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Revista Canavieiros - Agosto de 2007
Revista Canavieiros - Agosto de 2007
Editorial

Unindo forças para
poder crescer

N

esta edição, o leitor vai conhecer um pouco mais sobre os
convênios entre a Canaoeste e institutos de pesquisa de variedades de canade-açúcar. Vivendo um momento de crescimento e repercussão nunca antes vistos, o desafio do setor hoje é aumentar a
produtividade mesmo nas regiões totalmente ocupadas pela cultura da cana. E
é isso que as parcerias da Canaoeste
buscam: trazer as mais novas tecnologias
para o produtor associado.
Deste modo, apresentamos aos leitores as quatro instituições que, juntamente com a Canaoeste, investem no desenvolvimento do setor e no futuro de nossos associados: o Centro de Tecnologia
Canavieira (CTC) - uma organização privada, sem fins lucrativos, com mais de 30
anos de experiência no desenvolvimento de tecnologias para o setor
sucroalcooleiro; o Instituto Agronômico
de Campinas (IAC) - o instituto de pesquisa mais antigo da América Latina; a
Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro
(RIDESA) - formada por sete Universidades Federais: Paraná (UFPR), São
Carlos (UFSCar), Viçosa (UFV), Rural do
Rio de Janeiro (UFRRJ), Sergipe (UFSE),
Alagoas (UFAL) e Rural de Pernambuco
(UFRPE); e, por fim, a UNESP - Campus
de Jaboticabal, que firmou uma parceria
com a associação, para realizar um estudo de competição e comportamento de
18 variedades de cana-de-açúcar.
O entrevistado deste mês é o presidente da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), Márcio Lopes de
Freitas. Segundo ele, as conseqüências
da crise no agronegócio brasileiro só não
foram piores graças ao cooperativismo.
Lopes aponta quatro desafios para as
cooperativas brasileiras: profissiona-

lização da gestão, formação de redes de
negócios, investimento em capital humano e alinhamento das estratégias de
negócios à responsabilidade social. Novamente, o destaque fica com as feiras
do setor: esta edição traz o balanço do
Simtec 2007 (Simpósio Internacional e
Mostra de Tecnologia da Agroindústria
Sucroalcooleira) que aconteceu em
Piracicaba de 17 a 20 de julho.
Na editoria Notícias Copercana, a
analista de grãos, Ercília Mazza mostra
todo o processo de análise e
armazenamento do amendoim que passa pela Unidade de Grãos da cooperativa (UNAME). Nas páginas da
Canaoeste, a Revista mostra as Reuniões Técnicas, que promoveram discussões sobre as principais questões
relacionadas à produção de cana-deaçucar, e a reportagem sobre o aniversário de um ano da UTI do Netto Campello
Hospital e Maternidade. A Cocred mostra a nova cara da agência de Severínia.
A filial teve sua dependência completamente reestruturada para atender melhor
seus 320 cooperados.
O pesquisador do CTC, Célio
Manechini, fala sobre compactação do
solo (causas, conseqüências, medidas
preventivas e corretivas) nas páginas
dedicadas às Novas Tecnologias. Como
de costume, a Revista traz o artigo jurídico do Dr. Juliano Bortoloti e os prognósticos climáticos do Dr. Oswaldo
Alonso. O consultor agronômico da
Canaoeste, Cléber Moraes, trouxe um
artigo sobre o grande pesadelo do produtor de cana: o preço do ATR. Além, é
claro, das dicas de português e indicação de livros, a agenda de eventos, repercutiu e os classificados.
Boa Leitura!
Conselho Editorial

Revista Canavieiros -- Agosto de 2007
Revista Canavieiros Agosto de 2007

03
Indice

EXPEDIENTE

Capa

CONSELHO EDITORIAL:
Antonio Eduardo Tonielo

Parcerias garantem
maior produtividade aos
associados da Canaoeste

Augusto César Strini Paixão
Clóvis Aparecido Vanzella
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan
Manoel Sérgio Sicchieri

Filiada aos maiores centros de
pesquisas em cana-de-açúcar,
Canaoeste oferece tecnologia
do futuro aos associados

Oscar Bisson
Pag.
Pag.

20

OUTRAS

DESTA
DESTA QUES

CONSECANA

Entrevista

Pag.

12

Márcio Lopes de Freitas
Presidente do Sistema OCB
(Organização das Cooperativas Brasileiras)
Pag.

05

REPERCUTIU
Pag.

25

Pag.

28

INFORMAÇÕES
SETORIAIS
LEGISLAÇÃO

A agroenergia e os biocombustíveis
são o foco da atenção de vários
países do mundo, devido ao
aumento das preocupações
ambientais
Pag.

Notícias

Notícias

Pag.

Pag.

31

ARTIGO
TÉCNICO

Pag.

8

Preços do ATR: O que está acontecendo?
Revista Canavieiros - Agosto de 2007

COLABORAÇÃO:
Carla Rodrigues

COMERCIAL E PUBLICIDADE:

DEPARTAMENTO DE MARKETING
E COMUNICAÇÃO:
Ana Carolina Paro, Carla Rodrigues,
Carla Rossini, Daniel Pelanda, Giselle
Mariano, Letícia Pignata, Marcelo

3 2 TÉCNOLOGIAS

Massensini, Rafael Mermejo, Roberta
Faria da Silva, Talita Carilli.
IMPRESSÃO:
São Francisco Gráfica e Editora

35

CULTURA
Pag.

36

AGENDE-SE
Pag.

37

TIRAGEM:
8.500 exemplares
A Revista Canavieiros é distribuída
gratuitamente aos cooperados, associados
e fornecedores do Sistema Copercana,
Canaoeste e Cocred. As matérias assina-

Pag.

