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ATENÇÃO À
CRIANÇA
DENGUE NA INFÂNCIA
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DENGUE NA INFÂNCIA
O quadro epidemiológico da dengue no país aponta para a
vulnerabilidade de ocorrências de epidemias, bem como um
aumento das formas graves, possibilitando o risco de aumento
de óbitos e da letalidade. Outro fator de preocupação é o
aumento de casos na faixa etária mais jovem, inclusive
crianças, cenário já observado em outros países.
Ministério da Saúde, 2009.
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DENGUE NA INFÂNCIA
Objetivos dessa apresentação:
• Apresentar a fisiopatologia e evolução dos quadros de dengue;
• Apresentar as atuais recomendações para diagnóstico e tratamento da
dengue na infância.
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DENGUE NA INFÂNCIA
Introdução
• Transmitida por mosquitos (no Brasil,
principalmente pelo Aedes aegypti)
• Flavivírus
• Doença endêmica na maior parte do
Brasil
• 5 sorotipos – imunidade sorotipo
específica
Guzman, 2010.
1970
2004
Mudanças na distribuição dos sorotipos de dengue.
Dengue
OBS: Sorotipo 5 ainda
não estava descrito.
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DENGUE NA INFÂNCIA
Casos de Dengue - Brasil
Fonte: SINAN
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DENGUE NA INFÂNCIA
Fisiopatogenia da Dengue
Traduzido e adaptado de: Guzman, 2015.
Fase Primária (febril) Fase Crítica
Mediadores
Anticorpos pré existentes
Células imunes
Sistema complementar
Células T
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Anticorpos
Citocinas e outros
mediadores
Células endoteliais
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Associado a
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Rep. viral, prod. citocina, morte de cél infect.
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Produção de anticorpos
Trombocitopenia, extravazamento de plasma
Febre, disfunção de cél endotelial,
hemorragia
Extravasamento plasmático, hemorragia
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DENGUE NA INFÂNCIA
Dias de doença
Temperatura
Potencial risco
clínico
Mudanças
laboratoriais
Sorologia e
virologia
Evolução da
doença
Febril Crítico Recuperação
Viremia
Ht
Plaqueta
Desidratação Choque
Sangramento
Reabsorção
Sobrecarga de fluidos
Prejuízo de órgãos
Evolução da Dengue
Adaptado e traduzido de: WHO, 2009.
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DENGUE NA INFÂNCIA
Manifestações Clínicas da Dengue
Adaptado e traduzido de: Hammond, et.al., 2005.
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DENGUE NA INFÂNCIA
Definição de Dengue
• Considera-se caso suspeito de dengue todo paciente que apresente doença febril aguda,
com duração máxima de sete dias, acompanhada de pelo menos dois dos sinais ou
sintomas como: cefaleia, dor retro orbitária, mialgia, artralgia, prostração ou exantema,
associados ou não à presença de sangramentos ou hemorragias, com história
epidemiológica positiva, tendo estado nos últimos 15 dias em área de transmissão de
dengue ou que tenha a presença do Aedes aegypti.
• Também pode ser considerado caso suspeito a criança proveniente ou residente em área
endêmica que apresente quadro febril sem sinais de localização da doença ou na
ausência de sintomas respiratórios.
Todo caso suspeito de dengue deve ser notificado à Vigilância
Epidemiológica, sendo imediata a notificação das formas
graves da doença.
Ministério da Saúde, 2009.
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DENGUE NA INFÂNCIA
Dengue - Classificação
Adaptado e traduzido de: WHO, 2009.
Dengue Provável
morar/viajar para área endêmica
da dengue.
