SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 7
Das gotas de degelo, no alto da Cordilheira dos Andes, passando
por riachos de águas cristalinas, até fontes de antigas civilizações
incas, e metrópoles modernas no meio da selva.
Os repórteres Francisco José e José Raimundo vão refazer uma
viagem que começou há seis milhões de anos, e que continua
todos os dias no Rio Amazonas. A viagem das águas vai desde
as nascentes até a foz do maior rio do mundo.
saiba mais
 Cidade na Ilha de Marajó utiliza bicicleta como único meio de transporte
 Brasil: crianças tomam barco à noite para chegar à escola no dia seguinte
 Machu Pichu: viagem revela os mistérios na cidade perdida dos incas
O repórter Francisco José relata que a expedição começa do
outro lado do continente sul-americano. De Arequipa, no Peru, a
equipe do Globo Repórter sobe a Cordilheira dos Andes, pelo
Vale do Rio Colca, em busca das nascentes do Amazonas no alto
das montanhas geladas.
O cânion do Rio Colca, nos Andes peruanos, é o mais profundo
do planeta. Seus paredões chegam a 3.600 metros de altura. O
Grand Canyon, nos Estados Unidos, é mais extenso, mas a fenda
mais profunda da terra é a no Vale do Colca.
Francisco José conta que, pela manhã, é o lugar ideal para
avistar o condor, ave símbolo de vários países latino-americanos.
O gigante dos céus impõe respeito. A maior ave voadora do
mundo pode ter mais de três metros de uma ponta a outra das
asas.
A equipe está há quatro dias na Cordilheira dos Andes, no Peru, e
dá mais uma parada para aclimatação à altitude. A 4.500 metros,
a temperatura é de -4ºC. Um médico peruano acompanha o
repórter até a montanha e aconselha caminhadas para que o
corpo se acostume, aos poucos, à altitude.
Ele explica que, no alto da Cordilheira, não há tanto oxigênio e o
coração precisa trabalhar mais, pois a pressão aumenta. No dia
seguinte, a equipe sai antes do amanhecer para, finalmente,
escalar a montanha onde estão as nascentes do Amazonas. Vão
à encosta do Nevado Mismi, uma montanha que se eleva a 5.600
metros acima do nível do mar.
É verão, época de pouca chuva, mas o caminho é cheio de
belezas naturais e dos animais da Cordilheira: alpacas, vicunhas
e lhamas. À distância, está o Nevado Mismi, onde nasce o Rio
Amazonas. E, ali, sua primeira ponte. No trecho, o repórter pode
atravessar o maior rio do mundo, com dois passos, da margem
direita para a margem esquerda.
A quase 7 mil quilômetros de distância, na Foz do Amazonas,
atravessar o rio não é tão fácil. São 279 quilômetros. Nem com
binóculos dá para ver a margem do rio.
A ciência brasileira considera, hoje, a Foz do Amazonas toda a
área que vai do arquipélago de Bailique, no Amapá, até a Foz do
Rio Pará. A equipe navega entre o Amapá e a Ilha de Marajó.
A bordo de um barco de pesca, chega até o fim verdadeiro do Rio
Amazonas no Oceano Atlântico, onde a água doce, finalmente,
dá lugar à água salgada.
A equipe de reportagem viaja mar adentro. No segundo dia, pela
manhã, os pescadores começam o trabalho. Os peixes
encontrados correspondem a 80% da espécie piramutabas. Só a
arrraia não é de água doce. Os outros peixes tudo é de água
doce”, diz um pescador.
O repórter está a 250 quilômetros do continente, da costa do
Pará, de onde saíram. E, do lugar onde está, ele relata que dá
para se ter uma ideia da força do Amazonas. Toda a água
barrenta vem de lá, é o rio que manda. É a prova de que o
Amazonas vai empurrando o mar bem mais para frente. O
repórter José Raimundo experimenta um pouco para ver que
gosto tem. Não é nem salobra, nem sinal de sal. É água doce no
meio do Atlântico.
A primeira vez que estiveram em alto mar, os jovens engenheiros
de pesca se surpreenderam. “Imaginava que fosse navegar pela
primeira vez no oceano, no mar azul. E quando eu cheguei aqui,
mar aberto, porém a água barrenta e doce do Rio Amazonas. E
isso me marcou muito. Me marca até hoje”, diz o engenheiro de
pesca Luis da Costa Soares.
Os engenheiros medem o tamanho das piramutabas. Para eles, o
peixe é um símbolo da força viva do Rio Amazonas. A piramutaba
se alimenta e cresce na Foz, mas a desova dela é na região de
Tefé, no alto Amazonas.
Águas agitadas, barco balançando muito. Uma viagem sofrida
para quem não está acostumado. Mas dá para suportar, no nível
do mar. E nos Andes peruanos? A que altitude estará o repórter
Francisco José?
Francisco José relata que está a quase 5 mil metros de altitude e,
no caminho, encontra antigos povoados abandonados.Poucos
ainda têm coragem de viver por lá.
A equipe do Globo Repórter chega à fonte da Carhuasanta. A
água que está jorrando da pedra vai para o Rio Amazonas, e é
uma água pura, que está sendo filtrada pelo paredão. Ela vem de
uma nascente principal e o repórter quer chegar até lá.
A equipe segue, de carro, pela paisagem desértica. Mesmo no
verão, a pequena trilha some embaixo da neve. Os carros deixam
o repórter em uma altitude de 1.200 metros de altitude. Ali, não
pode andar rápido, pois você termina faltando ar. Estão levando
oxigênio, mas espera-se que ninguém precise.
O caminho é todo de pedras, o que torna tudo ainda mais difícil. A
equipe escala uma pedreira que parece não ter fim. Os carros
estão distantes e foi feita uma boa caminhada em menos de meia
hora. A escalada é o mais difícil, o mais cansativo. Venceu-se o
primeiro obstáculo, que é cansativo, mas a equipe pretende
chegar lá.
Às vezes, parece impossível se localizar na imensidão. Mas, com
a ajuda dos guias experientes, a equipe atinge o objetivo.
Depois de quatro horas de caminhada, subindo e descendo
montanhas, finalmente, a equipe chega à principal nascente do
Rio Amazonas: a Lagoa McIntyre. Ela tem este nome em
homenagem a um dos seus descobridores, o expedicionário
americano LorenMcIntyre. O curso de um rio se mede pela
distância da sua Foz até a sua nascente. E essa é a nascente
mais distante e mais alta do Rio Amazonas.
O local é desértico, sem vida e sem vegetais. Em 2007, o
documentarista Pedro Werneck e seus pais, Paula Saldanha e
Roberto Werneck, organizaram a primeira expedição científica
brasileira até a Lagoa McIntyre. “Cientistas de 16 países, que
fizeram pesquisa por toda essa área, confirmaram que essa é a
nascente mais alta e mais distante, perene o ano todo”, declara o
documentarista.
O trabalho dos pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe) deu origem a uma grande descoberta. O Inpe
tem a comprovação científica de que o Rio Amazonas é mais
extenso do que o Nilo. Cientistas do Inpe mediram os dois rios,
pelos métodos mais avançados, e concluíram que o Amazonas
tem 140 quilômetros a mais do que o Nilo.
Os cálculos foram feitos com um programa desenvolvido pela
agência espacial americana, a Nasa, a partir de imagens de
satélite. “Nós utilizamos a vertente mais distante da boca do
Amazonas, esta vertente que está lá no alto Apurimac, que vocês
apresentaram no programa. Desta vertente até o Atlântico, o
Amazonas chega a 6.992 quilômetros”, relatao geólogo Paulo
Roberto Martini, do Inpe.
Os cálculos foram feitos com um programa desenvolvido pela
agência espacial americana, a Nasa, a partir de imagens de
satélite. “Nós utilizamos a vertente mais distante da boca do
Amazonas, esta vertente que está lá no alto Apurimac, que vocês
apresentaram no programa. Desta vertente até o Atlântico, o