38

das são de responsabilidade dos autores.
A reprodução parcial desta revista é
autorizada, desde que citada a fonte.
ENDEREÇO DA REDAÇÃO:
Rua Dr. Pio Dufles, 532

Safra Canavieira

04

FOTOS:
Carla Rossini
Marcelo Massensini

revistacanavieiros@copercana.com.br

CLASSIFICADOS

1
Cocred
Cocred tem mais quatro agências

DIAGRAMAÇÃO:
Rafael Mermejo

DESTAQUE

0

Pag.

Pag.

PROJETO GRÁFICO E

(16) 3946-3311

30

NOVAS
Pag.

12
Canaoeste
Associados da Canaoeste discutem atualidades em cana-de-açúcar
Mendes Thame apresenta palestra sobre
Aquecimento Global em Bebedouro
Notícias

Pag.

08

1
Copercana
Uname - Amendoim com segurança e
qualidade

Carla Rossini – MTb 39.788
Cristiane Barão – MTb 31.814

Marcelo Massensini

Ponto de vista
Marcos Fava Neves e
Marco Antonio Conejero

EQUIPE DE JORNALISMO:

26

Pag.
Pag.

Sertãozinho – SP CEP:- 14.170-680
Fone: (16) 3946 3311
Entrevista

Márcio Lopes de
Freitas

Presidente do Sistema OCB (Organização das Cooperativas
Brasileiras)
Perfil:
Presidente reeleito em 2004 do Sistema OCB, ao qual o Serviço Nacional
de Aprendizagem do Cooperativismo
(Sescoop) está vinculado, Márcio
Lopes de Freitas é administrador de
Empresas formado pela Universidade de Brasília. Integra vários conselhos nacionais, como o Consea, de
segurança alimentar e nutricional da
Presidência da República, e o do
Agronegócio. É presidente do Comitê Agrícola da Aliança Cooperativa Internacional – Américas, vicepresidente do Comitê Agrícola da
ACI-Mundial e membro do Conselho Consultivo da ACI – Américas.
Cristiane Barão

Op

Foto: Divulgação

residente do Sistema OCB
(Organização das Cooperativas Brasileiras), Márcio Lopes de
Freitas, avalia como extremamente positivo o desempenho nas exportações
do setor em 2006, resultado que, segundo ele, deve se repetir neste ano.
Liderança de destaque e profundo
conhecer do assunto, ele aponta quatro desafios para as cooperativas ampliarem a participação no mercado externo: profissionalização da gestão,
formação de redes de negócios, investimento em capital humano e alinhamento das estratégias de negócios à
responsabilidade social.
Ele destaca que os reflexos da crise do agronegócio só não foram mais
agudos para os pequenos e médios
produtores no setor por conta da atuação das cooperativas em ações como
a aquisição de insumos mais baratos e
comercialização de seus produtos.
“Isto contribui para a garantia de uma
qualidade de renda melhor”.
Leia a seguir a entrevista que ele
concedeu à Revista Canavieiros.
Revista Canavieiros - Agosto de 2007

05
Entrevista

Cooperativas minimizam
efeito da crise
Revista Canavieiros: Em 2006, as
cooperativas exportaram 26% a mais
do que no ano anterior. Para este ano,
estima-se um crescimento de 10% a
15%. Isso representa perda de ritmo
ou o crescimento será menor porque
no ano passado o desempenho foi
muito bom?
Márcio Lopes de Freitas: Ano passado, o resultado foi extramente positivo, com o setor sucroalcooleiro como
carro-chefe. Por precaução, preferimos
ter cautela ao traçar projeções desta
natureza, por isso a estimativa inicial
de 10 a 15% de crescimento. Mas o
excelente desempenho das exportações do setor cooperativista até o momento abre a perspectiva de termos
neste ano um desempenho muito parecido ao de 2006.
Revista Canavieiros: Em receita,
as cooperativas exportaram US$ 2,83
bilhões, representando 6% das vendas totais do agronegócio? Essa participação poderia ser maior?
Freitas: O agronegócio tem tido um
desempenho muito bom, mostrando a força do produtor brasileiro. Além disso, a
participação das cooperativas tem crescido. Sabemos que o setor cooperativista,
que responde por cerca de 35% do PIB
agrícola brasileiro e 6% do PIB nacional,
pode aumentar em grande escala a sua
participação no mercado de exportações.
Mas essa conquista será feita a partir de
um processo baseado num trabalho bem
estruturado, de gestão profissionalizada
e agregação de valor aos produtos
cooperativistas, com foco maior no mercado externo.
Revista Canavieiros: Quais os desafios para as cooperativas buscarem
maior espaço no mercado externo?
Freitas: É um processo que parte
primeiramente de um trabalho baseado na profissionalização da gestão,
foco no negócio e planejamento estratégico. Em segundo lugar, é preciso
formar redes de negócios para dar maior sustentabilidade à atuação das cooperativas. É necessário ainda investir em "capital humano", com o objetivo de aumentar cada vez mais a quali06

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

ficação e, conseqüentemente, a produtividade do setor. Isto significa investir na capacitação dos colaboradores e
dos próprios líderes, que atuarão sempre com visão estratégica. Em quarto
lugar, atuar nos mercados aliando as
estratégias de negócio à responsabilidade social, zelando pelo bem-estar e
crescimento dos próprios associados
e das comunidades nas quais as cooperativas estão inseridas. Ou seja, aplicar as quatro tendências do
cooperativismo.