Febre e 2 dos seguintes critérios:
• Náusea, vômito
• Irritação na pele
• Dor no corpo
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Dengue confirmada em laboratório
(importante quando não há sinal
de extravazamento de plasma)
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• Vômito persistente
• Acúmulo de líquido (derrame
pleural, derrame pericáridico)
• Sangramento de mucosa
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DENGUE NA INFÂNCIA
Diagnóstico da Dengue
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DENGUE NA INFÂNCIA
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DENGUE NA INFÂNCIA
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DENGUE NA INFÂNCIA
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DENGUE NA INFÂNCIA
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DENGUE NA INFÂNCIA
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DENGUE NA INFÂNCIA
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DENGUE NA INFÂNCIA
Tratando o Sangramento
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• Transfusão de Plaquetas – NÃO é recomendada como profilaxia. Transfundir quando:
-> Plaquetas < 50.000 com sangramento em SNC ou TGI
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DENGUE NA INFÂNCIA
A dengue é uma doença única, dinâmica e sistêmica. Isso significa que a doença
pode evoluir para remissão dos sintomas ou pode agravar-se exigindo constante
reavaliação, observação e intervenções oportunas, para que os óbitos não ocorram.
A implantação do acolhimento com classificação de risco é de vital importância,
para que o correto estadiamento ofereça tratamento prioritário e oportuno para os
casos com sinais de alarme e para os casos graves.
Ministério da Saúde, 2016.
A principal profilaxia da dengue é o controle do ambiente!
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DENGUE NA INFÂNCIA
• Guzman, M., Halstead, S., Artsob, H. et al. Dengue: a continuing global threat. Nat Rev Microbiol 8, S7–S16 (2010).
• Maria G Guzman, & Eva Harris (2015). Dengue. The Lancet, 385(9966), 453-465.
• World Health Organization (WHO). (2009). Dengue guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control : new edition. World Health
Organization. Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control — New edition.
• Hammond SN, Balmaseda A, Pérez L, Tellez Y, Saborío SI, Mercado JC, Videa E, Rodriguez Y, Pérez MA, Cuadra R, Solano S, Rocha J, Idiaquez W,
Gonzalez A, Harris E. Differences in dengue severity in infants, children, and adults in a 3-year hospital-based study in Nicaragua. Am J Trop Med
Hyg. 2005 Dec;73(6):1063-70. PMID: 16354813.
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Diretrizes nacionais para prevenção e
controle de epidemias de dengue / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília :
Ministério da Saúde, 2009.
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis.Dengue : diagnóstico e
manejo clínico : adulto e criança [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das
Doenças Transmissíveis. – 5. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2016.
Referências
ATENÇÃO À
CRIANÇA
portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br
Material de 19 de maio de 2021
Disponível em: portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br
Eixo: Atenção à Criança
Aprofunde seus conhecimentos acessando artigos disponíveis na biblioteca do Portal.
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Dengue na Infância

  • 2. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br DENGUE NA INFÂNCIA O quadro epidemiológico da dengue no país aponta para a vulnerabilidade de ocorrências de epidemias, bem como um aumento das formas graves, possibilitando o risco de aumento de óbitos e da letalidade. Outro fator de preocupação é o aumento de casos na faixa etária mais jovem, inclusive crianças, cenário já observado em outros países. Ministério da Saúde, 2009.
  • 3. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br DENGUE NA INFÂNCIA Objetivos dessa apresentação: • Apresentar a fisiopatologia e evolução dos quadros de dengue; • Apresentar as atuais recomendações para diagnóstico e tratamento da dengue na infância.
  • 4. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br DENGUE NA INFÂNCIA Introdução • Transmitida por mosquitos (no Brasil, principalmente pelo Aedes aegypti) • Flavivírus • Doença endêmica na maior parte do Brasil • 5 sorotipos – imunidade sorotipo específica Guzman, 2010. 1970 2004 Mudanças na distribuição dos sorotipos de dengue. Dengue OBS: Sorotipo 5 ainda não estava descrito.
  • 6. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br DENGUE NA INFÂNCIA Fisiopatogenia da Dengue Traduzido e adaptado de: Guzman, 2015. Fase Primária (febril) Fase Crítica Mediadores Anticorpos pré existentes Células imunes Sistema complementar Células T Células B Anticorpos Citocinas e outros mediadores Células endoteliais Dias de doença Associado a ADE, alta viremia, propagação viral Rep. viral, prod. citocina, morte de cél infect. Ativ. cél endotelial, vasculite Liberação de citocina, morte de cél infectadas Produção de anticorpos Trombocitopenia, extravazamento de plasma Febre, disfunção de cél endotelial, hemorragia Extravasamento plasmático, hemorragia
  • 7. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br DENGUE NA INFÂNCIA Dias de doença Temperatura Potencial risco clínico Mudanças laboratoriais Sorologia e virologia Evolução da doença Febril Crítico Recuperação Viremia Ht Plaqueta Desidratação Choque Sangramento Reabsorção Sobrecarga de fluidos Prejuízo de órgãos Evolução da Dengue Adaptado e traduzido de: WHO, 2009.
