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Seu chico e o meio ambiente
"Seu Chico "
e o
Nosso Ambiente
Ainda é Possível, Antes que Seja Tarde
Texto: Silvio de Castro Fonseca
Especialista em Planejamento e gestao Ambiental
Ilustrações: Grilo
APRESENTAÇÃO
Olá amiguinhos!
Eu sou o Chico Sementinha.
Ando muito preocupado com o nosso ambiente, pois em minhas andanças por aí o que tenho visto não é bom.
As matas ciliares que protegem os cursos d’água já quase não existem mais, o desmatamento do que restou
das nossas matas nativas continua, assim como as queimadas, a pesca predatória, o solo cada vez mais
exposto e erodido; as veredas, berço das águas do cerrado, comprometidas e os cursos d’água assoreados
e sem vida.
É amiguinhos...
Essa é a triste realidade de grande parte do ambiente rural de nosso Estado, o que por conseqüência vem
causando acelerada perda na qualidade de vida do produtor rural.
Mas nem tudo está perdido.
Meu amigo “Seu Chico”, que é um fazendeiro da região e que representa as gerações que se utilizaram e
vêem se utilizando, de forma pouco responsável do ambiente, percebendo o que está acontecendo, se
posicionou contra isto e está tentando fazer sua parte.
Tem visitado as escolas rurais contando sobre o que vem acontecendo e através da sua experiência de
vida, ensina as crianças a como cuidar melhor do nosso ambiente.
Portanto, esta cartilha pretende contribuir para o processo de despertamento e conscientização de nossas
crianças e jovens, ajudando na identificação das causas e efeitos do uso pouco responsável do ambiente e
da crescente necessidade de melhor nos utilizarmos dos recursos naturais colocados a nossa disposição
pelo Criador.
Acreditamos, também, que além da correta compreensão da seriedade do problema ambiental já existente,
medidas urgentes teem que ser tomadas, mas que acima de tudo “ainda é possível, antes que seja tarde”.
O Autor – Chico Sementinha
Essa é uma escola rural, entre tantas outras existentes em nosso Estado e é lá que
se passa a nossa estória...
Queridos alunos! Hoje teremos uma aula diferente.
Este senhor é o “Seu Chico”, que é fazendeiro na região.
Ele me procurou e disse que tem coisas muito importantes para nos contar.
Vamos ouvi-lo com atenção...
Bom dia, crianças!
Eu pedi a professora, para na aula de hoje, ela deixar eu falar com vocês, sobre o
que está acontecendo com a natureza em nossa região, pois muito breve vocês é que
estarão cuidando dela e é muito importante vocês saberem algumas coisas.
“Antigamente, quando eu ainda
era criança como vocês, os homens
quando precisavam de lenha ou madeira
cortavam as árvores usando o machado, o
que não causava maiores problemas para
a mãe natureza.
Na época das chuvas, o solo, por
ainda existirem muitas árvores,
funcionava como uma esponja (poroso), o
que facilitava a penetração (infiltração)
da água das chuvas no solo, tornando-o
encharcado, mantendo assim o lençol
d'água cheio.
Isso fazia com que na época da
seca as nascentes e os córregos não
secassem, pois a água acumulada na época
das chuvas mantinha os cursos d’água até
o próximo período de chuvas”.
ANTIGAMENTE
As modificações causadas pelo homem
na natureza naquela época não eram
grandes. A vegetação por ainda não
ter sido retirada, mantinha o solo
poroso, facilitando naturalmente o
abastecimento do lençol d’água, sendo
muito pequena a perda de água pela
enxurrada.
Como na época das chuvas, o
lençol d’água tinha sido
abastecido, os cursos d’água
não secavam, pois a natureza
se encontrava em equilíbrio.
ANTIGAMENTE, COMO A INTERFERÊNCIA DO HOMEM NO AMBIENTE ERA PEQUENA, A
NATUREZA SE ENCONTRAVA EM EQUILÍBRIO.
“Aí, com o passar dos anos, os homens foram desmatando o cerrado, muitas
vezes até onde não podia, para fazerem grandes pastagens, lavouras e utilizando
muito o fogo para "limpar" a terra e também para fazer brotar o capim novo para o
gado na época da seca, além de também desmatar o cerrado para usar como lenha,
assim como para fazer o carvão, que é usado nas siderúrgicas.
