O documento discute vários transtornos de ansiedade, incluindo seus aspectos diagnósticos, manifestações e tratamento. Aborda transtornos como ansiedade generalizada, transtorno do pânico, fobias, transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos dissociativos, descrevendo seus principais sintomas e características. Também fornece dados epidemiológicos sobre a prevalência desses transtornos e discute suas implicações clínicas e sociais.
2. Ansiedade
Resposta normal do organismo a situações de
perigo?
Ansiedade e medo
Quando é desproporcional às possíveis causas
aparentes, persistente e interfere de maneira
significativa no funcionamento global do
indivíduo, deve ser considerada patológica
3. “Estado emocional vivenciado com a
qualidade subjetiva do medo ou da
emoção a ele relacionada, desagradável,
dirigida ao futuro, desproporcional a uma
ameaça reconhecível, com desconforto
somático subjetivo e alterações somáticas
manifestas”
Aubrey Lewis
4. Manifestações somáticas da
Ansiedade
Boca seca
Cefaléia
Dor ou desconforto torácico
Fraqueza
Hiperreflexia
Insônia
Midríase
Parestesias
Reação de sobressalto exagerada
Sensação de sufocamento e
instabilidade
Sinais de Tensão Motora
Sintomas cerdiovasculares
(tremores, fatigabilidade,
inquietação)
Sintomas gastrointestinais
(palpitações, extrassistolias)
Sintomas genitourinários
(náuseas, vômitos, diarréia, “bola
na garganta
Sintomas respiratórios (“falta de
ar”
Sintomas vasomotores
(extremidades, ondas de calor e
frio,..)
Tonturas e Vertigem
Visão borrada e Zumbido no
ouvido
5. Manifestações psíquicas da
Ansiedade
Agressividade
Apreensão
Desejo de escapar de certas
situações
Despersonalização e
desrrealização
Ideação suicida
Irritabilidade, impulsivideda,
Nervosismo
Pânico
Medo de ficar louco ou fora de si
Medo de perder o controle
Medo de morrer
Prejuízo da atenção/concentração
Preocupações desnecessárias e
exageradas
Sensação de desassossego, mal estar
Sensação de “estar sempre ligado”.
“estimulado”
Sensação de perigo iminente
Tensão
6. Caraterísticas dos transtornos de
ansiedade primária
Foco da
Ansiedade
Tipo de
Ataque
Evitação Ansiedade
intercorrente
Transtorno do
Pânico
Possibilidade de
Ter ataque de
pânico
Espontâneos/def
lagrados
- +
Agorafobia Possibilidade de
passar mal em
locais
específicos
Deflagrados +++ +
Fobias
específicas
Locais ou
situações
Relacionados
com estímulos
+ +
Fobia Social Desempenho
em situações de
evidência
Deflagrados ++ +
Transtorno de
Ansiedade
generalizada
Preocupações
exageradas
sobre questões
diárias
- - +++
Transtorno Manifestação clínica
TP Crises de pânico inesperados e recorrentes, medo de futuras crises de pânico e/ou das consequências
dessas crises
Agorafobia Medo e evitação de certos lugares onde pode ser difícil conseguir ajuda ou sair (p. ex., pontes, túneis,
restaurantes, supermercados, transporte público) em caso de necessidade, tipicamente associados ao medo
de sofrer crises de pânico nessas situações
Transtorno de estresse pós-
traumático
Exposição a um evento que ameace a vida ou cause danos físicos, seguida de: (1) imagens perturbadoras,
recordações, pesadelos; (2) evitação de tudo que evoque lembranças associadas a traumas passados; (3)
hiperexcitação (p. ex., assustar-se facilmente, irritabilidade, dificuldade para se concentrar, insônia)
TAG Preocupações excessivas e descontroladas sobre fatos/eventos do dia a dia; fadiga, tensão muscular,
insônia; agitação, irritabilidade, dificuldade para se concentrar
TAS Medo e evitação de situações sociais específicas (p. ex., medo de urinar em banheiros públicos, medo de
comer em restaurantes, medo de falar em público) ou de situações sociais em geral
TOC Pensamentos inoportunos repetidos, impulsos ou imagens reconhecidas como irracionais; comportamentos
ritualísticos compulsivos, como o de limpeza ou checagem
Fobias específicas Medo e evitação de local, atividade ou situação específicos (p. ex., medo de sangue ou de agulhas, de
procedimentos odontológicos, cachorro, altura), que comprometem o funcionamento ou a vida cotidiana
Tabela 1. Manifestações clínicas dos transtornos de ansiedade
TAG = transtorno de ansiedade generalizado. TAS = transtorno de ansiedade social. TOC = transtorno obsessivo-compulsivo.
