3. Carta ao professor
Caro(a) Leitor(a)
A Educação deve ocupar um lugar preferencial na vida comunitária. Ela garantirá a
continuidade da vida judaica.
A realidade em muitas comunidades demonstra que, mesmo com problemas de assi-
milação ou demografia negativa, os marcos educativos propiciam e possibilitam, de fato,
a formação e transmissão dos valores e cultura judaica através das gerações. É claro que
a Educação deve começar desde o berço.
A Agência Judaica, consciente da necessidade de fortificar estes marcos e fiel ao
seu objetivo – constituir o elo de ligação entre o Estado de Israel, o judaísmo nas suas
vertentes e os judeus no mundo, trouxe para si a tarefa de desenvolver um currículo
unificado das Festas Judaicas para a Educação Infantil.
Esta realização inédita, aglutinou os profissionais das Escolas Judaicas de São Paulo,
dentro de um clima pluralista, de respeito pelas diversas correntes ali representadas.
Assim, durante dois longos anos, educadoras reuniram-se, intercambiaram idéias, ma-
teriais e experiências sobre o tesouro mais prezado – as crianças, e a melhor forma de
transmitir e vivenciar o judaísmo e o seu elo com Israel.
O resultado que você, caro(a) leitor(a) apreciará a seguir, demonstra a qualidade da
Educação Infantil de nossa comunidade.
Cabe à Agência Judaica, quem tem o prazer de publicar este livro, cumprimentar
à equipe de Gananot pelo belo trabalho realizado, ao ex-sheliach Danny Wollach que
iniciou a tarefa, ao Jairo Fridlin pela sua colaboração e a todos aqueles que contribuíram
para que hoje os profissionais da Educação Infantil Judaica de São Paulo e de todo o
Brasil possam contar com este livro que, sem dúvida, se transformará num marco de
consulta.
Kriá Neimá (leitura amena)
Moshé Reskin
Representante da Agencia Judaica no Brasil
São Paulo, julho de 2005
3
4. Educação Infantil nas Escolas (e seus sites)
Diretoras e coordenadoras, professores e colaboradores
Sociedade Benéfica Cultural Religiosa Brasileira Colégio I. L. Peretz - Acrelbi
Beit Yaacov (Associação Cultural
www.beityaacov.com.br Religiosa Brasileira Israelita)
Joyce Szlak www.peretz.com.br
Sarita Kreimer (Olami & E.M.I. Hebraica) Fany Cogan Barocas
Schmul Osher Begun, Rav Linda Derviche Blaj
Alberto Wakrat Karina Joseph Levy
Mônica Pipek
Escola Israelita Brasileira Chaim Nachman Bialik Célia Liuchy Polster
www.bialik.g12.br Isa Sandra Zajdenwerg
Rosely Mandelman Sonia Levinbuk
Ana Carolina Corsi Homenagem: Gita Lesser Z’L
Rosa Rivo Holzer
Rebeca Sendrovich Sociedade Hebraico Brasileira Renascença
Maria de Fátima Simeliovich www.renascenca.br
Liliana Daniela Albalá Geni H. Oksman Chanoft
Rachel Wahba Sandra Maghidman
Shelly Blecher Ilana Waintraub
Priscila Dahan
Escola Gani Talmud Thorá Tamar Carina Dayan
Hana Ende Renata Gross
Ester Zweibil Mina Kramarsk
Roselea Becher Fleischmann
Sheila Berditchevsky Bleich De 2003 em diante
Thaís Wassefirer Hubner
Sarita Copeliovitch Beit Sêfer Shelanu
Renata Khafif Márcia Rochine Zitman (I.L.Peretz)
Essia Kuszer
Frida Tawil Ensino Judaico Sul
Sarita Municic Saruê
Escola Maternal e Infantil Hebraica Márcia Regina Cohen (Gani TT)
www.hebraica.org.br
Ester Schwartzman Kitá Legal
Adriana Thaiz Abramczyk www.kitalegal.com.br
Renata Hitelman (Kitá Legal/Beit Yaacov) Shirley Jungman Sacerdote
Lais Katz (E.M.I. Hebraica)
Olami Patrícia Aparecida Lopes (E.M.I. Hebraica)
www.hebraica.org.br
Joyce Szlak Instituto de Ensino ABC Lubavitch
Karen Ishay (Kitá Legal) www.lubavitch.org.br
Denise Krasilchik (Beit Yaakov) Chani Begun
Simone Benzinsky Lermann (I.L.Peretz) Mara Baroukh
Deborah Oksman (Renascença) Miriam Bucks
Márcia Eliezer
Este material foi elaborado e escrito para uso das escolas ficando proibida a venda do mesmo.
4
5. Apresentação
Foi um imenso e inenarrável prazer sentir-me parte de tão requisitado – pelas coorde-
nadoras de Cultura Judaica das Escolas Judaicas - e fundamental Projeto para a Educa-
ção Judaica, razão de nossa continuidade. No entanto, por que começar com Educação
Infantil? E… por que nós? Pensei que soubesse a resposta a princípio, mas só me ficou
claro quando, em uma de nossas várias sessões, de Março de 2002 a Dezembro de 2003,
ouvi Rav Henrique Begun citar… quando Moisés buscava alguém que guardasse as Leis.
As crianças! Foram justamente os pequeninos, os escolhidos para guardar nossas Leis.
De fato, apenas neles podemos depositar toda nossa confiança tendente à continuidade
de nossos valores, tradições e povo. Apenas viabilizando-lhes os caminhos e abrindo-
lhes espaços de busca que, sempre brincando como só eles aprendem, eles mesmos
explorarão para além de seus limites, é que construirão e fortalecerão sua identidade
judaica, o que lhes permitirá saber quem e o que são e aonde vão.
… E, por que nós? Por nossa função e papel serem trazer Israel para a Diáspora,
fortalecendo a idéia de este nosso país ser o referente universal para a Cultura Judaica.
Devo, no entanto, ainda e principalmente, acrescentar e afirmar que, com toda a certeza,
o que mais me entusiasmou e encantou não foi este estupendo futuro (que até posso
prever, mas não garantir), mas sim o presente. Um trabalho que não nasceu como é
hoje. A princípio, bem pouco pretensioso e mais no formato de grupo de estudo, mas
que foi tomando corpo e forma e fortalecendo a nossa identidade, num permanente
exercício de tolerância entre nossas diferenças e estilos (o que certamente implicou um
considerável trabalho na compilação e revisão da obra toda), dado que as querências
eram as mesmas. Lamentei-me muito e sempre que perdi uma destas inúmeras sessões,
pois o envolvimento, a entrega, o esforço e o elan com que os profissionais (aliás mara-
vilhosas pessoas) desenvolveram e realizaram esta obra, de incalculável valor foi o que
me enfeitiçou e encantou de fato! Se desta 5a letra do alfabeto português – ‘e’, tanto nos
pudemos elevar, quem dirá então da 5a letra hebraica, hey… Se me permitem, foi este
um relacionamento deveras profundo e divino entre todos nós.
Agradeço, muito e primeiramente, aos educadores, suas crianças e famílias, às sedes
educativas que nos receberam com tanto carinho – Eitan, nossa Central Pedagógica, a
saudosa Casa Hillel e, principalmente às escolas, sempre com um delicioso kibud or-
chim. Grata ainda estou à orientação profissional que tivemos dos curadores do MAM.
Por fim, mas não menos importante, registro aqui a eterna dívida aos nossos patrocina-
dores que, fazendo um shiduch entre o talento educativo e a oportunidade, viabilizaram
a realização da publicação deste livro. A parceria com todos estes profissionais e entida-
des foi o que, sem dúvida, construiu este trabalho.
Não deixem este Projeto perecer – esta é apenas e tão somente a primeira parte de
nosso Referencial Curricular de Cultura Judaica (a saber, Chaguim laktanim), de um
total de quatro (as outras três sendo, (b) Ivrit laktanim, (c) Projetos educativos e (4)
Sipurei hatanach). O que não falta é energia e empenho! Kadima, vamos em frente!
Contamos com todos vocês!
O que fica, e sei, não é um livro publicado, mas sim uma chama que não se apagará
nos corações dos educadores, crianças, pais e outros profissionais envolvidos neste Pro-
jeto, cujo compromisso com a Cultura Judaica é incondicional.
Bechatzlacha – ‘sorte e sucesso’, para todos os que acreditam na educação, como o
caminho para manutenção de nossos valores e mesmo para nossa continuidade/eter-
nidade!
Suely Pfeferman
Diretora de Educação (2002 - 2004) – Agência Judaica
5
6. Lista de conteúdos
Apresentação
Prefácio
Introdução – Chaguim laktanim – por quê?
Parte I: Festividades e Comemorações
Capítulo I - Shana Tova umetuka betachanot
Capítulo II - Iom Kipur, pedindo perdão aos amigos
Capítulo III - Venham todos para a suka, brincar, comer e aprender!
Capítulo IV - O fim é o princípio, nas rodas de Simchat Tora
Capítulo V - Chanuka! Vamos festejar, brincando com o sevivon e comendo a sufgania
Capítulo VI - Crianças e árvores, crescendo em Tu Bishvat
Capítulo VII - Brincando de melech e malka, ao som dos raashanim
Capítulo VIII - Ma Nishtana – O que difere esta noite de todas as outras?
Capítulo IX - Iom Haatzmaut - Levante e caminhe por Israel, kum vehithalech baaretz
Capítulo X - Lag Baomer já chegou: unidos em volta da medura
Capítulo XI - Colhendo e dançando, Shavuot comemoramos!
Parte II: Anexos
[1] Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental.
Brasília, Brasil, MEC/SEF, 1998. 3vs.
[2] Tochnit misgueret legan haieladim guilaei 3-6.
(Parâmetros Curriculares para o Jardim-de-Infância, idades 3-6),
Misrad hachinuch, hatarbut vehasport, haagaf lechinuch kdam iessodi, Jerusalém, Israel; 1998.
[3] Panorama sobre a abordagem de adequação ao desenvolvimento infantil
(Developmentally Appropriate Practice1).
[4] Modelo para a escrita de planejamento dos chaguim (festas).
[5] Sugestões de jogos didáticos, com conteúdos das festividades.
[6] Tabela de transliteração.