Isso aos poucos foi causando diminuição na quantidade de água armazenada
no lençol d'água, fazendo com que, na época da seca a quantidade de água nos
córregos e rios, viessem a diminuir, inclusive com o secamento de várias nascentes,
pois, a maior parte da água da chuva escorria sobre o solo sem vegetação, causando
erosão, às vezes até entupindo nascentes, sendo que as enxurradas depositavam
parte desse solo no fundo dos cursos d'água e assim a cada ano eles ficavam mais
rasos e com menos água”.
“Sim professora, é por isso mesmo; pois, com a diminuição de áreas com
mato, os animais foram ficando com pouco lugar para morar e para piorar a situação,
grande parte dos fazendeiros naquela época, gostavam de caçar, o que diminuiu o
número de animais mais ainda, já que, além de lugar para se reproduzirem e se
alimentarem, o mato também servia para eles se esconderem dos homens, para
assim se protegerem”.
ALGUNS ANOS ATRÁS:
Com o desmatamento, o solo foi ficando
cada vez mais desprotegido e quando vinha
a chuva a água já não se infiltrava como
antes, pois os pingos da chuva chegavam
ao solo com velocidade, causando o
aumento da enxurrada, levando além da
água também o solo, que acumulava no
fundo dos cursos d’água, deixando-os cada
vez mais rasos (assoreamento).
Como o lençol d’água, com o decorrer do
tempo foi prejudicado em seu
abastecimento, isto é, infiltrou pouca água
das chuvas; aos poucos os cursos d’água
foram secando.
COM O DESFLORESTAMENTO, INICIA-SE UM PROCESSO DE PERDA DA QUALIDADE AMBIENTAL E COMO
CONSEQÜÊNCIA TEMOS PREJUÍZO NA CONSERVAÇÃO DA ÁGUA E DO SOLO, ASSIM COMO TAMBEM PARA A
FAUNA.
“Então crianças chegamos nos dias de hoje e o que temos visto não é bom”.
“Estamos colhendo os resultados de anos e anos de mau uso, de uso errado
da mãe natureza, e como se já não bastasse, infelizmente, como a maior parte das
empresas que usam o carvão vegetal e lenha não plantaram arvores (eucalipto) em
quantidade suficiente para suas necessidades; continuam incentivando o fazendeiro
a desmatar e a fazer carvão do resto de mato que sobrou”.
“Na maioria das vezes o mato que sobrou é muito pouco e é por ser tão
pouco mesmo, que muitos córregos estão secando, pois, na época das chuvas, como o
lençol d'água não é abastecido, na seca os córregos “cortam" (secam) e com a
continuação da retirada dessa vegetação, a tendência é piorar cada dia mais”.
ATUALMENTE
Parte das áreas desmatadas foram
formadas (empastadas) em locais
pouco apropriados, que associado
ao péssimo manejo (pasto rapado),
às queimadas e aos efeitos das
chuvas sobre o solo já
relativamente exposto e
compactado, facilita a ocorrência
de grande escorrimento superficial
(enxurrada) da água das chuvas,
causando erosão e as enchentes,
tornando os cursos d’água mais
rasos, pelo acumulo de solo no leito
do curso d’água (assoreamentos).
Agora, com o solo compactado
pelo pisoteio do gado (menos
poroso),cada vez mais erodido por
estar desprotegido e como foi
prejudicada a recarga do solo nos
períodos de chuva anteriores,
grande parte dos cursos d’água
chegam a secar (cortar), e nas
áreas não formadas, isto é, nas
áreas de recorte, aquelas que
foram somente desmatadas e
deixadas para brotar, o grande
inimigo é o fogo, através das
queimadas, deixando o solo
exposto e desprotegido.
COM O DECORRER DOS ANOS, TAIS CONSEQÜÊNCIAS SE AGRAVAM NA SECA, PODENDO VIR A
NÃO TER ÁGUA DISPONÍVEL NO SOLO PARA ABASTECER E MANTER O NÍVEL DOS CURSOS
D’ÁGUA.
“Vocês sabiam que existe em nosso Estado um grande rio chamado São
Francisco”?
“Ele é tão grande que se alguém falasse que algum dia uma pessoa
conseguiria atravessá-lo a pé ninguém acreditaria, pois, atravessar o rio a pé era
impossível”.
“Só que, em meados da época da seca do ano de 2001, foi possível
atravessá-lo”.
“Isso crianças, é muito preocupante e é um dos maiores exemplos de que, a mãe
natureza em nossa região, está doente por culpa dos adultos, que principalmente,
por ganância, estão matando o nosso mundo”.
