentes
suportes (livros, jornais, vídeo, filmes, diapositivos, programas informáticos,
informação on-line, etc.), constitui, por isso mesmo, um dos principais
recursos para o desenvolvimento curricular” 3.
Assim, uma biblioteca escolar inclui os espaços e equipamentos onde
são recolhidos, tratados e disponibilizados todos os tipos de documentos
(independentemente da sua natureza e suporte), que constituem recursos
1
In Relatório Síntese – Documentos sobre BE’s / CRE’S, Ministério da Educação, pág. 1.
2
Documentos sobre..., ob. cit. pág. 3.
3
Documentos sobre..., ob. cit. pág. 3.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 5
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pedagógicos quer para as actividades diárias de ensino, como para outras de
carácter curricular ou lazer e ocupação de tempos livres 4.
Em jeito de conclusão / apresentação do tema a tratar neste
trabalho: “A biblioteca constitui um instrumento essencial do
desenvolvimento do currículo escolar e as suas actividades devem estar
integradas nas restantes actividades da escola e fazer parte do seu
projecto educativo. Ela não deve ser vista como um simples serviço de apoio
à actividade lectiva ou um espaço autónomo de aprendizagem e ocupação de
tempos livres” 5.
Está assim aberta a porta para descobrir “a” biblioteca escolar.
4
Documentos sobre..., ob. cit. pág. 5.
5
Documentos sobre..., ob. cit. pág. 5.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 6
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III - A missão e as funções de uma Biblioteca Escolar
Quando ouço a palavra missão as palavras e imagens que me vêm logo
à cabeça são: perigo, dificuldade, aventura e impossível. Se pensarmos no
“estado” da escolaridade e na capacidade de leitura e compreensão dos
portugueses, bem, todas estas palavras são adequadas 6...
Em anexo 1/II, coloquei alguns artigos de 2000 e 2001, que provam os
níveis de literacia dos jovens portugueses. Obviamente que esta introdução
foi feita para realçar o papel importantíssimo que as bibliotecas escolares
devem ter no combate a números assustadores que colocam Portugal na
cauda da Europa e utilizando uma expressão deveres triste, temos um país
de “analfabetos funcionais”.
6
Um estudo realizado pelo CIES / ISCTE EM 2000, concluiu que ”... mesmo os países com o
desenvolvimento de uma França, Suécia, reino Unido ou Portugal, os índices de literacia
atingem valores elevados, variando entre os 10 e os 50% dessas populações consoante os
países em referência” e mais à frente: “baixos níveis de literacia significam restrição de
oportunidades e riscos de exclusão social... e para os países representam sintoma de
atraso, fraca competitividade internacional, limites sérios ao desenvolvimento”. Cf. Artigo
de J. M. Paquete de Oliveira – Novos média e fenómenos de exclusão, motor de busca
google.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 7
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No caso específico de Portugal e atendendo à reconhecida situação,
foi lançado o programa Nacional de Leitura 7 que pretende exactamente
combater os números da literacia em Portugal 8.
A biblioteca escolar tem, por isso, a missão de disponibilizar serviços
de aprendizagem, livros e outros que permitam o acesso de toda a
comunidade educativa de forma a que estes se tornem pensadores
críticos 9, que saibam justificar as suas escolhas fundamentando-as em
factos, históricos ou da actualidade. Obviamente que, para que isso possa
acontecer, os utilizadores devem, desde o início da sua vida escolar,
conviver com a realidade de uma biblioteca escolar.
É necessário prover que todos os utilizadores possam, efectivamente
utilizar e ter acesso a todas as fontes de informação. O seu acesso e
utilização não pode, de forma alguma, ser limitado por questões ideológicas,
religiosas, de raça ou sexo ou mesmo pressões comerciais 10.
7
Resolução do Conselho de Ministros n.º 86/2006.
8
“A biblioteca escolar promove a literacia através do desenvolvimento e promoção da
leitura como meio de aprendizagem e de lazer.” In Declaração Política da IASL sobre
Bibliotecas Escolares, Revisto pela IASL, 1993, pág. 3.
9
In Missão da Biblioteca Escolar, Federação Internacional das Associações de
Bibliotecários e de Bibliotecas, pág. 1.
10
Este princípio está contemplado na declaração Universal dos Direitos do Homem,
aprovado pelas Nações Unidas, In Missão..., ob. cit. pág. 1.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 8
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A biblioteca escolar apresenta então diversas funções, funcionando
como um órgão vital no processo educativo, envolvida que deve estar em
todo o processo de ensino / aprendizagem. As sua funções são as seguintes:
- informativa – deverá fornecer informação fiável, actualizada e
rápida 11,
- educativa – assegurar a educação ao longo da vida, oferecendo
meios e equipamentos e um ambiente favorável à aprendizagem;
deve promover a autonomia e a liberdade intelectual,
- cultural - melhorar a qualidade de vida mediante a apresentação e
apoio a experiências de natureza estética, orientação na
apreciação das artes, encorajamento à criatividade e
desenvolvimentos de relações humanas positivas 12,
- recreativa – propor e incentivar uma útil ocupação dos tempos
livres, fornecendo materiais de carácter recreativo.
11
Deverá por isso integrar as redes de informação regionais e nacionais (o que ainda não
acontece em Lagares já que ainda não pertencemos à rede de bibliotecas escolares).
12
In Declaração política da IASL sobre Bibliotecas Escolares, pág. 1.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 9
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IV - Como e quando surgiram
A Assembleia Geral da Nações Unidas, decidiu por unanimidade em
1959 que: “... cada criança tem direito a receber educação, obrigatória e
gratuita, pelo menos ao nível do ensino básico. Ser-lhe-á administrada uma
educação que desenvolverá a sua cultura geral e lhe permitirá, numa base de
igualdade, desenvolver as suas habilidades, capacidade de decisão e uma
consciência moral de responsabilidade social, tornando-o um membro útil da
sociedade” 13.
No caso de Portugal, apesar de, desde 1866, existirem referências à
criação de bibliotecas escolares no ensino primário, estas nunca tiveram
verdadeiramente o seu espaço próprio, nem em termos de espaço nem em
termos efectivos. Na verdade, só em 1970, surge contemplado uma zona
destinada à leitura, mas mesmo esta só ocuparia 1/3 da sala de aula 14.
13
Princípio 7 da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, Declaração
política..., ob. cit. pág. 1.
14
Vários – Lançar a rede de Bibliotecas escolares , Ministério da Educação, Lisboa, 1996,
pág. 19.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 10
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Já num inquérito realizado em 1992, 89.4% das escolas a partir do
segundo ciclo, indicaram possuir uma biblioteca ainda que o espaço por ela
ocupado, multifacetado e servindo várias funções, incluindo como sala de
aula 15 (como ainda acontece em Lagares).
Assim, no nosso país, em Dezembro de 1995, alguns ministros
(educação e cultura) decidiram “promover os hábitos e práticas de leitura
da população portuguesa, através do “”desenvolvimento de bibliotecas
escolares integradas numa rede e numa política de incentivo da leitura
pública”” 16.
Várias interpretações e caminhos seguiu esta lei, desde a criação da
“biblioteca de turma”, mediatecas ou até centros multifuncionais de acesso
à informação (centros de recursos educativos) 17.
Hoje, as bibliotecas escolares surgem “como recursos básicos do
processo educativo” 18. Foram já referidos os estudos que se fizeram a nível
de literacia, nacional e internacional, e um aspecto ficou bem patente: a
relação que existe entre a acessibilidade a espaços e recursos de leitura e o
nível de desempenho dos alunos 19.
Pelo que acima foi referido, justifica-se a criação da rede de
bibliotecas escolares e que estas deverão ser entendidas como “centros de
recursos multimédia de livre acesso, destinado à consulta e à produção de
15
Lançar a rede..., ob. Cit. pág. 21.
16
Despacho Conjunto n.º 43/ME/MC/95, de 29 de Dezembro, Cit. In Lançar a rede de
Bibliotecas Escolares, Lisboa, 1996, pág. 13.
17
Lançar ª.., ob. cit., pág. 15.
18
Lançar ª.., ob. cit., pág. 15.
19
Lançar ª.., ob. cit., pág. 16.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 11
12. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
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diferentes suportes. Deverá também tornar-se um centro de iniciativas,
inseridas na vida pedagógica da escola e aberto à comunidade local” 20
V – Objectivos e Competências a desenvolver na Biblioteca Escolar
À medida que ia estudando as propostas de leitura para realizar este
trabalho21, vários objectivos e competências foram surgindo. Senti, por isso,
necessidade de os arrumar, não deixando nenhum para trás mas valorizando
aqueles que me parecem aplicáveis à realidade da biblioteca de Lagares.