1
Vide bibliografia
6
7. Prefácio
A tarefa de apresentar um trabalho conjunto - um currículo sobre Cultura Judaica adequado à idade infantil - cons-
truído por educadoras do Ensino Infantil nas Escolas Judaicas, formais e complementares - requer uma mistura de
doses generosas de chazon (modo de ver; visão), sensibilidade, tolerância, conhecimento, e... chutzpa (intraduzível!):
Chazon, pois precisamos ser otimistas e acreditar com kavana (intenção) em um futuro sempre melhor, característi-
ca peculiar da educadora para a idade infantil que semeia frutos, que nem sempre ela própria colherá.
Sensibilidade, pois lidamos com crianças na idade mais vulnerável de suas vidas, e com respectivas famílias.
Tolerância, pois temos que, antes de tudo, reconhecer e respeitar as diferenças entre nós, acreditando no potencial
positivo desta diversidade, que, aliada à diversidade que nos rodeia, oferecem, ambas, boas oportunidades, diárias
e cotidianas, que devem ser cultivadas desde a idade infantil, contribuindo, assim, para um mundo de coexistência
mais condescendente.
Conhecimento, pois é preciso carregar, em nossa mala, além de uma bagagem considerável de saberes - gerais e
específicos um bom bocado de inteligência emocional para conhecermos melhor as crianças, suas famílias e a comu-
nidade, procurando adequar o ensino às crianças específicas que estudam em nossas escolas...
E...finalmente, mas não menos importante, uma pitada caprichada de chutzpa para ousar, continuar a buscar, estu-
dar, e nos atualizar, experimentando novos sabores e temperos, usando os mesmos ingredientes tradicionais típicos
da Cultura Judaica...
As Escolas Judaicas, formais e complementares, no Estado de São Paulo, por meio de suas representantes da Educa-
ção Infantil, cada qual com sua visão do que vem a ser “uma Educação Infantil Judaica de qualidade”, participaram,
de forma ativa e dedicada, num processo de construção de um currículo conjunto, buscando oferecer respostas às
seguintes questões:
• Como tornar relevante a Cultura Judaica, considerando o contexto sócio-histórico local?
• Como transmitir conteúdos, valores e atitudes que caracterizam a Cultura Judaica, de forma vivenciada e cons-
trutivista?
• Quais seriam os conteúdos de Cultura Judaica mais adequados à idade infantil?
• Quais seriam os conteúdos comuns às correntes do Judaísmo e como expressar justamente o que nos une?
Para algumas destas questões, encontramos respostas (provisórias!); para outras, resolvemos continuar procurando
e, para outras ainda, encontramos várias respostas, todas relevantes e passíveis de coexistência, respeitando as diver-
sas opiniões e correntes que formam o mosaico da Cultura Judaica.
Este processo teve como objetivos principais:
• criar um espaço para discussões e debates sobre a essência e os conteúdos ligados à Cultura Judaica na Educação
Infantil;
• criar materiais curriculares relevantes e adequados ao contexto sócio-cultural local, considerando o Referencial
Curricular Nacional de Israel, no que diz respeito à Cultura Judaica, o Referencial Curricular Nacional do Brasil, a Abor-
dagem de Adequação ao Desenvolvimento e as Propostas Pedagógicas das próprias Escolas Judaicas participantes no
projeto (de corrente tradicional e de tradicional-ortodoxa).
• criar meios concretos para expressar o trabalho conjunto, realizado pelas diferentes instituições.
Com o intuito de realizar tais propostas, foram criadas séries de encontros com educadoras, que serviram como
espaço para discussões e debates sobre a essência e os conteúdos ligados à Cultura Judaica na Educação Infantil
local. Um inventário dos materiais ligados à Cultura Judaica existentes nas escolas foi traçado e, gradativamente, as
participantes (com listas de conteúdos, propostas de atividades e documentação de projetos) construíram materiais
curriculares (planejados-desenvolvidos-refletidos-escritos-implementados), sendo esta publicação, um deles.
Este trabalho expressa o momento atual da Educação Infantil nas Escolas Judaicas, e pretende deixar transparecer
a importância da flexibilidade e da dinâmica, para com a escrita e implementação de currículos. Apresenta sugestões
e propostas, que, em nenhum momento, pretendem ser únicas ou obrigatórias, mas que, por outro lado, demonstram
concepções teóricas e práticas do que as escolas acham que venha a ser uma Educação Infantil Judaica de qualidade.
Outra difícil tarefa deste grupo, a de expressar o resultado de um processo sócio-construtivista de um currículo - em
sua essência dinâmico e flexível, de forma escrita, meio cultural estático, nos fez optar pela escrita de um livro, de
grande praticidade para professores. Ainda que considerando as limitações deste meio, almejamos dar continuidade
ao processo, realizando tanto a avaliação como a atualização periódicas de planejamentos e práticas. Para tanto, este
material estará disponível no site da Agência Judaica do Brasil (www.agenciajudaica.com.br), em versão ampliada.
7
8. Chaguim laktanim – por quê?
A construção da identidade judaica inclui a transmissão de valores, tradições, costumes e atitudes, aceitos pelo povo
judeu e passados de geração para geração. A criança que estuda na Escola Judaica, desde a mais tenra idade, tem a
possibilidade de estar em contato com um entorno favorável à construção e à transmissão destes valores, por meio da
interação de qualidade com educadoras, com outras crianças, e com objetos significativos à sua volta.
Embora, neste material, tenhamos dado ênfase aos conteúdos e às estratégias de ensino-aprendizagem dos mesmos,
gostaríamos de destacar o papel primordial da educadora, como mediadora de cultura. Sua função está ligada a seu
comprometimento emocional para com a transmissão da Cultura Judaica, à sua valorização de temas e conteúdos, a
seu conhecimento destes e a seu potencial pedagógico. Como conseqüência, valorizamos, neste trabalho em especial,
o planejamento de atividades com potencial de construir vivências positivas, tendo, como eixo central, os temas e os
conteúdos da Cultura Judaica. Este processo envolve a construção de um ‘ambiente psicológico’ favorável, trazendo, para
dentro da escola, os símbolos e instrumentos culturais judaicos, preparando assim, uma ‘atmosfera judaica’, para que a
criança possa ‘respirar’ Cultura Judaica.
A repetição dos mesmos costumes e tradições, ano a ano, começando pelos costumes que a criança pode realizar de
forma autônoma, na escola e com a família, até aqueles realizados no âmbito da comunidade e do povo, poderá construir
sua identidade, seu sentimento de pertinência à família, ao grupo na escola, à escola, à comunidade e ao povo. A trans-
missão e a construção de valores, costumes e tradição, na escola, estão ligadas à conscientização da educadora de seu
papel de mediadora educacional e cultural, de seu comprometimento em buscar e oferecer boas oportunidades para as
crianças vivenciarem experiências de qualidade, que fortaleçam seus sentimentos, e de sua ligação com as pessoas e com
a comunidade a qual pertence.
O Estado de Israel representa uma referência fundamental para a identidade judaica e para o conhecimento da ligação
espiritual entre os judeus de diversos lugares do mundo e aqueles que vivem em Israel. Um dos objetivos primordiais das
instituições educativas da comunidade judaica tem sido a transmissão, aos mais jovens, do conhecimento de suas raízes e
a pertinência ao povo judeu. Promover o conhecimento e a valorização da própria cultura possibilitará gerar, na criança,
uma atitude de respeito pelas mais diversas manifestações expressivas de todos os povos.
A Agência Judaica de Intercâmbio Cultural, com a iniciativa e a responsabilidade pela realização deste projeto, cumpre,
assim, seu papel de mediadora entre o Estado de Israel e as educadoras que trabalham em Escolas Judaicas em países fora
de Israel, buscando, incessantemente, promover a identidade judaica por meio de uma educação judaica de qualidade.
Com o intuito de considerar os princípios que norteiam as propostas pedagógicas de cada escola participante no pro-
cesso, escolhemos algumas propostas ligadas à Cultura Judaica, registradas em seus Projetos Pedagógicos, propostas estas
que nos pareceram relevantes e significativas ao nosso eixo central, que é a Cultura Judaica:
8
9. Sociedade Benéfica Cultural Religiosa Brasileira Beit Yaacov2
Há uma enorme responsabilidade em ensinar Judaísmo para crianças na Educação Infantil. Os ensinamentos devem ser
levados até o universo de compreensão da criança. Percebendo seus significados e sua beleza, a criança abraçará, com
alegria, os valores do Judaísmo.
Transmitidos por profissionais competentes, para crianças nessa faixa etária, os valores do Judaísmo as acompanham
para sempre. Na Beit Yaacov, os alunos se relacionam com o Judaísmo a partir do estudo do Tanach, de histórias, do
Shabat e dos chaguim.
A intensidade e a profundidade da relação devem ser decididas pela família. Visando a uma interação dos pais com
temas estudados, a escola promove atividades ligadas ao Judaísmo, que são estendidas às famílias. O Calendário Judaico
e seus chaguim trazem momentos de introspecção, alegria e de vivência do sentimento de família, muito importantes
para a educação das crianças.
Escola Israelita Brasileira Chaim Nachman (C.N.) Bialik
A Educação Infantil no Bialik tem como palavra chave a vivência, por acreditarmos que, nesta faixa etária, é este o ca-
minho para o desenvolvimento de uma identidade judaica. Vivenciar a cultura, a tradição, os costumes e a língua hebraica,
conhecer as histórias do Tanach, o porquê dos chaguim e celebrar o Shabat – tudo isso certamente trará um sentimento
de pertinência.
As festividades e o Shabat são marcadores do tempo, que se diferenciam das atividades rotineiras, portanto, merecem
atenção especial. Os pais, sempre presentes, são parceiros nestes momentos.
Em cada chag, a escola se transforma e o próprio entorno educativo traduz o que nela acontece, possibilitando, então,
que a criança perceba e sinta toda a sua mágica.
Tornar Israel mais próximo também é uma das nossas metas, e isto é feito pela música, dança, literatura, filmes e troca
de correspondência com crianças israelenses.
Escola Gani Talmud-Thorá (TT)
Chanoch lanaar al pi darko, gam ki iazkin, lo iassor mimeno.
Eduque uma criança conforme suas potencialidades levando-o a amar o conteúdo aprendido, especialmente em sua
infância, para dele não se afastar na juventude.3
A filosofia da Escola Gani TT baseia-se na premissa de que não devemos ensinar e sim educar, pois as crianças cons-
tróem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O
educador é o modelo vivo dos ensinamentos judaicos e chassídicos transmitidos, tornando acessíveis os elementos da
cultura e religião, que enriquecem seu desenvolvimento e inserção na comunidade judaica e a participação na comuni-
dade nacional.