“Para vocês terem uma idéia da seriedade do problema, aqui perto tinha um
fazendeiro que desmatou a fazenda toda, até as cabeceiras das nascentes, perto das veredas,
na beira dos córregos e também no alto do morro, não deixando mato nenhum”.
“Sabem o que aconteceu”?
“A água dele acabou, acabou a ponto dele não ter água para beber e dar para o gado.
Ele, com aperto no coração, vendeu a fazenda e teve que vender muito barato, pois, ninguém
queria comprar por não ter água”.
“Hoje ele vive desiludido da vida na cidade, em uma casinha pobre na periferia, sem
condições de comprar outro terreno, pois seu dinheiro mal dá para manter sua família”.
“Sabe crianças, o pior é que muitos casos como esses tem acontecido em nossa
região, o que é um sinal de que as águas, por nossa culpa, estão acabando mesmo, mas temos
que acreditar que é possível mudar, que ainda não é tarde para agirmos e fazermos a nossa
parte pela saúde da mãe natureza, por nossa região, enfim, por nós mesmos e por aqueles que
Falta imagem correspondente
“Outro dia tive que ir a uma cidade grande aqui da regiao e vi que la tambem a situaçao nao esta boa nao.
“Tanto lixo, tanta poluiçao, que voltei com muita dor de cabeça; aquilo nao é lugar de gente viver nao”!
“O ar é pesado e nao cheira bem”.
“Ar bom mesmo é esse aqui da roça”.
“Mas o que me deixou mais triste ainda foi ver tantos peixes mortos nas aguas do rio; era muito peixe
morto”!
“Quando perguntei o que tinha acontecido, me falaram que o que causou a morte de tantos peixes foi a
descarga das fabricas que tem perto da cidade e que também poluem o ar com muita fumaça”.
“Fiquei também sabendo que como a cidade nao tem estaçao de tratamento de esgoto, ele é jogado
diretamente no rio, o que também contribui para a péssima qualidade de sua agua, que assim poluida, alem do
mau cheiro, é fonte de transmissao de muitas doenças”.
“E... assim nao tem natureza que aguente nao”!
“Essa é uma das razoes de eu estar aqui falando com voces, pois nao podemos deixar que isso continue
acontecendo e principalmente que mais esse tipo de degradaçao chegue aqui na roça, nao é mesmo”?
“ Voces se lembram daquele fazendeiro que teve de vender barato sua propriedade por nao mais ter
aqua? hoje para sobreviver ele cata lixo nas ruas para vender, lixo esse que eles chamam de material
reciclavel”.
“E uma situaçao muito triste, principalmente porque foi ele mesmo que causou a si todo esse mal,
quando, de tanto explorar de forma errada a natureza, tirou dela a sua principal caracteristica que e a de
sempre se renovar e hoje ele paga um preço muito alto pelos seus erros”, pois ja nao tem seu pedaço de chao
e ainda vive das sobras dos outros”.
SE PERMANECERMOS NO ERRO:
Aumento da erosão, com carreamento do
solo pela enxurrada, ocasionando mais
assoreamento e enchentes, não havendo,
portanto a recarga hídrica do solo
(abastecimento do lençol d'água).
Solo totalmente degradado e
erodido, com processo generalizado
e rápido de desertificação já
instalado, de difícil e cara
reversão.
ASSIM, ESTAREMOS COLABORANDO NO PROCESSO DE ACELERACAO DO DESAPARECIMENTO DE
NOSSAS MATAS E COMO CONSEQUÊNCIA TEREMOS MAIOR PERDA DA QUALIDADE AMBIENTAL E DE
VIDA EM NOSSA REGIÃO.
“Crianças, a primeira coisa a ser feita, é cada um de nós procurar a partir
de hoje entender o que vem acontecendo em nossa região, perguntando a seu pai se
ele já percebeu que muitos córregos estão secando e se ele sabe o motivo”.
“Vocês sabiam que existem muitas coisas que o fazendeiro pode fazer para
diminuir o problema ou quem sabe até curar a mãe natureza”?
“É verdade e vamos falar de algumas delas”.
“Existem técnicas que podem ser utilizadas para "segurar" a água das
chuvas, tais como:
Barraginhas nas grotas secas, visando acumular a água das chuvas para
aos poucos ela ir penetrando (infiltrando) no solo.
Plantios de culturas ou pastagem sempre em nível, utilizando as curvas
de nível com barraginhas, além do plantio de mudas de árvores nos morros e na
beira d'água.