V –A) Objectivos
- Criar e valorizar nos jovens alunos, o hábito e o prazer da leitura e da
aprendizagem,
- Incentivar / apoiar os alunos no processo de aprendizagem e no
desenvolvimento de capacidades / competências variadas (leitura,
procura e selecção de informação, organização da informação e
utilização da mesma),
- Proporcionar oportunidades de utilização e produção de informação
que possibilitem a aquisição de conhecimentos variados, proporcionam
o desenvolvimento da imaginação e lazer,
20
Lançar ª.., ob. cit., pág. 16.
21
Segundo o Manifesto da Biblioteca Escolar (UNESCO E IFLA), pág. 1.
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- Organizar actividades (exposições, concursos, debates...) que
favoreçam a consciência e a sensibilização para questões de ordem
cultural, social, política...
- Apoiar e promover os objectivos educativos definidos de acordo com
as finalidades e currículo definidos pela e para determinada escola,
- Facultar ao aluno informação (falada e escrita) sobre a forma de
funcionamento da biblioteca, convidando-o a participar de forma
activa no seu funcionamento (dando-lhe pequenas tarefas simples
como conhecer a CDU – ao nível dos segundos e terceiros ciclos -,
arrumar obras ou ainda no ainda ajudar outros colegas a procurar /
consultar uma obra...),
- Trabalhar, em conjunto, com Pais, Encarregados de Educação, alunos,
professores, órgãos de gestão e auxiliares, de forma a atingir os
objectivos curriculares definidos para cada ciclo ou ano lectivo a
nível da escola.
V – B) Competências
- Complementar e ser o centro da vida na escola, proporcionando vários
serviços de aprendizagem, recursos / informação (em variados
suportes), articulando-se com as competências gerais e específicas
definidas pela escola e pelos conselhos de turma, complementando o
trabalho dos professores e dos outros materiais que o aluno tem à
sua disposição (manual, caderno de actividades...),
- Levar os alunos a perceberem a utilidade prática do saber “usar” uma
biblioteca nas suas diferentes vertentes (leitura, procura de
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 13
14. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
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informação em diversas fontes...), numa vertente de utilização
futura,
- Desenvolver as competências de informação para a aprendizagem ao
longo da vida, permitindo aos alunos deixar a sua imaginação voar...,
- Facilitar a integração dos alunos na vida activa, como cidadãos
responsáveis, conscientes, atentos, informados e participativos,
VI - Serviços prestados
Os serviços prestados por uma Biblioteca Escolar são de índole
diversa e podem ser divididos em quatro serviços essenciais: o serviço
público, o serviço interno, o serviço geral ou comum e a formação.
Cada um destes representa vários trabalhos a serem desenvolvidos
por cada um destes serviços. A tabela I/V (em anexo) mostra alguns
exemplos.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 14
15. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
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VII - Como se organiza
A questão organizacional do espaço a ocupar pela biblioteca escolar é
de suma importância. Ninguém concebe a ideia de uma biblioteca localizada
nos barracões / anexos da escola, por onde apenas andam os funcionários,
onde livros e computadores estivessem lado a lado com vassouras, baldes ou
mesmo líquidos.
A localização e a organização deste espaço surge contemplado no
Manifesto da Biblioteca Escolar 22. Contemplando várias zonas (também aqui
opto por assinalar o que ainda não está bem definido na biblioteca da escola
de Lagares), estas devem assegurar o correcto e funcional funcionamento
da biblioteca, não esquecendo que deve ser também um local aprazível, que
dê prazer ao seu utilizador.
Assim e relativamente aos aspectos gerais:
22
Manifesto..., ob. cit., pág. 2.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 15
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- deve ser um espaço especializado com instalações adequadas às
várias funções que vai servir (preferencialmente deve ser uma
construção de raiz ou adaptada) 23,
# amplo,
# arejado,
# bem iluminado,
# com luz natural e
# bem ventilado;
- os espaços devem ser flexíveis e articulados, de forma a facilitarem
a circulação, permitindo a integração dos diferentes recursos que
tornam este um espaço polivalente,
- deve estar num local central e próximo da passagem do maior número
de utilizadores possível (longe de cheiros desagradáveis – cozinha ou
casas de banho – ou locais barulhentos) mas próximo da reprografia
(o que não acontece em Lagares),
- Não devem existir barreiras arquitectónicas, de forma a possibilitar
o seu acesso por todos e devem ser respeitados os requisitos
mínimos de segurança e circulação.
No que concerne aos aspectos específicos, são as seguintes as
diferentes zonas que devem fazer parte de uma biblioteca escolar:
23
Em Lagares foi apenas em Dezembro que se conseguiram fazer algumas obras de
ampliação de forma a reunir no mesmo espaço as várias secções de trabalho. Chamo a
atenção para o facto de se realizarem aulas neste espaço que se justificam pela existência
de um elevado número de turmas e poucas salas de aula.
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- Entrada (ou recepção) – deve ser acolhedora e informativa (deve ser
capaz de informar e auxiliar os utilizadores de tudo relacionado com
o funcionamento da biblioteca – existe em Lagares),
- Zona de leitura geral – as obras para consulta devem estar em livre
acesso, devem estar devidamente sinalizadas e separadas (obras de
referência, monografias, periódicos 24... – existe em Lagares),
- Zona de audiovisuais / Multimédia – área de produção de documentos,
computadores com acesso à Internet, impressora (junto do técnico –
em Lagares não temos fotocopiadora, pelo que os alunos requisitam a
obra a fotocopiar e dirigem-se à reprografia); zona com ligação à sala
de leitura geral 25 - existe parcialmente -,
- Espaço para produção de documentos e recuperação de materiais,
- Depósito, de acesso reservado,
- Sala polivalente, deve estar equipada para apresentações
multimédia 26,
- Espaço para trabalho em grupo (os anteriores não assinalados não
existem em Lagares).
24
Este tipo de obras ainda não existe na biblioteca de Lagares. Aliás, ainda trabalhos com
armários fechados e a CDU ainda não foi aplicada à disposição e apresentação / arrumação
das obras.
25
Em Lagares, os computadores com ligação à Internet são os únicos recursos multimédia,
áudio e TV ainda não estão disponíveis e nem temos espaço para eles.
26
A biblioteca de Lagares apresenta este espaço, embora exíguo, junto aos computadores e
espaço para pequenas exposições.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 17
18. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
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Outro dos aspectos ligados à organização refere-se aos pormenores do
funcionamento e gestão da biblioteca escolar. Assim, os objectivos que
justificam o funcionamento da biblioteca escolar devem estar bem
definidos bem como as competências a atingir. Estes dois aspectos devem
estar muito claros no início de cada ano lectivo – a curto prazo – e por ciclos
– médio e longo prazo e articulados com o currículo escolar.
Aspectos a salvaguardar:
- a biblioteca deve ser gerida e organizada de forma profissional,
- os seus serviços devem ser acessíveis a toda a comunidade escolar e
funcionar no contexto da comunidade local,
- deve promover o são convívio de professores, alunos, funcionários e
comunidade educativa em geral,
- deve promover a cooperação entre as várias partes envolvidas:
professores, direcção da escola, órgãos autárquicos, pais e
encarregados de educação...
O horário deve acompanhar, sempre que possível, o horário de
funcionamento da escola e deve existir um tempo para questões
organizacionais ligadas ao funcionamento da parte técnica da
biblioteca 27.
27
Para Lagares, foi por mim proposto que para o próximo ano lectivo se realizam reuniões
periódicas com todos que colaboram na biblioteca – coordenador, equipa de professores
colaboradores e funcionários (não existem técnicos especializados), de forma a coordenar
todas as actividades e o funcionamento da mesma.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 18
19. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
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O regulamento da biblioteca escolar deve contemplar os seguintes
aspectos, que assegurem a organização do espaço e o seu funcionamento:
- objectivos e funções da biblioteca na escola,
- informações sobre horário, regras para o funcionamento –
empréstimo, manuseamento, direitos e deveres do utilizador, prazos
e multas -.
Em anexo – 1/VIII, juntei o regulamento interno da biblioteca de
Lagares bem como o regulamento para os sócios e amigos da biblioteca
(estes documentos estão em constante revisão pelo Conselho Executivo e
Conselho Pedagógico uma vez que a biblioteca está numa fase, que posso
designar, de construção).
