1. AS RAÍZES HISTÓRICO - SOCIAIS DO
DESENVOLVIMENTO HUMANO E A QUESTÃO
DA MEDIAÇÃO SIMBÓLICA.
Mediação caracteriza a relação do homem com o mundo
e com os outros homens. É através desse processo que
as funções psicológicas superiores, especificamente
humanas se desenvolvem.
Dois elementos básicos responsáveis pela
mediação:
Instrumento - que tem a função de regular as ações
sobre os objetos
Signo – que revela as ações sobre o psiquismo das
pessoas (objeto, figura, forma, fenômeno, gesto ou som –
representa algo diferente de si mesmo) Ex: no código de
trânsito a cor vermelha significa parar...
Vygotsky, profundamente influenciado pelos postulados
marxistas, afirma que a origem das atividades
psicológicas devem ser procuradas nas relações sociais
do indivíduo com o meio externo.
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2. De acordo com Marx, o desenvolvimento
de habilidades e funções específicas do
homem, assim como a origem da sociedade
humana são resultados do surgimento do
trabalho.
É através do trabalho que o homem, ao mesmo
tempo que transforma a natureza (com o objetivo de
satisfazer suas necessidades) se transforma.
Isto quer dizer que as relações dos homens entre si
são mediadas pelo trabalho.
Para compreender as formas especificamente
humanas é necessário descobrir a relação entre a
dimensão biológica - os processos naturais maturação física e os mecanismos sensoriais - e a
cultural - mecanismos gerais através do qual a
sociedade e a história moldam a estrutura humana.
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3. Mediação
Entende que o ser humano não é um produto de seu
contexto social, mas também um agente ativo da
criação desse contexto.
Os instrumentos (mediadores) são elaborados para a
realização da atividade humana.
O homem produz seus instrumentos para realização
de tarefas específicas, são capazes de conservá-los
para uso posterior, de preservar e transmitir sua
função aos membros de seu grupo, de aperfeiçoar
antigos instrumentos e de criar novos.
Signos – Instrumentos psicológicos – têm a função de
auxiliar o homem nas suas atividades psíquicas.
Com o auxílio dos signos, o homem pode controlar
voluntariamente sua atividade psicológica e ampliar
sua capacidade de atenção, memória e acúmulo de
informações como, exemplo, pode se anotar uma
entrevista na agenda para não esquecer, consultar
um atlas para localizar um país.
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4. A questão da linguagem –
A linguagem é entendida como um sistema
simbólico fundamental em todos os grupos
humanos, elaborado no curso da história
social, que organiza os signos em estruturas
complexas e desempenha um papel
imprescindível na formação das
características psicológicas humanas.
Linguagem – designa os objetos do mundo
externo ( Ex.faca designa um utensílio usado
na alimentação...), ações (como cortar,
ferver, andar), qualidades do objeto (afiado,
áspero) e as se referem às relações entre
objetos ( tais como abaixo, acima, próximo).
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5. O surgimento da linguagem imprime
três mudanças essenciais:
1ª A linguagem permite lidar com os objetos do
mundo exterior mesmo quando eles estão
ausentes.
2ª Processo de abstração e generalização – é
possível analisar, abstrair e generalizar as
características dos objetos, eventos e situações
presentes na realidade. A linguagem não só
designa os elementos presentes na realidade mas
também fornece conceitos e modos de ordenar o
real em categorias conceituais.
3ª Função de comunicação entre os homens garante como conseqüência, a preservação,
transmissão e assimilação de informações e
experiências acumuladas pela humanidade ao
longo da história.
A linguagem é um sistema de signos que
possibilita o intercâmbio social entre indivíduos
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que compartilhem desse sistema de
6. Os sistemas simbólicos
Os sistemas simbólicos (entendidos como
sistemas de representação da realidade),
especialmente a linguagem, funcionam
como elementos mediadores que permitem
a comunicação entre indivíduos, o
estabelecimento de significados
compartilhados por determinado grupo
cultural, a percepção e interpretação dos
objetos, eventos e situações do mundo
circundante.