"O setor cooperativista
esperava uma taxa de juros
mais baixa, compatível com
a realidade dos índices da
inflação e de outras taxas
gerais como a Selic, além de
um aumento maior dos
recursos"
Revista Canavieiros: A crise no
agronegócio provocou perdas na renda estimada em R$ 37 bilhões. De que
forma as cooperativas foram atingidas pela crise?
Freitas: As cooperativas são organizações de pessoas e se estas têm
perda de renda, é natural que isso traga reflexos. Mas as conseqüências são
minimizadas pela atuação das próprias
cooperativas em ações como aquisição de insumos mais baratos e
comercialização de seus produtos. Isto
contribui para a garantia de uma qualidade de renda melhor. Mas o setor não
pode se considerar isento de problemas. É preciso ainda algum tempo para
que os reflexos dessa crise sejam superados.
Revista Canavieiros: Qual a avaliação que o senhor faz do Plano Safra 2007/08? As cooperativas foram
atendidas?
Freitas: O Plano, de forma geral,
pode ser avaliado positivamente, mas
é importante dizer que ainda existem
pontos pendentes. Faltam ações especificamente voltadas à realização de

medidas estruturantes, de infra-estrutura e logística, por exemplo. O governo apresentou medidas que, com
certeza, contribuirão para o desenvolvimento da agricultura e pecuária brasileira. O aumento do volume de recursos e a redução da taxa de juros
são pontos importantes. Outra questão relevante foi a determinação de
uma taxa diferenciada de 6,25% para
os médios agricultores. Mas o setor
cooperativista esperava uma taxa de
juros mais baixa, compatível com a realidade dos índices da inflação e de
outras taxas gerais como a Selic, além
de um aumento maior dos recursos.
Revista Canavieiros: O setor
sucroalcooleiro é uma das cadeias
mais promissoras do agronegócio
brasileiro. É também caracterizado
pela presença de grandes grupos industriais e a tendência é pela entrada de capital estrangeiro. Na avaliação do senhor, qual o papel que as
cooperativas de produtores independentes terão nesse processo de expansão?
Freitas: Se o produtor não se organizar, será excluído deste processo
promissor. E a participação das cooperativas, como organizações de pessoas, é fundamental para que os produtores se tornem cada vez mais competitivos e possam enfrentar os desafios
ocasionados por esta mudança, por
esta tendência.

"Se o produtor não se
organizar, será excluído
deste processo promissor
(de expansão do setor
sucroalcooleiro)"
Revista Canavieiros: A OCB terá
alguma atuação estratégica para estimular a formação de cooperativas
de produtores independentes nas novas fronteiras da cana?
Freitas: Antes de estimular a formação de novas cooperativas, queremos que as já existentes, presentes nas
áreas do setor sucroalcooleiro, entrem
nesse processo, organizando seus produtores.
Entrevista

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

07
Ponto de vista

O cenário político-legal e seu
impacto no setor sucroalcooleiro
* 1 - Marcos Fava Neves // 2 - Marco Antonio Conejero

A

agroenergia e os biocombustíveis são o foco da atenção
de vários países do mundo, devido
ao aumento das preocupações
ambientais (principalmente em relação ao aquecimento global e mudanças climáticas) e ao cenário de continuidade dos preços do petróleo em
um patamar elevado.
Além disso, vários países enxergam os biocombustíveis como alternativa para crise do campo, diversificando mercados, melhorando a rentabilidade dos produtores de cana,
grãos e outras oleaginosas; e para a
crise ambiental, visando a diminuição da emissão de gases de efeito
estufa. Segundo estimativas do IEA
(International Energy Agency), podese prever que 20% de decréscimo nas
emissões desses gases, até 2030, virá
por conta do aumento do uso de
combustíveis renováveis, como o
etanol e o biodiesel brasileiros.
O Brasil, líder na produção de
etanol derivado da cana-de-açúcar, é
o único país do Mundo com 90 milhões de hectares de áreas
agriculturáveis ainda passíveis de
serem exploradas, não só com cana e
oleaginosas para biocombustíveis,
mas também com a agricultura de alimentos. Segundo a consultoria SCA,
é previsto que a produção de cana
do país atinja mais de 450 milhões de
toneladas em 2007/08 e que, em 2010/
2011, atinja 580 milhões de toneladas.
Isso tudo destinado para produção
de 38 milhões de toneladas de açúcar e 25 bilhões de litros de álcool
combustível, em uma área de 7,8 milhões de ha.
Apesar disso, a participação do
etanol de cana na matriz energética
mundial ainda é muito pequena. Em
2005, a produção mundial de combustíveis foi de 101,1 bilhões de
Gigajoules (BJG). Destes, apenas 1,1
08

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

BJG foi proveniente
de fontes renováveis, sendo 11% o
biodiesel e 89% o
etanol. Na produção
e uso de etanol, a
cana-de-açúcar representa quase 50%,
sendo seguido pelo
milho (27%) e trigo
(24%) (F.O.Licht's,
FAO, Oil World,
LCM, EIA, Icone).
No entanto, isso
ainda não impede o
protecionismo dos
países desenvolvidos. Conforme estudo do IEA, a Austrália tem uma tarifa de US$0,24 por
litro de álcool (forte produtor de álcool de cana); os EUA, US$0,14/L
(sem perspectiva de queda até 2009
em função de lei nacional); a União
Européia, US$ 0,10/ L (com perspectiva de exigência de certificação
ambiental); e Canadá, US$ 0,07/ L
(forte produtor de álcool de milho).
Se a exportação ainda é limitada,
o ponto é que temos um mercado interno que precisa de maior atenção
governamental. Vamos aqui lembrar
apenas de dois grandes temas que
precisam ser resolvidos para que tenhamos uma demanda "forte" para o
nosso álcool.
O primeiro é o potencial de demanda gerado pela inserção do carro
flex e a questão tributária. A importância do carro flex ocorre por transferir ao consumidor o poder de decisão sobre qual combustível usar, independente da falta de produto ou
aumento de preços. Em 2006, a participação dos veículos flex sobre o total de veículos vendidos foi de 86%,
o que representou a adição de 2 milhões de unidades, sendo a perspectiva de aumento contínuo.

