Este documento apresenta o caso clínico de um homem de 38 anos com dor no joelho direito. Discute as principais hipóteses diagnósticas para monoartrite, incluindo artrite séptica, artrite microcristalina e artrite traumática. Também aborda fatores como idade, sexo e localização anatômica que podem ajudar no diagnóstico diferencial.
2. CASO CLÍNICOCASO CLÍNICO
• IDENTIFICAÇÃO: Masculino, 38 anos, branco,
casado, mecânico, natural e procedente de
Cachoeirinha.
• QUEIXA PRINCIPAL: Dor no joelho Direito
3. CASO CLÍNICOCASO CLÍNICO
• HDA - Paciente vem à emergência
referindo que há 5 dias acordou pela
manhã com dor forte no joelho direito.
Desde aquele dia não comparece ao
trabalho por dificuldade de caminhar.
Nestes dias usou 3 comprimidos de
Aspirina 500mg por dia sem melhora.
Teve temperatura axilar de 37,8oC por 2
vezes.
4. REVISÃO DE SISTEMASREVISÃO DE SISTEMAS
• REVISÃO DE SISTEMAS: Costuma ter
pequenas escoriações e cortes devido ao
trabalho.Tem pirose e dor epigástrica
ocasionais. Tosse com expectoração hialina
pela manhã. Olhos,ouvidos, nariz e garganta,
SP., coração, rins, SNC, hematológico NDN.
5. Caso clínicoCaso clínico
• HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA: Rubéola e
sarampo na infância. Episódios isolados de
amigdalite até os 18 anos.
• HÁBITOS: Tabagista, 20 cigarros/ dia há 21 anos.
Bebe 1 a 2 aperitivos diários há 25 anos, toma
cerveja diariamente (uma durante a semana e 5 a 6
no final de semana) nunca usou drogas. Tem
relações extraconjugais eventuais (última há 3
meses).Teve gonorreia por 2 x. Última há 2 meses.
6. Caso clínicoCaso clínico
• HISTÓRIA FAMILIAR: Pai hipertenso e
com cardiopatia isquêmica. Mãe é
obesa e com dislipidemia.
7. Exame físicoExame físico
• EXAME FÍSICO: 1.69m, 85kg, bom estado geral.
Lúcido, orientado, coerente. Mucosas úmidas,
corado, anictérico. TA 150/100, FC 98bpm, temp
axilar 37,5oC, eupnêico. Ritmo regular, 2t, sem
sopros. Pulmões limpos, abdômen normal à
palpação superficial e profunda.
• Pele: discretas lesões em couro cabeludo sugestivas
de dermatite seborréica, corte em cicatrização em
mão esquerda, olhos sp., ouvidos sp, boca sp. Sem
gânglios palpáveis.
11. PROCESSO DE DISCUSSÃOPROCESSO DE DISCUSSÃO
• 1. Listar os problemas
• 2. Quais são as principais hipóteses diagnósticas?
• 3. Como relacionar os achados da história e exame
físico com as possibilidades diagnósticas?
• 4. Saber epidemiologia, prevalência, história
natural, investigação e terapêutica para cada
diagnóstico.
• 5. Quais os tratamentos indicados para as
principais hipóteses?
12. 1. Listar os problemas1. Listar os problemas
• 1-Monoartrite joelho direito
• 2- Escoriações e Cortes
• 3- Pirose e dor epigástrica
• 4- Tosse com expectoração
• 5- Tabagista
• 6- Relações extra-conjugais eventuais
13. 2. Quais são as principais2. Quais são as principais
hipóteses diagnósticas?hipóteses diagnósticas?
14. ArtralgiaArtralgiador articular, habitualmente difusa em
toda a articulação, sem alterações ao exame físico.
ArtriteArtritepresença de derrame articular e/ou pela
presença de dois ou mais dos seguintes sinais: dor à
palpação e/ou dor à movimentação, calor e limitação.
Comprometimento periarticularComprometimento periarticular (tendinites,
bursites, entesites, lesões ligamentares e/ou
meniscais) pode manifestar-se por dores localizadas,
podendo simular artralgia ou artrite.
Classificação das artritesClassificação das artrites
A)Agudas (tempo de evolução < 6 semanas)
B)Crônicas (tempo de evolução > 6 semanas)
15. Monoartrites Agudas Monoartites Crônicas
Artrite séptica Artrite tuberculosa
Artrite microcristalina (pseudogota, cristais
de apatita, oxalato de cálcio e colesterol)
Artrite fúngica, micobactérias atípicas,
Lyme, HIV
Artrite traumática Sinovite vilonodular pigmentada
Febre reumática inicial Neoplasias ósseas ou periarticulares
Osteonecrose asséptica
monoartrites Recorrentes Hemartrose
Gota Condromatose sinovial
Artrite microcristalinas Sarcoidose
Hidrartrose intermitente Sinovite por corpo estranho
Reumatismo palindrômico Artrite reumatoide monoarticular
Monoartrite na osteoartrite
Artropatia de Charcot
16. Diagnóstico conforme idadeDiagnóstico conforme idade
• Faixa etária pediátricaprimeira hipótese
artrite séptica.