VIII - Que recursos
Os recursos humanos são parte essencial da biblioteca já que
asseguram a gestão e organização da mesma. Desde a animação pedagógica,
à gestão documental e de projectos, à gestão da informação, tudo passa por
uma equipa pedagógica – coordenador, equipa de professores e/ou técnicos
e funcionários – que garantem o funcionamento deste espaço.
No que diz respeito às escolas por onde tenho passado e também em
Lagares, existem os seguintes membros:
- o professor coordenador,
- uma equipa de professores,
- funcionários.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 19
20. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
No que diz respeito ao coordenador, este deve ter formação específica
na área e tem várias funções:
- gestão e planeamento das actividades e funcionamento da biblioteca,
- cuidar do fundo documental, verificar o seu estado e decidir sobre a
aquisição de novas obras,
- articular as actividades lectivas e de enriquecimento do currículo
com as actividades propostas para o espaço da biblioteca,
- articular o funcionamento e gestão da mesma e fazer a ponte e o
ponto da situação junto dos órgãos competentes (conselho executivo
e conselho pedagógico),
- verificar do cumprimento de todas as regras de funcionamento e ser
flexível se necessário for para alteração de alguma destas regras e /
ou resolução de problemas que possam surgir.
A equipa de professores, deve ter também alguma formação na área e se
a não tiver, devem procurar informar-se o mais possível sobre o
funcionamento da biblioteca. Sabemos que alguns dos professores que
exercem funções nesse espaço não estão lá por vontade própria mas porque
têm mesmo de ocupar algumas horas na escola. Neste caso cabe ao
coordenador e aos outros professores mostrar a importância e o prazer de
colaborar numa biblioteca escolar.
As funções dos professores na biblioteca são:
- apoiar os alunos na procura e utilização de obras,
- zelar pelo cumprimentos das regras,
- propor actividades e iniciativas que caibam no espaço biblioteca,
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 20
21. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
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- orientar os alunos no trabalho a desenvolver mas fomentando sempre
a sua autonomia e auto – estima,
- participar de forma activa e empenhada em todas as actividades da
biblioteca.
Os funcionários devem fazer formação na área da biblioteca e cabe-
lhes:
- ajudar o aluno na pesquisa e na utilização dos recursos existentes,
- coadjuvar o trabalho do coordenador e professores da equipa,
- assegurar o normal funcionamento da biblioteca e o cumprimento das
regras estabelecidas.
Outras funções dos recursos humanos:
- tratar tecnicamente todas as obras e material,
- divulgar as actividades desenvolvidas na biblioteca bem como as
novas aquisições e outras informações de interesse para a
comunidade educativa,
- organizar todos os serviços de leitura presencial, organizar o
empréstimo domiciliário e para aula, verificar quem está em falta e
tentar corrigir a situação,
- orientar e formar os utilizadores na pesquisa, recolha e utilização da
informação,
- imprimir e / ou reproduzir documentos (quando haja meios técnicos
que o permitam),
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 21
22. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
- premiar os leitores mais assíduos da biblioteca dando dessa forma a
conhecer as obras mais requisitadas.
No que diz respeito a outros recursos, podemos dividir estes em três:
materiais, financeiros e documentais.
Especificando um pouco mais, temos os recursos materiais:
- mobiliário adequado à faixa etária,
- estantes abertas de fácil consulta,
- material informático com ligação à Internet,
- material audiovisual (TV, leitor de CDs, auscultadores),
- máquina fotocopiadora e impressora,
- móvel para os alunos guardarem o material à entrada da biblioteca,
- quadro / placar para informações (horário, actividades e regras
básicas de funcionamento).
Recursos financeiros, a biblioteca deve ter alguma autonomia financeira
para:
- adquirir e actualizar obras,
- adquirir ou reparar equipamentos,
- actividades de promoção de leitura,
- fundo de maneio para adquirir prémios (livros...) para os melhores
leitores, por exemplo,
- deve existir um livro de entrada e saída de dinheiro e o registo da
aplicação desses fundos.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 22
23. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
Os recursos documentais de uma biblioteca escolar devem estar devem
estar de acordo com os seus utilizadores, nomeadamente na faixa etária, no
meio / comunidade educativa em que se insere, e no tipo de interesse
demonstrado em determinada escola.
Estes recursos devem também estar adaptados à tipologia da biblioteca,
ao seu tamanho e capacidade de receber obras, à relação que se estabelece
entre o trabalho desenvolvido e os recursos humanos e financeiros e ao
cumprimento dos objectivos e competências definidas pela escola.
Os recursos documentais devem ainda:
- ser em número percentual com os alunos da escola multiplicado por
1028 ,
- os materiais impressos deverão constituir 75% desse fundo (às
escolas é dado um prazo entre 2 a 4 anos para adquirir esse limite
mínimo e os manuais escolares não entram nesta contabilidade),
- para além deste valor mínimo, a escola e a sua biblioteca devem estar
em permanente actualização.
28
Na escola temos cerca de 900 alunos, multiplicados por 10, teríamos de possuir cerca de
9000 obras mas nem metade mesmo excluindo os 25% de obras ou materiais não impressos.
No entanto é dado um prazo entre 2 a 4 anos para se atingir este mínimo.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 23
24. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
IX – Conclusão
Em jeito de conclusão, apresento resumido uma tentativa de
expressar a importância da biblioteca escolar em vários contextos: escola
(de onde parte), como forma de combate à ileteracia, como produtor de
materiais de índole diversa, fonte e produtor de informação, como fonte de
acesso ao mundo e ainda como fonte de prazer e de ocupação de tempos
livres. Termino com um quadro em que é assinalado aquilo que é necessário
mudar na biblioteca escolar de Lagares.
Aspectos negativos Aspectos positivos A melhorar
Alguns armários são de Mudança e aumento da Equipamento e
portas sala (ainda que mobiliário
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 24
25. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
insuficiente)
Espaço pequeno Alguns membros da Recursos financeiros
equipa estão já a fazer
formação na área
Não está organizada Algumas novas Formação
pela CDU aquisições
Existem aulas Boa vontade dos
Espaço
membros da equipa
Anexos
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 25
26. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 26
27. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
Anexo 1/VII – Regulamento Interno da Biblioteca e dos Sócios e amigos
da Biblioteca
Agrupamento Vertical de Escolas de Lagares
Proposta Regulamento Interno da Biblioteca
Escola EB 2,3 de Lagares
1- Espaço e funcionamento
A- Serviços disponíveis
# Leitura de presença
# Leitura/empréstimo domiciliário de livros
# Utilização de material informático
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28. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