As atividades promovidas na escola ajudam no desenvolvimento integral de sua identidade, pois a criança é profunda-
mente marcada pelo meio social em que se desenvolve, embora também o marque, contribuindo para o desenvolvimento
do grupo. A escola cumpre, entre outros, este papel socializador, propiciando o desenvolvimento das características da
criança, por meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em situação de interação.
“...Cada tipo de criança existe por alguma razão e devemos auxiliá-la em seu desenvolvimento. Cada criança carrega
consigo grandes riquezas, o potencial de todo um futuro. O modo como você (sic) educa uma criança não vai influenciar
apenas a vida dela própria, mas também os filhos dela e suas vidas...”.
“... Precisamos ser especialmente atentos em relação a incutir o sagrado nas crianças, a reverência que vem através da
espiritualidade. As crianças têm um glorioso dom para perceberem (sic) que o aqui e agora, o mundo visível, nem sempre
é o mais importante. Permita que a imaginação de uma criança vagueie, pois ela reconhece que todos fazemos parte de
uma coisa superior a nós mesmos. As crianças têm, de forma inata, uma profunda ânsia pelo etéreo e um natural sentido
de encantamento e fé, tão receptivo a questões espirituais...”4
Escola Maternal e Infantil (E.M.I.) Hebraica
Princípios e valores da Educação Judaica
A integração da criança, basicamente nos valores judaicos e na prática de suas tradições, faz parte incessante do nosso
cotidiano. A vivência é feita por meio do conhecimento da história do povo judeu, seus costumes e tradições.
A interação com pais e familiares, e com os diversos departamentos do clube, fazem parte da nossa proposta pedagógica,
compartilhando e vivenciando datas importantes do calendário judaico. Propiciamos, assim, a troca de experiências e infor-
mações.
Objetivos gerais da Cultura Judaica
• Promover situações e vivência que possibilitem, ao aluno, o desenvolvimento das bases para a construção de sua
identidade judaica;
• Conhecer fatos marcantes da história do nosso povo, seus costumes e tradições e valores éticos;
• Introduzir o ensino da língua hebraica, por meio de festas judaicas, desenvolvendo o vocabulário.
2
As escolas foram organizadas, na ordem alfabética de seus nomes
3
Em Mishlei XXII-6 / Provérbios, capítulo 22, versículo 6
4
Citações extraídas do livro Rumo a uma vida significativa - A sabedoria do Rebe Menachem Mendel Schneerson
9
10. Escola Complementar Olami Infantil
A escola é um espaço de vivência judaica, não formal, cujo objetivo é proporcionar aos seus integrantes, ferramentas
para a vivência do Judaísmo em toda sua plenitude. Assim, conhecem, sentem e se identificam com nossa cultura e apro-
ximam-se da realidade judaica e israelense. A proposta do Olami consiste em uma variedade de projetos, abrangendo
as áreas de: chaguim, ivrit (hebraico), identidade e valores judaicos e o Shabat. Os objetivos para o Gan (Jardim-de-
infância):
• Iniciação de vocabulário em ivrit por meio da estruturação de frases simples;
• Reconhecimento e escrita do nome e
• Reconhecimento dos nomes dos amigos.
Colégio I. L. Peretz – Acrelbi (Associação Cultural Religiosa Brasileira Israelita)
O Colégio I.L. Peretz visa a uma formação multi e intra-disciplinar, humanística e científi-
ca sob a perspectiva privilegiada do Judaísmo, como forma de ver, sentir e viver a sua particularidade.
Assim, é sua meta proporcionar a seus educandos os instrumentos da competência e da auto-realização pessoal, ao mes-
mo tempo em que os prepara para o desempenho da cidadania consciente, criativa e atuante no Brasil, na comunidade
judaica e aonde quer que os caminhos de suas existências os levem.
Considerando que o I. L. Peretz deve estar atento às reformulações pedagógico-didáticas exigidas pela globalização,
pelo avanço tecnológico e pelas necessidades que o país tem para converter-se em uma nação avançada, esta instituição,
como Escola Judaica, não pode prescindir da família - dos pais de seus alunos, na tarefa de educar judaicamente. Só a
parceria família/ escola poderá proporcionar sentido na construção de uma identidade judaica responsável, consciente e
aberta para o mundo, para que nossos jovens, ciosos de sua especificidade, conservem suas relações com as tradições,
com a comunidade e com Israel.
Sociedade Hebraico Brasileira Renascença
Sendo uma Escola Judaica, A Sociedade Hebraico Brasileira Renascença norteia seu projeto político-pedagógico em
princípios e valores, baseados nos três aspectos da filosofia judaica
“... sobre três pilares, sustenta-se o mundo: Tora (Leis), avoda (Trabalho) e gmilut chassadim (Justiça Social).”5
• Tora - este conhecimento se dá por meio do entendimento, análise, conclusão, apropriação e conceituação própria.
Princípio da REFLEXÃO.
• Avoda - assimilados os princípios da Tora, este se transforma em vivência e passa a aplicá-lo no cotidiano. Princípio
da AÇÃO.
• Gmilut chassadim - neste fundamento, o coletivo transcende o individual, como elo de união e compromisso com a
sociedade. Princípio da TRANSFORMAÇÃO.
Pelo trabalho com a Cultura Judaica, criamos condições, para que nosso aluno possa ter uma postura pró-ativa na
comunidade, construindo sua identidade, descobrindo-se como parte importante e atuante de nossa cultura, por meio da
apropriação de um língua comum e da história de recordação do passado. Reconhecendo os valores aprendidos, possi-
bilita-se a continuidade da preservação da cultura. A participação ativa dos alunos em atividades faz com que eles sejam
parte integrante do universo judaico inserido na sociedade.
Kitá Legal
A Kitá Legal é um curso de Cultura Judaica, para crianças de 3 a 10 anos . Sendo um curso de educação complementar,
a proposta da Kitá Legal é a de ensinar os principais aspectos da Cultura Judaica de maneira informal, lúdica e criativa.
Os principais objetivos da Kitá Legal são: promover a construção da identidade judaica da criança e fortalecer o co-
nhecimento sobre os fundamentos da Cultura Judaica - religião, tradição, costumes, história e personagens. Outras metas
importantes da Kitá Legal são aproximar e envolver as famílias das crianças ao Judaísmo, criar momentos de grande
vivência em torno dos conteúdos e ensinar um vocabulário básico do tema discutido, em hebraico.
A prática obtida, nos 18 anos em que ministramos este curso, permite-nos avaliar que o método de ensino usado,
que considera a chavaia (vivência positiva) - como fator primordial no ensino, pode levar a criança a adquirir uma rica
experiência judaica.
Neste sentido, procuramos trabalhar com os aspectos culturais e religiosos presentes nas histórias do Tanach (Bíblia), nos
contos judaicos, nos principais chaguim (festas), nas tradições e costumes do povo judeu. Como parte da Cultura Judaica,
a Língua Hebraica também está presente nas aulas, promovendo a aprendizagem de um vocabulário básico de acordo com
cada tema proposto. As crianças maiores de 8 anos têm a oportunidade de aprender, de maneira lúdica, o alef-beit (alfabeto)
e seu uso.
5
Em Pirkei Avot / Ética dos Pais, capítulo 1, versículo 2
10
11. Instituto de Ensino Lubavitch
“Ki haadam etz hassade.”
“O homem é comparado à árvore do campo.”
Assim com uma árvore, que, para crescer forte e saudável, deve ter sua semente nutrida desde a plantação, devemos
também investir na educação de uma criança desde os seus primeiros anos de vida, para que cresça uma “árvore carre-
gada de valores, Tora e mitzvot”. Cada orientação que damos a uma criança influenciará seu comportamento e caráter
quando crescer. Como está escrito:
“Ze hakatan gadol ihie”
“Este pequeno, grande será.”
No Instituto de Ensino Lubavitch, temos o prazer de oferecer, às nossas crianças, um ambiente judaico e chassídico,
onde cada criança é individualmente valorizada e nutrida. Encorajamos cada uma a explorar o mundo, aprender a fazer
parte de um grupo, e resolver problemas de maneira construtiva.
O Lubavitch se empenha, constantemente, em criar um ambiente caloroso, alegre e amigável, com uma equipe de
professores responsáveis, cujas prioridades são sempre o bem estar das crianças. O Instituto divide, com o lar, este im-
portante papel de educar a criança, para que cresça feliz, interessada, responsável, com valores e temente a D’us. Vemos
cada criança como um indivíduo, merecedor de respeito e atenção. E, para que ela cresça sabendo respeitar os outros,
incentivamo-na a descobrir caminhos de comunicação e cooperação.
Respeitando sempre as habilidades e personalidade de cada criança, nosso método de trabalho enfoca um crescimento
saudável social e, emocionalmente, fundamental, para a criança aprender a crescer. Nestes primeiros anos da educação
de uma criança, transmitimos noções básicas de iahadut (Judaísmo) e alfabetização, por meio de experiências e vivên-
cias.
Garantindo a individualidade de cada uma, e respeitando os diferentes meios que cada criança procura para acessar
seus conhecimentos - e para ajudarmos cada uma a identificar situações emocionais, e crescer forte para tomar decisões,
construir uma personalidade e auto-estima positiva - trabalhamos e planejamos o nosso dia-a-dia, dentro das seguintes
propostas:
• Inteligências Múltiplas (baseando-nos na teoria de Howard Gardner, sobre as oito inteligências)
• Inteligência Emocional (baseando-nos na teoria de Solowey sobre o Q.E.6)
• Centros de Aprendizagem Cooperativa (baseando-nos na teoria de Horaa Mutemet, Ensino para a Diversidade)
E, como fazemos isto?
Com muito amor! “Palavras que saem do coração entram no coração”
Além disso, acreditamos na lógica de que o/a professor/a que ensina com amor fará com que a criança o/a ame. A
criança que ama seu/sua professor/a amará aquilo que ele lhe ensina. A criança que amar os valores da Tora amará,
também, a Tora e D’us. Ou seja, o/a professor/a é um elo entre a criança e D’us!!!
Quando D’us criou o homem, Ele disse: Faremos (no plural) o homem. Para que se torne “um homem”, a educação de
uma criança depende de uma sociedade entre pais, educadores e D’us.
Que possamos sempre ter muito sucesso nesta empreitada!!!