Amazonas chega a 6.992 quilômetros”, relatao geólogo .
Até hoje, a maioria dos mapas escolares ainda mostra o antigo
traçado do Rio Amazonas, tendo o Rio Maranon como o principal
formador do Amazonas em território peruano. Segundo o Inpe, o
novo percurso sai da Lagoa McIntyre, seguindo pelo Rio
Apurimac e outros afluentes, até chegar ao Amazonas, em
território brasileiro.
O maior rio do planeta nasce com tão pouca água, em uma
pequena lagoa. Mas, e na Foz? Dá para avaliar a imensidão do
Amazonas? Cerca de 17% de toda a água doce que vai para os
oceanos no mundo são despejados na Foz do Amazonas. E os
pesquisadores do Inpe já conseguiram determinar também a
idade do rio.
“O primeiro material que veio dos Andes, carregado pelo rio, foi
datado em 6 milhões de anos. Esta é a idade que nós atribuímos
à calha do Rio Amazonas”, conta Paulo Roberto Martini.
Nestes 6 milhões de anos, o rio já correupara o Oceano Pacífico,
para o Caribe e, agora, deságua no Oceano Atlântico. Mas a
água não se cansa de mudar o seu próprio caminho.
A equipe Globo Repórter sobrevoa a ilha de Bailique, a mais de
100 quilômetros de Macapá, e mostra o que a força das águas é
capaz de fazer. As pequenas ilhas, quase perdidas entre o
Amazonas e o Oceano Atlântico, estão em constante
transformação. A equipe vai até Livramento, um dos povoados
isolados.
O acúmulo de sedimentos mudou muito a paisagem do vilarejo de
Livramento. A água do Amazonas não se espalhava tanto porque
o rio corria dentro da calha e a profundidade passava de 15
metros. A ilha, mais adiante, não existia. Surgiu nos últimos 20
anos.
Na maré baixa, duas vezes por dia, a pequena localidade fica
isolada. Não tem estradas, nem pontes. O socorro mais próximo
fica a duas horas de barco do local.
Seu Erundino dos Santos, 75 anos, acompanha o sumiço do rio
na frente de casa. “A minha imaginação seria que vai ficar um
campo. Um campo. Vai acabar este transportede barco. Vai ter
que andar de cavalo, de boi. Vai ser difícil”, relata.
Para a geóloga Odete Silveira, da Universidade Federal do Pará
(UFPA), que estuda o Amazonas desde a década de 1980, a
movimentação da Foz é a busca natural por equilíbrio.
“O Rio Amazonas é vida pura. Ele vai procurar sempre a cota
mais baixa para se movimentar. E se para isso ele precisar
esculpir de um lado e depositar no outro, ele vai fazer isso. É o
caminho natural do rio”, explica Odete Silveira.
Na Ilha do Parazinho, os dois fenômenos andam juntos. A ilha
muda de lugar o tempo todo. Há dois anos, a mata chegava a
certo ponto. Agora ela está a mais de 100 metros adiante. Mas se
de um lado, a ilha encolhe, do outro ela cresce em uma
velocidade muito maior. “Ela tinha uma área muito maior, 111
hectares e, hoje, tem 707 hectares”, relata um morador. É o
Amazonas virando floresta. A floresta virando mar.
Nesta sexta-feira, dia 12, o ‘Globo Repórter’ exibe a segunda e última parte do especial
‘Viagem das Águas Amazônicas’, a mais extensa reportagem já produzida por uma
equipe de TV brasileira no Rio Amazonas. Os repórteres Chico José, que saiu da
nascente do rio a 5.392 metros de altitude nos Andes, e José Raimundo, que partiu da
foz no estado do Pará, se encontram na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia.
Depois da inclusão dos satélites e do GPS na tecnologia de medição dos rios,
descobriu-se que o Amazonas é o mais extenso do mundo, com 140 km a mais do que
o Rio Nilo, na África. Há, portanto, uma nova geografia fluvial no mundo. Sendo
navegável por transatlânticos e grandes navios cargueiros, o Amazonas é considerado
a “estrada” mais movimentada da região Norte. Outra novidade revelada pelos estudos
do INPE é que a foz do rio tem 279 km de extensão, de uma margem à outra, entre o
Pará e o Amapá. Antes, considerava-se a foz entre a Ilha de Marajó e Macapá.
Cada equipe percorreu 3,5 mil km para mostrar toda a beleza, a diversidade e os
mistérios do Amazonas. Somando todas as viagens realizadas, foram mais de dois
meses de gravação. “Eu já havia percorrido alguns trechos do rio Amazonas em
viagens anteriores pelo Globo Repórter. Mas nada se compara à emoção de viajar
3.500 quilômetros só por águas brasileiras do maior rio do planeta. Foi uma das
melhores experiências da minha vida profissional”, revela o repórter José Raimundo.
A segunda e última parte do programa especial ‘Viagem das Águas Amazônicas’ será
exibido pelo ‘Globo Repórter’ nesta sexta -feira, dia 12, após a novela ‘Insensato
Coração’. Na mais extensa reportagem já produzida por uma equipe de TV brasileira
no Rio Amazonas, duas equipes do 'Globo Repórter' percorreram sete mil
quilômetros, da nascente à foz, para mostrar novas descobertas sobre o maior rio do
mundo. Nesta 'Viagem das Águas Amazônicas', o repórter Chico José saiu da
nascente, na Cordilheira dos Andes, no Peru, a 5.392 metros de altitude, e
José Raimundo partiu da foz, no estado do Pará. Cada equipe percorreu 3,5 mil
km para mostrar toda a beleza, a diversidade e os mistérios do
Amazonas, encontrando-se na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia.
Somando todas as viagens realizadas, foram mais de dois meses de gravação.
Mesmo com quatro viagens à Amazônia na bagagem, o repórter Chico José conta que
a altitude tornou essa expedição ainda mais difícil e impressionante: "Para nossa
equipe, que desceu o rio, a parte mais difícil foram os sintomas da altitude. Chegamos
a 5.392 metros. Encontramos a verdadeira nascente do maior rio do planeta, hoje
reconhecida pela ciência", explica ele.
As equipes entrevistaram técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, que monitora a região
amazônica. Depois da inclusão dos satélites e do GPS na tecnologia de medição dos
rios, descobriu-se que o Amazonas, além de ser o maior do mundo em volume de
água - o que já se sabia - é também o mais extenso do mundo com 140 km a mais do
que o Rio Nilo, na África. Há, portanto, uma nova geografia fluvial no mundo.
A nova nascente fica na Lagoa Mc Intyre na Cordilheira dos Andes, no Peru. Lá, é
possível "cruzar" o rio em apenas duas passadas. Entre a nascente e o Oceano
Atlântico, o curso d'água ganha os nomes de Lloqueta, Apurimac, Ene, Tambo,
Ucayali, Solimões e Amazonas. Em alguns pontos da viagem, só é possível viajar a pé
e, em outros trechos, em botes ou canoas.
Outra novidade revelada pelos estudos do INPE é que a foz do rio tem 279 km de
extensão, de uma margem à outra, entre o Pará e o Amapá. Antes, considerava-se a
foz entre a Ilha de Marajó e Macapá. A força do Rio Amazonas nesta região é tão
grande que a água doce "empurra" a água do mar por cerca de 300 km. Nessa parte,
navegam transatlânticos e grandes navios cargueiros, fazendo do Amazonas a
"estrada" mais movimentada da região Norte. "Eu sabia da força descomunal do
Amazonas, mas não imagina que ele fosse capaz de fazer o Atlântico recuar tanto
para receber suas águas. Bebi água doce dentro do mar, a 250 quilômetros da foz. É
incrível isso. Fiquei muito impressionado", revela o repórter José Raimundo, que fez o
trajeto a partir do oceano Atlântico em direção à fronteira entre Brasil, Colômbia
e Peru.
O programa especial 'Viagem das Águas Amazônicas' será exibido pelo
'Globo Repórter' em dois episódios, o primeiro nesta sexta-feira, dia 5, após a novela
'Insensato Coração', e o segundo na sexta da próxima semana, no dia 12.