B- Espaços existentes
# Zona de acolhimento/recepção dos utilizadores
# Zona de estudo individual e em grupo
# Zona de consulta de material vídeo/informático
# Zona de leitura informal de livros, periódicos e jornais
C- Utilizadores
# Consideram-se utilizadores da biblioteca os alunos, professores e
funcionários do presente agrupamento
2- Utilização e acesso à informação
A- Regras gerais
# O horário será afixado em local bem visível e qualquer alteração será
dada a conhecer com pelo menos 24 horas de antecedência, salvo por razões
alheias à equipa da biblioteca,
# O utilizador deve identificar-se sempre que algum membro da equipa da
biblioteca o solicite (apresentação do cartão de estudante ou outro
documento identificativo),
# Quando for necessário fotocopiar qualquer obra, o utilizador deve
dirigir-se à zona de acolhimento e pedir autorização para se ausentar (esta
autorização só será concedida nas horas de funcionamento da Reprografia),
# Não é permitido fumar, comer, beber (excepto água), falar alto, usar o
telemóvel ou ter quaisquer atitudes que ponham em causa o bom
funcionamento do espaço da biblioteca e os eu ambiente de trabalho,
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 28
29. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
# Os lugares onde se sentam os utilizadores devem ser deixados limpos e
arrumados,
# Não é permitida a reserva de lugares. Os livros e outros materiais
deixados durante algum tempo sem utilização poderão ser recolhidos por
algum membro da equipa da biblioteca,
# Não é permitido danificar qualquer tipo de material (livro, cadeira, etc.)
que pertençam à biblioteca. Considera-se dano rasgar, dobrar, cortar,
pintar, desenhar, sublinhar ou molhar um livro; arrancar ou inutilizar
qualquer símbolo de pertença à biblioteca,
# O não cumprimento do artigo anterior é da inteira responsabilidade do
requisitante que terá de repor o artigo danificado,
# Os utilizadores deverão comunicar, imediatamente, qualquer ocorrência,
aos membros da equipa da Biblioteca,
# As malas, sacos ou pastas, deverão ficar fora da biblioteca num espaço
reservado para o efeito. Os valores (telemóveis, carteiras e outros) devem
acompanhar os respectivos donos,
# Será vedado o acesso temporário ou permanente a todo o utente que
infrinja as normas em vigor ou que persista num comportamento inadequado
quando advertido,
# Frequentar a biblioteca implica a aceitação deste regulamento por parte
dos seus utilizadores que dele poderão tomar conhecimento em pasta
própria colocada na biblioteca,
B- Regras específicas de utilização
Leitura de presença
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 29
30. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
# Todos os livros que se encontrem em livre acesso, podem ser retirados
livremente mediante o preenchimento de uma ficha de requisição existente
na zona de acolhimento,
# Após a consulta, os livros deverão ser deixados em local próprio
devidamente assinalado e será, posteriormente, arrumado pelos membros da
equipa da biblioteca,
# As livros estão arrumados por rubricas de classificação (classificação
decimal universal – CDU – em anexo),
# Toda a documentação, que possuir características específicas de forma a
poder ser consultada apenas no espaço físico da biblioteca, estará
assinalada com uma marca cor de laranja,
# Todo o material extra livro só poderá ser objecto de consulta no espaço
físico da biblioteca, devendo ser solicitado aos membros da equipa da
biblioteca e ser preenchida uma requisição no local de acolhimento,
# As publicações periódicas só podem ser consultadas localmente e
deixadas no espaço reservado para esse efeito.
Leitura domiciliária
# Estará disponível para empréstimo domiciliário todo o fundo bibliotecário
desde que não esteja assinalado com marca cor de laranja,
# A requisição de obras só poderá ser feita mediante o preenchimento de
uma ficha de requisição onde, para além dos elementos de identificação da
obra, figurará a identificação do requisitante e a data de requisição bem
como a data de devolução,
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 30
31. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
# Cada utilizador só poderá ter em seu poder uma obra e pelo prazo máximo
de cinco dias úteis,
# É possível a renovação do empréstimo perante a apresentação da obra ao
membro da biblioteca que pedirá renovação da inscrição,
# O número de renovações pode ser limitado nos casos em que a equipa da
biblioteca ache conveniente,
# Cada utilizador deve assegurar-se de que é dada baixa à sua requisição,
# Não será permitido requisitar quaisquer obras na última semana de aulas
dos três períodos,
# Não é permitida a requisição de publicações/livros a quem não tenha
regularizado a situação face a empréstimos anteriores,
# Se ultrapassados cinco dias úteis, após o limite máximo do prazo de
entrega, o utilizador será avisado por escrito, através de aviso colocado no
livro de turma. Posteriormente e caso não seja feita a devolução após este
primeiro aviso, a recolha será feita de forma coerciva, via DT e
Encarregado de Educação,
# A partir do momento em que se passe à recolha coerciva, fica o utilizador
impedido de requisitar qualquer tipo de obra,
# Estabelece-se uma multa diária de 0,20 cêntimos na devolução das obras
em atraso, num máximo de 2,5 euros,
# Estão isentos de pagamento de multa casos devidamente justificados (por
exemplo, situação de doença comprovada),
# Em caso de extravio ou danificação de publicações, o requisitante terá de
reembolsar a biblioteca da quantia equivalente ao preço da publicação ou
através da compra e posterior entrega da obra à biblioteca.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 31
32. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
Utilização de material informático
# Este material só poderá ser objecto de consulta local,
# A requisição deste material deverá ser feita na zona de acolhimento
junto de um membro da equipa da biblioteca e preenchida a respectiva ficha
de requisição,
# Na ficha de requisição constarão os elementos identificativos do aluno e
período de utilização,
# Após a utilização do material, este deverá ser devolvido ao membro da
equipa da biblioteca, na zona de acolhimento
3- Distribuição do serviço
A- Função dos responsáveis
# Os serviços estão assegurados por professores e uma funcionária,
# A professora coordenadora da biblioteca é responsável pela organização
técnica e logística da biblioteca bem como pela dinâmica do seu
funcionamento,
# Será necessário assegurar a colaboração dos alunos nos serviços exigidos
pelo normal funcionamento da biblioteca e especificamente pelos alunos
sócios da mesma,
# O horário de funcionamento e escalonamento de pessoal encontra-se
afixado em local visível e distribuído pelo recinto escolar
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 32
33. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
B- Organização e gestão documental
Tratamento técnico dos documentos
# Verificação,
# Carimbagem,
# Atribuição do n.º de inventário,
# Catalogação,
# Indexação,
# Classificação,
# Colocação da cota
Tipos de documentos
# Monografias (livros)
# Obras de referência (dicionários, enciclopédias, atlas...)
# Publicações periódicas (jornais, revistas), ainda não funciona
# Material informático
C- Tratamento técnico de monografias/obras de referência
# Registo- em livro próprio e no programa informático?? De catalogação
existente na biblioteca (neste caso só os professores autorizados poderão
dar entrada de obras),
# Carimbagem- carimbo de posse (identifica a biblioteca) e carimbo de
registo (apresenta o n.º de registo). O carimbo de posse coloca-se no canto
superior direito, na última página de texto e numa das páginas
convencionadas pela equipa da biblioteca (mais ou menos 40 em 40 folhas).
Sempre que uma página onde se deve pôr o carimbo for ilustrada, deve
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 33
34. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
carimbar-se na página imediatamente anterior ou na seguinte. O carimbo de
registo coloca-se na parte inferior da folha de rosto. O n.º de registo é
sequencial e não repetível,
# Catalogação- descrição bibliográfica do documento (título e
responsabilidade da obra, edição, data…),
# Indexação- operação que permite caracterizar e descrever um
documento, transcrevendo-o em linguagem documental conceitos extraídos
desse mesmo documento,
# Classificação- atribuição de uma notação que ajude a ordenar os livros
numa estante, usando uma tabela CDU. Determina o assunto principal do
documento.
D- Tabela CDU
A CDU é uma classificação universal porque abarca, sem excepção, o
conjunto do saber, da actividade e do pensamento do Homem. Divide-se em
10 classes (de 0 a 9) que se subdividem segundo o princípio dos números
decimais. Cada índice designa uma rubrica, podendo ser sempre dividido no
máximo de 10 índices de ordem inferior, indo de 0 a 9.
De seguida apresenta-se uma tabela CDU simplificada e adaptada às
necessidades da biblioteca:
O-Generalidades
0- Generalidades
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 34
35. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
03- Obras gerais de referência (enciclopédias, dicionários, atlas…)
2- Religião, Teologia
3- Ciências Sociais
33- Economia
37- Educação
5- Ciências (Matemática, Ciências Naturais)
57- Biologia
7- Arte e Desporto
7- Belas Artes. Divertimentos e desportos
8-Linguística e Literatura
8- Linguística. Filologia. Literatura
8.1- Poesia
8.2- Drama
8.3- Contos. Romances. Novelas
82.LI- Literatura em Língua Inglesa
82.LF- Literatura em Língua Francesa
9- Geografia. Biografias. História
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 35
36. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
908- Monografias (Fundo Local)
91- Geografia
93- História Universal
946.9- História de Portugal
Colocação da Cota – aparece na lombada do livro, segundo a classificação
CDU, inserida em etiquetas autocolantes de cores diferentes. Indica a
localização do documento na estante.
# exemplo: Livro de Banda desenhada – Tintim, de Hérgé
087.5- Indicação da notação CDU, relativa ao assunto principal (BD)
HER- Três primeiras letras do apelido do autor (em maiúsculas)
45- N.º de ordem na estante 087.5
HER
Para este exemplo a cota será: 45
Colocação em livre acesso – as obras são arrumadas nas estantes por
assunto. As estantes estão classificadas por classes, as 10 classes CDU, que
serviram de classificação às obras. Além disso, têm o símbolo cromático
correspondente.
E- Tratamento técnico de publicações periódicas:
# Registo- em folha própria
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 36
37. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
# Carimbagem – carimbo de posse (identifica a biblioteca). Coloca-se na
capa e numa ou mais páginas convencionadas pela equipa da biblioteca
# Colocação em livre acesso
F- Tratamento técnico de material não livro:
# Registo- em local próprio e no programa informático de catalogação da
biblioteca (só um membro da equipa da biblioteca o poderá fazer),
# Carimbagem- carimbo de posse (identifica a biblioteca)
# Catalogação-descrição bibliográfica do documento (título e
responsabilidade da obra, edição, data…),
# Colocação da cota- aparece no invólucro, inserida em etiquetas
autocolantes, de forma sequencial e corrida.