As festividades judaicas representam um dos sinais que reunificam o povo judeu, transmitindo para todos, ao mesmo
tempo, os mesmos valores, conteúdos e tradições, fazendo com que todos sintam, juntos, momentos únicos de espiritua-
lidade e pertinência. A importância destes chaguim na Educação Infantil é inquestionável, e a conscientização da impor-
tância dos conteúdos adequados à faixa etária se vai expandindo. Os princípios que nos orientaram para o planejamento
e a escrita deste material foram os da adequação dos conteúdos e das estratégias ao desenvolvimento infantil.
6
Q.E. – Coeficiente de Inteligência Emocional
11
12. O que é um chag?
“As festividades elevam o homem do plano superficial do dia-a-dia, da mesma forma que as montanhas se elevam do
nível da superfície da Terra”. Esta é a visão do grande poeta Chaim Nachman Bialik, um dos primeiros autores que escre-
veram em língua hebraica moderna para crianças na idade infantil, valendo-se de grande sensibilidade para tal. “Quem
chega ao alto de uma montanha, seu horizonte fica maior e mais amplo, oferecendo novas proporções à sua vida”. Como
acontece com quem se encontra no alto de uma montanha e respira um ar mais puro, segundo Bialik, o homem que
celebra uma festa, um pico no tempo, eleva-se da rotina do dia-a-dia.
Os chaguim, demarcados para o homem organizar seu calendário, valorizam o ciclo das estações e as mudanças que
ocorrem na natureza. Festejando dias sagrados, em meio a dias normais, revela-se, no homem, a aspiração a se elevar a
picos comemorativos, voltando no dia seguinte à rotina corriqueira. Para assinalar este pico no tempo usa-se, em hebrai-
co, a palavra chag, cujo radical semita (de três consoantes) pode ser tanto chet guimel guimel ( )חגגcomo chet vav guimel
( .)חוגSe considerarmos esta última, poderemos notar que transmite, também, a noção de chug, ou seja, um círculo, em
torno do qual cada participante se situa em um ponto eqüidistante, possuindo todos a mesma importância em todos os
pontos, e, assim, aumentando, a sensação de pertinência, segurança emocional e consolidando sua identidade cultural.
Outra forma de explicar é considerar o radical chet guimel guimel, que deriva o verbo lachgog, cujo significado é festejar.
Ou seja, por meio do chag, podemos festejar os fechamentos de alguns ciclos/círculos na vida do homem, e a abertura
de outros novos.
Para que precisamos de chaguim?
O chag é um dia especial e diferente de outros dias, que retorna a cada ano respeitando o calendário. Nestes dias, são
realizadas cerimônias ou comemorações, atos simbólicos, designados a demarcar acontecimentos que tiveram sua origem
na história, na religião ou na natureza. Sejam as origens do chag fontes históricas (guerras, conquistas, vitórias), fontes
religiosas (a gênese do mundo, a Lei de Moisés), fontes ligadas ao homem e à sociedade ou fontes ligadas à natureza, o
que transformará um dia normal em dia de chag será a importância que o homem e o povo lhe atribuírem. Cada povo
cultiva suas festividades e comemorações, tecendo laços por entre suas fontes religiosas e históricas, e suprindo neces-
sidades sociais, econômicas e culturais. Assim, cada festividade estará conectada diretamente à cultura de um povo, aos
costumes, tradições, folclore e crenças.
Cada chag é baseado numa idéia central, num eixo. É a própria realização deste chag, no entanto, que tem a função
de trazê-lo à nossa consciência, por meio do uso de símbolos, motivos, sensações espirituais, além das cerimônias tradi-
cionais e religiosas.
Alguns elementos fundamentais que caracterizam um chag são: uma data demarcada ou convencionada no calendário
(sugerindo a possibilidade da comemoração conjunta, cultivando a sensação de pertinência ao povo), os conteúdos e
símbolos específicos (típicos para cada chag), a função deste chag na comunidade (uma oportunidade para nos reunir-
mos e nos sentirmos parte de um todo, com um objetivo comum), as preparações espirituais e materiais e a criação de
um ambiente especial (a partir, p. ex., do uso de luzes – cada chag com sua luz, comidas especiais, roupas, enfeites e
decoração, seguindo seus costumes), além da parte litúrgica (rezas, canções e versos, entre outros).
Qual o significado do chag para a criança na idade infantil?
Desde a idade mais jovem, a criança desenvolve sua percepção, por meio do uso dos sentidos, para captar o que o
ambiente e as pessoas significativas lhe oferecem. Os chaguim são excelentes oportunidades para alimentar os sentidos,
fazendo com que a criança aprenda vivenciando, p.ex., a visão das cores das velas de Chanuka ou a sensação do calor
da fogueira de Lag Baomer, o cozimento, aroma e sabor dos pratos típicos, o som do raashan, em Purim, das canções e
rezas, a dança e a dramatização. Tudo isto faz com que a criança participe ativamente, tanto na preparação como na rea-
lização da festividade. Para a criança na idade infantil, o chag terá significado, dependendo do que vivenciar e absorver,
ao participar de atos, atividades, brincadeiras e jogos, assim como da própria comemoração da festa, na escola e em casa.
Os símbolos e motivos, repetidos a cada ano, despertam a curiosidade da criança, fazendo com que, gradativamente, vá
conhecendo e se interessando por seus significados.
Crianças na idade infantil se encontram nos estágios sensório-motor e pré-operacional, quando o aprendizado acontece
pela ação direta com materiais e pessoas em seu entorno. Consequentemente, a forma mais adequada de ensinar crianças
nesta idade é oferecer-lhes oportunidades, para vivenciarem experiências concretas, quando terão um papel ativo.
O Judaísmo, compreendendo e sendo sensível às necessidades das crianças desde a idade mais jovem, proporciona
vários meios concretos para envolvê-las em todos os chaguim, incentivando sua participação ativa, seja segurando velas
em Chanuka, ajudando na construção da suka, seja balançando o lulav, beijando a Tora ou batendo os pés ao ouvir o
nome de Haman na leitura da Meguilat Esther.
Ano após ano, desde a mais tenra idade, retornando às mesmas ações e costumes, entoando as mesmas canções,
provando as mesmas comidas tradicionais de cada festividade, dançando as mesmas danças, a tradição se vai tecendo
e se fortalecendo e, ao mesmo tempo, constrói-se a memória do chag. Por meio da mediação significativa do adulto,
12
13. acrescentam-se conteúdos e saberes, adequados ao nível de desenvolvimento da criança, oferecendo significado às suas
sensações e emoções e, consequentemente, aprofundando sua identidade judaica a cada ano.
O chag pode ser visto em várias dimensões. Podemos oferecer à criança a oportunidade de sentir-se ligada a aconteci-
mentos importantes do passado de seu povo e, ao mesmo tempo, ser construtora participante deste povo, no presente,
por meio da realização e comemoração da festividade. Por outro lado, pelo uso adequado dos símbolos, a criança poderá
conhecer idéias e valores humanos sociais, que todo povo almeja para o futuro de seus filhos. Consequentemente, para
cultivar tais dimensões, é reservado um papel central à instituição educacional judaica, no oferecimento de boas oportu-
nidades para cultivar a cultura e a tradição do povo judeu.
Do ponto-de-vista afetivo e emocional, o chag na idade infantil tem, como função, oferecer várias oportunidades
para a criança sentir prazer, alegria e pertinência, por meio de vivências positivas, do jogo e da brincadeira. A criança,
ao se encontrar com o mundo adulto, aprende gradativamente a interagir com ele, realizando rituais e costumes, vistos
por ela como brincadeiras. Esta tem, no adulto, um parceiro constante, o que aumenta sua auto-estima e fortalece sua
identidade. Ademais, a comemoração dos chaguim representa um marco no tempo, com pontos de referência especiais,
assim ajudando a criança a construir seu próprio conceito de tempo. “Antes”, “depois”, “ano passado” - conceitos que
possibilitam a organização pessoal da criança, tanto afetiva como cognitiva, auxiliam-na a se posicionar na seqüência
periódica do tempo.
Nesta faixa etária (3-6 anos de idade), temos que considerar que a dimensão histórica, baseada na percepção do tempo,
ainda está em construção. Levando em conta as características do desenvolvimento da criança nestas idades, ao contar-
mos uma história, devemos colocar a ênfase na parte vivencial, sem nos atermos em demasia ao significado histórico ou
à seqüência do tempo. Por meio da experiência que a criança vivencia, juntamente com sua participação ativa e a rea-
lização dos costumes, os acontecimentos interligar-se-ão e servirão, no futuro, de base para a construção do significado
mais completo da história de cada chag.
A chaguiga, ou festejo do chag, representa apenas uma parte do chag. Este, que começa ao anoitecer, continua até seu
final, enquanto que a chaguiga tem seu tempo mais curto e definido. Este evento, de grande importância na instituição
educacional, representa uma boa oportunidade para a criança participar ativamente, sentindo-se parte de um todo (hine
ma tov uma naim, shevet achim gam iachad, Eis o que é bom e agradável, os irmãos sentados juntos), quando podemos
transmitir mensagens, valores e costumes ligados ao chag e à tradição do povo.
Quais seriam os principais objetivos, ao festejarmos os chaguim na
escola judaica de Educação Infantil?
• Criar boas oportunidades para a criança vivenciar os costumes e tradições de cada festividade;
• Fortalecer, na criança, a identidade judaica e a sensação de pertinência social;
• Enfatizar a importância e o papel da tradição, da história e dos costumes;
• Promover valores sociais, tais como liberdade, amor e ajuda ao próximo, responsabilidade social, honestidade e pertinência;
• Oferecer boas condições para a criança sentir-se contente e satisfeita nas festividades;
• Promover oportunidades para envolver a família da criança nas comemorações da escola;
• Criar oportunidades para a criança conhecer os diferentes costumes das várias comunidades, promovendo a tolerân-
cia com todos.
A organização deste material
A justificativa para o uso das obras, citadas como referencial teórico na Lista de Conteúdos, está ligada ao que enten-
demos que venham a ser os componentes de um currículo de Cultura Judaica para a Educação Infantil de qualidade,
relevante e adequado ao contexto sócio-cultural local. O uso do Referencial Curricular de Israel se justifica pela relevância
deste no que diz respeito aos conteúdos de Cultura Judaica adequados à idade infantil. O Referencial Curricular Nacional
do Brasil nos serviu de guia e ligação com a cultura local. Já o estudo da Abordagem de Adequação ao Desenvolvimento
nos tornou mais sensíveis às necessidades e características da idade infantil. Por fim, as Propostas Pedagógicas das Escolas
Judaicas participantes nos nortearam quanto à necessidade de respeitarmos a diversidade e praticarmos a tolerância.