Más contenido relacionado

La actualidad más candente (18)

Cap 8 bacias hidrográficas
Cap 8 bacias hidrográficasCap 8 bacias hidrográficas
Cap 8 bacias hidrográficas
 
7 MARAVILHAS NATURAIS
7 MARAVILHAS NATURAIS7 MARAVILHAS NATURAIS
7 MARAVILHAS NATURAIS
 
AQUÍFEROS : GUARANI E SAGA
AQUÍFEROS : GUARANI E SAGAAQUÍFEROS : GUARANI E SAGA
AQUÍFEROS : GUARANI E SAGA
 
Bacias hidrográficas brasileiras
Bacias hidrográficas brasileirasBacias hidrográficas brasileiras
Bacias hidrográficas brasileiras
 
Brasil Hidrografia
Brasil Hidrografia Brasil Hidrografia
Brasil Hidrografia
 
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AMAZONAS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AMAZONASBACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AMAZONAS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AMAZONAS
 
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AMAZONAS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AMAZONASBACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AMAZONAS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AMAZONAS
 
Bacias Hidrográficas
Bacias HidrográficasBacias Hidrográficas
Bacias Hidrográficas
 
Chile
ChileChile
Chile
 
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AMAZONAS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AMAZONASBACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AMAZONAS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AMAZONAS
 
América
AméricaAmérica
América
 
RIOS VOADORES
RIOS VOADORESRIOS VOADORES
RIOS VOADORES
 
Bacias hidrográficas
Bacias hidrográficasBacias hidrográficas
Bacias hidrográficas
 
Geografia do amazonas_cetam
Geografia do amazonas_cetamGeografia do amazonas_cetam
Geografia do amazonas_cetam
 
Bacias hidrográficas
Bacias hidrográficasBacias hidrográficas
Bacias hidrográficas
 
