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Importância da parceria família/escola no desenvolvimento e
aprendizagem das crianças.


      A família tem sido e é a influência mais poderosa no desenvolvimento da
personalidade e na formação da consciência na criança. Assim, podemos dizer
que elas precisam sentir que fazem parte de uma família.




                      [...] a importância da primeira educação é tão grande na formação da
                      pessoa que podemos compará-la ao alicerce da construção de uma
                      casa. Depois, ao longo de sua vida, virão novas experiências que
                      continuarão a construir casa/indivíduo, relativizando o poder da
                      família. (LACAN, 1980, apud BOCK , 1989, p. 143)




      Partimos da idéia de que a família é a base que qualquer pessoa de
modo especial na infância. Não fazemos aqui, somente referência à família
como laços de sangue, mas também as famílias constituídas por meio de laços
afetivos. É nela que a criança encontra um espaço natural para o seu
desenvolvimento. As crianças necessitam ser educadas e é na família que
encontra espaço para o cultivo e o desenvolvimento dos valores humanos.
      O papel da família modificou-se ao longo do tempo. Hoje se busca
definir o diálogo e a co-responsabilidade entre as pessoas que fazem parte da
família, como sendo o gerador da solidificação da responsabilidade um para
com o outro e também, do bom relacionamento familiar. A convivência
prazerosa é o grande segredo para o crescimento do respeito mútuo. Essas
situações comprovam que a educação familiar é a verdadeira árvore da
ciência, cujos frutos alimentam a criança tornando-a uma cidadã consciente de
seus direitos e deveres.
      Para processar e elaborar essas mudanças, é preciso considerar que
cada ser humano tem um ritmo próprio e lida ainda com a influência de
determinações socioeconômicas culturais, que têm contornos próprios em cada
contexto e o desconhecimento dessas condições leva a pressupor que a
família nuclearizou-se homogeneamente, muitas vezes rompendo vínculos com
sua geração de origem.
As famílias, educadoras/es, que levam a sério sua missão na arte de
educar, necessitam lembrar que a criança não é apenas criança, ela é um ser
humano, que necessita suprir as necessidades físicas, psíquicas e sociais; que
ela é dependente; precisa ser tratado sem humilhações e castigos, ser
orientada com critérios de verdade e justiça; que precisa de afeto, de elogios,
incentivos e sorrisos para a construção se seu caráter.
      Essa construção também acontece além da família e escola, há outros
ambientes sociais que se desenvolvem relações amorosas, como no trabalho,
em meio à luz e o calor humano, a serenidade, o entendimento, a obediência, a
solidariedade. A família e a escola possuem um valor insubstituível, pois elas
fazem parte do centro da vida das crianças na construção de sua consciência.
      Um dos papéis da escola necessita ser o de estabelecer parâmetros
para a criança crescer como ser humano, ser protagonista de sua própria
história, construir uma práxis sobre valores fundamentais, envolver a família no
ensino-aprendizagem, resgatar a dimensão ética do conhecimento. É, neste
sentido, que o acesso e permanência na escola constituem possibilidades reais
aquisição do saber.
      Outro papel da escola que percebemos é o de educar as crianças no
ensino aprendizagem de maneira contínua e permanente. Sentimos que as
crises da educação brasileira provem da falta de um bom relacionamento entre
a escola e a família. A presença do adulto dá para a criança segurança física e
emocional que a levam a explorar mais o ambiente, ou seja, aprender. A
interação humana envolve também a afetividade, a emoção como elemento
básico. E é através da interação com os indivíduos mais experientes do seu
meio social que a criança constrói suas funções mentais superiores.
      Algumas famílias estão desgastadas em seus laços afetivos, e o lar
passou de um centro gerador de vida e diálogo para uma agitação e
desencontros, quando não apenas um ambiente em que as pessoas se fazem
presentes somente enquanto dormem.
      É preciso ressaltar que essas mudanças não devem ser encaradas
como tendências negativas, muito menos como "doenças" ou sintomas de
"crise". A idéia de crise, atualmente em voga, pode ser enganosa. A aparente
desorganização da família é um dos aspectos da reestruturação que ela vem
sofrendo, a qual se, por um lado, pode causar problemas, pode, por outro,
apresentar soluções. A partir de Pereira (1995), também os papéis sociais
atribuídos diferenciadamente ao homem e à mulher tendem a desaparecer não
só no lar, mas também no trabalho, na rua, no lazer e em outras esferas da
atividade humana.
      E com a chegada da modernidade, a industrialização, as descobertas
cientificas e as tecnológicas provocaram grandes transformações sociais e a
elas associou-se um novo modelo de família como de espaço de amor
incondicionado, um refúgio do mundo da rua considerado estranho competitivo,
ameaçador, não dando conta de explicar a realidade como um todo tentando
superar esta falta criou-se então uma cultura emocional, sentimental baseada
na seperproteção.
      Cada     momento     histórico   corresponde     uma       estrutura   familiar
preponderante, ele não é único, ou seja, concomitante aos modelos
dominantes de cada época. Assim, não podemos falar de família, mas de
famílias, para que possamos tentar contemplar a diversidade de relações que
convivem em nossa sociedade. Outro aspecto a ser ressaltado, diz respeito ao
significado social da família, qual a sua razão de existência?
      Sabemos que as crianças possuem como referencial: pessoas, palavras,
gestos...; Os quais proporcionam a construção do caráter em sua identidade,
são vínculos estabelecidos com a sua família.
      Alguns desafios que precisam de um olhar especial em relação à
família/escola que ajudam na construção do caráter das crianças:
          o Manterem-se        informadas     sobre    o     ensino-aprendizagem
              adquiridos pelos filhos/as;
          o Colaborar com educadores/as para tornar mais coerente e eficaz
              a atuação escolar;
          o Mostrarem-se interessados pelas atividades realizadas pelos
              filhos/as na escola;
          o Valorizar a escola, os conhecimentos e habilidades que propicia
              para criar nos filhos/as hábitos de respeito e uma expectativa
              positiva em relação ao conhecimento adquirido e socializado;
          o Expressar em palavras e atitudes a confiança que têm em
              ralação a escola e em seus/suas educadores/as;
          o Procurar saber o que o filho/a realizou na escola e como foi seu
dia;
             o Zelar por uma relação de carinho e respeito com os/as
                educadores/as, pois a opinião da família influi sobre os/as
                filhos/as;