Os exemplos descritos neste projeto são frutos de um processo que incluiu a divisão das festividades e comemorações
entre as escolas, ficando cada uma responsável pela escrita de uma festividade, respeitando o modelo designado (vide
Anexo 4).
No processo de elaboração deste material, foram organizados encontros em datas próximas às festividades/ come-
morações. A escola, responsável pela escrita da festividade/ comemoração do momento, recebeu a visita do grupo de
participantes em sua escola. Segue, abaixo, a lista dos chaguim e das escolas responsáveis pela organização e escrita do
material:
Rosh Hashaná: Olami; Purim: I. L. Peretz;
Iom Kipur: Ensino Judaico Sul; Iom Haatzmaut: Beit Yaakov;
Sukot: Todas em parceria, revisão Lubavitch; Pessach: C. N. Bialik;
Simchat Tora: Hebraica; Lag Baomer: Gani TT
Chanuka: Todas em parceria, revisão Kitá Legal; Shavuot: Renascença
Tu Bishvat: Esc. Gani TT;
13
14. Os materiais, escritos pela equipe-autora, foram enviados às escolas a tempo, por correio eletrônico e, no encontro
do grupo, cada escola acrescentou seus projetos/ atividades ao planejamento, já elaborado e registrado, da festividade/
comemoração, além de agregar o inventário de materiais de sua escola - tornando-se um material de todas, de inédita
autoria coletiva.
Para facilitar a elaboração de um material que permita à educadora colocar em prática os objetivos, desenvolvemos um
modelo de escrita para todas as festividades, que tem, como proposta, servir como guia para o planejamento e organiza-
ção dos conteúdos, temas e estratégias. Este modelo de escrita, que representa apenas uma sugestão, foi praticado por
cada escola, em separado e em parceria com todas as escolas, em duas das festividades (Sukot e Chanuka).
Os inventários, organizados segundo o material que cada escola possui, têm, como objetivo principal, abrir o leque de
possibilidades para pesquisar materiais de outras escolas, além de servir como guias de materiais potenciais para cada
chag.
Seguindo um processo natural, esperamos que o próximo passo seja o de um trabalho mais intenso de parcerias entre
as escolas, cada qual respeitando as diferenças e as características das outras, que, como afirmado anteriormente, tanto
enriquecem a Cultura Judaica.
Esperamos, com isso, poder contribuir para o planejamento e a organização do material referente à Cultura Judaica nas
escolas de Educação Infantil e, principalmente, para ampliar as possibilidades dos educadores, com respeito à pesquisa
e ao uso das atividades propostas.
Finalmente, e não menos importante, esperamos que este trabalho favoreça e promova a construção da identidade
judaica das crianças que estudam nas escolas infantis de Cultura Judaica, assim como a aquisição de saberes sobre nós
mesmos e sobre o mundo que nos rodeia.
Eize Chag Li Que festa tenho eu
Eize chag li, eize chag li, Que festa tenho eu
Chag iachid umeiuchad li Festa única e especial
Gam hashemesh meira li haiom pi assara Até o sol também se ilumina, hoje, dez vezes mais
Eize chag li eize chag. Que festa tenho eu.
Or nerot, birkat oreach A luz das velas, a bênção de um visitante
Chag sameach, chag sameach Boas festas, boas festas
Hassimcha po ad hagag A alegria chega até o céu
Eize eize eize chag Que festa
Eize chag li, eize chag. Que festa tenho eu.
Haprachim, haor haiain As flores, a luz, o vinho
Hadima biktze haain A lágrima na pontinha do olho
Hachultza halevana A blusa branca
Chag haiom bechol pina Hoje tem festa em cada canto
Eize chag li eize chag li. Que festa
Que festa tenho eu.
Iom shel chag kmo iom huledet
Shir balev veor bacheder Dia de festa como aniversário
Mi sheba baruch haba Uma canção no coração, a luz iluminando a sala
Chag nifla toda raba Quem vier, será bem vindo
Eize chag li eize chag. Que festa fabulosa, agradecidos,
Que festa tenho eu.
14
15. Bibliografia
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Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil. Brasília, MEC/SEF, 1998. 3vs.
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Gur-Arie, M. A. Vehigadta levincha, Tel-Aviv: Sifriát Hapoalim
HaCohen, harav M., & D. HaCohen. Chaguim Umoadim.
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Zabalza, Miguel A. Qualidade em Educação Infantil. São Paulo, Artmed, 1998
Zamir, R. Teacher’s Guide, For Summer camps & Hebrew School.
Chaguei Israel Umoadav.
Gan IeladIm beavodato.
Maagal Hashana.
Madrich tochnit haavoda laguil harach.
Almanaque do Tzivot HaShem.
Around the Jewish Calendar.
Holiday greatest songs.
Integrating the Multiple Intelligence Theory into a Judaic Curriculum.
Jewish Every Day.
Jewish Holiday Crafts, Arts & Crafts.
The Jewish holiday card game.
Sugestões de sites
http://www.education.gov.il/preschool
http://www.users.ms11.net/
http://www.bluemountain.com
http://www.members.iol.co.il/yakov
http://www.chabad-lubavitch.com
http://www.bible.co.il
http://www.holidaynotes.com
http://www.hareshima .com/
http://www.greetme.com
http://www.snunit .k.12.il/subjects/holidays 1.html
http://holidays.bfn.org
http://www.geocities.com
http://jajz-ed.org.il/ivrit
http://www.angelfire.com
http://www.jajz-ed.org.ul/festivals/index.html
http://www.perpetualpreschool.com
http://aish.com/holidays
http://www.e-chinuch.com
http://www.vjholidays.com
http://www.lilmodebsimcha.com
http://www.galim .org.il
http://www.yahoo.com
http://www.chagim .org.il
http://www.walla.co.il
http://www.holidayfestival .com
http://www.nana.co.il
http://www.holidays.net
http://www.hop.co.il
http://www.jewishmag.co.il
http://www.jafi.org.il/hebrew/resource.html
15
16. O livro disponibilizado na internet
O livro “Chaguim Laktanim” está disponível na internet no site:
www.agenciajudaica.com.br na área “Educação”.
17. Rosh Hashana 19 Índice
Iom Kipur 37
Sukot 43
Simchat Tora 57
Chanuka 65
Tu Bishvat 85
Purim 99
Pessach 117
Iom Haatzmaut 137
Lag Baomer 153
Shavuot 163
Anexos 181
17
18.
19. Rosh Hashana
SHANA TOVA UMETUKA BETACHANOT1
Fontes
Bachodesh hashvii bechad lachodesh ihie lachem kol mlechet avoda lo taasu vehikravtem isha lAdo__nai.
“E, no sétimo mês, no primeiro dia do mês, convocação de Santidade haverá para vocês: Nenhuma obra servil farão;
dia de toque do shofar será para vocês.”
(Números 23;1)
Becha Ado__nai tov veishar Ado__nai al ken iore chataim baderech: iadrech anavim.
“...Por amor do Seu bem, Senhor Eterno / São do Eterno: ‘bondade’ e ‘retidão’, / Ilumine, por isso, os pecadores, / Nos
caminhos que rumam para o bem...“
(Salmos 25)
1
‘Tachanot’ significa ‘estações, postos ou paradas (no caso) temáticas’.
19
20. Descrição da festa
Rosh Hashana (cabeça do ano) é o Ano Novo Judaico, não se limita às más ações mas, também, aos maus pen-
cuja comemoração oferece aos indivíduos a chance de samentos.
refletirem, viabilizando-lhes eventuais modificações pes- As pessoas se reúnem para dar boas vindas a um novo
soais. Parece tratar-se de um sonho que se quer atingir ano, celebrar suas promessas, ponderar sobre suas res-
- o sonho de um mundo melhor, destituído de maldade, ponsabilidades e agradecer por novas oportunidades. No
onde viver com as respectivas famílias e amigos torna-se entanto, a decisão Divina, tomada em Rosh Hashana, não
algo verdadeiramente bom e agradável. é, ainda, a decisão definitiva. Dispomos de dez dias para
Denominado tishrei, o primeiro mês do ano judaico a introspecção, para o arrependimento das más ações,
coincide, na maioria das vezes, com os meses de setem- para nos comprometermos com objetivos importantes e
bro ou outubro, em Israel, período de colheita, no qual rezarmos pela misericórdia de D’us. Se Rosh Hashana é
o toque do shofar denota seu início. o ‘Dia do Julgamento’, o Iom Kipur (Dia do Perdão) é o
* O aspecto religioso ‘Dia da Sentença’. O período de dez dias entre os dois
A partir do primeiro dia de tishrei, começam os Iamim marcos, incluindo-os, são os Iamim Noraim, considera-
Noraim (Dias Temíveis), denominação atribuída aos dias dos os ‘Dez Dias do Arrependimento’.
entre Rosh Hashana e Iom Kipur, que acontecem nos dois O estatuto que rege estes dias: Fale aos filhos de Israel,
primeiros e décimo dias deste mês, respectivamente. dizendo: No sétimo mês, o primeiro dia do mês será para
Devido à antiga dificuldade de identificar o início dos vocês descanso solene, memorial de toque de shofar,
meses, ou do ano, por meio de reconhecimento visual convocação de Santidade. Nenhuma obra servil farão; e
da lua nova, rabinos determinaram que Rosh Hashana oferecerão sacrifício queimado ao Eterno. E falou o Eter-
seria celebrado por dois dias, tanto em Israel como na no a Moisés, dizendo: ‘O décimo dia deste sétimo mês
diáspora. é o ‘Dia das Expiações’; convocação de Santidade será
Ao contrário de outras festividades, Rosh Hashana não para vocês, e afligirão suas almas e oferecerão sacrifício
tem caráter agrícola. Sua comemoração destaca a relação queimado ao Eterno”. E nenhuma obra farão neste mes-
do homem com D’us ou, mais especificamente, a aceita- mo dia, porque é ‘Dia das Expiações’, para expiar por
ção do Reino do Divino, Que conhece e julga cada um vocês diante do Eterno, seu D’us. Porque toda alma que
de Seus servos. não se afligir neste mesmo dia será banida de seu povo.
