Power Point do seminário apresentado na disciplina "A informação eletrônica em questão: os pensadores do ciberespaço" do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação – ECA-USP.
1. Mediação ou mediatização?
Antonia Alves
Carlos Eduardo
Giseli Aguiar
Rosária Nakashima
14/09/2010
A informação eletrônica em questão: os pensadores do ciberespaço
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação – ECA-USP
Profª. Drª. Elizabeth Saad Corrêa
2. Esboço apresentação
Contextualização
• Teoria da agulha hipodérmica
• Teorias das mediações (Barbero)/Estudos culturais (Hall)
Barbero
• Teoria das mediações
• Tese Quadros
• Santaella
• Sodré
Krotz
• Conceito geral de meditização
Leopoldina Fortunati
• Mediatização e internetização
Simon Cottle
• Rituais mediatizados
3. Contextualização
• Wolf (2008): modelo da “agulha hipodérmica”: aquele na
qual a mensagem tem objetivo e alvo certo e provoca o
efeito desejado, como uma injeção na veia
• Conexão direta entre a exposição às menagens e o
comportamento: se uma pessoa é atingida pela
propaganda, pode ser controlada, manipulada, induzida a
agir
• O indivíduo era considerado uma "tábua rasa" na teoria
funcionalista e "manipulados" na Teoria Crítica, diante disso
surgem os estudos culturais/teoria das mediações dizendo
que não é bem assim, pois o "indivíduo tem poder de
decisão..."/não são passivos...
4. Teoria das mediações/Estudos
culturais
• Visão mais ampla e mediada para o
entendimento do papel dos meios de
comunicação
• Conteúdo veiculado é polissêmico
• Discurso dos meios de comunicação
é construído a partir de interações
entre emissores e receptores
5. Mediação
sf (lat mediatione) 1 Ato ou efeito de mediar. 2 Intercessão. 3Astr
Instante de culminação de um astro. 4 A divisão de cada versículo de
um salmo em duas partes, que é marcada com inflexão da voz,
quando o ofício é cantado. 5 Dir Contrato especial pelo qual uma
pessoa, mediante remuneração, se incumbe de empregar o seu
trabalho ou diligência para obter que duas ou mais pessoas,
interessadas num determinado negócio, se aproximem com o fim de o
realizar. 6 DirInterferência de uma ou mais potências, junto de outras
dissidentes, com o objetivo de dirimir pacificamente a questão
ocorrente, propondo, encaminhando, regularizando ou concluindo
quaisquer negociações nesse sentido.
6. (QUADROS, Paulo da Silva. Epistemologia da leitura: um campo interpretativo de inserção dos meios
digitais no contexto escolar. 2009. 468 f. Tese (Doutorado em Educação - Faculdade de Educação,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. p. 178)
7. Mediação
• Pano de fundo onde as manifestações comunicacionais
orquestram tramas culturais
• Conceito não tem contornos muito claros e compreende
toda a gama de relações e intersecções entre cultura,
política e fenômeno comunicacional
• Mediações se referem às apropriações, recodificações e
resignificações particulares aos receptores
• Produção, recepção, meio e mensagem só podem ser
pensados como um processo contínuo -- as mediações --
posição de onde é possível compreender o intercâmbio
entre produção e recepção
8. Martín-Barbero
• Deixar de responder apenas “o que os meios fazem com as
pessoas?” e passar a questionar “o que as pessoas fazem
com os meios?”
• Relações entre comunicação e cultura são multifacetadas
• Superação de esquemas mentais que reproduzem relações
causa-efeito, linearidade ou oposições excludentes
• Consideração de diferentes dimensões e níveis – histórico,
cultural, social, estético e subjetivo – que, interligados,
constituem o processo de comunicação social
9. Revista Matrizes
"Talvez agora, mais claramente do que antes – porque as
questões epistemológicas do campo da comunicação
passaram a ganhar legitimidade na América Latina –, continua
na pauta de debates a questão do objeto da comunicação:
meios ou mediações? Mediatização ou mediação? Ou seja, a
questão da comunicação é uma questão de meios ou de
mediações? Faço essa pergunta para que responda
precisamente este ponto: será preciso fazer um outro livro
agora, intitulado Das mediações aos meios?"