Os processos de funcionamento mental do
homem são fornecidos pela cultura, através
da mediação simbólica.
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7. Criança
A criança incorpora ativamente as formas de
comportamento já consolidadas na
experiência humana, à partir de sua inserção
num dado contexto cultural, de sua interação
com membros de seu grupo e de sua
participação em práticas historicamente
construídas.
É importante assinalar que a cultura não é um
sistema estático ao qual o indivíduo se
submete, mas como uma espécie de “palco de
negociações”, em que seus membros estão
num constante movimento de recriação e
reinterpretação de informações, conceitos e
significados.
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8. Desenvolvimento infantil
Vygotsky atribui enorme importância ao papel da
interação social no desenvolvimento do ser humano.
Ele critica a idéia que a “mente da criança contém
todos os estágios do futuro desenvolvimento
intelectual: eles existem já na sua forma completa,
esperando o momento adequado para emergir”.
A maturação biológica é um fator secundário no
desenvolvimento das formas complexas do
comportamento humano, pois essas dependem da
interação da criança com a cultura.
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9. Desenvolvimento infantil
A estrutura fisiológica humana, aquilo que é
inato, não é suficiente para produzir o
indivíduo humano, na ausência do ambiente
social.
As características individuais (modo de agir,
de pensar, de sentir, valores,
conhecimentos, visão de mundo...)
dependem da interação do ser humano com
o meio físico e social.
O indivíduo para se humanizar precisa
crescer num ambiente social e interagir com
outras pessoas.Quando isolado, privado do
contato com outros seres, entregue apenas
a suas próprias condições e a favor dos
recursos da natureza, o homem é indefeso e
despreparado para lidar com os desafios de
seu meio.
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10. DESEMVOLVIMENTO INFANTIL
No processo de constituição humana é
possível distinguir duas linhas
qualitativamente diferentes de
desenvolvimento, diferindo quanto a
origem: de um lado, os processos
elementares, que são de origem
biológica; de outro, as funções
psicológicas superiores de origem
sócio-cultural.A história do
comportamento da criança nasce do
entrelaçamento dessas duas linhas.
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11. Concepções do desenvolvimento:
Quatro entradas de desenvolvimento abordagem genética:
Genética – procura compreender a gênese, isto é, a origem e o
desenvolvimento dos processos psicológicos.
Filogênese – desenvolvimento da espécie humana ex: coisas que
somos capazes de fazer. Pegar em pinça, andamos, mas não voamos.
Ontogênese - história de ser, desenvolvimento do ser, do indivíduo.. O
sujeito nasce, cresce, reproduz, morre. O plano ontogenético do ser: a
criança quando pequena fica deitada, depois sentada, depois em pé... a
seqüência de seu desenvolvimento.
Sociogênese – história dos grupos sociais. Terceiro plano genético,
história da cultura, onde o sujeito está inserido.Ex: Puberdade – há
mudanças biológicas, que são compreendidas de forma diferente em
cada cultura.
3ª idade – categoria criada nos últimos tempos, claramente social.
Microgênese – desenvolvimento de aspectos específicos do repertório
psicológico dos sujeitos.Diz respeito ao fato de que cada fenômeno
psicológico tem uma história.Ex: saber algo e não saber algo como
amarrar o sapato, antes o sujeito não sabia como fazê-lo, depois ele
aprende (algo aconteceu). A história de como aprendeu a amarrar o
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sapato é a microgênese.
12. Signos
Signos construídos socialmente:
Língua – representação simbólica
▼
Fala , discurso
A fala, entendida como instrumento ou signo,
tem um papel fundamental de organizadora
da atividade prática e das funções
psicológicas humanas.
Segundo Vygotsky, a verdadeira essência do
comportamento humano complexo se dá a
partir da unidade dialética da atividade
simbólica – a fala – e a atividade prática.