Manter o capim das pastagens sempre mais alto, isto é, não deixar o
gado "rapar" o capim, o que protege o solo, facilitando a infiltração da água, e
diminui o pisoteio, pois, o pisoteio causa a compactação e por conseqüência maior
dificuldade da água em se infiltrar no terreno.
Reservar, isto é, não deixar entrar gado nem fogo e também não cortar
(desmatar) a vegetação nas áreas próximas as cabeceiras das nascentes e beira
d'água, assim como deixar o cerrado "voltar" (brotar), nesses casos não batendo
o pasto, deixando "sujar.
Plantar espécies de rápido crescimento, entre elas o eucalipto, mas de
forma a conservar a água e o solo, sempre em nível, nunca morro abaixo, pois
existindo o eucalipto ou outra espécie plantada para produção de madeira ou
lenha, as áreas cobertas com vegetação nativa, que teem importante função
ambiental ficam preservadas.
Estas são algumas medidas importantes, assim como também não cortar
as árvores das áreas de Reserva Florestal da fazenda e também aquelas
consideradas de Preservação Permanente, aquelas da beira d'água e do alto dos
morros”.
SE OPTARMOS POR UM FUTURO POSSÍVEL E DESEJÁVEL:
Com as medidas técnicas adequadas sendo tomadas,
tais como: plantio em nível tanto para culturas
perenes quanto anuais, com barraginhas, plantio de
mudas e/ou regeneração (brotação) da vegetação
nativa no alto dos morros, nas nascentes e nas
margens dos córregos, manejo de pastagens mantendo
o capim sempre mais alto, construção de barraginhas
na rede de drenagem natural (grotas) da fazenda;
visando principalmente a conservação de água e solo;
o ambiente tenderá (caminhará) para a normalidade,
decorrido algum tempo.
Situação tendendo para a normalidade
com o lençol d'água abastecido, solo
cada vez mais poroso, menos compactado
e curso d'água com vazão regularizada.
AINDA É TEMPO DE REVERTERMOS TAL SITUAÇÃO. MEDIDAS CORRETAS, COMO: PLANTIO EM NÍVEL,
PLANTIO E/OU REGENERAÇÃO DE MATA NATIVA, CONSERVAÇÃO DA VEGETAÇÃO ÀS MARGENS DOS
CURSOS D'ÁGUA, CONSTRUÇÃO DE BARRAGINHAS E OUTRAS, DEVEM SER TOMADAS.
“Agora vou dar para vocês uma cartilha que explica melhor tudo o que
falei”.
“Peço que a leiam com carinho, pois, nela estão ensinamentos importantes
sobre como podemos fazer para sermos cada dia mais amigos da mãe natureza”.
“Levem esta cartilha e peçam ao seu pai para lhes ajudar no dever de casa,
lendo-a para você, isso fará ele compreender, pensar e assim despertar para com o
que está acontecendo e quem sabe a partir daí, ele também passará a ser mais um
amigo e aliado da Mãe Natureza como nós já somos”.
“Saibam que vocês são muito importantes para mudarmos a situação que
hoje é critica (preocupante)”.
“Saibam também que os técnicos do órgão florestal do Estado e das
Prefeituras se encontram a disposição para ajudar a todos que quiserem fazer de
sua propriedade rural um lugar melhor”.
Um abraço com muito carinho a vocês amiguinhos.
Agora preciso ir, pois tenho outras crianças para visitar
Saibam que o futuro da região está em nossas mãos e que esse futuro dependerá principalmente do que
todos nós fizermos a partir de agora.
Um brilho diferente, talvez de esperança, se percebeu no olhar do "Seu Chico”, que agradecendo a
professora e as crianças saiu da escola cantarolando uma canção que diz mais ou menos assim...
– Hoje tive um sonho, e foi o mais bonito, que eu sonhei em toda minha vida... Sonhei que todo mundo
vivia preocupado, tentando encontrar uma saída... Quando em minha porta alguém tocou...
Entrou em uma vereda, e dizem, se transformou em água e a partir de então, em toda região corre a
notícia de que um tal de “Seu Chico” já passou por ali, deixando muitos ensinamentos importantes e que
também se tem notado nas pessoas da região uma grande mudança quanto à forma de agir e cuidar da
Mãe Natureza.
Este é o meu sonho, o qual desejo cada vez mais nosso, para assim o transformarmos em realidade.