7. Dados Epidemiológicos
São mais comuns nas mulheres que nos
homens
Usualmente começam no inicio da idade
adulta.
A prevalência para o período de vida é em
torno de 29%
Nos Hospitais Gerais 30% das consultas
solicitadas à Psiquiatria, são avaliadas
como sendo decorrentes de um
transtorno de somatização.
8. Transtorno de Ansiedade
Generalizada
Transtorno crônico de ansiedade, caracterizadoTranstorno crônico de ansiedade, caracterizado
por preocupações irreais ou excessivas,por preocupações irreais ou excessivas,
acompanhada de diversos sintomas somáticos.acompanhada de diversos sintomas somáticos.
Fenômeno Central
Preocupação constante, concomitante a sintomas
somáticos e psíquicos persistentes.
Diretrizes diagnósticas
Tensão motora, hiperatividade autonômica,
apreensão, na maioria dos dias por pelo menos várias
semanas e geralmente pôr vários meses.
10. EPIDEMIOLOGIA
Pensava-se há 15 anos como quadro raro
Hoje: até 2,5% da população geral:
“epidemia oculta”
Homens = mulheres
4ª doença psiquiátrica mais freqüente
grande incapacidade (10 mais)
11. Semelhança do quadro clínico em
todo o mundo
Alta taxa de comorbidade: TAG e
Depressão Maior
2/3 não se tratam
Intervalo de 17 anos entre o início dos
sintomas e a procura de tratamento
Doença “secreta”
13. OBSESSÕES
Do latim obsidere: assédios, invasões
Idéias, imagens, impulsos repetitivos
que assediam a consciência
Dúvida, ruminação, medo de perder o
controle, impulsos contrários à vontade
Caráter coercitivo - incontroláveis
Conteúdo absurdo ou desproporcional
Vivência angustiante
14. COMPULSÕES
Do latim compellere: forçar contra a
vontade
Comportamento intencional, repetido,
mesmo sabendo que é irracional
Rituais: verificação, contagem, toque,
cruzar limiares, ordenação (just right),
colecionismo, simetria
Alívio da ansiedade
15. CID 10
Sintomas presentes por pelo menos 2
semanas consecutivas e causando
ansiedade, prejuízo
Reconhecidos como próprios
Oposição do indivíduo
O pensamento ou ato não é prazeroso
16. GÊNESE: TEORIAS
Neurobiológica: núcleo caudado,
gânglios de base, relação com
doenças neurológicas (Tourette,
Sydenham)
Cognitiva:padrões e crenças
Psicodinâmica: conflito psíquico
17.
18. TRATAMENTO
Farmacológico: clomipramina, ISRS,
outros (associação com antipsicóticos nos
tics e tricotilomania)
Terapia cognitivo-comportamental
Terapia psicodinâmica e psicanalítica
Melhor resultado esperado: ± 60%
melhora
20. Transtornos de somatização
∗ Ansiedade. Depressão
(sofrimento, risco de
suicídio),
∗Risco de Iatrogenia (exames
complementares e fármacos
desnecessários)
∗Peregrinação por diversos
médicos (Ausência no
trabalho, Repercussão
econômica, Cronicidade dos
sintomas),
∗Εnfermidade física importante
pode passar despercebida (o
médico não costuma levar a
sério as queixas destes
pacientes que o consultam
de vez em quando)
a) Impacto sócio-
econômico
∗Altos custos para a Saúde
Pública,
∗Sobrecarga nos sistemas
do atendimento
sanitário,
∗Falta ao trabalho
(absenteísmo),
b) Repercussão e riscos
para o paciente
∗Τratados
desnecessariamente de
“falsas doenças” ou
distúrbios sem
importância clínica;
∗Não são tratados
21. Transtorno de somatizaçãoTranstorno de somatização
• Sintomas físicos múltiplos recorrentes e
freqüentemente mutáveis: náuseas, vômitos,
deglutição difícil, dispnéia, flatulência, dores,
vertigem, amnésia, menstruação dolorosa etc.,
assim como sintomas depressivos e ansiosos.