             o Observar os materiais escolares e auxiliar as crianças nas tarefas
                de casa;
             o Resolver problemas entre família e escola;
             o Reforçar sempre a auto-estima e autoconfiança dos/as filhos/as.
          É de fundamental importância a família ter tempo para as crianças, ser
exemplo de comportamentos (pontualidade, respeito, amor, gratuidade, entre-
ajuda, etc.) e oferecer espaços à liberdade de pensar e agir. Saber dizer "não",
introduzindo-os no mundo real, fazendo-as pensar no que foi negado para que
amadureçam com sabedoria. A educação não depende de si mesma, mas
principalmente do papel que a família desempenha dentro, fora e junto à
escola.
      “[...] a liberdade é limitada para as crianças pela fraqueza, a felicidade
das crianças e dos homens consiste no uso de sua liberdade [...]. Quem faz o
que quer é feliz quando basta a si mesmo: é o caso do homem que vive no
estado de natureza” (ROUSSEAU, 1995, p.77). Por isso, acredita que a criança
deva ser educada a partir de seus interesses naturais, mas sem cair em
espontaneísmos. A criança deve aprender a lidar com seus desejos e conhecer
seus limites. Através do excessivo otimismo em relação ao caráter da natureza
do ser humano ao nascer é que Rousseau (1995), faz severas críticas à
educação autoritária, onde o fim da educação para ele é a inserção social,
após a criança ter recebido uma educação individualizada.
      A família precisa ajudar a criança a descobrir-se como pessoa,
desenvolver suas potencialidades para que, no futuro, possa aplicar, de modo
que ela se perceba como um agente transformador, que transforma e é
transformado por esse meio. Na família é lugar de fazer a experiência de
conviver com as diferenças de idade, temperamento, relações interpessoais
marcadas pela colaboração, tolerância, serviço, aceitação, solidariedade,
limites e potencialidades. Este processo só poderá ocorrer por meio da família
primeiramente e da escola também.
Por estas razões, entende-se a necessidade de integração dos pais a
                     comunidade de investigação, estimulando atitudes criadoras e
                     críticas, dialogando com as crianças, levando-as a aprender, a expor
                     e resumir, respondendo sempre que houver questionamento,
                     despertando desejos de excelência pelas iniciativas e tomadas de
                     decisão. (SMOLKA, 1993, p.126).