Esta é a mensagem de alguém que acredita ainda ser possível, antes que seja tarde.
Autor: SILVIO DE CASTRO FONSECA – Especialista em Planejamento e Gestão Ambiental

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Seu chico e o meio ambiente

  • 2. "Seu Chico " e o Nosso Ambiente Ainda é Possível, Antes que Seja Tarde Texto: Silvio de Castro Fonseca Especialista em Planejamento e gestao Ambiental Ilustrações: Grilo
  • 3. APRESENTAÇÃO Olá amiguinhos! Eu sou o Chico Sementinha. Ando muito preocupado com o nosso ambiente, pois em minhas andanças por aí o que tenho visto não é bom. As matas ciliares que protegem os cursos d’água já quase não existem mais, o desmatamento do que restou das nossas matas nativas continua, assim como as queimadas, a pesca predatória, o solo cada vez mais exposto e erodido; as veredas, berço das águas do cerrado, comprometidas e os cursos d’água assoreados e sem vida. É amiguinhos... Essa é a triste realidade de grande parte do ambiente rural de nosso Estado, o que por conseqüência vem causando acelerada perda na qualidade de vida do produtor rural. Mas nem tudo está perdido. Meu amigo “Seu Chico”, que é um fazendeiro da região e que representa as gerações que se utilizaram e vêem se utilizando, de forma pouco responsável do ambiente, percebendo o que está acontecendo, se posicionou contra isto e está tentando fazer sua parte. Tem visitado as escolas rurais contando sobre o que vem acontecendo e através da sua experiência de vida, ensina as crianças a como cuidar melhor do nosso ambiente. Portanto, esta cartilha pretende contribuir para o processo de despertamento e conscientização de nossas crianças e jovens, ajudando na identificação das causas e efeitos do uso pouco responsável do ambiente e da crescente necessidade de melhor nos utilizarmos dos recursos naturais colocados a nossa disposição pelo Criador. Acreditamos, também, que além da correta compreensão da seriedade do problema ambiental já existente, medidas urgentes teem que ser tomadas, mas que acima de tudo “ainda é possível, antes que seja tarde”. O Autor – Chico Sementinha
  • 4. Essa é uma escola rural, entre tantas outras existentes em nosso Estado e é lá que se passa a nossa estória...
  • 5. Queridos alunos! Hoje teremos uma aula diferente. Este senhor é o “Seu Chico”, que é fazendeiro na região. Ele me procurou e disse que tem coisas muito importantes para nos contar. Vamos ouvi-lo com atenção...
  • 6. Bom dia, crianças! Eu pedi a professora, para na aula de hoje, ela deixar eu falar com vocês, sobre o que está acontecendo com a natureza em nossa região, pois muito breve vocês é que estarão cuidando dela e é muito importante vocês saberem algumas coisas.
  • 7. “Antigamente, quando eu ainda era criança como vocês, os homens quando precisavam de lenha ou madeira cortavam as árvores usando o machado, o que não causava maiores problemas para a mãe natureza. Na época das chuvas, o solo, por ainda existirem muitas árvores, funcionava como uma esponja (poroso), o que facilitava a penetração (infiltração) da água das chuvas no solo, tornando-o encharcado, mantendo assim o lençol d'água cheio. Isso fazia com que na época da seca as nascentes e os córregos não secassem, pois a água acumulada na época das chuvas mantinha os cursos d’água até o próximo período de chuvas”.
  • 8. ANTIGAMENTE As modificações causadas pelo homem na natureza naquela época não eram grandes. A vegetação por ainda não ter sido retirada, mantinha o solo poroso, facilitando naturalmente o abastecimento do lençol d’água, sendo muito pequena a perda de água pela enxurrada. Como na época das chuvas, o lençol d’água tinha sido abastecido, os cursos d’água não secavam, pois a natureza se encontrava em equilíbrio. ANTIGAMENTE, COMO A INTERFERÊNCIA DO HOMEM NO AMBIENTE ERA PEQUENA, A NATUREZA SE ENCONTRAVA EM EQUILÍBRIO.