Exemplos:
VHS- VD/1, VD/2, VD/3…
CD- CD/1, CD/2, CD/3…
DVD- DVD/1, DVD/2, DVD/3…
Fotografias- FOTO/1, FOTO/2, FOTO/3…
Panfletos- DOC/1, DOC/2, DOC/3…
Colocação em livre acesso. No caso dos CDs, VHS, DVD’s e cassetes áudio,
só devem ser colocadas em livre aceso as caixas, devendo o material estar
guardado. Os panfletos e as fotografias devem ser arquivados em
pastas/álbuns.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 37
38. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
Atenção: Não é permitida a recolocação de uma obra que tenha sido
retirada da estante, senão por pessoal da equipa da biblioteca. Esta regra
garantirá a arrumação correcta dos documentos.
G- Disposições finais
De todos os casos especiais ou omissos a coordenadora da biblioteca
decidirá de acordo com o Conselho Executivo.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 38
39. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
Agrupamento Vertical de Escolas de Lagares
Escola EB 2,3 de Lagares
Regulamento Interno Sócios e Amigos da Biblioteca
Ano Lectivo de 2006/2007
- Ser aluno, professor ou funcionário do agrupamento,
- Ser responsável e autónomo,
- Demonstrar espírito crítico, crítico e de entreajuda,
- Valorizar e ter vontade de promover a leitura dentro e fora da escola,
- Apoiar outros alunos na aprendizagem através dos recursos disponíveis na
biblioteca,
- Dinamizar e participar nas actividades promovidas pela biblioteca ou
outras promovidas nesse espaço,
- Usufruir de regalias específicas tais como:
. oferta de marcadores de livros,
. requisição domiciliária pelo período útil de 10 dias,
. requisição domiciliária de um livro durante o período de férias de
Natal e Páscoa,
. sorteio de livros no final do ano.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 39
40. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
. prémios e actividades surpresa.
- Ter direito a um cartão de sócio mediante o pagamento de uma cota anual
de 1.5 euro/ano.
- Qualquer situação especial ou omissa será decidida pela equipa
responsável.
Lagares, 18 de Outubro de 2006
Pelo Conselho Executivo,
Pela equipa da Biblioteca,
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 40
41. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
Anex o 1 / III
DOSSIE R SOBRE LITE RACIA (E STUDO DA O CDE -20 01)
O bê-á-bá e pouco mais
CADI FERNANDES
Diário de Notícias, 5-12-2001
Os alunos portugueses de 15 anos têm um desempenho médio modesto em
literacia de leitura, matemática e ciências, comparativamente com os seus
"pares" da OCDE, revela o estudo internacional PISA (Programme for
International Student Assessment).
Comecemos pela literacia de leitura, onde o panorama nacional é preocupante.
Definiram-se cinco níveis: cinco (tarefas sofisticadas de leitura, como
compreensão detalhada de textos, inferência das informações relevantes,
avaliação crítica); quatro (tarefas difíceis, como localizar informação implícita e
avaliar criticamente um texto); três (tarefas de complexidade moderada, como
localizar segmentos de informação e estabelecer relações entre as várias partes
do texto); dois (tarefas básicas, como localização simples de informação e
compreensão do significado de parte bem definida do texto) e um (tarefas
menos complexas, como localizar uma única peça de informação e identificar o
tema principal do texto).
Ora bem, ora mal, a situação média dos alunos portugueses é, simplesmente,
"preocupante", reconhece o Ministério da Educação (ME) perante a eloquência
dos resultados. "O valor da média portuguesa situa-se abaixo da média da OCDE
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 41
42. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
e muito distanciada dos países que obtiveram melhores classificações médias."
Onde Portugal se destaca é precisamente no nível 1, o mais baixo (17 % de alunos
contra uma média de 12 % no espaço da OCDE). Aliás, a nossa "superioridade" é
proporcional à "inferiodade" dos níveis (25 % no dois; 27 % no três, 17 % no
quatro e 4 % no cinco, tendo as médias da OCDE sido, respectivamente, de 22
%; 29 %; 22 %; e 9 %).
O panorama é desolador, mas o pior está ainda por dizer. Falamos da
percentagem de alunos que não atingiram sequer o nível 1, revelando sérias
dificuldades em usar a leitura como um instrumento efectivo para a extensão de
conhecimentos e competências noutras áreas. Nesta situação encontram-se 10 %
dos alunos portugueses. A média no espaço da OCDE é de 6 %, afirma-se no
estudo. Trata-se de alunos que poderão estar em risco não só na transição inicial
da educação para o trabalho, mas também na possibilidade de usufruírem de
outras aprendizagens ao longo da vida.
Em linhas gerais, os alunos portugueses revelam grandes dificuldades perante
textos dramáticos, como um excerto de uma peça de teatro, e textos
informativos extensos, que exigem respostas de grande rigor, como a
identificação precisa de informações.
De entre todos os 32 países "avaliados" (27 da Organização para a Cooperação e
o Desenvolvimento Económico mais o Brasil, Letónia, Liechtenstein e Rússia,
envolvendo 256 mil estudantes), o melhor classificado é a Finlândia e o pior, o
Brasil, Estado que "arrecada" o último lugar nas três valências analisadas -
leitura, matemática e ciências.
No conjunto, Portugal fica em 26.º lugar em matéria de leitura. Atrás, só a
Rússia, a Letónia, o Luxemburgo, o México e o Brasil. A Espanha está em 18.º
lugar.
Atendendo à distribuição regional dos resultados no nosso País, o ME salienta
que, "enquanto a região de Lisboa e Vale do Tejo se encontra próxima da média
da OCDE, as outras regiões distanciam-se em média de 50 ou mais pontos".
No domínio da leitura, "as raparigas apresentam, em média, melhores resultados
do que os rapazes, sendo esta diferença estatisticamente significativa".
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 42
43. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
Os instrumentos utilizados foram testes de "papel e lápis", com um tempo
máximo de resolução de duas horas, caracterizados por respostas de escolha
múltipla e outras que requeriam mais elaboração.
Em Portugal, a informação foi recolhida em 2000 em 149 escolas - 138 públicas e
11 privadas -, envolvendo 4604 jovens de 15 anos a frequentar entre o 5.º e o
11.º anos de escolaridade.
Neste primeiro ciclo do estudo foi dada preponderância à avaliação da literacia
em leitura. Está prevista para 2003 a realização do segundo ciclo, no qual o
enfoque incidirá sobre a literacia matemática. Em 2006, terminará o terceiro
ciclo do estudo com uma recolha mais intensiva no domínio das ciências.
Tejo surge, à semelhança do que acontece relativamente à leitura, como a região
que apresenta melhores resultados, mas com uma ressalva pouco lisonjeira: em
matemática, o valor médio obtido nesta zona do País é inferior ao da média da
OCDE.
Nada de novo na frente científica
Nada de novo na frente científica: também aqui, à semelhança do que acontece
com a leitura e a matemática, os resultados médios dos alunos portugueses são
"deveras modestos". O mesmo é dizer que descemos mais um degrau na escala,
ficando em 28.º num total de 32 países. Piores resultados têm apenas os alunos
da Letónia, Rússia, Grécia e Liechtenstein.
O valor máximo obtido pelos 25 % de alunos portugueses com pior desempenho
em literacia científica é sensivelmente menos elevado do que o correspondente à
área da OCDE.
A zona de Lisboa e Vale do Tejo continua a apresentar melhores resultados
médios, mas, tal como em matemática, está numa posição pior daquela que foi
detectada no domínio da leitura. A média regional correspondente é inferior à
da área da OCDE.
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 43
44. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
Relatório internacional sobre competências
Dez por Cento dos Alunos Portugueses Aos 15 Anos Têm Dificuldades em
Perceber o Que Lêem
Por ANDREIA SANCHES
Público
Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001
É o maior estudo internacional sobre as competência dos alunos de 15 anos
em três domínios: literacia em leitura, matemática e científica. Portugal
está no pelotão dos mais fracos, longe das médias da OCDE. E mesmo os
estudantes mais competentes são piores do que os melhores da maior parte
dos países. Só Lisboa e Vale do Tejo consegue uma "performance" em
leitura que compete com a da OCDE.
Metade dos alunos portugueses com 15 anos de idade
tem níveis de literacia em leitura muito baixos. No
espaço da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico (OCDE), o país só se sai
melhor do que o México e o Luxemburgo, ficando
alinhado com o desempenho médio da Alemanha e da
Grécia. Na literacia científica, só o México e o Luxemburgo são piores. Em
matemática, Portugal, Polónia, Itália, Grécia e Luxemburgo partilham o penúltimo
lugar, à frente também do México. Não é surpreendente, mas o investimento que
nos últimos anos o Estado tem feito na educação poderia fazer acreditar que
melhores "performances" seriam possíveis, tendo em conta o que se passou
noutros Estados da OCDE (como a Irlanda) que, há alguns anos, tinham
resultados semelhantes aos portugueses.