  • 8. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br DENGUE NA INFÂNCIA Manifestações Clínicas da Dengue Adaptado e traduzido de: Hammond, et.al., 2005.
  • 9. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br DENGUE NA INFÂNCIA Definição de Dengue • Considera-se caso suspeito de dengue todo paciente que apresente doença febril aguda, com duração máxima de sete dias, acompanhada de pelo menos dois dos sinais ou sintomas como: cefaleia, dor retro orbitária, mialgia, artralgia, prostração ou exantema, associados ou não à presença de sangramentos ou hemorragias, com história epidemiológica positiva, tendo estado nos últimos 15 dias em área de transmissão de dengue ou que tenha a presença do Aedes aegypti. • Também pode ser considerado caso suspeito a criança proveniente ou residente em área endêmica que apresente quadro febril sem sinais de localização da doença ou na ausência de sintomas respiratórios. Todo caso suspeito de dengue deve ser notificado à Vigilância Epidemiológica, sendo imediata a notificação das formas graves da doença. Ministério da Saúde, 2009.
  • 10. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br DENGUE NA INFÂNCIA Dengue - Classificação Adaptado e traduzido de: WHO, 2009. Dengue Provável morar/viajar para área endêmica da dengue. Febre e 2 dos seguintes critérios: • Náusea, vômito • Irritação na pele • Dor no corpo • Prova do laço positiva • Leucopenia • Qualquer sinal de alerta Dengue confirmada em laboratório (importante quando não há sinal de extravazamento de plasma) Sinais de alerta (requerem observação rigorosa) • Dor ou sensibilidade abdominal • Vômito persistente • Acúmulo de líquido (derrame pleural, derrame pericáridico) • Sangramento de mucosa • Letargia, inquietação • Aumento do fígado> 2 cm • Laboratório: aumento de hematócritos com diminuição rápida na contagem de plaquetas Dengue Severa Extravazamento grave de plasma levando a: • Choque (DSS) • Acúmulo de fluido com desconforto respiratório Sangramento severo Envolvimento grave de órgãos • Fígado: AST ou ALT> = 1000 • Alteração do nível de consciência • Coração e outros órgãos Com sinais de alerta 1. Extravasamento de plasma 2. Hemorragia 3. Envolvimento de órgãos Dengue Severa Dengue e Sinais de Alerta
  • 11. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br DENGUE NA INFÂNCIA Diagnóstico da Dengue Anamnese Exame físico Exames laboratoriais • Hemograma (Hto, plaquetas) Diagnóstico etiológico • Sempre se fora de endemicidade, paciente de risco/comorbidade, grave Exames complementares (quando necessário) • AST/ALT, albumina, glicose, uréia, creatinina, eletrólitos,lactato, bicarbonato, CPK/CPKMB, densidade urinária, imagem (Rx Tx, USG, eco)
  • 12. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br DENGUE NA INFÂNCIA Traduzido e adaptado de: Guzman, 2010. Diagnóstico da Dengue Carga Viral detectada pelo RT-PCR Anticorpos quantificados pelo ELISA Dependendo da fase da dengue, há um diagnóstico etiológico diferente. Viremia Dias Doença aguda
  • 14. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br DENGUE NA INFÂNCIA Tratamento da Dengue Consegue tolerar VO, urinando cada 6 horas, sem sinais de alerta: • Voltar diariamente até passar fase crítica (febre, período, hidratação, Hto, Plaquetas) • TRO – 2/3 necessidades diárias, o resto com sucos • Orientar sinais de alerta • Muito VO • Paracetamol ou dipirona (evitar NSAIDS, AAS) SEM gravidade
  • 15. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br DENGUE NA INFÂNCIA • Internar por 24-48 horas • Hematócrito de referência • Hidratação: 5-7 mL/Kg/hora (1-2 horas) -> depois Holliday-Segar Tratamento da Dengue Pacientes com sinais de alerta ou comorbidades e lactentes Se sinais vitais e Hto ok -> manter IV 2-4h Se alteração clínica ou Hto: Aumentar IV 5-10 mL/Kg/hora (1-2 h) Reavaliar Se sem sinais de alerta – TRO 50-100 mL/Kg – 4 h VO Débito urinário 0,5 mL/Kg/h