Só que em alguns estados, o consumidor ainda continua por abastecer o seu carro com gasolina. Por que
isso ocorre? De uma maneira geral, o
preço na bomba do etanol é influenciado pelo preço do produtor, misturas exigidas por lei (álcool anidro na
gasolina - 20%), custo da logística
de distribuição e carga tributária. No
entanto, o que influencia efetivamente o consumo são os preços relativos dos diferentes tipos de combustíveis, o consumo por quilômetro do
veículo e a frota (lançamento dos veículos flex, proibição de veículos leves a diesel etc).
Aí está o x da questão, nem todos
os estados são produtores de álcool
e contribuem para desincentivar o uso
do combustível renovável. Dos 27 estados brasileiros, praticamente 21 são
"importadores" (dos estados produtores) e somente seis exportadores de
etanol. Para piorar a situação, a incidência tributária privilegia o gás natural e os Estados não tem isonomia
tributária.
Na gasolina, o CIDE (contribuição com vistas a inversões na
melhoria das estradas) representa 9%
do preço do combustível na bomba,
Ponto de vista
PIS/COFINS representam 8% e ICMS,
por sua vez, 27%. No caso do álcool,
PIS e COFINS representam 10% e
ICMS, 18%. No preço do Gás Natural Veicular (GNV) incidem 9% de PIS/
COFINS e 14% de ICMS. As alíquotas
de ICMS, em maio de 2006, variaram
de estado para estado. Em São Paulo
observamos a menor alíquota (12%)
e no Paraná observamos a maior
alíquota (30%). Isso precisa mudar
privilegiando o álcool frente ao gás
natural (importado, região instável)
e os demais estados precisam seguir
o exemplo de São Paulo.
O segundo grande tema aqui explorado é o sub-aproveitamento do
potencial de bioeletricidade na
biomassa da cana. Enquanto o governo se preocupa com grandes usinas hidroelétricas, caras e
ambientalmente impactantes, permanecemos com o risco do apagão tendo em mãos milhares de "Itaipus"

para serem utilizadas.

20.000 MW (Aneel/Unica).

De todo bagaço de cana produzido,
cerca de 90% é usado na produção de
energia. A importância da co-geração
de energia utilizando o bagaço reside
no fato que ela coincide com o período
de seca dos reservatórios das usinas
hidrelétricas e, dessa forma, possui importante caráter complementar.

Vamos começar por resolver essas duas questões, daí pensamos em
mercado externo, quebras de barreiras, exportação para o Japão etc.

A eletricidade usada atualmente
no processo de fabricação de açúcar
e etanol é de 1.500 MW. Além disso,
há uma produção excedente, atualmente vendida para o sistema elétrico, de 620 MW. No entanto, o aproveitamento de todo potencial
energético do bagaço está longe do
ideal. O potencial de curto prazo,
usando a tecnologia atual, é de 6.000
a 8.000 MW. O potencial de longo
prazo, com utilização de novas e melhores tecnologias, e aumento da
produção de cana, é de 15.000 a

*1 - Marcos Fava Neves é engenheiro agrônomo pela Esalq/USP,
mestre e doutor em Administração
de Empresas pela FEA-USP. Pósgraduado em Agribusiness &
Marketing Europeu na França e em
canais de distribuição na Holanda.
É coordenador do PENSA/USP
(Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial).
*2 - Marco Antonio Conejero é
mestre em Administração de Organizações pela FEARP/ USP; Economista formado pela FEA/USP em São
Paulo. É pesquisador do PENSA/
USP (Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial).

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

09
Notícias
Copercana

Amendoim com
segurança e qualidade
Ercília Silva Ferreira Mazza - Analista de Grãos da Copercana

C

om o crescimento nas exportações de amendoim, os mercados externo e interno passaram a
ser mais exigentes com relação à qualidade do produto. A Comunidade
Européia passou a exigir do mercado
brasileiro parâmetros que garantissem a qualidade do amendoim. Desta forma, o governo brasileiro juntamente com toda a cadeia produtiva
elaborou uma Proposta de Instrução
Normativa para assegurar as boas
práticas agrícolas e controle de
aflatoxinas visando à segurança higiênico-sanitária e a qualidade do
amendoim, destinados ao consumo
interno e a exportação.
Diante deste fato, a Copercana,
sendo um dos mais importantes segmentos da cadeia produtiva do amendoim, deu sua contribuição na elaboração desta Proposta que ainda
está em fase de finalização.

No entanto, a cooperativa com o objetivo de
garantir a qualidade do
amendoim, já vem realizando controles nas etapas de produção do grão.
Desde o início da implantação da cultura no campo é realizado um trabalho de acompanhamento
técnico apoiando os agricultores na aplicação das
boas práticas agrícolas
básicas. Isto envolve a
avaliação do solo e o seu
preparo, análise da fertilidade, escolha de variedade/semente, plantio, controle de pragas e doenças durante todo ciclo da cultura.
Na colheita, os técnicos da
Copercana, com o objetivo de assegurar uma safra segura e satisfatória,
realizam visitas periódicas nas propriedades para esclarecimentos de

Ercília Silva Ferreira Mazza

eventuais dúvidas.
Quando o amendoim chega na
Unidade de Grãos, um boletim é preenchido com todas as informações
referentes a carga recebida (histórico da propriedade e produto). A carga de cada caminhão é amostrada

Logo após a descarga, o amendoim passa por uma
máquina de pré-limpeza

Amostra é debulhada por inteiro

Laboratório de análise física onde o amendoim
passa por classificação de grãos

No laboratório de análises químicas, checa-se o nível de
aflatoxina dando assim a classificação e o destino do amendoim