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13. Na perspectiva vygotskiana
O desenvolvimento das funções intelectuais
especificamente humanas é mediado socialmente
pelos signos e pelo outro.
Ao internalizar as experiências fornecidas pela
cultura, a criança reconstrói individualmente os
modos de ação realizados externamente e aprende
a organizar os próprios processos mentais. O
indivíduo deixa , portanto, de se basear em signos
externos e começa a se apoiar em recursos
internalizados, tais como: imagens, representações
mentais, conceitos...
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14. Relação entre pensamento e linguagem - 1
Função básica da linguagem :
Comunicação – intercâmbio social estabelecimento de contato com outras
pessoas. Ex: resolução de problema,como
pegar o brigadeiro em cima do armário, a
criança faz apelos verbais ao adulto. Neste
estágio a fala é global, não é utilizada
como instrumento do pensamento, não
servem como planejamento de seqüências
de atividades.
Aos poucos, a fala socializada, que antes
era dirigida ao adulto para resolver um
problema, é internalizada, ou seja, a criança
passa a apelar a si mesma para a solucionar
uma questão: é o chamado discurso
interior.
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15. Relação entre pensamento e
-2
linguagem
Função planejadora – a criança estabelece um
diálogo com ela mesma, sem vocalização, com
vistas a encontrar uma forma de solucionar um
problema. Ex: fala para ela mesma - preciso
arrumar um jeito de pegar o brigadeiro...posso
usar aquele banquinho ...
A fala passa a preceder a ação e funcionar
como auxílio de um plano já concebido, mas não
executado.
Nesse momento a criança passa a poder prever,
comparar, deduzir... A criança consegue ir além
das impressões imediatas, planejar uma ação
futura.
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16. Bibliografia:
REGO, Teresa C. Vygotsky: uma
perspectiva histórico-cultural da
educação.Petrópolis, RJ: Vozes,1995.
VIGOTSKI, L. S. A formação social da
mente. São Paulo: Martins Fontes,
2000.
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17. Vygotsky
Profundamente influenciado pelos postulados
marxistas, afirma que a origem das atividades
psicológicas devem ser procuradas nas relações
sociais do indivíduo com o meio externo.
Entende que o ser humano não é um produto de
seu contexto social, mas também um agente ativo
da criação desse contexto.
Para compreender as formas especificamente
humanas é necessário descobrir a relação entre a
dimensão biológica - os processos naturais maturação física e os mecanismos sensoriais - e
a cultural - mecanismos gerais através do qual a
sociedade e a história moldam a estrutura
humana.
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18. PIAGET X VYGOTSKY
Piaget não aceita em suas provas
"ajudas externas", por considerá-las
inviáveis para detectar e possibilitar a
evolução mental do sujeito.
Vygotsky não só as aceita, como as
considera fundamentais para o processo
evolutivo.
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19. PIAGET X VYGOTSKY
Um dos pontos divergentes entre Piaget e
Vygotsky está centrado na concepção de
desenvolvimento.
A teoria piagetiana considera o
desenvolvimento em sua forma
retrospectiva, isto é, o nível mental atingido
determina o que o sujeito pode fazer.
A teoria vygotskyana, considera
desenvolvimento na dimensão prospectiva,
ou seja, enfatiza que o processo em
formação pode ser concluído através da
ajuda oferecida ao sujeito na realização de
uma tarefa.
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20. Piaget
X
Vygotsky
Piaget leva em conta o
desenvolvimento como um limite para
adequar o tipo de conteúdo de ensino
a um nível evolutivo do aluno.
Vygotsky tem estabelecido que o
conteúdo é uma seqüência que permite
o progresso de forma adequada,
impulsionando ao longo de novas
aquisições, sem esperar a maturação
"mecânica" e com isso evitando que
possa pressupor dificuldades para
prosperar por não gerar um
desequilíbrio adequado. É desta
concepção que Vygotsky afirma que a
aprendizagem vai à frente do
desenvolvimento.
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