  • 16. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br DENGUE NA INFÂNCIA • Extravasamento endotelial levando ao choque ou insuficiência respiratória (derrame pleural) • Hemorragia grave • Lesão em órgão-alvo: lesão hepática ou renal, cardiomiopatia, encefalopatia ou encefalite. Tratamento da Dengue Pacientes graves: acesso à UTI e transfusão
  • 17. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br DENGUE NA INFÂNCIA Quando suspeitar de Sangramento? • Sangramento persistente ou grave com hipotensão • Após hidratação -> diminuição do hematócrito sem normalização da PA • Choque refratário que não responde a ressuscitação com 40- 60 mL/Kg • Choque hipotensivo com HTo NL ou baixo pré-fluido • Acidose metabólico grave persistente (ppal/com dor abdominal) Maior risco em: • Choque prolongado refratário, hipotensivo, e/ou insuficiência hepática ou renal, acidose metabólica grave • Uso de anticoagulantes ou NSAIDS • HPP úlcera péptica • Trauma (até em injeção IM)
  • 18. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br DENGUE NA INFÂNCIA Tratando o Sangramento • Repouso – evitar traumas • Transfusão de Plaquetas – NÃO é recomendada como profilaxia. Transfundir quando: -> Plaquetas < 50.000 com sangramento em SNC ou TGI -> Plaquetas <20.000 e sangramento ativo não controlado -> Recomenda-se 1 UI/10 Kg, 8/8/h Iniciar transfusão de sangue -> concentrado de hemácias
  • 19. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br DENGUE NA INFÂNCIA A dengue é uma doença única, dinâmica e sistêmica. Isso significa que a doença pode evoluir para remissão dos sintomas ou pode agravar-se exigindo constante reavaliação, observação e intervenções oportunas, para que os óbitos não ocorram. A implantação do acolhimento com classificação de risco é de vital importância, para que o correto estadiamento ofereça tratamento prioritário e oportuno para os casos com sinais de alarme e para os casos graves. Ministério da Saúde, 2016. A principal profilaxia da dengue é o controle do ambiente!
  • 20. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br DENGUE NA INFÂNCIA • Guzman, M., Halstead, S., Artsob, H. et al. Dengue: a continuing global threat. Nat Rev Microbiol 8, S7–S16 (2010). • Maria G Guzman, & Eva Harris (2015). Dengue. The Lancet, 385(9966), 453-465. • World Health Organization (WHO). (2009). Dengue guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control : new edition. World Health Organization. Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control — New edition. • Hammond SN, Balmaseda A, Pérez L, Tellez Y, Saborío SI, Mercado JC, Videa E, Rodriguez Y, Pérez MA, Cuadra R, Solano S, Rocha J, Idiaquez W, Gonzalez A, Harris E. Differences in dengue severity in infants, children, and adults in a 3-year hospital-based study in Nicaragua. Am J Trop Med Hyg. 2005 Dec;73(6):1063-70. PMID: 16354813. • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Diretrizes nacionais para prevenção e controle de epidemias de dengue / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009. • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis.Dengue : diagnóstico e manejo clínico : adulto e criança [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – 5. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2016. Referências
  • 21. ATENÇÃO À CRIANÇA portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br Material de 19 de maio de 2021 Disponível em: portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br Eixo: Atenção à Criança Aprofunde seus conhecimentos acessando artigos disponíveis na biblioteca do Portal. DENGUE NA INFÂNCIA