O restante da pasta é colocado em uma sala de
contraprova em frízer a 15 graus negativos

O amendoim é armazenado em big bags

10

Revista Canavieiros - Agosto de 2007
Notícias
Copercana
para que seja realizada análise quanto ao teor de umidade, aflatoxinas e
classificação de impurezas, renda,
entre outros. De acordo com a avaliação inicial a carga permanece em secador, separadamente, até atingir a
umidade segura de armazenamento.
Após a secagem, este produto é
envazado em Big Bags (sacolas com
capacidade para 600 kg de amendoim em casca) contendo o número de
registro do boletim (mesmo número
da chegada) onde são também
registradas todas as informações referentes à classificação e análises. As
informações registradas no boletim,
que recebe um determinado número
de identificação, garantem a
rastreabilidade do grão, até ser beneficiado.

período de 30 a 40 dias antes da colheita, é possível que o amendoim
apresente-se contaminado com
aflatoxinas no momento do arranque.

A contaminação do amendoim
pode ocorrer se houver condições
para o crescimento dos fungos produtores de aflatoxinas. Após a colheita as etapas de secagem e
armazenamento são as mais críticas.
Porém, pode ocorrer a contaminação
ainda no campo, antes mesmo do
amendoim ser colhido. Se houver falta
de chuva (estresse hídrico) por um

A detecção da contaminação deve
seguir um rigoroso esquema envolvendo amostragem, preparo de amostra e controle de qualidade analítico.
Foram realizados vários ajustes, dentre eles, o aumento do tamanho da
amostra retirada para representar a
carga, o que tornou muito mais representativa e de acordo com normas
internacionais.

Devido aos problemas ocorridos
com relação à qualidade do amendoim nas duas últimas safras (2005 e
2006), principalmente pela ocorrência
de estresse hídrico, a Copercana procurou orientação de pesquisadores
especialistas na área de micotoxinas
para conferir segurança e
confiabilidade aos seus técnicos e clientes. Assim, a Dra. Maria Antonia
Calori Domingues e o Dr. Eduardo
Micotti da Glória da ESALQ/USP, desde o início desta safra, têm orientado
a equipe da Copercana no que se refere à detecção de aflatoxinas.

A amostra é debulhada e
homogeneizada para análise física e
em seguida todos os grãos são triturados com água, formando uma pasta, para a análise de aflatoxinas. A
elaboração dessa pasta homogênea
promove um resultado altamente representativo. A Copercana mantém
uma contraprova dessa amostra que
é mantida a -15°C por um período de
aproximadamente um ano, até que o
amendoim chegue ao cliente.
Para garantir uma maior
confiabilidade em seus resultados o
laboratório da Copercana, além de
contar com a orientação dos pesquisadores da ESALQ, realiza uma comparação de seus resultados empregando amostras com valores de contaminação conhecidos provenientes
de instituições internacionais.
Todos estes investimentos em
equipamentos, consultorias técnicas, orientação de pesquisadores
renomados, demonstram a grande
preocupação, seriedade e responsabilidade da Copercana em garantir ao
consumidor final produtos seguros
e de melhor qualidade.

A amostra é encaminhada para a sala de preparo

O amendoim é triturado com água e forma-se uma pasta

Parte da pasta é encaminhada para o laboratório
de análises químicas

Setor de inspeção dos bags, antes do armazenamento

Os bags são armazenados cuidadosamente, conforme
sua classificação

Antonio Roberto Pelanda, responsável pelo
armazenamento, mostrando a rastreabilidade dos bags
Revista Canavieiros - Agosto de 2007

11
Notícias
Canaoeste

Ortolan participa do
congresso da WABCG
Cristiane Barão

Realizado de 9 a 12 de julho, evento reuniu representantes de 20 países

O

presidente da Canaoeste,
Manoel Ortolan, participou
do 9ª Congresso da WABCG (Associação Mundial dos Produtores de Cana
e Beterraba Açucareira, da sigla em inglês), realizado de 9 a 12 de julho em
Brisbane, na Austrália. Fundada em
1981, a WABCG reúne representantes
de associações de produtores de mais
de 30 países. Pelo menos vinte países
foram representados no congresso.
Os pontos principais do encontro
foram as perspectivas para o mercado
de açúcar, os reflexos da queda dos
preços sobre os produtores independentes e as oportunidades abertas
pela valorização dos biocombustíveis.
De acordo com o presidente da entidade, Bill Hejl, a queda na renda dos
produtores foi reforçada pelo dólar
fraco.
Ele disse ainda que o setor em todo
o mundo está investindo em inovação

e mecanismos para melhorar a produtividade e ressaltou que "o uso da
biotecnologia é uma grande oportunidade e representa hoje uma realidade."
Hejl destacou a importância de os produtores de cana e beterraba de todo o
mundo estarem organizados. "Somos
todos produtores, com interesses comuns, e temos de trabalhar juntos para
fortalecer a nossa participação e representação", disse. Depois de três anos
à frente da WACBG, Hejl transmitou o
cargo a Alf Cristaudo, que é diretor da
Associação dos Plantadores de Cana
da Austrália.
A WABCG é o único fórum internacional que permite aos produtores
de cana e beterraba açucareira se reunirem para discutir as dificuldades e a
troca de experiências e soluções. Em
2005, a WABCG se reuniu pela primeira vez no Brasil, em Ribeirão Preto, a
convite da Orplana, que se filiou à entidade em 2004.

