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                           Lendas de Portugal
        (Contos tradicionais ,Mitos & Lendas)
O QUE É UMA LENDA?    Narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos
                       tempos.

                      De caráter fantástico e/ou fictício, combinam fatos reais e
                       históricos com fatos irreais que são meramente produto da
                       imaginação aventures cá humana.

                      Com exemplos bem definidos em todos os países do mundo, as
                       lendas geralmente fornecem explicações plausíveis, e até certo
                       ponto aceitáveis, para coisas que não têm explicações científicas
                       comprovadas, como acontecimentos misteriosos ou
                       sobrenaturais. Podemos entender que lenda é uma degeneração
                       do Mito. Como diz o dito popular "Quem conta um conto
                       aumenta um ponto", as lendas, pelo fato de serem repassadas
                       oralmente de geração a geração, sofrem alterações à medida
                       que vão sendo recontadas.


                      Muitos pesquisadores, historiadores, ou folcloristas, afirmam que
                       as lendas são apenas frutos da imaginação popular, porém como
 Um frade andava no peditório; chegou à porta
  de um lavrador, mas não lhe quiseram aí dar
  nada. O frade estava a cair com fome, e
  disse:
 - Vou ver se faço um caldinho de pedra.
 E pegou numa pedra do chão, sacudiu-lhe a
  terra e pôs-se a olhar para ela para ver se era
  boa para fazer um caldo. A gente da casa
  pôs-se a rir do frade e daquela lembrança.
  Diz o frade:
 - Então nunca comeram caldo de pedra? Só
  lhes digo que é uma coisa muito boa.
 Responderam-lhe:
 - Sempre queremos ver isso.
 Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter
  lavado a pedra, disse:
 -Se me emprestassem aí um pucarinho.
 Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu-
  a de água e deitou-lhe a pedra dentro.
 - Está um bocadinho insosso; bem precisa de uma pedrinha de
    sal.
   - Também lhe deram o sal. Temperou, provou, e disse:
   - Agora é que com uns olhinhos de couve ficava que os anjos o
    comeriam.
   A dona da casa foi à horta e trouxe-lhe duas couves tenras. O
    frade limpou-as e ripou-as com os dedos deitando as folhas na
    panela.
   Quando os olhos já estavam aferventados, disse o frade:
   - Ai, um naquinho de chouriço é que lhe dava uma graça…
   Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço; ele botou-o na panela, e
    enquanto se cozia, tirou do alforge pão e arranjou-se para comer
    com vagar. O caldo cheirava que era um regalo. Comeu e lambeu
    o beiço; depois de despejada a panela ficou a pedra no fundo. A
    gente da casa, que estava com os olhos nele, perguntou-lhe:
   - Ó senhor frade, então a pedra?
   Respondeu o frade:
   - A pedra lavo-a e levo-a comigo para outra vez.
   E assim comeu onde não lhe queriam dar nada.
Um mito é uma narrativa tradicional com caráter explicativo
                   e/ou simbólico, profundamente relacionado com uma dada
                   cultura e/ou religião. O mito procura explicar os principais
                   acontecimentos da vida, os fenômenos naturais, as origens do
                   Mundo e do Homem por meio de deuses, semideuses e
O que é um mito?

                   heróis (todas elas são criaturas sobrenaturais). Pode-se dizer
                   que o mito é uma primeira tentativa de explicar a realidade.

                   A explicação mítica é contrária à explicação filosófica. A
                   Filosofia procura, através de discussões, reflexões e
                   argumentos, saber e explicar a realidade com razão e lógica
                   enquanto que o mito não explica racionalmente a realidade,
                   procura interpretá-la a partir de lendas e de histórias
                   sagradas, não tendo quaisquer argumentos para suportar a
                   sua interpretação.