O mais preocupante é que dez por cento dos jovens em Portugal não conseguem
sequer atingir o valor mínimo de literacia em leitura (a média da OCDE é 6 por
cento), ficando abaixo do nível 1. Tecnicamente, podem saber ler mas não são
capazes de realizar tarefas simples propostas no âmbito do PISA ("Programme
for International Student Assessment"), um mega-estudo internacional sobre as
competências dos jovens nascidos em 1985. Portugal integra assim - com a
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 44
45. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
Grécia, o Luxemburgo e a Alemanha, por exemplo - um grupo onde uma
percentagem preocupante de rapazes e raparigas terá grandes dificuldades de
integração no mercado de trabalho ou em qualquer esquema de educação e
formação ao longo da vida.
Absolutamente determinante nos resultados parece ser o ano de escolaridade
frequentado pelos jovens. É que os desempenhos médios dos alunos de 15 anos
portugueses que frequentam o 10º e 11º anos são muito melhores, ao ponto de,
nalgumas áreas, chegarem a superar a média correspondente ao espaço da
OCDE. O problema são os outros, os que aos 15 anos frequentam entre o 5º e o
9º ano - uma fatia ainda considerável que vem provar, uma vez mais, que ficar
para trás um ou mais anos, no percurso escolar, pode condenar ao insucesso.
No total, 32 países entraram nesta primeira fase do PISA - um estudo que se
destaca de outros projectos internacionais sobretudo porque pretende aferir
até que ponto é que os jovens conseguem usar os seus conhecimentos e
competências para resolver desafios da vida real. De três em três anos, serão
recolhidos novos dados. No ano passado, cerca de 265 mil alunos (4600
portugueses) foram chamados a submeter-se ao primeiro "exame" especial que
técnicos e representantes dos governos elaboraram e testaram. Desta vez, a
literacia em leitura foi o domínio de eleição - dois terços das questões colocadas
versavam competências nesta área, pelo que é este o domínio mais rico em
análise e cruzamento de variáveis.
Os piores entre os piores
O relatório do PISA faz mais do que listar países a partir das médias dos
resultados de cada um - diz a OCDE que essa análise pode servir para aferir a
qualidade das escolas e dos sistema educativos, mas não dá o retrato completo
das dificuldades ou pontos fortes de cada grupo de estudantes. E é quando se
afina a análise que alguns aspectos voltam a acentuar a modéstia dos
desempenhos portugueses.
Desde logo, se dividirmos o grupo de alunos portugueses que prestou provas e
analisarmos os que tiveram resultados mais fracos nos três domínios de literacia
testados, chega-se à conclusão que os piores alunos lusos têm classificações
ainda mais baixas do que os piores da OCDE - diferenças na casa dos 30 pontos.
A questão seguinte é, inevitavelmente: e como é que se comportam os alunos
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 45
46. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
portugueses mais "brilhantes", quando comparados com a "nata" do espaço da
OCDE? Na verdade, brilham pouco. Os jovens portugueses com maiores níveis de
literacia em leitura, ciências ou matemática são, em média, piores do que os
colegas com melhor desempenho nos restantes países.
Os especialistas tentaram também perceber se um país que apresenta uma
percentagem elevada de alunos com maus resultados está "condenado" a ter
poucos jovens com um desempenho próximo da excelência. Para se chegar a uma
conclusão: não é sempre assim. Esta não é uma questão de somenos importância:
"Atendendo a que uma média elevada na performance dos alunos de 15 anos faz
prever a existência de uma força de trabalho altamente qualificada, os países
com estes níveis de desempenho terão, a curto prazo, uma vantagem económica e
social considerável", como sublinha a OCDE.
E uma vez mais a análise não favorece o quadro português. Entre 15 e 18 por
cento dos alunos da Austrália, Canadá, Finlândia, Nova Zelândia e Reino Unido
conseguiram um desempenho máximo. Por outro lado, qualquer um destes países
apresenta uma pequena percentagem de jovens com literacia em leitura abaixo
de 1. Já a Alemanha, com uma percentagem de alunos no nível 1 ou menos 1 em
leitura que ronda os 23 por cento (não muito longe dos 27 por cento
portugueses), consegue ter 9 por cento de jovens no nível 5. Em Portugal, são
apenas 4 por cento, o mesmo valor apresentado pela Espanha. A OCDE não
esconde as desvantagens destes resultados no que diz respeito à
competitividade de um país.
______________________________
É a segunda vez que Portugal participa num estudo internacional sobre avaliação
de leitura. A primeira foi em 1991 e foram avaliados alunos do 9º ano (o que
corresponde mais ou menos à população abrangida pelo PISA). Os portugueses
obtiveram resultados ligeiramente acima da média internacional. Será que os
alunos do 9º ano pioraram? Segundo o Ministério da Educação, não. A verdade é
que no início dos anos 90 a taxa real de escolarização no 9º ano era de 53 por
cento e actualmente supera os 90. A média dos alunos foi, pois,
"significativamente afectada pelo alargamento da escolaridade a muitos mais
jovens".
___________________________
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 46
47. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
Os 32 países participantes no PISA comprometeram-se, para já, a elaborar um
relatório nacional "para contextualizar os dados". Foi o que fez Portugal. Um
documento ontem apresentado em conferência de imprensa, em Lisboa, da
autoria do Gabinete de Avaliação Educacional, confirma o que outros trabalhos -
nomeadamente os resultados nacionais dos exames nacionais do 12º ano - já
tinham revelado: que há grandes diferenças regionais. Isto ao ponto de os
jovens de Lisboa e Vale do Tejo chegarem a obter resultados superiores em
média aos do espaço da OCDE - o que aconteceu na literacia em leitura.
Globalmente, as "performances" mais fracas estão, sobretudo, nas ilhas,
Alentejo e Algarve. Sobre a heterogeneidade regional encontrada diz o relatório
português que é uma das "situações problemáticas para as quais urge encontrar
soluções". A.S.
_____________________________
P&R
O Que É o PISA?
Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001
Que tipo de estudo é o PISA?
O "Programme for International Student Assessment", mais conhecido por
PISA, é o maior estudo internacional e sistemático feito sobre as competências
e conhecimentos de jovens com 15 anos de idade em três áreas distintas. O
estudo foi coordenado pelos governos dos países participantes, através da OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico)
O que é que se pretende testar?
O PISA cobre três domínios: literacia em leitura, literacia matemática e
literacia científica. Ao contrário do que acontece noutros estudos
internacionais, não pretende testar conteúdos escolares. Tudo está feito para
poder apurar até que ponto é que, concluída a escolaridade obrigatória, os jovens
estão preparados para enfrentar os desafios do futuro, têm capacidade para
continuar a aprender ao longo da vida e conseguem analisar, argumentar e
exprimir as suas ideias.
A primeira "leva" de testes ocorreu em Abril de 2000 e os resultados são agora
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 47
48. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
divulgados. De três em três anos, haverá novos testes e novos resultados. Em
cada "ciclo de avaliação", os testes aprofundam mais uma determinada área,
sendo-lhe dedicada dois terços das perguntas feitas aos alunos. Neste que foi o
arranque do programa, o domínio de eleição foi a leitura - é por isso que só neste
domínio é que se dividiram os alunos em níveis de literacia de 1 a 5. Em 2003,
será a matemática e em 2006 a literacia científica.
Quem participou nesta primeira fase?
São 32 países, 28 dos quais membros da OCDE. Na apresentação dos resultados,
no entanto, a Holanda não consta da lista ordenada de países, porque a amostra
foi considerada pouco fiável.
Qual é a metodologia?
Testes de caneta e papel, para serem feitos em duas horas, foram aplicados a
grupos entre 4500 e 10 mil alunos em cada país. No total, foram 265 mil os
jovens envolvidos. Os testes foram feitos nas respectivas escolas. Foram ainda
distribuídos dois questionários: um para ser preenchido pelos directores dos
estabelecimentos de ensino; outro aos próprios alunos testados, para recolha de
informação de "background".
Quantos alunos fizeram os testes em Portugal?
Cerca de 4600 alunos de 148 escolas "representativas" da realidade nacional.
No que é que consistem os testes do PISA?