Consecana
Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo

A

Manoel Ortolan (Canaoeste), Ismael Pereira Jr.
(Orplana) e Winter Bohlsen (Alemanha)

"É importante que, nesse momento em que o mundo discute a necessidade de se buscar fontes de energias
limpas e renováveis para a sobrevivência do planeta, os pequenos e médios
produtores de cana brasileiros estejam
representados em discussões como
essas levantadas pela WABCG", disse o presidente da Canaoeste.

CIRCULAR Nº. 06/07
DATA: 31 de julho de 2007

seguir, informamos o preço médio do kg do ATR para efeito de emissão da Nota de Entrada de cana entregue
durante o mês de JULHO de 2007. O preço médio acumulado do kg de ATR para o mês de JULHO é de R$ 0,2569.

O preço de faturamento do açúcar no mercado interno e externo e os
preços do álcool anidro e hidratado, destinados aos mercados interno
e externo, levantados pela ESALQ/CEPEA, nos meses de ABRIL a
JULHO e acumulados até JULHO, são apresentados a seguir:
Os preços do Açúcar de Mercado Interno (ABMI) e os do álcool
anidro e hidratado destinados à industria (AAI e AHI), incluem impostos, enquanto que os preços do açúcar de mercado externo
(ABME e AVHP) e do álcool anidro e hidratado, carburante e destinados ao mercado externo, são líquidos (PVU/PVD).
Os preços líquidos médios do kg do ATR, em R$/kg, por produto, obtidos nos
meses de ABRIL a JULHO e acumulados até JULHO, calculados com base nas
informações contidas na Circular 01/07, são os seguintes:
12 Revista Canavieiros - Agosto de 2007
Notícias
Canaoeste

Mendes Thame apresenta
palestra sobre Aquecimento
Global em Bebedouro
Marcelo Massensini

Evento apoiado pela Canaoeste reuniu 500 pessoas para discutir sobre a importância do desenvolvimento sustentável

“A

pesar da ciência mostrar que
o ser humano está presente
na terra há centenas de milhares de anos,
somente nos últimos 40 anos começamos a discutir problemas ambientais".
Assim o deputado federal, Antonio
Carlos de Mendes Thame, abriu sua palestra: "Aquecimento Global e
Sustentabilidade: uma tragédia (ainda)
evitável", que aconteceu na cidade de
Bebedouro, no último dia 11. O evento,
que contou com o apoio da Canaoeste,
reuniu mais de 500 pessoas, entre elas,
autoridades políticas da região.
Assunto constantemente em pauta nos últimos anos, o aquecimento
global é, como o próprio nome diz, um
aumento da temperatura média da Terra. As conseqüências são muitas: derretimento das calotas polares e
consequentemente aumento do nível
dos oceanos; crescimento e
surgimento de desertos; aumento de
furacões, tufões e ciclones e ondas de
calor. O fenômeno é causado pelo aumento de poluentes, principalmente de
gases derivados da queima de combustíveis fósseis na atmosfera, que formam
uma camada de difícil dispersão, causando o famoso efeito estufa. "Os ga-

“...O problema é que nós
aumentamos tanto a
quantidade desses gases que,
quando os raios solares
chegam ao planeta, ao invés
de ir embora eles ficam
represados na Terra,
aumentando a temperatura",
explica Thame

ses ao redor da Terra
são responsáveis pela
vida como nós conhecemos. O problema é que
nós aumentamos tanto a
quantidade desses gases que, quando os raios solares chegam ao
planeta, ao invés de ir
embora eles ficam represados na Terra, aumentando a temperatura",
explica Thame.
Além do aquecimento global, Mendes Thame Equipe da Canaoeste (Gustavo Nogueira, Carlos Henrique, Antônio Pagotto,
abordou um outro proble- Sandro Galhardo e Rodrigo Zardo) ao lado do deputado Mendes Thame
ma ambiental, tão preocupante quanto o passou da borracha e do café", esclaanterior: o fim das reservas de água po- rece Thame.
tável. O deputado apontou os motivos
para essa crise e falou sobre as medidas
Antes da apresentação do deputaque, na sua opinião, podem minimizar o do, houve um debate entre prefeitos e
problema ou, pelo menos, manter os nú- representantes de nove cidades da remeros atuais. Mesmo com todos os fa- gião: Cajobi, Bebedouro, Jaborandi,
tores apontados durante a palestra, Jaboticabal, Pirangi, Ribeirão Preto,
Thame se mostrou otimista e diz acredi- Taquaral, Terra Roxa e Viradouro. Retar na capacidade do ser humano de se presentantes
da
Canaoeste,
desenvolver sem danificar o meio ambi- Associtrus, Adebe e da Associação de
ente. Segundo ele, para isto, basta que a Engenheiros, indagaram os prefeitos
população esteja consciente que pode e sobre diversos assuntos ligados a área
deve mudar seus hábitos.
ambiental como tratamento de lixo e
esgoto e proteção das águas. No final
Sobre a produção de cana-de-açú- da palestra foram distribuídas 300 mucar, Thame falou sobre a importância das de árvores para os participantes.
do fim da colheita manual de cana queimada para o futuro do etanol. SegunO evento foi organizado pela
do ele, alguns países começam a fazer Canaoeste
(Associação
dos
exigências para comprar o combustí- Plantadores de Cana do Oeste do Esvel brasileiro e uma dessas exigências tado de São Paulo), Gazeta de Bebeé o fim das queimadas. "As queimadas douro, Rádio Bebedouro, Associtrus
estão com dias contados. Temos que (Associação Brasileira de Citricultores)
produzir de uma forma absolutamente e pela Associação dos Engenheiros e
sustentável ou deixaremos passar a Arquitetos e Engenheiros Agrônomos
oportunidade do etanol, assim como da Região de Bebedouro.
Revista Canavieiros - Agosto de 2007

13
Notícias
Canaoeste

Associados da Canaoeste
discutem atualidades em
cana-de-açúcar
Marcelo Massensini