Trata-se de uma celebração voltada ao regozijo, duran- E toda alma que fizer alguma obra neste mesmo dia,
te a qual os homens recordam, com receio, seus feitos destruirei aquela alma do meio do seu povo. Nenhuma
do ano, pois parte-se do princípio de que todos os atos obra farão; estatuto perpétuo será para suas gerações,
exigem prestação de contas. O motivo da comemoração em todas as suas habitações. Dia de descanso solene é
de Rosh Hashana compreende três momentos: passado, para vocês, e afligirei suas almas; aos nove dias do mês,
presente e futuro. O passado remete à Criação (Gênese) à tarde, de uma tarde a outra, celebrarão seu dia de des-
do primeiro homem (Adão) e, sendo assim, ao Criador canso. (Levítico 23; 24- 31,).
cabe reinar e julgar todos os homens (aniversário da Os principais temas das preces de Rosh Hashana e
Criação). O presente refere-se à nossa expectativa, frente Iom Kipur são: a Majestade de D’us, Criador do universo;
ao ‘Dia do Julgamento’, e o futuro visa à continuidade da a fragilidade do homem e sua dependência da piedade
crença e do Reinado de D’us. No ‘Dia do Julgamento’, Divina; a tshuva e as boas ações: sua importância na ab-
as pessoas fazem seus inventários e acredita-se que o solvição no julgamento; o sofrimento do povo judeu; o
Eterno julga e decide o que irá acontecer com cada um, perdão e a confissão dos pecados (Machzor).
no ano que começa. Em Iom Kipur, o último desses ‘Dias Temíveis’, quando
O livro de rezas utilizado pelos judeus, durante todo o sol se põe, o toque do shofar ecoa pelos cantos de
este período, é chamado Machzor, que é uma criação todo o universo, anunciando o término do julgamento.
coletiva de sábios judeus, que seguiram o mandamento Portanto, a sorte dos homens para o ano que se inicia já
talmúdico de Iiun Tfila, realizando, assim, uma imensa está selada.
coletânea de seleções e paráfrases da Bíblia, da Mish- Na religião judaica, o arrependimento, nesse dia, dá-
na, da Gmara, dos Midrashim e do Zohar. Seu acervo se entre o homem e seu Criador e, de acordo com a Lei
litúrgico conserva o espírito do monoteísmo, expresso Judaica, visa ao futuro. Não existe nenhuma forma de
em suas orações e é direcionado à penitência e ao arre- confissão perante um ser humano. Confissão é o sussur-
pendimento. ro de toda uma congregação, feita em uníssono; não é o
Tshuva significa, tradicionalmente, ‘retorno’: retorno desabafo dos males de cada um, é a expressão de uma
aos valores e às práticas do Judaísmo. Ocorre quando os responsabilidade coletiva. O judeu não reza unicamente
indivíduos deixam de cometer pecados e determinam, por seu bem-estar individual, mas por todo o povo, pois
em seu íntimo, que mais não os farão, sendo que esta sabe que os filhos de Israel são fiadores uns dos outros.
20
21. Em Israel Nomes da festa
A festividade se dá no início do outono, no mês de Rosh Hashana
tishrei. Coincide com o início do ano letivo e, portanto, É o dia em que o Ano Novo Judaico se inicia, ou seja,
o início de um novo ciclo. Apesar disso, é uma festa com a ‘cabeça do ano’. Assim como a cabeça do homem é a
uma certa dualidade: marca o fim de um ano e início de parte do corpo que comanda todo o resto, Rosh Hasha-
outro. Esse tema é bastante explorado, pois Rosh Hasha- na é o momento crucial, que comandará o resto do ano
na, além de ser a primeira festa do calendário judaico, é, de cada um. À idéia do tempo, unem-se conceitos de
também, o momento em que podemos parar para fazer responsabilidade e de julgamento.
nossas reflexões sobre esse novo período que se inicia e
sobre aquele que se encerrou. Iom Trua (Dia do Soar)
O dia em que se deve fazer soar o shofar.
Mensagens das escolas Iom Hadin (Dia do Juízo)
Nesse dia, cada um comparece ao Tribunal (celestial),
para um julgamento perante o Criador.
Sugerimos este texto para ser enviado aos pais antes
de Rosh Hashana, a fim de refletirem sobre a importân-
Iom Hazikaron
cia da continuidade de nossa tradição, e da necessidade
(Dia da recordação) Os sábios acreditavam que o to-
de união para a educação dos nossos filhos.
que do shofar, em Rosh Hashana, despertaria a recorda-
As vozes do shofar
ção de arrependimento em cada pessoa.
Já sabiam nossos sábios antepassados que o homem
aumenta a força de sua memória ao ver e ouvir. Diversos
instrumentos musicais remetem o ouvinte a alegria, tris-
teza, luto, choro, receio ou animação.
O principal objetivo do shofar é despertar e abalar os
corações dos que o escutam. As vozes do shofar, entre-
tanto, não são iguais. Soam de três maneiras diversas:
a primeira, tkia, consiste num som simples; a segunda,
trua, compõe-se de nove toques breves e a terceira, shva-
rim, compõe-se de três toques sucessivos, cada um dos
quais é tão longo quanto os três sons breves no gênero
trua, de maneira que shvarim equivale a nove toques.
Alguns interpretam essas vozes, de acordo com o que
os inspira. Assim, tkia, ou toque simples, seria motivo
para alegria e admiração; trua, um toque atemorizador,
e shvarim inspiraria alegria e tristeza ao mesmo tempo.
Para abranger todas as sensações, é preciso tocar nas
três vozes.
Segundo um rabino contemporâneo, esses diversos
toques do shofar recordam as três idéias fundamentais
do povo judeu: a trua recorda a fé religiosa – seu tom é
simples e reto como a religião judaica; shvarim recorda
o destino do povo judeu, que nem sempre foi reto, mas
quebrado e sacudido muitas vezes; trua lamenta, com
seu tom elegíaco, a situação da Tora, que nem sempre
foi próspera.
O principal, no toque do shofar, é um convite para
cancelarmos o ódio sem razão e despertar amor, união
e paz.
Se existir guerra, que seja de travesseiros
Se existir fome, que seja de amor
Se for para esquentar, que seja do sol
Se for para enganar, que seja o estômago
Se for para chorar, que seja de alegria
Se for para perder, que seja o medo
Se for para cair, que seja na gandaia
Se for para ser feliz, que seja para sempre.
SHANA TOVA!
(Olami)
ROSH HASHANA 21
22. Símbolos e motivos, usos e costumes
Shofar Em Rosh Hashana, o shofar é tocado em mussaf (ser-
O shofar é um chifre de carneiro, utilizado como ins- viço religioso, depois do almoço). A Tora ordena que to-
trumento de sopro por homens e considerado um dos quemos o shofar no primeiro dia da festa, mas os sábios
mais antigos, dado que já era conhecido e tocado na estenderam o costume, para que escutemos o toque do
época de Moisés. Não se pode atribuir grande importân- shofar também no segundo dia.
cia no campo musical ao shofar, pois não produz notas Este instrumento representa a misericórdia de D’us
suaves ou delicadas. Entretanto, apresenta especial signi- para com os homens. Não é tocado no Shabat, apesar
ficado espiritual, uma vez que seu som induz à reflexão do toque ser considerado arte, e não trabalho. Seu toque
e ao arrependimento. Uma de suas principais funções representa a aliança entre D’us e o povo de Israel.
é alertar para tanto o início como o término dos ‘Dias
Temíveis’. Sua característica mais marcante é inspirar re- Tapuach bidvash (maçã com mel)
verência por meio de seu ecoar, irradiando sentimentos Na noite de Rosh Hashana , durante a refeição, costuma-
de arrependimento e humildade. mos comer alimentos que simbolizem a esperança de um
O motivo de ser confeccionado com um chifre de car- ano bom e doce; por isso, comemos tapuach bidvash.
neiro remete à época do patriarca Abrahão, mais especi-
ficamente, à passagem que trata do sacrifício de seu filho Chala agula (pão trançado redondo)
Isaac. A recordação de Akedat Itzchak (O Sacrifício de Simboliza a continuidade e o cíclico. E, especificamente
Isaac), em Rosh Hashana, serve como fonte de inspira- em Rosh Hashana, simboliza o ano que está começando.
ção em relação ao auto-sacrifício e à entrega dos homens
a serviço de D’us. No decorrer destes dias, são três os Kartissei bracha
tipos de toque que escutamos: (cartões de votos, bênçãos e congratulações)
- tkia: som longo e uniforme; Cartões enviados entre familiares e amigos, nos meses
- shvarim: som entrecortado em três notas médias de elul e tishrei (último e primeiro meses do ano judaico,
- trua: som entrecortado em nove sons mais curtos. respectivamente) até depois de Sukot, com desejos para
Um dos maiores sábios judeus, Saadia Gaon (824-943), um ano novo e doce. A origem deste costume é da me-
descreve mais alguns motivos, bastante significativos, tade do século XIX. Aparentemente, foi na Inglaterra que
para o toque do shofar, durante a celebração. Em Rosh os cristãos começaram a imprimir e enviar mensagens de
Hashana, aniversário da Criação, suas funções são: Natal e de Ano Novo.
• proclamar a soberania do Criador; Este costume chegou aos Estados Unidos e, de lá, es-
• advertir o povo sobre o destino de sua vida; palhou-se por todo o Ocidente, atingindo também os
• lembrar a Revelação no Monte Sinai; judeus. Os primeiros cartões que se destacaram por sua
• trazer a advertência e a exortação dos profetas;
beleza foram os da Alemanha, E.U.A. e Polônia. Os te-
• lembrar o alarme da batalha, na Judéia, no decorrer da destruição do Templo;
• inspirar reverência e temor; mas variam de motivos religiosos, passando por ideais,
• lembrar o Dia do Juízo; até desejos pessoais.
• proclamar a redenção vindoura e breve restauração de Israel e * O costume de elaborar votos de Shana tova (Bom
• simbolizar a esperança pela redenção final e pela ressurreição. Ano!) aparece, anteriormente, no livro Shulchan Aruch
*Rambam sustenta que a única razão para o toque do (‘Mesa Posta’, onde se expõem leis sobre os mais varia-
shofar, na sinagoga, é estimular o arrependimento, con- dos assuntos).
forme aparece no Machzor: Acordem, vocês que dor-
mem, e reflitam sobre suas ações; retornem e recordem Rosh shel dag (cabeça de peixe)
a seu Criador. Aqueles que esquecem a verdade, com as Na véspera de Rosh Hashana, famílias judaicas tradi-
necessidades da época, e perdem os anos, em busca por cionais colocam sobre a mesa, a cabeça de um peixe,
coisas banais e vazias que não beneficiam nem salvam; concretizando a idéia de início de ano. Há pessoas que
fixem-nos em suas almas e melhorem seu caminho e costumam cozer guefilte fish (bolinhos de peixe), justa-
ações? Que cada um abandone seu mau caminho e seu mente por ter um formato redondo.
mau pensamento e regresse a D’us, para que Ele possa Rimon (romã)
ter misericórdia de vocês. Costuma-se comer rimon, em Rosh Hashana, pois há
O shofar, literalmente ‘chifre’. Foi tocado em várias o desejo de que, no ano que está para começar, os di-
ocasiões: pela primeira vez, no Har Sinai (Monte Sinai), reitos do ser humano se multipliquem, assim como a
quando da entrega das Tábuas da Lei, contendo os Dez quantidade enorme de caroços/ sementes que existem
Mandamentos; ou, p. ex., na chegada da Lua Nova, no dentro do rimon.