10. Martín-Barbero
• A mudança foi reconhecer que a comunicação estava
mediando todos os lados e as formas da vida cultural e
social dos povos
• Rádio é cada vez menos somente rádio; o rádio hoje
oferece programas que são blogs, no qual alguém fala,
outras pessoas falam
• Os gêneros estão sendo reinventados à luz da interface da
televisão com a internet
• Estamos ante formas mestiças que começam a ser
produzidas, formas incoerentes porque rompem a norma
atuando transversalmente em todos os meios
• É a contaminação entre sonoridades, textualidades,
visualidades, as matérias-primas dos gêneros
11. Mídia-educação, leitura crítica dos
meios, educomunicação, educação
para a mídia e media literacy
• Termos usados para caracterizar uma área interdisciplinar
do conhecimento que se preocupa em desenvolver formas
de ensinar e aprender aspectos relevantes da inserção dos
meios de comunicação na sociedade
• Lliteracia em mídia: ações pedagógicas -> compreensão
crítica e a participação ativa
12. Conceito de Mediação
Mauro Wilton de Sousa (Diretor da ECA): como o esforço de
identificar e captar as múltiplas ações, situações, tecnologias e
circunstâncias que se colocam como categorias estruturantes
do modo de ser e de viver das pessoas num tempo e espaço
dados, ou seja, os sentidos sociais estruturantes da vida num
contexto dado.
Mediação: tudo aquilo que interfere na forma como
percebemos
e entendemos o mundo.
( SOUSA, Mauro Wilton de.O lugar social da comunicação mediática. In Caminhos da
Educomunicação, 2.ed, Editora Salesiana, São Paulo, 2003, p.21-34)
13. Conceito de Mediação
Segundo Marcondes Filho (1997, p. 266), “toda a relação do
homem com seu mundo se dá por mediação, ocorra ela no
plano abstrato-intelectivo ou material concreto dos
instrumentos criados”, sendo que a técnica, neste contexto,
passa a ser vista como “veículo, através do qual o homem se
vincula ao mundo, apropriando-o ou manipulando-o”.
(MARCONDES FILHO, Ciro. Superciber. A civilização místico-
tecnológica do século 21. São Paulo: NTC-ECA/USP, 1997.)
14. Professor mediador
"(...) dizer que o professor é um mediador pedagógico não
serve para acrescentar muito significado à mudança de
postura do seu comportamento em sala de aula. (...) dizer que
o professor é um criador de condições e contextos mediativos
capazes de revelar as mediações desencadeadas no cerne da
produção de determinados conhecimentos, revela um contexto
de ações, procedimentos e atitudes que humanizam o papel do
professor, o papel da escola, dos alunos e dos conhecimentos
culturais não sistematizados pela educação escolar."
(QUADROS, Paulo da Silva. Epistemologia da leitura: um campo interpretativo
de inserção dos meios digitais no contexto escolar. 2009. 468 f. Tese (Doutorado
em Educação - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo,
2009. p. 191)
15. Mediação, interação, mediatização
SANTAELLA relendo Sodré diz que conseguiu definir melhor que Barbero o
conceito de mediação, mas reconhece que sua compreensão vai além do caráter
instrumental.
• Diz que Sodré fez boa conceituação de:
mediação/mediações simbólicas (linguagens),
interação (a forma operativa do processo mediador),
mediatização (“é uma ordem de mediações socialmente realizadas”, uma
tecnomediações - um tipo de interação).
• P/ a autora a sociedade midiatizada está relacionada à exacerbação
midiática, pois “quando comparada às formas interativas, presentes nas
mediações tradicionais, a mediatização redunda numa mediação social
exacerbada com espaço próprio e relativamente autônomo”.
(SANTAELLA, Lúcia. As linguagens como antídotos ao midiacentrismo. In: Revista
Matrizes - Revista do Programa de PósSão Paulo-Graduação em Ciências da
Comunicação da Universidade de São Paulo, São Paulo, ano 1, n. 1, pp 75-97, 2007)
16. Bios midiático (Sodré)
Cria o conceito de "bios midiático" somando aos três da pólis:
• vida contemplativa,
• vida prazerosa e
• vida política
A sociedade midiatizada é um novo tipo de sociedade diferente
• da sociedade do discurso (Foucault)
• da sociedade de controle (Deleuze)
• ou mesmo tensionada por campos (Bourdieu)...
O bios midiático “é a configuração comunicativa da virtualização
generalizada da existência capaz de afetar as percepções e as
representações correntes da vida social, inclusive neutralizar as
tensões do vínculo comunitário”.
(SODRÉ, Muniz. Sobre a episteme comunicacional. In: Revista Matrizes -
Revista do Programa de PósSão Paulo-Graduação em Ciências da Comunicação
da Universidade de São Paulo, São Paulo, ano 1, n. 1, pp 15-26, 2007.)
17. Bios midiático (Sodré)
• Midiatização é uma ordem de mediações socialmente
realizadas, caracterizadas por uma espécie de prótese
tecnológica e mercadológica da realidade sensível,
denominada medium.
• O bios midiático implica uma nova tecnologia perceptiva e
mental, um novo tipo de relacionamento do indivíduo com
as referências concretas e com a verdade.
• A questão inicial é a de se saber qual é a influência ou
poder que essa articulação exerce sobre a construção da
realidade social, na moldagem de percepções, afetos,
significações, costumes e produção de efeitos políticos.