E

ntre os dias 16 de julho e 02 de agosto, a Canaoeste realizou
o segundo ciclo de Reuniões Técnicas em 2007. Com a presença de mais de 800 cooperados, as reuniões trataram de temas
atuais e de suma importância para o produtor de cana-de-açúcar. Os
encontros foram realizados pela Canaoeste, juntamente com a Bayer
CropScience e contou, ainda com a presença de profissionais de
usinas e de pesquisadores do CTC (Centro de Tecnologia
Canavieira).
As Reuniões Técnicas da Canaoeste sempre foram uma ferramenta importante para a comunicação entre a associação e seus
associados, discutindo assuntos pertinentes e que facilitam a vida
dos produtores rurais. Esta edição não poderia ser diferente. Abrindo todos os encontros, o consultor agronômico da Canaoeste,
Cléber Morais, falou sobre o preço do ATR. Morais apresentou um
panorama geral do mercado de açúcar e álcool nos últimos anos e
apontou os motivos para a queda do preço do ATR em relação a
última safra.

Viradouro

O assessor técnico da Canaoeste, Oswaldo Alonso, apresentou diariamente os prognósticos climáticos para todo o Estado e
para a região. Com dados atualizados a cada edição, Alonso discutiu sobre as previsões para próximos meses e também quais cuidados o produtor deve tomar para evitar transtornos ocasionados
pelo tempo.
Rodrigo Zardo, engenheiro agrônomo do Departamento Jurídico da Canaoeste, falou sobre os novos procedimentos relativos à
suspensão da queima da palha de cana-de-açúcar. Ele apresentou
os novos prazos pré-definidos pelo protocolo Agroambiental que
será assinado entre a Orplana, o governo do Estado de São Paulo
e as secretarias do Meio Ambiente e da Agricultura, que prevê o
fim das queimadas até 2021. Zardo ainda orientou os associados
sobre os fatores que ocasionam multas ambientais relativas às queimadas.

Morro Agudo

O gerente do Departamento Técnico da Canaoeste, Gustavo
Nogueira, discorreu sobre quais os objetivos, quando realizados
os tratos culturais em cana planta e de soqueiras, visando sempre
o ganho de produtividade, melhoria da qualidade e contribuir com
outras operações realizadas.
Além disso, na filial de Severínia, o pesquisador do CTC (Centro
de Tecnologia Canavieira), Célio Manechini, ministrou uma palestra
sobre compactação do solo (veja mais nas páginas 26 e 27 desta
edição). Manechini apontou os principais motivos que têm causado
o aumento da compactação e sobre maneiras de evitar esse proble14

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

Pontal
Notícias
Canaoeste
ma. Ele falou, ainda,
dos prejuízos causados aos produtores,
sobre a necessidade
de se conter e prevenir a compactação do
solo.

Barretos

Colina

Pitangueiras

A patrocinadora
do evento, Bayer
CropScience apresentou novos produtos de sua linha para
os associados preSeverínia
sentes nas reuniões.
Fauze Corrêa Filho e
Marc Jacquemin, representantes técnicos de vendas da região, contam que
essa foi a primeira
parceria firmada com
a associação, mas "se
depender da Bayer,
nós vamos ter cada
vez mais parcerias
como esta". Foram
apresentadas palestras sobre o portifolio
de produtos para o
controle de pragas e
Bebedouro
de ervas daninhas,
que têm causado perdas significativas para os produtores. "Essa
parceria só tem a somar para que o fornecedor possa obter os maiores lucros na produção de cana", explica os representantes da Bayer.
Gustavo Nogueira, enfatiza a importância desse tipo de evento
para os associados: "através destes ciclos de palestras técnicas
os fornecedores têm acesso a informações importantes e bastante
diversificadas sobre todo o sistema produtivo de cana-de-açúcar
havendo uma socialização do conhecimento", explica.

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

15
Notícias
Canaoeste

UTI do Netto Campello
completa um ano
Marcelo Massensini

As Unidades de Terapia Intensiva neonatal, pediátrica e adulta aumentaram o fluxo de pacientes e ajudaram na melhoria da qualidade do atendimento do hospital

S

ertãzinho é a cidade que mais
cresce no Brasil. Com taxas de
crescimento nunca antes vistas,
Sertãozinho alcançou a posição de terceira maior cidade da região. Acompanhando este crescimento, há um ano o
Netto Campello Hospital e Maternidade
inaugurou duas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e atingiu um novo patamar de qualidade e confiabilidade, tornando-se um dos mais bem equipados
hospitais da região. As UTI´s - uma neonatal e pediátrica e uma geral - já atenderam, aproximadamente, 400 pacientes.
As duas Unidades vieram para suprir a grande demanda de pacientes que,
anteriormente, eram encaminhados para
hospitais de Ribeirão Preto, quando
precisavam de atendimento intensivo.
Uma das médicas que atendem na UTI
neonatal e pediátrica, Dra. Andréa
Domenici dos Reis, conta que "a cidade precisava de uma UTI pediátrica.
Antes tínhamos que ficar correndo
atrás de vagas em Ribeirão, agora todas são atendidas aqui", explica. "O
benefício não é só para o hospital, mas

A coordenadora da UTI Neonatal e pediátrica Dra. Mirian
Celini: “Os médicos e as mães têm mais segurança em fazer
os partos aqui, pois sabem que, em caso de problemas,
terão suporte total para cuidar do recém nascido”.