  • 9. “Aí, com o passar dos anos, os homens foram desmatando o cerrado, muitas vezes até onde não podia, para fazerem grandes pastagens, lavouras e utilizando muito o fogo para "limpar" a terra e também para fazer brotar o capim novo para o gado na época da seca, além de também desmatar o cerrado para usar como lenha, assim como para fazer o carvão, que é usado nas siderúrgicas. Isso aos poucos foi causando diminuição na quantidade de água armazenada no lençol d'água, fazendo com que, na época da seca a quantidade de água nos córregos e rios, viessem a diminuir, inclusive com o secamento de várias nascentes, pois, a maior parte da água da chuva escorria sobre o solo sem vegetação, causando erosão, às vezes até entupindo nascentes, sendo que as enxurradas depositavam parte desse solo no fundo dos cursos d'água e assim a cada ano eles ficavam mais rasos e com menos água”.
  • 10. “Sim professora, é por isso mesmo; pois, com a diminuição de áreas com mato, os animais foram ficando com pouco lugar para morar e para piorar a situação, grande parte dos fazendeiros naquela época, gostavam de caçar, o que diminuiu o número de animais mais ainda, já que, além de lugar para se reproduzirem e se alimentarem, o mato também servia para eles se esconderem dos homens, para assim se protegerem”.
  • 11. ALGUNS ANOS ATRÁS: Com o desmatamento, o solo foi ficando cada vez mais desprotegido e quando vinha a chuva a água já não se infiltrava como antes, pois os pingos da chuva chegavam ao solo com velocidade, causando o aumento da enxurrada, levando além da água também o solo, que acumulava no fundo dos cursos d’água, deixando-os cada vez mais rasos (assoreamento). Como o lençol d’água, com o decorrer do tempo foi prejudicado em seu abastecimento, isto é, infiltrou pouca água das chuvas; aos poucos os cursos d’água foram secando. COM O DESFLORESTAMENTO, INICIA-SE UM PROCESSO DE PERDA DA QUALIDADE AMBIENTAL E COMO CONSEQÜÊNCIA TEMOS PREJUÍZO NA CONSERVAÇÃO DA ÁGUA E DO SOLO, ASSIM COMO TAMBEM PARA A FAUNA.
  • 12. “Então crianças chegamos nos dias de hoje e o que temos visto não é bom”. “Estamos colhendo os resultados de anos e anos de mau uso, de uso errado da mãe natureza, e como se já não bastasse, infelizmente, como a maior parte das empresas que usam o carvão vegetal e lenha não plantaram arvores (eucalipto) em quantidade suficiente para suas necessidades; continuam incentivando o fazendeiro a desmatar e a fazer carvão do resto de mato que sobrou”. “Na maioria das vezes o mato que sobrou é muito pouco e é por ser tão pouco mesmo, que muitos córregos estão secando, pois, na época das chuvas, como o lençol d'água não é abastecido, na seca os córregos “cortam" (secam) e com a continuação da retirada dessa vegetação, a tendência é piorar cada dia mais”.
  • 13. ATUALMENTE Parte das áreas desmatadas foram formadas (empastadas) em locais pouco apropriados, que associado ao péssimo manejo (pasto rapado), às queimadas e aos efeitos das chuvas sobre o solo já relativamente exposto e compactado, facilita a ocorrência de grande escorrimento superficial (enxurrada) da água das chuvas, causando erosão e as enchentes, tornando os cursos d’água mais rasos, pelo acumulo de solo no leito do curso d’água (assoreamentos). Agora, com o solo compactado pelo pisoteio do gado (menos poroso),cada vez mais erodido por estar desprotegido e como foi prejudicada a recarga do solo nos períodos de chuva anteriores, grande parte dos cursos d’água chegam a secar (cortar), e nas áreas não formadas, isto é, nas áreas de recorte, aquelas que foram somente desmatadas e deixadas para brotar, o grande inimigo é o fogo, através das queimadas, deixando o solo exposto e desprotegido. COM O DECORRER DOS ANOS, TAIS CONSEQÜÊNCIAS SE AGRAVAM NA SECA, PODENDO VIR A NÃO TER ÁGUA DISPONÍVEL NO SOLO PARA ABASTECER E MANTER O NÍVEL DOS CURSOS D’ÁGUA.
  • 14. “Vocês sabiam que existe em nosso Estado um grande rio chamado São Francisco”? “Ele é tão grande que se alguém falasse que algum dia uma pessoa conseguiria atravessá-lo a pé ninguém acreditaria, pois, atravessar o rio a pé era impossível”. “Só que, em meados da época da seca do ano de 2001, foi possível atravessá-lo”. “Isso crianças, é muito preocupante e é um dos maiores exemplos de que, a mãe natureza em nossa região, está doente por culpa dos adultos, que principalmente, por ganância, estão matando o nosso mundo”.