• Em geral, presentes por vários anos antes que
o paciente seja avaliado por um psiquiatra.
• A base psicológica é demonstrável
• Evolução crônica e raramente os pacientes ficam
inteiramente assintomáticos.
• O principal diagnóstico diferencial são as causas
orgânicas para os sintomas do paciente.
22. Temos que observar
1) a ocorrência dos sintomas por pelo menos dois
meses, sem evidência demonstrada de
transtorno clínico que justifique a
sintomatologia;
2) um certo grau de comprometimento do
funcionamento social, atribuível aos sintomas
3) a recusa em aceitar a informação de que não há
base clínica para os sintomas
23. Transtorno hipocondríacoTranstorno hipocondríaco
Convicção e o medo de doenças, preocupação
com o corpo.
Geralmente se iniciam na idade de adulto jovem.
A depressão, a esquizofrenia e os transtornos
de ansiedade devem fazer parte do diagnostico
diferencial
Evidência de distribuição familiar nestes transtornos.
Sintomas hipocondríacos podem compor o quadro de
Transtornos de ansiedade generalizada e depressões,
levando a uma piora de prognóstico destes doentes
24. Transtorno Somatoforme dolorosoTranstorno Somatoforme doloroso
persistentepersistente
Presença de dor grave e prolongada, para a qual não há nenhuma
explicação médica.
A avaliação criteriosa não revela qualquer patologia orgânica ou
mecanismo fisiopatológico que justifiquem a dor.
Em geral, não obedece à distribuição anatômica do sistema nervoso.
As queixas mais comuns são a lombalgia, a cefaléia, a dor facial
atípica e a dor pélvica crônica.
As causas deste transtorno presumivelmente são psicológicas, embora
as evidencias possam não estar aparentes.
Os pacientes tem longa historia de atendimento medico e cirúrgico.
A depressão moderada ou grave e o abuso de drogas e álcool também
estão freqüentemente associados.
A dor orgânica, por vezes, é difícil de ser diferenciada do transtorno
doloroso somatomorfo persistente, até porque não são mutuamente
excludentes.
A dor orgânica tem intensidade flutuante e é sensível a influencias
situacionais, emocionais, cognitivas, de atenção e de situação.
25. TRANSTORNOS DISSOCIATIVOSTRANSTORNOS DISSOCIATIVOS
Nestes Transtornos, existe uma perda do controle da consciência sobre
a memória, sensações e movimentos, em intensidade variável. A
ansiedade gerada pela dificuldade ou impossibilidade de enfrentar ou
resolver conflitos e problemas, de alguma forma é transformada em
sintomas.
São quadros desencadeados sobre uma personalidade pré-mórbida
predisposta e tem como sintomas mais comuns: amnésia estupor,
transe, possessão, disturbio de movimento e sensação (conversivo).
O diagnóstico de transtorno dissociativo deve ser feito na ausência
comprovada de doença física que possam causar os sintomas
apresentados pelo paciente.
O fator desencadeante psicológico deve estar presente, ainda que o
indivíduo possa negá-lo, e existe uma clara associação temporal entre
os referidos fatores causais e o aparecimento da sintomatologia.
A gravidade dos sintomas oscila de dia para dia, e mesmo dentro de
um mesmo dia, e também de entre os diversos examinadores.
26.
27. TratamentoTratamento
O tratamento para estes transtornos se baseia numa eficiente
relação médico paciente, que evite manipulações e
intervenções desnecessárias.
Os fatores psicológicos devem ser bem esclarecidos ao
paciente.
Psicoterapia é de grande importância, tornando o prognóstico
mais favorável.
No caso de ocorrência de sintomas depressivos ou ansiosos,
um antidepressivo ou ansiolítico estão indicados, mas devemos
escolher os que tenham menos efeitos colaterais, pois estes
pacientes não têm muita tolerância e aderem pouco ao
tratamento.
Os hipocondríacos são os mais resistentes ao tratamento e os
que têm pior prognóstico.
O tratamento das condições dissociativas pode incluir
Neurolépticos de alta potência para acelerar a remissão dos
sintomas