      Para que haja uma investigação de mudanças qualitativas na área
educacional, a escola e família necessitam de um trabalho integrado que
possibilite a criança desenvolver um olhar crítico em relação ao saber em torno
da realidade em que vive.
      Uma barreira perceptível na construção do caráter das crianças, é que a
família vem passando por uma série de transformações e uma delas é com
relação aos espaços dedicados ao convívio comum. Esses espaços reduziram
e os quartos foram ampliados e mobiliados segundo as características de cada
família e de seus membros. Há falta de espaço comum para o encontro das
famílias, dentro do próprio lar os espaços foram se individualizando. Os quartos
passaram a ser pequenas residências, dentro da grande residência, com
televisão, computador e outros objetos além da cama e do roupeiro, onde é
passada a maior parte do tempo e com isso resta pouquíssimo tempo para o
convívio familiar. A sala de refeições e a cozinha, espaços que seriam para o
convívio familiar, para a troca de experiências e para a manifestação de
sentimentos e de partilha, ficam vazias.
      É no aconchego da família e da escola que a criança vai construindo sua
consciência/caráter, se socializando, se educando para enfrentar a realidade e
as dificuldades na sociedade, tornando-se uma pessoa consciente e crítica.
“Os bons pedagogos ensinam não apenas as letras, mas também os bons
costumes e as maneiras decentes”. (AIRÈS, 1978, p.25). Acreditamos que a
família e a escola, concomitantemente, vão influenciando nas atitudes de vida
das crianças. Elas buscam respeito como gente que pensa, age, ama e sofre.
A educação torna-se a ligação, da família e da escola, com a esperança de um
presente e futuro menos doloroso, modificando a cultura e os costumes da
sociedade com maior percepção de seus direitos e a liberdade como cidadãs.
Receber amor e afeto é uma das mais importantes necessidades no
desenvolvimento da personalidade da criança. O amor da família dos/as
educadoras/es é pro excelência um sentimento de proteção par as/os
educandos/as, porém necessita ser usado na dosagem certa, equilibrada.

      Na família e na escola, onde existe o amor que dialoga, o amor que
abraça, que perdoa, que ouve com os ouvidos do coração, que auxilia as
crianças a aprender valorizar e a ter projetos de vida, lutar e procurar manter
acesa a chama do amor em todos os seus atos e atitudes é possível construir
uma consciência crítica, capaz de enfrentar as dificuldades e ir a busca de um
mundo onde prevaleça a justiça.

Vivian Pagnussato Zanoni

BIBLIOGRAFIA

AIRÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro:
Zahar Editores, 1978.

BOCK, Ana Mercês Bahia et al. Psicologias uma introdução ao estudo de
psicologia. São Paulo: Saraiva, 1989.


PEREIRA, P. A. Desafios Contemporâneos para a Sociedade e a Família. In
Revista Serviço Social e Sociedade. Nº 48, Ano XVI. São Paulo, Cortez, 1995.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou Da educação. São Paulo: Martins
Fontes, 1995.



