2. Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
Aparte isso, tenho em mim todos os
sonhos do mundo.
In Tabacaria, Álvaro de Campos
3. A proximidade com o ortónimo: o fingimento poético comoA proximidade com o ortónimo: o fingimento poético como
forma de representação do drama interior do Poetaforma de representação do drama interior do Poeta
Toda a emoção verdadeira é mentira na
Inteligência, pois se não dá nela.
Toda a emoção verdadeira tem portanto uma
expressão falsa.
Exprimir-se é dizer o que não se sente.
Os cavalos da cavalaria é que formam a cavalaria.
Sem as montadas, os cavaleiros seriam peões.
O lugar é que faz a localidade.
Estar é ser.
Fingir é conhecer-se.
Álvaro de Campos
4. 1ª fase
Decadentismo: tédio, cansaço, náusea, abatimento,
necessidade de superação e de novas sensações. Nesta
fase, traduz a falta de um sentido para a vida e a
necessidade de fuga à monotonia:
“É antes do ópio que a minh’alma é doente.
Sentir a vida convalesce e estiola
E eu vou buscar ao ópio que consola
Um Oriente ao oriente do Oriente.”
5. 2ª fase
Futurista, Sensacionista: nesta fase, Álvaro de
Campos celebra o triunfo da máquina, da
energia mecânica e da civilização moderna.
Nos seus poemas exprime o excesso de
sensações perante a vida moderna, exalta a
máquina, a técnica, símbolos da vida
moderna, deixando transparecer um novo
conceito de beleza baseado na ideia de força.
Exalta o progresso técnico, essa “nova
revelação metálica e dinâmica de Deus”. A
Ode Marítima e a Ode Triunfal refletem a
intensidade e a força das sensações na poesia
de Campos.
6. Futurismo:
Cantor lúcido do mundo moderno, Campos tece o elogio
à civilização industrial e técnica, sendo a Ode Triunfal
e a Ode Marítima os expoentes maiores de uma
Campos absorvido pela revolução tecnológica
“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!” (Ode
Triunfal)
- Campos rompe com o subjetivismo da lírica tradicional
e exalta as sensações da vida moderna;
- A exaltação da técnica e da vida moderna na poesia de
Campos revela-se uma atitude escandalosa, uma vez
que transgride o cânon artístico da época e a moral
estabelecida.
7. Sensacionismo:
- A vivência em excesso das sensações
que derivam do progresso
tecnológico e cosmopolita afasta
Campos de Caeiro.
8. “Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças
centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.
(…)”
9. 3ª fase
Intimismo e pessimismo:
- a incapacidade das realizações traz de volta
o abatimento e um “supremíssimo
cansaço”. Fechado em si mesmo, Campos
sofre e vive a angústia perante a
inadaptação à realidade. Tal como o
ortónimo, Campos sente a dor de pensar, o
ceticismo, a nostalgia de infância, a
frustração, o tédio, a solidão e a
10. “Eu cheio de todos os cansaços
Quantos o mundo pode dar…”
Álvaro de Campos