• 5 e 15 anos de idadeFebre reumática.
• Adolescência e em adultos jovensfase séptica
da artrite gonocócica e hemoglobinopatias.
• Idososartrites microcristalinas.
17. Localização Anatômica da Artrite
• 1ª MTF (podagra) é típica da gota.
• Joelho (adultos)artrite séptica
• Coxofemoral(faixa etária pediátrica) artrite
séptica
• Joelhosinovite vilonodular pigmentada.
18. Localização Anatômica da Artrite
• Punhos ou joelhosartrite gonocócica
• Articulação temporomandibularartrite
reumatoide (AR) e na artrite idiopática juvenil
(AIJ)
• Articulações costocondrais e esternocondrais
síndrome de Tietze e nas espondiloartropatias.
19. Dados de anamnese e exame físico
Doenças mais frequentemente
associadas
Paciente jovem Febre reumática, leucose
Paciente idoso Osteoartrite, gota
Sexo masculino Gota
Artrite recorrente
Microcristalinas,hidrartrose
intermitente, reumatismo palindrômico,
sinovite eosinofílica
Artrite episódica Trauma, artrite séptica
Sintomas constitucionais
(emagrecimento, febre, sudorese,
anorexia, fadiga)
Artrite séptica, microcristalinas, artrite
inflamatória e neoplasia
Artrite associada à PPD
Artrite tuberculosa, reumatismo de
Poncet
Artrite e neoplasia simultânea em outro
sítio
Artrite por neoplasia
Artrite aguda Artrite séptica, microcristalinas, trauma
Artrite crônica
Tuberculose, fungos, sinovite
vilonodular pigmentada, neoplasias
Artrite e abuso de drogas intravenosas Artrite séptica
Artrite em usuários de corticosteróide Osteonecrose asséptica, artrite séptica
Artrite e coagulopatia/uso de
anticoagulante
Hemartrose
Dados de anamnese e exame físico
relacionados às monoartrites
20. Doenças poliarticulares que
podem se iniciar como
monoarticulares
Artrite reumatoide
Artrite psoriásica
Doença de Behçet
Artrite reativa
Enteroartropatias
Lúpus eritematoso sistêmico
Artrites virais
Artrite da sarcoidose
Doença de Whipple
21. DIAGNÓSTICO
DIFERENCIAL
• Artrites Sépticas ou InfecciosasArtrites Sépticas ou Infecciosas
• As artrites infecciosas são o diagnóstico diferencial mais importante
nesse grupo, pois o atraso no tratamento adequado pode levar ao grave
comprometimento da articulação com sequelas ou até mesmo à sepse e
à morte do indivíduo. O agente infeccioso mais comum é o S.
aureus nas faixas etárias pediátricas e idosas. Na faixa de idade
reprodutiva, a N. gonorrhoae é o agente bacteriano mais comum.
• A artrite séptica ou pioartrite deve ser sempre lembrada na presença de
febre, dor articular importante e sinais de comprometimento sistêmico.
A artrite séptica é mais frequente em pacientes com alterações
estruturais prévias da articulação, como indivíduos com deformidades
articulares da AR que se apresentam com monoartrite ou ainda nos
portadores de próteses.
22. DIAGNÓSTICO
DIFERENCIAL
• Artrites Microcristalinas
• A gota e a doença do pirofosfato de cálcio (pseudogota) devem ser
lembradas no indivíduo com mais de 50 anos de idade com
monoartrite.
• A pseudogota ou condrocalcinose apresenta deposição de cristais de
pirofosfato de cálcio nas fibrocartilagens articulares, como nos
meniscos dos joelhos, na sínfise púbica, na cartilagem dos quadris e
ombros e na cartilagem triangular dos punhos. O indivíduo afetado
geralmente é idoso, sendo que 30 a 60% dos pacientes acima dos 85
anos apresentam evidências de condrocalcinose.
23. DIAGNÓSTICO
DIFERENCIAL
• Artrite Traumática
• A história de trauma e do mecanismo de lesão são de grande auxílio
diagnóstico. Quando a lesão foi um trauma aberto, a associação com
artrite séptica normalmente ocorre na evolução. Quando existe apenas
trauma contusiforme, sem o contato da articulação com o meio
ambiente, os possíveis fatores causais da monoartrite com
possibilidade de hemartrose são estiramentos das estruturas intra-
articulares, laceramento dos vasos, fratura, compressão meniscal e
sinovial.