SMOLKA, Ana Luiza B. E´GÓES, Maria Cecília R. de. A linguagem e o outro
no espaço escolar: Vygotsky e a construção do conhecimento. Coleção
Magistério, formação e trabalho pedagógico. 2ed. Campinas:us, 1993.

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Importância da parceria família/escola no desenvolvimento e aprendizagem das crianças

  • 1. Importância da parceria família/escola no desenvolvimento e aprendizagem das crianças. A família tem sido e é a influência mais poderosa no desenvolvimento da personalidade e na formação da consciência na criança. Assim, podemos dizer que elas precisam sentir que fazem parte de uma família. [...] a importância da primeira educação é tão grande na formação da pessoa que podemos compará-la ao alicerce da construção de uma casa. Depois, ao longo de sua vida, virão novas experiências que continuarão a construir casa/indivíduo, relativizando o poder da família. (LACAN, 1980, apud BOCK , 1989, p. 143) Partimos da idéia de que a família é a base que qualquer pessoa de modo especial na infância. Não fazemos aqui, somente referência à família como laços de sangue, mas também as famílias constituídas por meio de laços afetivos. É nela que a criança encontra um espaço natural para o seu desenvolvimento. As crianças necessitam ser educadas e é na família que encontra espaço para o cultivo e o desenvolvimento dos valores humanos. O papel da família modificou-se ao longo do tempo. Hoje se busca definir o diálogo e a co-responsabilidade entre as pessoas que fazem parte da família, como sendo o gerador da solidificação da responsabilidade um para com o outro e também, do bom relacionamento familiar. A convivência prazerosa é o grande segredo para o crescimento do respeito mútuo. Essas situações comprovam que a educação familiar é a verdadeira árvore da ciência, cujos frutos alimentam a criança tornando-a uma cidadã consciente de seus direitos e deveres. Para processar e elaborar essas mudanças, é preciso considerar que cada ser humano tem um ritmo próprio e lida ainda com a influência de determinações socioeconômicas culturais, que têm contornos próprios em cada contexto e o desconhecimento dessas condições leva a pressupor que a família nuclearizou-se homogeneamente, muitas vezes rompendo vínculos com sua geração de origem.
  • 2. As famílias, educadoras/es, que levam a sério sua missão na arte de educar, necessitam lembrar que a criança não é apenas criança, ela é um ser humano, que necessita suprir as necessidades físicas, psíquicas e sociais; que ela é dependente; precisa ser tratado sem humilhações e castigos, ser orientada com critérios de verdade e justiça; que precisa de afeto, de elogios, incentivos e sorrisos para a construção se seu caráter. Essa construção também acontece além da família e escola, há outros ambientes sociais que se desenvolvem relações amorosas, como no trabalho, em meio à luz e o calor humano, a serenidade, o entendimento, a obediência, a solidariedade. A família e a escola possuem um valor insubstituível, pois elas fazem parte do centro da vida das crianças na construção de sua consciência. Um dos papéis da escola necessita ser o de estabelecer parâmetros para a criança crescer como ser humano, ser protagonista de sua própria história, construir uma práxis sobre valores fundamentais, envolver a família no ensino-aprendizagem, resgatar a dimensão ética do conhecimento. É, neste sentido, que o acesso e permanência na escola constituem possibilidades reais aquisição do saber. Outro papel da escola que percebemos é o de educar as crianças no ensino aprendizagem de maneira contínua e permanente. Sentimos que as crises da educação brasileira provem da falta de um bom relacionamento entre a escola e a família. A presença do adulto dá para a criança segurança física e emocional que a levam a explorar mais o ambiente, ou seja, aprender. A interação humana envolve também a afetividade, a emoção como elemento básico. E é através da interação com os indivíduos mais experientes do seu meio social que a criança constrói suas funções mentais superiores. Algumas famílias estão desgastadas em seus laços afetivos, e o lar passou de um centro gerador de vida e diálogo para uma agitação e desencontros, quando não apenas um ambiente em que as pessoas se fazem presentes somente enquanto dormem. É preciso ressaltar que essas mudanças não devem ser encaradas como tendências negativas, muito menos como "doenças" ou sintomas de "crise". A idéia de crise, atualmente em voga, pode ser enganosa. A aparente desorganização da família é um dos aspectos da reestruturação que ela vem sofrendo, a qual se, por um lado, pode causar problemas, pode, por outro,