18. Sociedade mediatizada (Krotz)
• Sociedade mediatizada é influenciada por questões
de globalização, individualização, mediatização,
economia/comercialização.
• Krotz a vê como metaprocessos que influenciam a
democracia, sociedade, cultura, política e outras condições
de vida ao longo do tempo.
• Metaprocesso é compreendido como construções que
descrevem e explicam teoricamente específicas dimensões
econômicas, sociais e culturais e suas mudanças reais, em
uma perspectiva crítica.
• As relações sociais, de identidade, institucionais,
organizacionais, culturais e da sociedade como um todo
estão mudando.
20. Mediatização da internet e
internetização da mídia de massa
- Internet como uma mídia de massa / A mídia de massa
sucumbindo as influências da internet.
- Midiatização da internet (tanto a fixa como a móvel)
Fortunati se concentra na invasão da internet pelos jornais e
no processo de difusão/disseminação de notícias pela rede.
- Internetização das mídias de massa
Fortunati aborda algumas influências da internet no estilo
jornalistico, mas seu foco recaí na televisão (Ex. RaiNews24 e
MediaMente).
22. Rituais midiatizados (Cottle)
• Espetáculos midiáticos x fabricação de fatos?
• Ritos x rituais?
• O que são e o que representavam os rituais para a
sociedade e o que mudou com as mídias de massa?
Ritual: adj m+f (lat rituale) 1 Pertencente ou relativo aos ritos.
2 Que contém os ritos. sm 1 Livro que contém os ritos, ou a
forma das cerimônias de uma religião. 2 Cerimonial. 3
Conjunto das regras a observar; etiqueta, praxe, protocolo.
Rito - s.m. Conjunto de regras e de cerimônias que se
praticam numa religião: o rito da Igreja romana. / Culto, seita.
23. Rituais midiatizados (Cottle)
• Habermas que evidencia a sociedade do ritual e do
espetáculo de maneira racional - mas deixa de ver o
papel das emoções, símbolos e sentimentos dentro
deste contexto da comunicação.
• Lembra que Benjamim mostra que o ritual tem servido
para reforçar o poder dos cultos.
• Para entender a potencialidade do rito, busca em
Durkheim sua definição que afirma que os ritos servem
para revitalizar os sentimentos coletivos e um senso de
propósito mais elevados.
24. Rituais midiatizados (Cottle)
• Rituais midiatizados = uma forma que a mídia tem de
efetivar comemorações compartilhadas, um processo de
fabricação do consentimento.
A partir de Durkheim, define:
• os rituais mediatizados como aqueles fenômenos
excepcionais e performativa dos meios que servem para
sustentar ou mobilizar os sentimentos e a solidariedade
coletiva em função da simbolização e uma orientação do
subjetivo do que deveria ou deveria ser.
25. Rituais midiatizados (Cottle)
Seis abordagens teóricas x abordagem de rituais midiatizados:
• pânicos morais (mobilização dos medos e ansiedade
coletiva x ordem social);
• eventos comemorativos (eventos de mídia, preocupação
com celebração oficiais/governo);
• conflitos eventos de mídia (hegemonia cultural/gramsci,
espetáculo midiático do que aconteceu);
• catástrofes (ao vivo, comemoração memorável da tragédia
humana);
• escândalos de mídia (invocam os limites coletivos, limites
morais, etc.);
• crise pública (tendem a aumentar a distância entre o fato e
o subjetivo, poder de mudança social).
26. Rituais midiatizados (Cottle)
Cottle acredita que o estudo dos rituais mediatizados
estimula uma visão mais complexa da interação
entre elites e não-elites
e reconhece que há muitos
papéis realizados pela mídia no âmbito midiático como:
• instigador,
• maestro,
• narrador,
• mediador,
• advogado,
• militante e
• campeão, dentre outros.
27. Sugestões: leituras complementares
CONTRERA, Malena Segura. Ontem, hoje e amanhã: sobre os rituais midiáticos.
Revista F@ro, Valparaíso, Chile, v. 1, n. 2. Disponível em:
<http://web.upla.cl/revistafaro/n2/02_segura.htm>. Acesso em: 11 set. 2010.
JESÚS MARTÍN-BARBERO. Roda Viva. São Paulo: TV Cultura, 03 de fevereiro de
2003. Programa de TV. Disponível em:
<http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/62/entrevistados/jesus_martinbarbero_2003.htm>.
Acesso em: 05 set. 2010.
MARCONDES FILHO, Ciro. Martín-Barbero, Canclini, Orozco. Os impasses de uma
teoria da comunicação latino-americana. Revista FAMECOS: mídia, cultura e
tecnologia, São Paulo, v. 1, n. 35, p. 69-95, abr. 2008. Disponível em:
<http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/famecos/article/view/5368/4887>. Acesso
em: 06 set. 2010.