Os testes são uma mistura de perguntas de escolha múltipla com outras que
prevêem que os jovens construam as suas próprias respostas. Os enunciados das
questões remetem sempre para situações da vida real. A ideia é saber se os
jovens têm uma relação inteligente com aquilo que fazem e não qual o seu nível
académico.
Para que é que servem estes resultados?
Segundo a OCDE, o que se pretende é traçar o perfil dos estudantes que
terminam a escolaridade obrigatória, perceber as causas e consequências dos
resultados, de forma a fornecer indicadores às escolas, professores e decisores
políticos que possam servir de base de trabalho. Sendo esses indicadores
Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro 48
49. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
internacionais, e aceites pelos governos que participaram, será mais fácil o
diálogo e a colaboração entre eles.
A.S.
____________________________________
Tarefas de Leitura Que Impliquem Grande Rigor Dificultam a Vida Aos
Portugueses
Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001
Raparigas mais competentes
Uma pequena história, um diagrama, um formulário - são apenas exemplos de
textos que foram apresentados aos alunos de 15 anos na parte do teste do PISA
que pretendia aferir os níveis de literacia em leitura. Na espaço da OCDE, seis
em cada dez jovens conseguiram situar-se no nível 3 ou mais. Em Portugal,
aconteceu apenas com 48 por cento. E mais de um quarto dos alunos situa-se no
nível 1 ou menos 1. Mas uma análise dos resultados por item testado revela
"nuances" que estas médias globais não desvendam: desde logo, que os alunos
portugueses não se dão bem com textos informativos extensos, em que as
respostas exigem grande precisão. Esta é uma das tarefas onde os lusos se
afastam ainda mais dos valores médios da OCDE.
Em compensação, obtêm globalmente um maior sucesso relativo quando o texto
proposto é uma narrativa e se lhes pede que interpretem e reflictam sobre o
conteúdo, "o que apela para conhecimentos prévios do sujeito". Em poucas
palavras: o que implica uso de maior rigor penaliza os portugueses - mas também
os gregos, os mexicanos e os espanhóis; se os textos forem dramáticos (por
exemplo, um excerto de uma peça de teatro), também será certo que o
resultado será pior. O relatório português, elaborado pelo Gabinete de Avaliação
Educacional (Gave), não aprofunda muito as razões desta situação, mas tudo
indica que está ligada às práticas de leitura dos alunos e de ensino de leitura nas
escolas portuguesas.
Outro dado curioso é o facto de Portugal ser um dos países onde a diferença
entre o desempenho das raparigas e dos rapazes é evidente. Elas são leitoras
mais competentes do que eles, conseguindo em média mais 25 pontos nos itens
de leitura. Na OCDE, a diferença média ronda os 32 pontos. E em todos os
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50. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
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países analisados a percentagem de rapazes que se situam no nível 1 ou menos 1
na escala de literacia em leitura é sempre superior à das raparigas. O facto de
as raparigas lerem por prazer com bastante mais frequência do que os rapazes
pode ser uma das causas para que assim seja.
O que distingue os competentes?
A relação entre os resultados no PISA no domínio da leitura e o perfil pessoal
do alunos é também bastante evidente. Em Portugal, os estudantes que foram
testados fizeram um teste de rapidez de leitura. Para além disso, e tal como os
seus colegas de outros países, tiveram de preencher um questionário onde se
lhes pedia que explicitassem as suas estratégias de estudo. Estão motivados?
São perseverantes? Recorrem muito à memória? Definem o que devem estudar
antes de começar? - são apenas exemplos de perguntas para as quais a OCDE
queria respostas.
Os alunos com um nível de literacia igual ou superior a 4 distinguem-se por várias
coisas: lêem mais rapidamente, têm um sentimento de pertença à escola,
interessam-se pela leitura, têm uma boa imagem académica de si próprios, têm
algumas estratégias de estudo. Esforço e perseverança são assinalados por
estes jovens como essenciais para o desempenho escolar. Já a memorização é
mais utilizada pelos alunos com piores desempenhos.
Posto isto, "é fundamental que a escola proporcione aos estudantes a tomada de
consciência da existência de diferentes estratégias de estudo e aprendizagem",
alerta o Gave. É igualmente "importante que os alunos se sintam na escola como
fazendo parte integrante da instituição e que reconheçam a necessidade do
esforço e da perseverança para serem bem sucedidos". É que, pelos menos
aparentemente, isso faz muita diferença.
Curiosamente, as notas que os professores de português deram aos alunos
testados no âmbito do PISA têm pouco a ver com os resultados que estes vieram
a obter nos testes de literacia. O Gave conclui que isso quer dizer que "o que é
apreciado na avaliação que se faz nas nossas escolas tem pouco a ver com as
competências implicadas" no PISA.
A.S.
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Médias dos Resultados no Teste de Leitura
Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001
Finlândia 546
Canadá 534
Nova Zelândia 529
Austrália 528
Irlanda 527
Coreia do Sul 525
Reino Unido 523
Japão 522
Suécia 516
Áustria 507
Bélgica 507
Islândia 507
França 505
Noruega 505
Estados Unidos 504
Dinamarca 497
Suíça 494
Espanha 493
Rep. Checa 492
Itália 487
Alemanha 484
Hungria 480
Polónia 479
Grécia 474
Portugal 470
México 422
Média 500
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Ministro da Educação Diz Que Os Resultados Não Surpreendem
Por ISABEL LEIRIA
Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001
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Barbosa – Póvoa de Varzim
Alargamento da taxa de escolarização apontado como indissociável do "modesto"
desempenho português
Todos as avaliações já feitas apontavam para as fragilidades dos alunos
portugueses e, por isso, os resultados daquele que é o mais recente e mais
abrangente estudo internacional não surpreenderam o ministro da Educação,
Júlio Pedrosa. "Não há aqui nenhuma surpresa especial, mas a confirmação de
informações que já tínhamos e que têm de ser levadas a sério", comentou
Pedrosa, durante a apresentação oficial do PISA (Programme for International
Student Assessment), ontem no Ministério da Educação, em Lisboa.
Reconhecendo que o desempenho médio dos alunos portugueses é, "de uma forma
geral, modesto" e que "não satisfaz", Pedrosa ressalvou, no entanto, que, para
além de causas relacionadas com a "forma como se trabalha", muito se deve ao
"país que temos". "Este é um factor decisivo. A carga histórica, social, política,
educativa é algo que temos de suportar", sublinhou.
Mas, para além de um passado de atrasos, são também constrangimentos do
nosso tempo que dificultam o sucesso dos alunos. Por exemplo, o alargamento da
taxa de escolarização. "Não é impunemente que se associa a atribuição do
Rendimento Mínimo Garantido à frequência escolar. É isso que se deve fazer,
mas temos de assumir a responsabilidade que estes meninos não têm as mesmas
condições para progredir". A estas condicionantes junta-se ainda a influência
dos factores exteriores à escola - o estudo comprova a importância dos mais
variados indicadores sócio-económicos e culturais - no desempenho dos alunos.
E se a informação agora tornada pública sugere algumas pistas sobre as áreas
que mais problemas levantam aos alunos portugueses, o ministro da Educação
aproveitou a ocasião para referir uma série de medidas já em curso: do Estudo
Acompanhado introduzido pela reorganização curricular do ensino básico em
vigor ou a reformulação de programas do ensino secundário. Depois, continuou
Pedrosa, é preciso analisar o que fez com que países que apresentavam, até há
pouco tempo, resultados semelhantes aos portugueses - como a Finlândia e a
Irlanda - assumam agora resultados francamente acima da média da OCDE.
De resto, nem tudo é negro no que respeita às competências demonstradas pelos
estudantes de 15 anos. Uma grande percentagem de alunos portugueses que com
esta idade estão no 10º ano e os que estudam na área da Direcção Regional de
Educação de Lisboa obtêm resultados idênticos ou mesmo superiores à média da
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53. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
OCDE, exemplificou o ministro.
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Desempenho dos Alunos Portugueses Aquém dos Investimentos Realizados
Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001
De uma maneira geral, os alunos dos países de maiores recursos económicos
revelam melhores desempenhos nos testes do PISA. No entanto, há quem com
pouco dinheiro consiga capitalizar ao máximo o investimento feito e há quem,
tendo em conta a despesa realizada, não obtenha os resultados esperados. É o
caso de Portugal, onde as competências demonstradas pelos alunos de 15 anos
ficam abaixo do que seria possível, atendendo às verbas investidas pelo país na
educação.