24. Diagnóstico DiferencialDiagnóstico Diferencial
• Artrite por Osteonecrose Asséptica
• Nos indivíduos com alguns fatores de risco para a necrose asséptica do
osso, essa entidade deve ser descartada. Os fatores de risco são: uso de
corticosteroides, dislipidemias, trombofilias hereditárias ou adquiridas
(síndrome antifosfolípide), etilismo crônico, lúpus eritematoso
sistêmico e doença descompressiva dos mergulhadores. Na faixa etária
pediátrica, as necroses avasculares podem acometer os quadris
(doença de Legg-Calvé-Perthes), a tuberosidade anterior da tíbia
(Osgood-Schlater), o osso navicular (doença de Kienböck) e a coluna
vertebral (doença de Scheuermann), dentre outras.
25. Diagnóstico DiferencialDiagnóstico Diferencial
• Febre Reumática
• Os quadros clássicos de febre reumática (FR) são de poliartrite
migratória de grandes articulações associadas às outras manifestações
descritas pelos critérios de Jones. Porém, o médico pode encontrar a
criança ou adolescente no seu primeiro episódio de FR. Mais ainda, na
atualidade, existem os casos atípicos de FR em que o acometimento
monoarticular pode ser a única manifestação do sistema músculo-
esquelético em 30% desses casos
26. Diagnóstico DiferencialDiagnóstico Diferencial
• Artrite Idiopática Juvenil
• Acomete a faixa etária pediátrica, tendo início
antes dos 16 anos, e apresenta pelo menos 6
semanas de artrite, sendo excluídas outras
doenças. Na forma de início pauciarticular, podem
aparecer os casos de acometimento exclusivo de
apenas uma articulação.
27. Diagnóstico DiferencialDiagnóstico Diferencial
• Reumatismo Palindrômico
• Apresenta manifestação clínica semelhante à hidrartrose intermitente,
porém são acompanhadas por manifestações sistêmicas e sinais locais
de artrite. O ataque recorrente lembra uma crise de gota, atingindo o
máximo de dor em até 3 dias e iniciando-se ao fim da tarde; são
exigidos pelo menos 5 ataques por ano e 3 ou mais diferentes
articulações são envolvidas em diferentes ataques. As articulações
mais comprometidas são as dos joelhos, punhos, dorso das mãos,
metacarpofalangeanas, interfalangeanas proximais, tornozelos,
ombros, cotovelos, temporomandibulares ou esternoclaviculares,
quadris, pequenas articulações dos pés e coluna cervical, nessa ordem
de envolvimento.
28. Diagnóstico diferencialDiagnóstico diferencial
• Neoplasias Ósseas ou Periarticulares
• Tumores benignos como osteocondroma e
osteoma osteoide podem manifestar-se como
monoartrite. Da mesma forma, também a
malignidade pode envolver a articulação
30. ARTROCENTESEARTROCENTESE
• Artrocentese consiste na aspiração de
líquido sinovial de uma articulação com
propósitos diagnósticos ou terapêuticos.
Pode ser realizado de forma rápida e segura,
nas diversas articulações do organismo,
incluindo as do joelho, pulso, tornozelo,
cotovelo, ombro, metatarsais e metacarpais.
31. INDICAÇÕESINDICAÇÕES
DIAGNÓSTICASDIAGNÓSTICAS
• •Artrite inexplicada com efusão sinovial
• •Suspeita de artrite séptica
• •Suspeita de artropatias induzidas por cristais
• •Avaliação de resposta terapêutica em artrite séptica.
Infecção, inflamação e processos não-inflamatórios
34. CONTRA-INDICAÇÕESCONTRA-INDICAÇÕES
1-Coagulopatias
2-Infecções locais ou sistêmicas (cuidado: celulites)
3-Para aplicação de drogas intra-articulares:
a)Suspeita ou confirmação de articulação séptica.
b)Fratura intra-articular
c)Instabilidade da articulação
d)Múltiplas injeções prévias de esteróides (máx=
3x/ano)
e)Osteopenia justa-articular
f)Impossibilidade de o paciente descansar a articulação
após a injeção.
35. MATERIAL UTILIZADOMATERIAL UTILIZADO
Bandeja
•Luvas estéreis
•Tecido estéril
•Antiséptico (Betadeine)
•Anestésico(1% Lidocaína)
•Seringa 5cc e pequena agulha(p/ anestésico)
•Gaze
•Caneta para marcação da pele
•Bandagem elástica
•Uma ou duas seringas de 30cc
•Agulha calibre 18
Tubos coletores para contagem de células, avaliação de
cristais e cultura.