Rios da âmazonia
Rios da âmazoniaRios da âmazonia
Rios da âmazonia
 
Chapada das mesas
Chapada das mesasChapada das mesas
Chapada das mesas
 
Rio Sao Francisco
Rio Sao FranciscoRio Sao Francisco
Rio Sao Francisco
 

Destacado

Sage Intelligence for Sage 100 ERP
Sage Intelligence for Sage 100 ERPSage Intelligence for Sage 100 ERP
Sage Intelligence for Sage 100 ERPWalter Goodfield
 
~$Lic. rectificación de nota odonto
~$Lic. rectificación de nota odonto~$Lic. rectificación de nota odonto
~$Lic. rectificación de nota odontoabi abi
 
Emprendimientos Web con Bitcoins
Emprendimientos Web con BitcoinsEmprendimientos Web con Bitcoins
Emprendimientos Web con Bitcoinsbtcwoman _
 
Medical bioinformatics: Current trends, industry needs, and core competencies
Medical bioinformatics: Current trends, industry needs, and core competenciesMedical bioinformatics: Current trends, industry needs, and core competencies
Medical bioinformatics: Current trends, industry needs, and core competenciesLars Juhl Jensen
 
Using Mobile Technology to Improve the Travel Experience
Using Mobile Technology to Improve the Travel ExperienceUsing Mobile Technology to Improve the Travel Experience
Using Mobile Technology to Improve the Travel ExperienceManoj Jasra
 
Mattermark Q1 2015 Quarter Midpoint Analysis - U.S. Venture Capital Activity
Mattermark Q1 2015 Quarter Midpoint Analysis - U.S. Venture Capital ActivityMattermark Q1 2015 Quarter Midpoint Analysis - U.S. Venture Capital Activity
Mattermark Q1 2015 Quarter Midpoint Analysis - U.S. Venture Capital ActivityMattermark
 
Mattermark Startup Investor Benchmarking Analysis - November 2013
Mattermark Startup Investor Benchmarking Analysis - November 2013Mattermark Startup Investor Benchmarking Analysis - November 2013
Mattermark Startup Investor Benchmarking Analysis - November 2013Mattermark
 
Startup Funding Report: Historical Analysis 2005 - 2014
Startup Funding Report: Historical Analysis 2005 - 2014Startup Funding Report: Historical Analysis 2005 - 2014
Startup Funding Report: Historical Analysis 2005 - 2014Mattermark
 
Mattermark VC Portfolio Benchmarking - B2B Companies [November 2013]
Mattermark VC Portfolio Benchmarking - B2B Companies [November 2013]Mattermark VC Portfolio Benchmarking - B2B Companies [November 2013]
Mattermark VC Portfolio Benchmarking - B2B Companies [November 2013]Mattermark
 
Mattermark - Fortune Brainstorm Tech 2015
Mattermark - Fortune Brainstorm Tech 2015Mattermark - Fortune Brainstorm Tech 2015
Mattermark - Fortune Brainstorm Tech 2015Mattermark
 
Pandoland 2015: Q1-Q2 State of Startups | Mattermark
Pandoland 2015: Q1-Q2 State of Startups | MattermarkPandoland 2015: Q1-Q2 State of Startups | Mattermark
Pandoland 2015: Q1-Q2 State of Startups | MattermarkMattermark
 
Mattermark Investor Report Card | Series A Investment Trends - 8/2/16
Mattermark Investor Report Card | Series A Investment Trends - 8/2/16Mattermark Investor Report Card | Series A Investment Trends - 8/2/16
Mattermark Investor Report Card | Series A Investment Trends - 8/2/16Mattermark
 
2015 Venture Capital & Startup Traction Report
2015 Venture Capital & Startup Traction Report2015 Venture Capital & Startup Traction Report
2015 Venture Capital & Startup Traction ReportMattermark
 
Fluid and electrolyte balances and imbalances
Fluid and electrolyte balances and imbalancesFluid and electrolyte balances and imbalances
Fluid and electrolyte balances and imbalanceskatherina Rajan
 
How to prepare for a long distance hiking trip
How to prepare for a long distance hiking tripHow to prepare for a long distance hiking trip
How to prepare for a long distance hiking tripAustin Gratham
 
The Future of the Connected Traveler & Smart Travel Experience
The Future of the Connected Traveler & Smart Travel ExperienceThe Future of the Connected Traveler & Smart Travel Experience
The Future of the Connected Traveler & Smart Travel ExperienceManoj Jasra
 
The State of Sales & Marketing at the 50 Fastest-Growing B2B Companies
The State of Sales & Marketing at the 50 Fastest-Growing B2B CompaniesThe State of Sales & Marketing at the 50 Fastest-Growing B2B Companies
The State of Sales & Marketing at the 50 Fastest-Growing B2B CompaniesMattermark
 

Destacado (20)

Sage Intelligence for Sage 100 ERP
Sage Intelligence for Sage 100 ERPSage Intelligence for Sage 100 ERP
Sage Intelligence for Sage 100 ERP
 
~$Lic. rectificación de nota odonto
~$Lic. rectificación de nota odonto~$Lic. rectificación de nota odonto
~$Lic. rectificación de nota odonto
 
Test
TestTest
Test
 
Mobile bridge
Mobile bridgeMobile bridge
Mobile bridge
 
Emprendimientos Web con Bitcoins
Emprendimientos Web con BitcoinsEmprendimientos Web con Bitcoins
Emprendimientos Web con Bitcoins
 
Medical bioinformatics: Current trends, industry needs, and core competencies
Medical bioinformatics: Current trends, industry needs, and core competenciesMedical bioinformatics: Current trends, industry needs, and core competencies
Medical bioinformatics: Current trends, industry needs, and core competencies
 
Using Mobile Technology to Improve the Travel Experience
Using Mobile Technology to Improve the Travel ExperienceUsing Mobile Technology to Improve the Travel Experience
Using Mobile Technology to Improve the Travel Experience
 
10th Annual Utah's Health Services Research Conference - Recommendations for ...
10th Annual Utah's Health Services Research Conference - Recommendations for ...10th Annual Utah's Health Services Research Conference - Recommendations for ...
10th Annual Utah's Health Services Research Conference - Recommendations for ...
 