Já a Irlanda e a Coreia do Sul são exemplos de grande eficácia, uma vez que,
assumindo uma despesa por estudante inferior a Portugal, não só conseguem
registar melhores resultados, como atingem desempenhos francamente acima do
expectável. E são vários os casos em que países com indicadores económicos com
valores próximos acabam por apresentar desempenhos médios (nos três domínios
avaliados) muito díspares. Veja-se a situação do Reino Unido e da Alemanha:
despendem praticamente o mesmo em educação e, enquanto o primeiro se coloca
bem acima da média da OCDE, os alunos alemães revelam um nível de
competências abaixo desse valor.
Os autores do estudo concluíram ainda que os investimentos mais volumosos não
correspondem, no entanto, aos melhores desempenhos. A Áustria, os Estados
Unidos e a Dinamarca são os países que mais gastam com os seus alunos mas não
foram eles os que tiveram os melhores resultados nos testes do PISA, ainda que
se situem acima ou na média da OCDE.
I.L.
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O Bom Estudante É Filho de "Boas Famílias"
Por BÁRBARA WONG
Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001
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Barbosa – Póvoa de Varzim
Acesso à cultura é importante
Contexto familiar influencia os resultados dos alunos, conclui o estudo
Aos estudantes de 15 anos o PISA perguntou tudo: o que fazem os pais, a sua
escolaridade, que bens culturais têm em casa e quais os haveres familiares. Tudo
isto porque os resultados em literacia, matemática e ciências podem não dever-
se apenas às capacidades de estudo dos miúdos, mas também aos seus
antecedentes familiares e ao ambiente que vivem em casa. Aliás, o PISA chega
mesmo à conclusão que os factores sócio-económicos têm impacto nos resultados
dos alunos. "A análise demonstra que as diferenças de desempenho dos
estudantes nos vários países que participam no PISA não desaparece quando são
tidos em conta os antecedentes familiares", diz o relatório.
São vários os factores que podem determinar o melhor desempenho dos jovens.
Por exemplo, o estatuto profissional dos pais influencia ou não os resultados dos
alunos? Depende. Na maior parte dos países, sim; ou seja, os estudantes cujos
pais são quadros superiores - médicos, professores universitários ou
magistrados - têm melhores resultados do que os filhos dos pequenos
agricultores, mecânicos, taxistas, camionistas ou metalúrgicos. A profissão dos
pais pode influenciá-los a aspirar a mais - logo, estudam porque sabem que esse é
o meio para atingir os seus fins, aponta o relatório.
Na maioria dos países, a distância que separa os que têm bons resultados e são
filhos de quadros superiores dos que têm piores resultados e são filhos de pais
com estatuto profissional mais baixo é significativa. No entanto, existem
estados, como a Coreia do Sul e a Finlândia, em que os alunos com os piores
resultados estão ao mesmo nível daqueles que têm melhores resultados nos
restantes países. O facto de a Coreia do Sul ser um país onde existe uma forte
cultura para o sucesso pode ser uma das explicações.
E o nível de riqueza dos progenitores pode contribuir ou não para o sucesso
escolar? Sim. Na prática, os filhos das famílias mais ricas tendem a sair-se
melhor. No entanto, este factor tem menos peso do que a profissão dos pais. Por
exemplo, nos países nórdicos, na Áustria, Bélgica, Itália e Japão, o nível de
riqueza não tem grande influência nos resultados. No Japão, por exemplo, os
estudantes "mais pobres" têm melhores resultados, nas três áreas avaliadas, do
que os "mais ricos" de muitos países.
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55. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
Bom relacionamento em casa pode ser determinante
O PISA perguntou ainda aos estudantes se tinham acesso à cultura, literatura,
poesia e arte. Se em casa havia livros, quadros e com que frequência assistiam a
espectáculos. São os miúdos que mais acesso têm à cultura que se dão melhor
nos domínios avaliados - um factor que se reflecte mais nos resultados do que a
riqueza dos pais.
Para além dos bens materiais, existem outras variáveis, como a interacção com
os pais, que podem influenciar os resultados. Conversar com os filhos sobre
política, cultura, sobre qualquer coisa, preocuparem-se em saber como estão,
pode ser um meio de contribuir para o sucesso escolar. O PISA confirma que um
bom relacionamento em casa pode ser determinante para melhores resultados.
No caso português, o ambiente familiar é relevante para as aprendizagens dos
alunos, mais do que os recursos económicos.
E quem são os estudantes com piores resultados? O relatório conclui que são os
jovens oriundos de famílias monoparentais. É o que acontece no Reino Unido e
nos EUA. No primeiro caso, no entanto, os resultados são superiores à média da
OCDE. Neste ponto, o PISA alerta para a necessidade de as escolas interagirem
com as famílias monoparentais, apoiando-as. Outros alunos com desempenhos
mais fracos são os filhos de imigrantes, para quem a língua da escola não é a
materna e que têm mais dificuldade em responder aos testes.
O objectivo da política pública de educação é providenciar oportunidades iguais
para todos os estudantes, de maneira a que todos consigam oportunidades
semelhantes. Um objectivo que é difícil de alcançar quando o contexto familiar
tem tanto peso nalguns países, avança o relatório. O futuro é óbvio: serão os
alunos com mais dificuldades que terão menos oportunidades de emprego.
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A Própria Escola Também Pode Influenciar Os Resultados
Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001
Também a escola onde o aluno estuda pode influenciar os seus resultados. O
PISA demonstra que dois alunos com um contexto familiar semelhante, se
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56. Centro de Formação de Associação de Escolas Professor Fernando
Barbosa – Póvoa de Varzim
frequentarem duas escolas diferentes - uma boa e outra má - tendem a ter
resultados distintos. No entanto, o PISA observou que os estudantes mais
favorecidos frequentam as escolas com mais recursos e professores mais
qualificados, bom ambiente e disciplina. Do outro lado, estão os alunos com
estatuto económico-social mais baixo, que andam em escolas com menos
recursos, mas que também não têm por hábito utilizar os equipamentos
existentes.
Em muitos países, as escolas não têm autonomia, mas o PISA considera que a
descentralização pode ser um caminho a seguir para obter melhores resultados.
E isto vale mesmo para os estabelecimentos de ensino com menos recursos ou
que recebem os miúdos mais pobres. Segundo o estudo, verifica-se que os
desempenhos são melhores nas escolas que têm liberdade para inovar, em que os
professores se comprometem em ensinar, são exigentes e conseguem um bom
relacionamento com os alunos. B.W
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EDITORIAL
A Nossa Tragédia
Por JOSÉ MANUEL FERNANDES
Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2001
Mais uma vez, a nudez crua da verdade: os alunos portugueses com 15 anos
são dos pior preparados da OCDE. No conjunto das três áreas avaliadas -
literacia em leitura, matemática e ciências -, só o México ficou
sistematicamente atrás de Portugal.
Como disse o ministro da Educação, estes resultados não surpreendem -
mas não era isso que ele devia constatar. O que devia sublinhar é como são
inquietantes. E não se desculpar com "a carga histórica, social, política e
educativa" do "país que temos". Tudo isso já nós sabemos - o que
precisamos de saber é como é que vamos ultrapassar o pior dos nossos
atrasos.
Talvez muitos portugueses não tenham ainda entendido, mas no mundo em
que vivemos a riqueza dos países, o bem estar dos seus povos, não brota de
poços de petróleo, minas de diamantes ou outras benesses da natureza. A
riqueza e a pobreza das nações é uma função directa da sua capacidade de
trabalhar, de criar, de inventar, de se organizar, e isso só é possível com
uma população que sabe ler, escrever e contar - bem.
Ora é aqui que reside a nossa tragédia. Não é em possuirmos um produto
interno bruto que é apenas uma fracção da média da União Europeia, nem é
em irmos perder os fundos dentro de meia dúzia de anos: é em este estudo
comprovar que os jovens que por essa altura estarão a chegar ao mercado
de trabalho vão saber menos e estar pior preparados do que todos os
nossos vizinhos e concorrentes.
Os dados revelados ontem, na sua crueza, querem dizer que de pouco valem
as previsões dos economistas sobre quanto anos levaremos a ser tão ricos
como os nossos parceiros europeus: eles mostram que o mais provável é o
abismo entre Portugal e a Europa crescer, não diminuir. Não há milagres
económicos quando não há competências para os protagonizar - e não
falamos de "cérebros", falamos da capacidade para o mais banal dos
trabalhadores exercer com diligência e vontade de aprender e evoluir
mesmo a mais Maria Armanda Pereira Nunes Gaiteiro Ribeiro
simples das tarefas. 57
Importa pois saber porque estamos onde estamos - e como podemos sair
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