  • 3. apresentar soluções. A partir de Pereira (1995), também os papéis sociais atribuídos diferenciadamente ao homem e à mulher tendem a desaparecer não só no lar, mas também no trabalho, na rua, no lazer e em outras esferas da atividade humana. E com a chegada da modernidade, a industrialização, as descobertas cientificas e as tecnológicas provocaram grandes transformações sociais e a elas associou-se um novo modelo de família como de espaço de amor incondicionado, um refúgio do mundo da rua considerado estranho competitivo, ameaçador, não dando conta de explicar a realidade como um todo tentando superar esta falta criou-se então uma cultura emocional, sentimental baseada na seperproteção. Cada momento histórico corresponde uma estrutura familiar preponderante, ele não é único, ou seja, concomitante aos modelos dominantes de cada época. Assim, não podemos falar de família, mas de famílias, para que possamos tentar contemplar a diversidade de relações que convivem em nossa sociedade. Outro aspecto a ser ressaltado, diz respeito ao significado social da família, qual a sua razão de existência? Sabemos que as crianças possuem como referencial: pessoas, palavras, gestos...; Os quais proporcionam a construção do caráter em sua identidade, são vínculos estabelecidos com a sua família. Alguns desafios que precisam de um olhar especial em relação à família/escola que ajudam na construção do caráter das crianças: o Manterem-se informadas sobre o ensino-aprendizagem adquiridos pelos filhos/as; o Colaborar com educadores/as para tornar mais coerente e eficaz a atuação escolar; o Mostrarem-se interessados pelas atividades realizadas pelos filhos/as na escola; o Valorizar a escola, os conhecimentos e habilidades que propicia para criar nos filhos/as hábitos de respeito e uma expectativa positiva em relação ao conhecimento adquirido e socializado; o Expressar em palavras e atitudes a confiança que têm em ralação a escola e em seus/suas educadores/as; o Procurar saber o que o filho/a realizou na escola e como foi seu
  • 4. dia; o Zelar por uma relação de carinho e respeito com os/as educadores/as, pois a opinião da família influi sobre os/as filhos/as; o Observar os materiais escolares e auxiliar as crianças nas tarefas de casa; o Resolver problemas entre família e escola; o Reforçar sempre a auto-estima e autoconfiança dos/as filhos/as. É de fundamental importância a família ter tempo para as crianças, ser exemplo de comportamentos (pontualidade, respeito, amor, gratuidade, entre- ajuda, etc.) e oferecer espaços à liberdade de pensar e agir. Saber dizer "não", introduzindo-os no mundo real, fazendo-as pensar no que foi negado para que amadureçam com sabedoria. A educação não depende de si mesma, mas principalmente do papel que a família desempenha dentro, fora e junto à escola. “[...] a liberdade é limitada para as crianças pela fraqueza, a felicidade das crianças e dos homens consiste no uso de sua liberdade [...]. Quem faz o que quer é feliz quando basta a si mesmo: é o caso do homem que vive no estado de natureza” (ROUSSEAU, 1995, p.77). Por isso, acredita que a criança deva ser educada a partir de seus interesses naturais, mas sem cair em espontaneísmos. A criança deve aprender a lidar com seus desejos e conhecer seus limites. Através do excessivo otimismo em relação ao caráter da natureza do ser humano ao nascer é que Rousseau (1995), faz severas críticas à educação autoritária, onde o fim da educação para ele é a inserção social, após a criança ter recebido uma educação individualizada. A família precisa ajudar a criança a descobrir-se como pessoa, desenvolver suas potencialidades para que, no futuro, possa aplicar, de modo que ela se perceba como um agente transformador, que transforma e é transformado por esse meio. Na família é lugar de fazer a experiência de conviver com as diferenças de idade, temperamento, relações interpessoais marcadas pela colaboração, tolerância, serviço, aceitação, solidariedade, limites e potencialidades. Este processo só poderá ocorrer por meio da família primeiramente e da escola também.