  • 15. “Para vocês terem uma idéia da seriedade do problema, aqui perto tinha um fazendeiro que desmatou a fazenda toda, até as cabeceiras das nascentes, perto das veredas, na beira dos córregos e também no alto do morro, não deixando mato nenhum”. “Sabem o que aconteceu”? “A água dele acabou, acabou a ponto dele não ter água para beber e dar para o gado. Ele, com aperto no coração, vendeu a fazenda e teve que vender muito barato, pois, ninguém queria comprar por não ter água”. “Hoje ele vive desiludido da vida na cidade, em uma casinha pobre na periferia, sem condições de comprar outro terreno, pois seu dinheiro mal dá para manter sua família”. “Sabe crianças, o pior é que muitos casos como esses tem acontecido em nossa região, o que é um sinal de que as águas, por nossa culpa, estão acabando mesmo, mas temos que acreditar que é possível mudar, que ainda não é tarde para agirmos e fazermos a nossa parte pela saúde da mãe natureza, por nossa região, enfim, por nós mesmos e por aqueles que
  • 16. Falta imagem correspondente “Outro dia tive que ir a uma cidade grande aqui da regiao e vi que la tambem a situaçao nao esta boa nao. “Tanto lixo, tanta poluiçao, que voltei com muita dor de cabeça; aquilo nao é lugar de gente viver nao”! “O ar é pesado e nao cheira bem”. “Ar bom mesmo é esse aqui da roça”. “Mas o que me deixou mais triste ainda foi ver tantos peixes mortos nas aguas do rio; era muito peixe morto”! “Quando perguntei o que tinha acontecido, me falaram que o que causou a morte de tantos peixes foi a descarga das fabricas que tem perto da cidade e que também poluem o ar com muita fumaça”. “Fiquei também sabendo que como a cidade nao tem estaçao de tratamento de esgoto, ele é jogado diretamente no rio, o que também contribui para a péssima qualidade de sua agua, que assim poluida, alem do mau cheiro, é fonte de transmissao de muitas doenças”. “E... assim nao tem natureza que aguente nao”! “Essa é uma das razoes de eu estar aqui falando com voces, pois nao podemos deixar que isso continue acontecendo e principalmente que mais esse tipo de degradaçao chegue aqui na roça, nao é mesmo”? “ Voces se lembram daquele fazendeiro que teve de vender barato sua propriedade por nao mais ter aqua? hoje para sobreviver ele cata lixo nas ruas para vender, lixo esse que eles chamam de material reciclavel”. “E uma situaçao muito triste, principalmente porque foi ele mesmo que causou a si todo esse mal, quando, de tanto explorar de forma errada a natureza, tirou dela a sua principal caracteristica que e a de sempre se renovar e hoje ele paga um preço muito alto pelos seus erros”, pois ja nao tem seu pedaço de chao e ainda vive das sobras dos outros”.
  • 17. SE PERMANECERMOS NO ERRO: Aumento da erosão, com carreamento do solo pela enxurrada, ocasionando mais assoreamento e enchentes, não havendo, portanto a recarga hídrica do solo (abastecimento do lençol d'água). Solo totalmente degradado e erodido, com processo generalizado e rápido de desertificação já instalado, de difícil e cara reversão. ASSIM, ESTAREMOS COLABORANDO NO PROCESSO DE ACELERACAO DO DESAPARECIMENTO DE NOSSAS MATAS E COMO CONSEQUÊNCIA TEREMOS MAIOR PERDA DA QUALIDADE AMBIENTAL E DE VIDA EM NOSSA REGIÃO.