Beit Hamikdash, junto com as cornetas. Também em
1967, quando Israel reconquistou o Muro Ocidental (Ko- *Machzor (livro de rezas, usado em Rosh Hashana e
tel Hamaaravi ou Muro das Lamentações, como nos é em Iom Kipur).
conhecido), em Ierushalaim, ele foi tocado. Reza a tra- Em hebraico, tal título significa ‘ciclo’. Nele, estão con-
dição, ainda, que o Profeta Elias tocará o shofar, para tidas orações, passagens bíblicas, talmúdicas e poemas
anunciar a chegada do Messias. religiosos. As orações apresentam três temas fundamen-
tais da fé judaica: D’us é Rei, Juiz e Legislador.
22
23. *Tashlich (lançamento) nós. Ele suprimirá nossas iniqüidades; sim, vocês jogarão
É um costume realizado pouco antes do pôr-do-sol, seus pecados às profundezas do mar.
na tarde do primeiro dia de Rosh Hashana, às margens O Maharil (Rabi Moshe Halevi) nos fornece uma ex-
de um rio, lago, mar, ou água corrente qualquer, onde plicação mais completa sobre o tashlich. O midrash diz
quer que haja peixes. Preces são recitadas, seguidas pelo que, quando Avraham e Itzchak foram ao Har Moria
ato simbólico de agitar os cantos de nossas roupas e (Monte Moriá), para a akeda (sacrifício), precisaram cru-
invertermos os bolsos em direção às águas, ‘lançando’ e, zar um rio, uma das formas que satan (o ‘espírito’ do
assim, ‘livrando-nos’ de nossos pecados. As preces des- mal) usou para impedi-los de cumprirem as ordens de
pertam-nos pensamentos de arrependimento, dado que D’us. A correnteza ameaçava levá-los, mas Avraham re-
a situação nos remete à insegurança da vida do peixe e zou: Salve-nos, D’us, pois a água atingiu nossas próprias
ao perigo de ele ser atraído pela isca, ou apanhado na vidas, e foram salvos da correnteza. Assim, diz Maharil,
rede do pescador. Nossa vida, também, está repleta de nenhum obstáculo deveria impedir-nos de obedecer às
ciladas e tentações. ordens de D’us. Aquele que puder mostrar o amor abne-
Os três últimos versos do profeta Micha, recitados du- gado de Avraham, sua prontidão para morrer pela pala-
rante o tashlich, contêm a explicação para este costume: vra Divina, pode estar certo de que seus pecados ‘serão
Quem é D’us como o Senhor, perdoando a iniqüidade jogados ao mar’.
e perdoando a transgressão aos herdeiros de Seu legado.
Ele não reteve Sua ira para sempre, porque Ele Se rego- * A única mitzva concreta de Rosh Hashana é a de
zija na bondade. Mais uma vez, Ele terá misericórdia de ouvir o shofar, no período diurno.
O significado de Rosh Hashana
para crianças na idade infantil
Esta festa, como a maior parte das festividades judai- profundamente o significado de costumes e símbolos re-
cas, é rica em conteúdos, símbolos, jogos e brincadeiras levantes, que são de valor para o povo judeu. Revela
para a criança. Para facilitar o trabalho da professora de curiosidade em conhecer a história da festa, inclusive
Educação Infantil, são propostos três níveis gerais no en- as origens das idéias ligadas à festividade. Outros as-
sino-aprendizagem dos conteúdos ligados à Rosh Hasha- pectos que se podem abordar com crianças nesta faixa
na, de acordo com as características pertinentes a cada etária são: os valores morais e nacionais ligados à festa,
faixa etária. os nomes especiais da festa, além dos nomes originais e
De 3 a 4 anos, as crianças já podem identificar a festi- seus significados e os costumes aceitos pela comunida-
vidade, e dar-lhe o nome usual e freqüente. de e pelo povo e seus significados, além das atividades
Além disto, por meio de vivências baseadas no jogo e agrícolas.
na brincadeira e no uso de materiais criativos, as crian- * Nesta faixa etária, a criança já compreende o signifi-
ças poderão conhecer os símbolos da festividade: shofar, cado das mitzvot.
machzor, tapuach bidvash, kartissei bracha, chala agula
e Beit Haknesset (casa de reunião ou sinagoga). Alguns
costumes característicos de Rosh Hashana que enfatizem Conceitos importantes
o “aqui e agora”, poderão ser vivenciados.
Beit Haknesset: sinagoga (casa de reunião)
*Nesta faixa etária, a criança conhece a única mitzva
básica: o toque do shofar. A realização da comemoração Rosh Hashana: ano novo
com a simbologia da festa e suas brachot na própria es-
cola é importante, para a criança poder vivenciar o chag chala agula: pão trançado redondo
em sua plenitude.
De 4 a 5 anos, quando a criança já possui uma com- shana tova: Bom ano!
preensão mais intuitiva, e não somente concreta, seus
dvash: mel
conhecimentos de costumes e símbolos se vão amplian-
do, assim como se vão ampliando os ambientes de vi- shana tova umetuka: ano bom e doce!
vência: em casa, na escola, na comunidade.
A criança pode aprender os nomes adicionais de Rosh kartissei bracha: cartões com bênçãos
Hashana e seu contexto, além dos símbolos e costumes
e seus significados, vivenciados pela família e pelo am- shofar: chifre de carneiro
biente próximo.
*Nesta faixa etária, a criança já pode conhecer as mitzvot rosh shel dag: cabeça de peixe
básicas e seus conceitos.
tapuach: maçã
De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a
criança vai acumulando, ela passa a compreender mais
ROSH HASHANA 23
24. Planejamento de atividades
Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Rosh Hashana
O trabalho realizado, por meio de tachanot é uma forma diferenciada de abranger determinados conteúdos, em di-
ferentes graus de complexidade. A cada chag, os espaços se transformam em tachanot, de acordo com um tema espe-
cífico. Para cada tachana, há uma professora responsável pela pesquisa e elaboração de atividades, de acordo com a
faixa etária, criando novos desafios. As crianças podem fazer um rodízio entre as tachanot, vivenciando as atividades e
enriquecendo-se com novas informações.
A cada ano, a comemoração de Rosh Hashana por tachanot faz com que se pesquisem novas atividades, buscando,
freqüentemente, renovar, fazer adequações necessárias e, ao mesmo tempo, preservar a tradição judaica. Com a prática,
fica cada vez mais agradável comemorar desta maneira, mas a organização, para este tipo de atividade, é fundamental. As
professoras trabalham em equipe e, em reuniões de planejamento, socializam suas diferentes idéias e práticas. Cada uma
fica responsável por uma das tachanot. A própria pesquisa para organizar o material relevante é uma chavaia (vivência
positiva). Na busca pelo material, a professora procura planejar a adequação para as diferentes faixas etárias.
Todo ano, escolhe-se um tema central, que servirá de eixo e permeará todas as festas (Ex.: temas anteriores: liderança,
família, busca da paz). Respeitando um costume tradicional, confeccionam-se kartissei bracha para as famílias, possi-
bilitando, a todos os interessados, confeccionarem kartissim, oferecendo-lhes materiais, envelopes e selos. É possível
organizar uma grande comemoração convidando uma companhia de teatro, alugando uma piscina de bolinhas, na qual
são escondidas maçãs de plástico, e realizando uma competição, na qual quem trouxer o maior número de maçãs, ganha
saches com mel.
Outras atividades nas tachanot podem estar ligadas à culinária, planejando, para tal, a realização de receitas ligadas à
Rosh Hashana, como, p. ex., torrões de açúcar. Costumam-se convidar, para tais eventos, outros grupos, para comparti-
lharmos a comemoração, oferecendo-lhes papéis atuantes no evento.
Tachana musikalit: Dvash
Escolhemos a canção Kapit shel dvash (uma colherzinha de mel), para ser trabalhada em todas as faixas etárias:
Kapit shel dvash Colherzinha de Mel
Kapit shel dvash, kapit shel dvash Colherzinha de mel, colherzinha de mel
Ossa li et haiom. ‘Me’ faz o dia.
Kapit shel dvash, kapit shel dvash Colherzinha de mel, colherzinha de mel
Mi rotze litom? Quem quer experimentar?
Le____________ dvash Para __________ mel
Le____________ dvash Para __________ mel
Le____________ dvash Para __________ mel
Niten lo (la) dvash, dvash, dvash Vamos dar mel, mel, mel.
De 3 a 4 anos
Conteúdos:
dvash
Objetivos potenciais:
entrar em contato com o costume de comermos mel, por meio dos
sentidos.
Descrição:
Levar para a roda uma caixa-surpresa e, dentro, um pote de mel.
Estimular as crianças a imaginarem o que há dentro da caixa,
dizendo: “É algo que comemos em Rosh Hashana!” Ir, aos poucos,
restringindo o leque de opções, dizendo que “É algo doce” e, mais
adiante, que “É produzido por abelhas”. Ao descobrirem, poderão
comprovar, colocando suas mãos para balançarem a caixa, sen-
tirem o pote, ou mesmo cheirarem ou verem. Ao cantar a canção
Kapit shel dvash, oferecer uma colher de mel para cada criança, ao
citar seu nome.
Materiais e recursos:
caixa-surpresa, pote de mel, fita com a canção e um gravador.