  • 5. Por estas razões, entende-se a necessidade de integração dos pais a comunidade de investigação, estimulando atitudes criadoras e críticas, dialogando com as crianças, levando-as a aprender, a expor e resumir, respondendo sempre que houver questionamento, despertando desejos de excelência pelas iniciativas e tomadas de decisão. (SMOLKA, 1993, p.126). Para que haja uma investigação de mudanças qualitativas na área educacional, a escola e família necessitam de um trabalho integrado que possibilite a criança desenvolver um olhar crítico em relação ao saber em torno da realidade em que vive. Uma barreira perceptível na construção do caráter das crianças, é que a família vem passando por uma série de transformações e uma delas é com relação aos espaços dedicados ao convívio comum. Esses espaços reduziram e os quartos foram ampliados e mobiliados segundo as características de cada família e de seus membros. Há falta de espaço comum para o encontro das famílias, dentro do próprio lar os espaços foram se individualizando. Os quartos passaram a ser pequenas residências, dentro da grande residência, com televisão, computador e outros objetos além da cama e do roupeiro, onde é passada a maior parte do tempo e com isso resta pouquíssimo tempo para o convívio familiar. A sala de refeições e a cozinha, espaços que seriam para o convívio familiar, para a troca de experiências e para a manifestação de sentimentos e de partilha, ficam vazias. É no aconchego da família e da escola que a criança vai construindo sua consciência/caráter, se socializando, se educando para enfrentar a realidade e as dificuldades na sociedade, tornando-se uma pessoa consciente e crítica. “Os bons pedagogos ensinam não apenas as letras, mas também os bons costumes e as maneiras decentes”. (AIRÈS, 1978, p.25). Acreditamos que a família e a escola, concomitantemente, vão influenciando nas atitudes de vida das crianças. Elas buscam respeito como gente que pensa, age, ama e sofre. A educação torna-se a ligação, da família e da escola, com a esperança de um presente e futuro menos doloroso, modificando a cultura e os costumes da sociedade com maior percepção de seus direitos e a liberdade como cidadãs.
  • 6. Receber amor e afeto é uma das mais importantes necessidades no desenvolvimento da personalidade da criança. O amor da família dos/as educadoras/es é pro excelência um sentimento de proteção par as/os educandos/as, porém necessita ser usado na dosagem certa, equilibrada. Na família e na escola, onde existe o amor que dialoga, o amor que abraça, que perdoa, que ouve com os ouvidos do coração, que auxilia as crianças a aprender valorizar e a ter projetos de vida, lutar e procurar manter acesa a chama do amor em todos os seus atos e atitudes é possível construir uma consciência crítica, capaz de enfrentar as dificuldades e ir a busca de um mundo onde prevaleça a justiça. Vivian Pagnussato Zanoni BIBLIOGRAFIA AIRÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978. BOCK, Ana Mercês Bahia et al. Psicologias uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 1989. PEREIRA, P. A. Desafios Contemporâneos para a Sociedade e a Família. In Revista Serviço Social e Sociedade. Nº 48, Ano XVI. São Paulo, Cortez, 1995. ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou Da educação. São Paulo: Martins Fontes, 1995. SMOLKA, Ana Luiza B. E´GÓES, Maria Cecília R. de. A linguagem e o outro no espaço escolar: Vygotsky e a construção do conhecimento. Coleção Magistério, formação e trabalho pedagógico. 2ed. Campinas:us, 1993.