                   Ao mito está associado o rito. O rito é o modo de se pôr em
                   ação o mito na vida do Homem (Ex: cerimónias, danças,
                   orações, sacrifícios...).
 Antes de haver a informação impressa, a maior
  parte das informações e histórias eram passadas
  através da tradição oral. Alguns povos tinham
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  contando fatos e fantasias. Também nas aldeias e
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  tradições e histórias, sendo procuradas pelos que
  queriam ouvir e saber. Na idade média, os
  trovadores iam de cidade em cidade "cantando" as
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Lendas de portugal 2

  • 1. Peter l Lendas de Portugal (Contos tradicionais ,Mitos & Lendas)
  • 2. O QUE É UMA LENDA?  Narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos tempos.  De caráter fantástico e/ou fictício, combinam fatos reais e históricos com fatos irreais que são meramente produto da imaginação aventures cá humana.  Com exemplos bem definidos em todos os países do mundo, as lendas geralmente fornecem explicações plausíveis, e até certo ponto aceitáveis, para coisas que não têm explicações científicas comprovadas, como acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Podemos entender que lenda é uma degeneração do Mito. Como diz o dito popular "Quem conta um conto aumenta um ponto", as lendas, pelo fato de serem repassadas oralmente de geração a geração, sofrem alterações à medida que vão sendo recontadas.  Muitos pesquisadores, historiadores, ou folcloristas, afirmam que as lendas são apenas frutos da imaginação popular, porém como
  • 3.  Um frade andava no peditório; chegou à porta de um lavrador, mas não lhe quiseram aí dar nada. O frade estava a cair com fome, e disse:  - Vou ver se faço um caldinho de pedra.  E pegou numa pedra do chão, sacudiu-lhe a terra e pôs-se a olhar para ela para ver se era boa para fazer um caldo. A gente da casa pôs-se a rir do frade e daquela lembrança. Diz o frade:  - Então nunca comeram caldo de pedra? Só lhes digo que é uma coisa muito boa.  Responderam-lhe:  - Sempre queremos ver isso.  Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter lavado a pedra, disse:  -Se me emprestassem aí um pucarinho.  Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu- a de água e deitou-lhe a pedra dentro.
  • 4.  - Está um bocadinho insosso; bem precisa de uma pedrinha de sal.  - Também lhe deram o sal. Temperou, provou, e disse:  - Agora é que com uns olhinhos de couve ficava que os anjos o comeriam.  A dona da casa foi à horta e trouxe-lhe duas couves tenras. O frade limpou-as e ripou-as com os dedos deitando as folhas na panela.  Quando os olhos já estavam aferventados, disse o frade:  - Ai, um naquinho de chouriço é que lhe dava uma graça…  Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço; ele botou-o na panela, e enquanto se cozia, tirou do alforge pão e arranjou-se para comer com vagar. O caldo cheirava que era um regalo. Comeu e lambeu o beiço; depois de despejada a panela ficou a pedra no fundo. A gente da casa, que estava com os olhos nele, perguntou-lhe:  - Ó senhor frade, então a pedra?  Respondeu o frade:  - A pedra lavo-a e levo-a comigo para outra vez.  E assim comeu onde não lhe queriam dar nada.
  • 5. Um mito é uma narrativa tradicional com caráter explicativo e/ou simbólico, profundamente relacionado com uma dada cultura e/ou religião. O mito procura explicar os principais acontecimentos da vida, os fenômenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semideuses e O que é um mito? heróis (todas elas são criaturas sobrenaturais). Pode-se dizer que o mito é uma primeira tentativa de explicar a realidade. A explicação mítica é contrária à explicação filosófica. A Filosofia procura, através de discussões, reflexões e argumentos, saber e explicar a realidade com razão e lógica enquanto que o mito não explica racionalmente a realidade, procura interpretá-la a partir de lendas e de histórias sagradas, não tendo quaisquer argumentos para suportar a sua interpretação. Ao mito está associado o rito. O rito é o modo de se pôr em ação o mito na vida do Homem (Ex: cerimónias, danças, orações, sacrifícios...).
  • 6.  Antes de haver a informação impressa, a maior parte das informações e histórias eram passadas através da tradição oral. Alguns povos tinham "contadores de histórias" que iam de lugar em lugar contando fatos e fantasias. Também nas aldeias e vilas haviam pessoas que eram guardiãs as tradições e histórias, sendo procuradas pelos que queriam ouvir e saber. Na idade média, os trovadores iam de cidade em cidade "cantando" as histórias e lendas.  A palavra lenda apareceu primeiramente na língua latina, daí passando para o francês e o inglês. Do latim veio também para o português, italiano e espanhol. Nos tempos antigos, uma "lenda" descrevia fatos, pessoas e histórias tidas como