Mattermark Q1 2015 Quarter Midpoint Analysis - U.S. Venture Capital Activity
Mattermark Q1 2015 Quarter Midpoint Analysis - U.S. Venture Capital ActivityMattermark Q1 2015 Quarter Midpoint Analysis - U.S. Venture Capital Activity
Mattermark Q1 2015 Quarter Midpoint Analysis - U.S. Venture Capital Activity
 
Mattermark Startup Investor Benchmarking Analysis - November 2013
Mattermark Startup Investor Benchmarking Analysis - November 2013Mattermark Startup Investor Benchmarking Analysis - November 2013
Mattermark Startup Investor Benchmarking Analysis - November 2013
 
Startup Funding Report: Historical Analysis 2005 - 2014
Startup Funding Report: Historical Analysis 2005 - 2014Startup Funding Report: Historical Analysis 2005 - 2014
Startup Funding Report: Historical Analysis 2005 - 2014
 
Mattermark VC Portfolio Benchmarking - B2B Companies [November 2013]
Mattermark VC Portfolio Benchmarking - B2B Companies [November 2013]Mattermark VC Portfolio Benchmarking - B2B Companies [November 2013]
Mattermark VC Portfolio Benchmarking - B2B Companies [November 2013]
 
Mattermark - Fortune Brainstorm Tech 2015
Mattermark - Fortune Brainstorm Tech 2015Mattermark - Fortune Brainstorm Tech 2015
Mattermark - Fortune Brainstorm Tech 2015
 
Pandoland 2015: Q1-Q2 State of Startups | Mattermark
Pandoland 2015: Q1-Q2 State of Startups | MattermarkPandoland 2015: Q1-Q2 State of Startups | Mattermark
Pandoland 2015: Q1-Q2 State of Startups | Mattermark
 
Mattermark Investor Report Card | Series A Investment Trends - 8/2/16
Mattermark Investor Report Card | Series A Investment Trends - 8/2/16Mattermark Investor Report Card | Series A Investment Trends - 8/2/16
Mattermark Investor Report Card | Series A Investment Trends - 8/2/16
 
2015 Venture Capital & Startup Traction Report
2015 Venture Capital & Startup Traction Report2015 Venture Capital & Startup Traction Report
2015 Venture Capital & Startup Traction Report
 
Fluid and electrolyte balances and imbalances
Fluid and electrolyte balances and imbalancesFluid and electrolyte balances and imbalances
Fluid and electrolyte balances and imbalances
 
How to prepare for a long distance hiking trip
How to prepare for a long distance hiking tripHow to prepare for a long distance hiking trip
How to prepare for a long distance hiking trip
 
The Future of the Connected Traveler & Smart Travel Experience
The Future of the Connected Traveler & Smart Travel ExperienceThe Future of the Connected Traveler & Smart Travel Experience
The Future of the Connected Traveler & Smart Travel Experience
 
The State of Sales & Marketing at the 50 Fastest-Growing B2B Companies
The State of Sales & Marketing at the 50 Fastest-Growing B2B CompaniesThe State of Sales & Marketing at the 50 Fastest-Growing B2B Companies
The State of Sales & Marketing at the 50 Fastest-Growing B2B Companies
 

Similar a Das gotas de degelo

A hidrosfera e sua dinâmica
A hidrosfera e sua dinâmicaA hidrosfera e sua dinâmica
A hidrosfera e sua dinâmicaJudson Malta
 
Hidrografia Brasileira - Maiara
Hidrografia Brasileira - MaiaraHidrografia Brasileira - Maiara
Hidrografia Brasileira - MaiaravaldeniDinamizador
 
ÁGUA PURA PARA O MUNDO
ÁGUA PURA PARA O MUNDOÁGUA PURA PARA O MUNDO
ÁGUA PURA PARA O MUNDOFernando
 
A história da água
A história da águaA história da água
A história da águaOmar Fürst
 
Hidrografia do Brasil
Hidrografia do BrasilHidrografia do Brasil
Hidrografia do Brasilmartoca
 
RevisãO De Geografia
RevisãO De GeografiaRevisãO De Geografia
RevisãO De Geografiaguestbfdfd8
 
Rio são francisco
Rio são francisco Rio são francisco
Rio são francisco Rogerio Melo
 
BACIAS HIDROGRÁFICAS - Geografia 2 - Ensino remoto
BACIAS HIDROGRÁFICAS - Geografia 2 - Ensino remotoBACIAS HIDROGRÁFICAS - Geografia 2 - Ensino remoto
BACIAS HIDROGRÁFICAS - Geografia 2 - Ensino remotosw4kfysgx7
 
Geografia do brasil - Hidrografia
Geografia do brasil - HidrografiaGeografia do brasil - Hidrografia
Geografia do brasil - HidrografiaTom Lima
 
Geo h e_8o_cap10_site_ok
Geo h e_8o_cap10_site_okGeo h e_8o_cap10_site_ok
Geo h e_8o_cap10_site_okrdbtava
 
Foz do Rio São Francisco e Canyon do Xingó
 Foz do Rio São Francisco e Canyon do Xingó  Foz do Rio São Francisco e Canyon do Xingó
Foz do Rio São Francisco e Canyon do Xingó Prof. Oliveira Andrade
 
Passeio pela foz do so francisco f
Passeio pela foz do so francisco     fPasseio pela foz do so francisco     f
Passeio pela foz do so francisco fElis Santiago
 

Similar a Das gotas de degelo (20)

Hidrografia do Brasil
Hidrografia do Brasil   Hidrografia do Brasil
Hidrografia do Brasil
 
A hidrosfera e sua dinâmica
A hidrosfera e sua dinâmicaA hidrosfera e sua dinâmica
A hidrosfera e sua dinâmica
 
Reg norte
Reg norteReg norte
Reg norte
 
Hidrografia Brasileira - Maiara
Hidrografia Brasileira - MaiaraHidrografia Brasileira - Maiara
Hidrografia Brasileira - Maiara
 