  • 18. “Crianças, a primeira coisa a ser feita, é cada um de nós procurar a partir de hoje entender o que vem acontecendo em nossa região, perguntando a seu pai se ele já percebeu que muitos córregos estão secando e se ele sabe o motivo”. “Vocês sabiam que existem muitas coisas que o fazendeiro pode fazer para diminuir o problema ou quem sabe até curar a mãe natureza”? “É verdade e vamos falar de algumas delas”. “Existem técnicas que podem ser utilizadas para "segurar" a água das chuvas, tais como:
  • 19. Barraginhas nas grotas secas, visando acumular a água das chuvas para aos poucos ela ir penetrando (infiltrando) no solo. Plantios de culturas ou pastagem sempre em nível, utilizando as curvas de nível com barraginhas, além do plantio de mudas de árvores nos morros e na beira d'água. Manter o capim das pastagens sempre mais alto, isto é, não deixar o gado "rapar" o capim, o que protege o solo, facilitando a infiltração da água, e diminui o pisoteio, pois, o pisoteio causa a compactação e por conseqüência maior dificuldade da água em se infiltrar no terreno. Reservar, isto é, não deixar entrar gado nem fogo e também não cortar (desmatar) a vegetação nas áreas próximas as cabeceiras das nascentes e beira d'água, assim como deixar o cerrado "voltar" (brotar), nesses casos não batendo o pasto, deixando "sujar. Plantar espécies de rápido crescimento, entre elas o eucalipto, mas de forma a conservar a água e o solo, sempre em nível, nunca morro abaixo, pois existindo o eucalipto ou outra espécie plantada para produção de madeira ou lenha, as áreas cobertas com vegetação nativa, que teem importante função ambiental ficam preservadas. Estas são algumas medidas importantes, assim como também não cortar as árvores das áreas de Reserva Florestal da fazenda e também aquelas consideradas de Preservação Permanente, aquelas da beira d'água e do alto dos morros”.
  • 20. SE OPTARMOS POR UM FUTURO POSSÍVEL E DESEJÁVEL: Com as medidas técnicas adequadas sendo tomadas, tais como: plantio em nível tanto para culturas perenes quanto anuais, com barraginhas, plantio de mudas e/ou regeneração (brotação) da vegetação nativa no alto dos morros, nas nascentes e nas margens dos córregos, manejo de pastagens mantendo o capim sempre mais alto, construção de barraginhas na rede de drenagem natural (grotas) da fazenda; visando principalmente a conservação de água e solo; o ambiente tenderá (caminhará) para a normalidade, decorrido algum tempo. Situação tendendo para a normalidade com o lençol d'água abastecido, solo cada vez mais poroso, menos compactado e curso d'água com vazão regularizada. AINDA É TEMPO DE REVERTERMOS TAL SITUAÇÃO. MEDIDAS CORRETAS, COMO: PLANTIO EM NÍVEL, PLANTIO E/OU REGENERAÇÃO DE MATA NATIVA, CONSERVAÇÃO DA VEGETAÇÃO ÀS MARGENS DOS CURSOS D'ÁGUA, CONSTRUÇÃO DE BARRAGINHAS E OUTRAS, DEVEM SER TOMADAS.
  • 21. “Agora vou dar para vocês uma cartilha que explica melhor tudo o que falei”. “Peço que a leiam com carinho, pois, nela estão ensinamentos importantes sobre como podemos fazer para sermos cada dia mais amigos da mãe natureza”. “Levem esta cartilha e peçam ao seu pai para lhes ajudar no dever de casa, lendo-a para você, isso fará ele compreender, pensar e assim despertar para com o que está acontecendo e quem sabe a partir daí, ele também passará a ser mais um amigo e aliado da Mãe Natureza como nós já somos”. “Saibam que vocês são muito importantes para mudarmos a situação que hoje é critica (preocupante)”. “Saibam também que os técnicos do órgão florestal do Estado e das Prefeituras se encontram a disposição para ajudar a todos que quiserem fazer de sua propriedade rural um lugar melhor”.
  • 22. Um abraço com muito carinho a vocês amiguinhos. Agora preciso ir, pois tenho outras crianças para visitar Saibam que o futuro da região está em nossas mãos e que esse futuro dependerá principalmente do que todos nós fizermos a partir de agora. Um brilho diferente, talvez de esperança, se percebeu no olhar do "Seu Chico”, que agradecendo a professora e as crianças saiu da escola cantarolando uma canção que diz mais ou menos assim... – Hoje tive um sonho, e foi o mais bonito, que eu sonhei em toda minha vida... Sonhei que todo mundo vivia preocupado, tentando encontrar uma saída... Quando em minha porta alguém tocou... Entrou em uma vereda, e dizem, se transformou em água e a partir de então, em toda região corre a notícia de que um tal de “Seu Chico” já passou por ali, deixando muitos ensinamentos importantes e que também se tem notado nas pessoas da região uma grande mudança quanto à forma de agir e cuidar da Mãe Natureza. Este é o meu sonho, o qual desejo cada vez mais nosso, para assim o transformarmos em realidade. Esta é a mensagem de alguém que acredita ainda ser possível, antes que seja tarde. Autor: SILVIO DE CASTRO FONSECA – Especialista em Planejamento e Gestão Ambiental