24
25. De 4 a 5 anos De onde vem o dvash?
Conteúdos: Conteúdos:
dvash dvash, um dos símbolos de Rosh Hashana
Objetivos potenciais: Objetivos potenciais:
entrar em contato com o costume de comermos maçã com mel, ampliar o conhecimento sobre o mel.
por meio dos sentidos. Descrição:
Descrição: a professora pode fantasiar-se de abelha, para enfatizar a impor-
Pendurar a maçã num barbante e embebê-la com mel. Colocar a tância do mel, para termos um ano doce como mel, e é possível
canção de fundo e convidar as crianças para tentarem morder a visitar um apiário, para verificar a origem do mel. É costume degus-
maçã, sem utilizarem as mãos. Quando a canção terminar, acaba o tar sal, açúcar, mel e limão, para experimentar os vários sabores:
tempo de cada uma. Ao final, ela ganha a maçã. salgado, doce, azedo, entre outros.
Materiais e recursos: Materiais e recursos: mel, sal, açúcar, limão, entre outros; apiá-
caixa-surpresa, pote de mel, maçãs, barbante, fita com a canção e rio; fantasia de abelha.
um gravador.
De 5 a 6 anos
Conteúdos:
dvash
Objetivos potenciais:
entrar em contato com o costume de comermos mel, por meio dos
sentidos.
Descrição:
levar, à roda de crianças, um cartaz previamente preparado com a
letra da canção, em forma de carta enigmática, a fim de trabalhar
a pseudo-leitura. Dessa forma, uma gravura, ou mesmo uma co-
lherzinha, substituirá a palavra kapit; uma gravura, ou um sachê
de mel, substituirá a palavra dvash e os nomes das crianças (que
já o reconhecem) serão incluídos na canção, antes que esta seja
cantada ou tocada. Dar a oportunidade a todos para provarem o
mel, cantando a canção Kapit shel dvash e oferecendo uma colher
de mel para cada criança, ao citar seu nome.
Materiais e recursos:
cartaz elaborado pelo professor, fita com a canção e um gravador.
Tachanat Omanut: kartissei bracha
De 3 a 4 anos De 4 a 5 anos
Conteúdos: Conteúdos:
kartissei bracha kartissei bracha
Objetivos potenciais: Objetivos potenciais:
entrar em contato com o costume de enviarmos cartões (kartissim) entrar em contato com o antigo costume de enviarmos kartissim
em Rosh Hashana e sua mensagem. em Rosh Hashana e suas brachot.
Descrição: Descrição:
trazer à roda de crianças um lindo kartis, em forma de maçã e sa- antes da confecção dos kartissim, contar, para as crianças, a his-
chês de mel (um para cada criança). Explicar que, assim como dita tória do surgimento do costume de enviarmos cartões, utilizando,
o costume da festa, todos recebem um cartão. Cada criança ga- como recurso, a máquina de retro-projetor e fotos de kartissim
nhará um sachê e provará o seu sabor, e a professora, então, dese- antigos. Depois da exposição, questionar “O que é uma bracha?”
jará shana tova umetuka, um ano bom e doce. Depois, proporá que “Para quem desejamos uma bracha?” “De que formas posso en-
cada um produza seu kartis, para dar à sua família, escolhendo seu viar uma bracha?”; “Quando faço uma bracha?” e apresentar os
próprio papel para pintar com tinta guache, seguindo algumas op- diversos tipos de brachot. Propor que cada um faça dois cartões
ções dadas pela professora. Poderão ser no formato de tapuach ou - um para dar à sua família e outro, para um amigo. Os materiais
pote de mel, levando em conta os símbolos mais próximos a eles. poderão ser diversificados, uma vez que já são capazes de registrar
A mensagem trabalhada nos kartissim será shana tova umetuka, os símbolos do chag. As mensagens trabalhadas nos kartissim se-
associando-a à bracha e à canção trabalhada anteriormente. rão aquelas que surgirem no início da atividade.
Materiais e recursos: Materiais e recursos:
cartão em formato de maçã, sachês de mel em quantidade su- máquina de retro-projetor, fotos dos kartissim antigos, papéis tipo
ficiente para todos na classe, papéis tipo cartolina ou color set, cartolina ou color set cortados em diferentes tamanhos, tinta gua-
cortados em diferentes tamanhos e formatos, tinta guache de che de diversas cores, canetinhas, lápis pastel ou de madeira.
diversas cores.
ROSH HASHANA 25
26. De 5 a 6 anos Pesquisando kartissei bracha,
Conteúdos: aprendemos sobre a nossa história.
kartissei bracha Conteúdos:
Objetivos potenciais: kartissei bracha, ao longo dos anos
entrar em contato com o costume de enviarmos kartissei bracha Objetivos potenciais:
em Rosh Hashana e suas mensagens. costumes e tradições, em torno de kartissei bracha.
Descrição: Descrição:
propor que as crianças trabalhem em duplas, a fim de confeccio- pesquisar com as crianças o costume de enviar e receber kartissei
narem um kartis para um grupo de crianças (que poderá ser outra bracha, desde o princípio deste costume até sua realização atual.
classe), uma instituição ou escola, dependendo do tempo que se Usando exemplos de originais de kartissei bracha, enviados de
dispõe para explicar de que grupo se trata. diversos lugares do mundo, desde o começo do século, procuramos
Materiais e recursos: concretizar, para as crianças, valores importantes deste chag, tais
máquina de retro-projetor, fotos dos kartissim antigos, papéis tipo como desejar votos de “shana tova”, de que “sejamos incluídos no
cartolina ou color set, retalhos de outros tipos de papéis, como Livro da Vida”, de que “o ano que entra seja doce como o mel”,
laminado ou camurça, tinta guache de diversas cores, canetinhas, entre outros. Por meio da retro-projeção dos cartões, as crianças
lápis pastel ou de madeira, colas e tesouras. podem absorver, com mais facilidade, conteúdos, formas e a arte
usada nos cartões, ao longo dos anos, todos ligados a Rosh Hasha-
Shana tova umetuka!!! na. No período que vai de uma semana antes de Rosh Hashana até
Conteúdos: Iom Kipur, ocorre a troca de cartões, quando caixas de correio são
kartissei bracha colocadas no portão de entrada da escola.
Objetivos potenciais: Materiais e recursos:
ampliar o conhecimento, em relação ao costume de enviarmos coleções de kartissei bracha , retro-projetor, caixas de correio.
cartões e mensagens de Rosh Hashana.
Descrição:
confecção e envio de kartissei bracha, enfatizando o costume de
enviarmos cartões, com votos e mensagens de Shana tova. Este
projeto pode envolver toda a escola, a família e a comunidade.
Para que as famílias possam vivenciar o costume de envio de
kartissei bracha, podemos preparar duas caixas de correios; uma
interna, para que estes sejam distribuídos posteriormente para as
crianças, e outra, para os kartissim serem enviados por correio para
as casas.
Colocando uma das caixas de correio na entrada da escola, as
famílias são convidadas a enviar cartões aos seus filhos. Todas
as crianças participam, e as maiores ficam responsáveis pela
classificação e distribuição aos destinatários. Diferentes cores são
designadas para cada faixa etária, para a confecção dos kartissei
bracha. Desta maneira, cada criança tem a oportunidade de viven-
ciar este motivo de Rosh Hashana, o envio da mensagem de uma
shana tova umetuka (e outros votos e mensagens para a família, as
crianças e a comunidade) e, ao mesmo tempo, confeccionar kartis-
sim. Um grande painel coletivo de kartissei bracha é construído na
entrada da escola.
Para tornar o costume de enviar kartissei bracha ainda mais próxi-
mo às crianças, pode-se trazer, para o pátio da escola, uma caixa
de correio em seu tamanho original (emprestada dos Correios), e
as crianças podem enviar cartões de Shana tova, individualmente
ou com a ajuda das professoras, para amigos e familiares. Para
enviar as cartas, podemos verificar se foram colocados os selos, se
os pormenores importantes, como nome e endereço, entre outros,
aparecem. Um carteiro dos Correios é convidado a vir à escola e a
contar sobre seu trabalho, o trajeto das cartas até alcançarem seu
destino, distribuindo selos para as crianças.
Materiais e recursos:
materiais criativos, papéis de carta, envelopes, selos, caixa original
do correio, carteiro.
26
27. Tachanat bishul: chala agula
Nesta tachana, as crianças terão a oportunidade de colocar a “mão na massa”, no cozimento das chalot agulot. É im-
portante que, além de manusearem os ingredientes, percebam, também, a sua transformação. Para receita, ver anexos.
De 3 a 4 anos
Conteúdos:
chala agula
Objetivos potenciais:
entrar em contato com o costume de comermos chala agula, seus
ingredientes e formato.
Descrição: trazer, à roda de crianças, os ingredientes para a execu-
ção da chala agula e perguntar “Qual a diferença entre esta chala
e a chala de Shabat?” Anunciar que todos ajudarão. Antes, porém,
poderão experimentar alguns ingredientes, como sal e açúcar, para
que percebam a diferença.
Materiais e recursos:
ingredientes.
De 4 a 5 anos
Conteúdos:
chala agula
Objetivos potenciais:
entrar em contato com o costume de comermos chala agula, seus
ingredientes e formato.
Descrição:
trazer, à roda de crianças, a receita escrita, com figuras associadas
aos ingredientes que utilizarão na produção da chala, para que
possam, anteriormente à atividade, fazer a pseudo-leitura, per-
cebendo a função da escrita. Durante a culinária, os ingredientes
deverão estar expostos em cima de uma mesa e, as crianças,
sentadas ao seu redor, de modo que todos vejam tudo. A cada
ingrediente, uma criança é convidada a participar. Dar um pedaço
de massa para cada criança e, no momento de enrolar a massa,
lembrar da diferença em relação à chala de Shabat.
Materiais e recursos:
ingredientes, receita escrita com figuras recortadas de revistas.
De 5 a 6 anos
Conteúdos:
chala agula
Objetivos potenciais:
entrar em contato com o costume de comermos chala agula, seus
ingredientes e formato.
Descrição:
trazer, à roda de crianças, a receita escrita da chala, para que pos-
sam fazer leitura, percebendo a função da escrita. Durante a pre-
paração, os ingredientes deverão estar expostos em cima de uma
mesa e, as crianças, sentadas ao seu redor, de modo que todos ve-
jam tudo. A cada ingrediente, uma criança é convidada a participar.
Dar um pedaço de massa para cada criança e, no momento de en-
rolar a massa, lembrar da diferença em relação à chala de Shabat.
Em outro momento, cada criança receberá a receita escrita, com
um espaço, para que possa fazer algum tipo de registro, seja por
meio do desenho ou da escrita.
Materiais e recursos:
ingredientes, receita escrita em cartaz e folhas individuais.
ROSH HASHANA 27