Modulo 10 - As águas no Brasil
Modulo 10 - As águas no BrasilModulo 10 - As águas no Brasil
Modulo 10 - As águas no Brasil
 
Informativo insp 8-
Informativo insp   8-Informativo insp   8-
Informativo insp 8-
 
ÁGUA PURA PARA O MUNDO
ÁGUA PURA PARA O MUNDOÁGUA PURA PARA O MUNDO
ÁGUA PURA PARA O MUNDO
 
Mundo curioso
Mundo curiosoMundo curioso
Mundo curioso
 
A história da água
A história da águaA história da água
A história da água
 
Hidrografia do Brasil
Hidrografia do BrasilHidrografia do Brasil
Hidrografia do Brasil
 
RevisãO De Geografia
RevisãO De GeografiaRevisãO De Geografia
RevisãO De Geografia
 
Rio são francisco
Rio são francisco Rio são francisco
Rio são francisco
 
BACIAS HIDROGRÁFICAS - Geografia 2 - Ensino remoto
BACIAS HIDROGRÁFICAS - Geografia 2 - Ensino remotoBACIAS HIDROGRÁFICAS - Geografia 2 - Ensino remoto
BACIAS HIDROGRÁFICAS - Geografia 2 - Ensino remoto
 
Geografia do brasil - Hidrografia
Geografia do brasil - HidrografiaGeografia do brasil - Hidrografia
Geografia do brasil - Hidrografia
 
Bacias hidrográficas
Bacias hidrográficasBacias hidrográficas
Bacias hidrográficas
 
Geo h e_8o_cap10_site_ok
Geo h e_8o_cap10_site_okGeo h e_8o_cap10_site_ok
Geo h e_8o_cap10_site_ok
 
Hidrografia
HidrografiaHidrografia
Hidrografia
 
Foz do Rio São Francisco e Canyon do Xingó
 Foz do Rio São Francisco e Canyon do Xingó  Foz do Rio São Francisco e Canyon do Xingó
Foz do Rio São Francisco e Canyon do Xingó
 
Passeio pela foz do so francisco f
Passeio pela foz do so francisco     fPasseio pela foz do so francisco     f
Passeio pela foz do so francisco f
 
Passeio Na Foz do São Francisco
Passeio Na Foz do São FranciscoPasseio Na Foz do São Francisco
Passeio Na Foz do São Francisco
 

Das gotas de degelo

  • 1. Das gotas de degelo, no alto da Cordilheira dos Andes, passando por riachos de águas cristalinas, até fontes de antigas civilizações incas, e metrópoles modernas no meio da selva. Os repórteres Francisco José e José Raimundo vão refazer uma viagem que começou há seis milhões de anos, e que continua todos os dias no Rio Amazonas. A viagem das águas vai desde as nascentes até a foz do maior rio do mundo. saiba mais  Cidade na Ilha de Marajó utiliza bicicleta como único meio de transporte  Brasil: crianças tomam barco à noite para chegar à escola no dia seguinte  Machu Pichu: viagem revela os mistérios na cidade perdida dos incas O repórter Francisco José relata que a expedição começa do outro lado do continente sul-americano. De Arequipa, no Peru, a equipe do Globo Repórter sobe a Cordilheira dos Andes, pelo Vale do Rio Colca, em busca das nascentes do Amazonas no alto das montanhas geladas. O cânion do Rio Colca, nos Andes peruanos, é o mais profundo do planeta. Seus paredões chegam a 3.600 metros de altura. O Grand Canyon, nos Estados Unidos, é mais extenso, mas a fenda mais profunda da terra é a no Vale do Colca. Francisco José conta que, pela manhã, é o lugar ideal para avistar o condor, ave símbolo de vários países latino-americanos. O gigante dos céus impõe respeito. A maior ave voadora do mundo pode ter mais de três metros de uma ponta a outra das asas. A equipe está há quatro dias na Cordilheira dos Andes, no Peru, e dá mais uma parada para aclimatação à altitude. A 4.500 metros, a temperatura é de -4ºC. Um médico peruano acompanha o repórter até a montanha e aconselha caminhadas para que o corpo se acostume, aos poucos, à altitude. Ele explica que, no alto da Cordilheira, não há tanto oxigênio e o coração precisa trabalhar mais, pois a pressão aumenta. No dia seguinte, a equipe sai antes do amanhecer para, finalmente, escalar a montanha onde estão as nascentes do Amazonas. Vão à encosta do Nevado Mismi, uma montanha que se eleva a 5.600 metros acima do nível do mar. É verão, época de pouca chuva, mas o caminho é cheio de belezas naturais e dos animais da Cordilheira: alpacas, vicunhas
  • 2. e lhamas. À distância, está o Nevado Mismi, onde nasce o Rio Amazonas. E, ali, sua primeira ponte. No trecho, o repórter pode atravessar o maior rio do mundo, com dois passos, da margem direita para a margem esquerda. A quase 7 mil quilômetros de distância, na Foz do Amazonas, atravessar o rio não é tão fácil. São 279 quilômetros. Nem com binóculos dá para ver a margem do rio. A ciência brasileira considera, hoje, a Foz do Amazonas toda a área que vai do arquipélago de Bailique, no Amapá, até a Foz do Rio Pará. A equipe navega entre o Amapá e a Ilha de Marajó. A bordo de um barco de pesca, chega até o fim verdadeiro do Rio Amazonas no Oceano Atlântico, onde a água doce, finalmente, dá lugar à água salgada. A equipe de reportagem viaja mar adentro. No segundo dia, pela manhã, os pescadores começam o trabalho. Os peixes encontrados correspondem a 80% da espécie piramutabas. Só a arrraia não é de água doce. Os outros peixes tudo é de água doce”, diz um pescador. O repórter está a 250 quilômetros do continente, da costa do Pará, de onde saíram. E, do lugar onde está, ele relata que dá para se ter uma ideia da força do Amazonas. Toda a água barrenta vem de lá, é o rio que manda. É a prova de que o Amazonas vai empurrando o mar bem mais para frente. O repórter José Raimundo experimenta um pouco para ver que gosto tem. Não é nem salobra, nem sinal de sal. É água doce no meio do Atlântico. A primeira vez que estiveram em alto mar, os jovens engenheiros de pesca se surpreenderam. “Imaginava que fosse navegar pela primeira vez no oceano, no mar azul. E quando eu cheguei aqui, mar aberto, porém a água barrenta e doce do Rio Amazonas. E isso me marcou muito. Me marca até hoje”, diz o engenheiro de pesca Luis da Costa Soares. Os engenheiros medem o tamanho das piramutabas. Para eles, o peixe é um símbolo da força viva do Rio Amazonas. A piramutaba se alimenta e cresce na Foz, mas a desova dela é na região de Tefé, no alto Amazonas. Águas agitadas, barco balançando muito. Uma viagem sofrida para quem não está acostumado. Mas dá para suportar, no nível do mar. E nos Andes peruanos? A que altitude estará o repórter Francisco José?
  • 3. Francisco José relata que está a quase 5 mil metros de altitude e, no caminho, encontra antigos povoados abandonados.Poucos ainda têm coragem de viver por lá. A equipe do Globo Repórter chega à fonte da Carhuasanta. A água que está jorrando da pedra vai para o Rio Amazonas, e é uma água pura, que está sendo filtrada pelo paredão. Ela vem de uma nascente principal e o repórter quer chegar até lá. A equipe segue, de carro, pela paisagem desértica. Mesmo no verão, a pequena trilha some embaixo da neve. Os carros deixam o repórter em uma altitude de 1.200 metros de altitude. Ali, não pode andar rápido, pois você termina faltando ar. Estão levando oxigênio, mas espera-se que ninguém precise. O caminho é todo de pedras, o que torna tudo ainda mais difícil. A equipe escala uma pedreira que parece não ter fim. Os carros estão distantes e foi feita uma boa caminhada em menos de meia hora. A escalada é o mais difícil, o mais cansativo. Venceu-se o primeiro obstáculo, que é cansativo, mas a equipe pretende chegar lá. Às vezes, parece impossível se localizar na imensidão. Mas, com a ajuda dos guias experientes, a equipe atinge o objetivo. Depois de quatro horas de caminhada, subindo e descendo montanhas, finalmente, a equipe chega à principal nascente do Rio Amazonas: a Lagoa McIntyre. Ela tem este nome em homenagem a um dos seus descobridores, o expedicionário americano LorenMcIntyre. O curso de um rio se mede pela distância da sua Foz até a sua nascente. E essa é a nascente mais distante e mais alta do Rio Amazonas. O local é desértico, sem vida e sem vegetais. Em 2007, o documentarista Pedro Werneck e seus pais, Paula Saldanha e Roberto Werneck, organizaram a primeira expedição científica brasileira até a Lagoa McIntyre. “Cientistas de 16 países, que fizeram pesquisa por toda essa área, confirmaram que essa é a nascente mais alta e mais distante, perene o ano todo”, declara o documentarista. O trabalho dos pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) deu origem a uma grande descoberta. O Inpe tem a comprovação científica de que o Rio Amazonas é mais extenso do que o Nilo. Cientistas do Inpe mediram os dois rios, pelos métodos mais avançados, e concluíram que o Amazonas tem 140 quilômetros a mais do que o Nilo.
  • 4. Os cálculos foram feitos com um programa desenvolvido pela agência espacial americana, a Nasa, a partir de imagens de satélite. “Nós utilizamos a vertente mais distante da boca do Amazonas, esta vertente que está lá no alto Apurimac, que vocês apresentaram no programa. Desta vertente até o Atlântico, o Amazonas chega a 6.992 quilômetros”, relatao geólogo Paulo Roberto Martini, do Inpe. Os cálculos foram feitos com um programa desenvolvido pela agência espacial americana, a Nasa, a partir de imagens de satélite. “Nós utilizamos a vertente mais distante da boca do Amazonas, esta vertente que está lá no alto Apurimac, que vocês apresentaram no programa. Desta vertente até o Atlântico, o Amazonas chega a 6.992 quilômetros”, relatao geólogo . Até hoje, a maioria dos mapas escolares ainda mostra o antigo traçado do Rio Amazonas, tendo o Rio Maranon como o principal formador do Amazonas em território peruano. Segundo o Inpe, o novo percurso sai da Lagoa McIntyre, seguindo pelo Rio Apurimac e outros afluentes, até chegar ao Amazonas, em território brasileiro. O maior rio do planeta nasce com tão pouca água, em uma pequena lagoa. Mas, e na Foz? Dá para avaliar a imensidão do Amazonas? Cerca de 17% de toda a água doce que vai para os oceanos no mundo são despejados na Foz do Amazonas. E os pesquisadores do Inpe já conseguiram determinar também a idade do rio. “O primeiro material que veio dos Andes, carregado pelo rio, foi datado em 6 milhões de anos. Esta é a idade que nós atribuímos à calha do Rio Amazonas”, conta Paulo Roberto Martini. Nestes 6 milhões de anos, o rio já correupara o Oceano Pacífico, para o Caribe e, agora, deságua no Oceano Atlântico. Mas a água não se cansa de mudar o seu próprio caminho. A equipe Globo Repórter sobrevoa a ilha de Bailique, a mais de 100 quilômetros de Macapá, e mostra o que a força das águas é capaz de fazer. As pequenas ilhas, quase perdidas entre o Amazonas e o Oceano Atlântico, estão em constante transformação. A equipe vai até Livramento, um dos povoados isolados. O acúmulo de sedimentos mudou muito a paisagem do vilarejo de Livramento. A água do Amazonas não se espalhava tanto porque o rio corria dentro da calha e a profundidade passava de 15
  • 5. metros. A ilha, mais adiante, não existia. Surgiu nos últimos 20 anos. Na maré baixa, duas vezes por dia, a pequena localidade fica isolada. Não tem estradas, nem pontes. O socorro mais próximo fica a duas horas de barco do local. Seu Erundino dos Santos, 75 anos, acompanha o sumiço do rio na frente de casa. “A minha imaginação seria que vai ficar um campo. Um campo. Vai acabar este transportede barco. Vai ter que andar de cavalo, de boi. Vai ser difícil”, relata. Para a geóloga Odete Silveira, da Universidade Federal do Pará (UFPA), que estuda o Amazonas desde a década de 1980, a movimentação da Foz é a busca natural por equilíbrio. “O Rio Amazonas é vida pura. Ele vai procurar sempre a cota mais baixa para se movimentar. E se para isso ele precisar esculpir de um lado e depositar no outro, ele vai fazer isso. É o caminho natural do rio”, explica Odete Silveira. Na Ilha do Parazinho, os dois fenômenos andam juntos. A ilha muda de lugar o tempo todo. Há dois anos, a mata chegava a certo ponto. Agora ela está a mais de 100 metros adiante. Mas se de um lado, a ilha encolhe, do outro ela cresce em uma velocidade muito maior. “Ela tinha uma área muito maior, 111 hectares e, hoje, tem 707 hectares”, relata um morador. É o Amazonas virando floresta. A floresta virando mar. Nesta sexta-feira, dia 12, o ‘Globo Repórter’ exibe a segunda e última parte do especial ‘Viagem das Águas Amazônicas’, a mais extensa reportagem já produzida por uma equipe de TV brasileira no Rio Amazonas. Os repórteres Chico José, que saiu da nascente do rio a 5.392 metros de altitude nos Andes, e José Raimundo, que partiu da foz no estado do Pará, se encontram na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia. Depois da inclusão dos satélites e do GPS na tecnologia de medição dos rios, descobriu-se que o Amazonas é o mais extenso do mundo, com 140 km a mais do que o Rio Nilo, na África. Há, portanto, uma nova geografia fluvial no mundo. Sendo navegável por transatlânticos e grandes navios cargueiros, o Amazonas é considerado a “estrada” mais movimentada da região Norte. Outra novidade revelada pelos estudos do INPE é que a foz do rio tem 279 km de extensão, de uma margem à outra, entre o Pará e o Amapá. Antes, considerava-se a foz entre a Ilha de Marajó e Macapá.
  • 6. Cada equipe percorreu 3,5 mil km para mostrar toda a beleza, a diversidade e os mistérios do Amazonas. Somando todas as viagens realizadas, foram mais de dois meses de gravação. “Eu já havia percorrido alguns trechos do rio Amazonas em viagens anteriores pelo Globo Repórter. Mas nada se compara à emoção de viajar 3.500 quilômetros só por águas brasileiras do maior rio do planeta. Foi uma das melhores experiências da minha vida profissional”, revela o repórter José Raimundo. A segunda e última parte do programa especial ‘Viagem das Águas Amazônicas’ será exibido pelo ‘Globo Repórter’ nesta sexta -feira, dia 12, após a novela ‘Insensato Coração’. Na mais extensa reportagem já produzida por uma equipe de TV brasileira no Rio Amazonas, duas equipes do 'Globo Repórter' percorreram sete mil quilômetros, da nascente à foz, para mostrar novas descobertas sobre o maior rio do mundo. Nesta 'Viagem das Águas Amazônicas', o repórter Chico José saiu da nascente, na Cordilheira dos Andes, no Peru, a 5.392 metros de altitude, e José Raimundo partiu da foz, no estado do Pará. Cada equipe percorreu 3,5 mil km para mostrar toda a beleza, a diversidade e os mistérios do Amazonas, encontrando-se na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia. Somando todas as viagens realizadas, foram mais de dois meses de gravação. Mesmo com quatro viagens à Amazônia na bagagem, o repórter Chico José conta que a altitude tornou essa expedição ainda mais difícil e impressionante: "Para nossa equipe, que desceu o rio, a parte mais difícil foram os sintomas da altitude. Chegamos a 5.392 metros. Encontramos a verdadeira nascente do maior rio do planeta, hoje reconhecida pela ciência", explica ele. As equipes entrevistaram técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, que monitora a região amazônica. Depois da inclusão dos satélites e do GPS na tecnologia de medição dos rios, descobriu-se que o Amazonas, além de ser o maior do mundo em volume de água - o que já se sabia - é também o mais extenso do mundo com 140 km a mais do que o Rio Nilo, na África. Há, portanto, uma nova geografia fluvial no mundo. A nova nascente fica na Lagoa Mc Intyre na Cordilheira dos Andes, no Peru. Lá, é possível "cruzar" o rio em apenas duas passadas. Entre a nascente e o Oceano Atlântico, o curso d'água ganha os nomes de Lloqueta, Apurimac, Ene, Tambo, Ucayali, Solimões e Amazonas. Em alguns pontos da viagem, só é possível viajar a pé e, em outros trechos, em botes ou canoas. Outra novidade revelada pelos estudos do INPE é que a foz do rio tem 279 km de extensão, de uma margem à outra, entre o Pará e o Amapá. Antes, considerava-se a foz entre a Ilha de Marajó e Macapá. A força do Rio Amazonas nesta região é tão grande que a água doce "empurra" a água do mar por cerca de 300 km. Nessa parte, navegam transatlânticos e grandes navios cargueiros, fazendo do Amazonas a "estrada" mais movimentada da região Norte. "Eu sabia da força descomunal do Amazonas, mas não imagina que ele fosse capaz de fazer o Atlântico recuar tanto para receber suas águas. Bebi água doce dentro do mar, a 250 quilômetros da foz. É
  • 7. incrível isso. Fiquei muito impressionado", revela o repórter José Raimundo, que fez o trajeto a partir do oceano Atlântico em direção à fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. O programa especial 'Viagem das Águas Amazônicas' será exibido pelo 'Globo Repórter' em dois episódios, o primeiro nesta sexta-feira, dia 5, após a novela 'Insensato Coração', e o segundo na sexta da próxima semana, no dia 12.