16

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

sim para a população sertanezina em
geral", completa a médica.
A coordenadora da UTI neonatal e
pediátrica, Dra. Mirian Celini enfatiza
que a criação da Unidade aumentou a
confiança por parte da população e até
dos próprios médicos, no Netto
Campello. O número de partos mensais
pulou de 7 (antes da UTI) para 42 (com
a implantação da UTI e reforma na maternidade). "Os médicos e as mães têm
mais segurança em fazer os partos aqui,
pois sabem que, em caso de problemas,
terão suporte total para cuidar do recém nascido", esclarece Mirian.
Além da maternidade, outros setores do hospital se desenvolveram após
a criação das UTI´s. Além dos setores
operacionais, como farmácia, depósito
de suprimentos e enfermagem, o número de procedimentos cirúrgicos e tipos
de patologias tratadas vêm aumentando consideravelmente. Segundo o coordenador da UTI geral, Dr. Matheus
Borges, este aumento na complexidade
dos atendimentos é o principal benefício para os usuários e para toda a população da cidade. "O hospital mudou seu
perfil. Com o aumento do número e da
complexidade dos procedimentos foram
necessárias reestruturações no nosso
centro cirúrgico para atender a nova
demanda", conta.
Além do centro cirúrgico, foi montada uma sala de recuperação pósanestésica e adquiridos equipamentos
para hemodiálise e de um tomógrafo
computadorizado de última geração auxiliar nos procedimentos de neurocirurgia
"Nós tivemos uma ganho de qualidade
muito importante, deixando o hospital no
nível dos melhores hospitais da região e
do estado todo", explica o médico. Com
toda essa tecnologia, o Netto Campello

O coordenador da UTI Geral, Dr. Matheus Borges.

tem atraído pacientes de várias cidades
da região, que são atendidas pelos convênios parceiros do hospital. "O hospital teve uma virada de qualidade e crescimento. O Netto Campello só pôde fazer
tudo isso que fez neste último ano, graças à confiança que a UTI deu aos médicos parceiros para trazer esse tipo de
paciente para cá", comemora o coordenador.
Em um ponto, os dois coordenadores são unânimes: mesmo com toda
tecnologia, o principal motivo de satisfação dos pacientes do Netto Campello
é o atendimento diferenciado que é oferecido aos seus usuários. Os médicos
e enfermeiras usam todos os recursos
possíveis para confortar e amenizar o
sofrimento dos pacientes e familiares.
"Todas as pessoas que ficaram internadas aqui, durante este ano, apontam
o atendimento como o suporte mais
importante para a cura da doença," completa. Mirian.
O Netto Campello Hospital e Maternidade, juntamente com sua diretoria, agradecem a todos os médicos,
enfermeiros e demais colaboradores
que contribuíram para o crescimento
do Hospital durante este último ano.
Notícias
Cocred
Demonstração do
resultado do semestre
CÓDIGO CADOC: 44.1.6.040-1

Valores

em Reais

Balanço
patrimonial
CNPJ: 71.328.769/0001-81

Valores

em Reais

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

17
Notícias
Cocred

Cocred Severínia de
cara nova
Marcelo Massensini

Agência foi completamente reestruturada para atender melhor aos seus 320 cooperados

N

esta edição, a Revista Canavieiros reapresenta a agência
da Cocred de Severínia, que está de
cara nova! Reformada há um mês, a
filial - que atende a mais de 320 cooperados de Severínia e região - foi completamente reestruturada, criando um
espaço mais amplo e confortável para
seus usuários. Novos serviços também
passaram a ser oferecidos.
Segundo o gerente da agência,
Célio Recco, a reforma foi de extrema
importância para os cooperados da região, pois "agora a agência tem melhores condições para atendê-los com mais
rapidez e eficiência", explica. Além de
ganhar visual e equipamentos mais
modernos, a Cocred Severínia passou
a ter setores de seguros e de atendimento e em breve terá terminais de autoatendimento.
Os cooperados da Cocred ainda
contam com todas as vantagens que a
cooperativa de crédito sempre ofereceu: os melhores produtos com as menores taxas e longos prazos. Ivan Antônio Aidar, cooperado desde 1975, diz
que teve contas em todos os bancos
da cidade de Colina, mas que, há pouco tempo, cancelou todas e permane-

ceu apenas com a
Cocred e com outra
cooperativa de crédito. "Os bancos
hoje cobram muitas
taxas. Só de passar
na frente eles já cobram uma taxa", brinca o cooperado.
"Então hoje eu só
trabalho com cooperativas de crédito.
Primeiro porque eu
tenho um espírito
cooperativista, segundo porque eu
acho que o atendimento que a Cocred me oferece é muito
melhor que o atendimento que os bancos tradicionais prestam", completa
Aidar.
Outro cooperado que se mantém fiel
a Cocred, é Paulo César Berto. Ele conta que antes da filial de Severínia ser
inaugurada, ele freqüentava a agência
de Sertãozinho e diz que a qualidade
dos serviços e do atendimento nunca
mudou. "Além de não ter taxas e ganhar a minha participação, eu sou muito bem atendido aqui. Não enfrento filas e sou atendido pelo gerente", expli-

O cooperado Paulo César Berto e o gerente da agência de
Severínia, Célio Recco.

18

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

Nova fachada da
agência de Severínia

ca e completa "se não tivesse a Cocred
aqui na cidade, ia dificultar muito a nossa vida".
Sobre a reforma da agência, Paulo é
enfático: "Não foi bom. Foi ótimo! A
disposição das mesas ficou muito boa.
A sala reservada para o gerente foi uma
ótima idéia, pois podemos negociar com
mais liberdade. Ficou tudo bom", comemora. Ivan Aidar também ficou feliz
com a mudança. "Eu fico contente porque acompanhei e incentivei a vinda
da cooperativa pra cá e fico satisfeito
de vê-la evoluindo", termina.

O cooperado Ivan Antônio Aidar: “Eu acompanhei e incentivei a
vinda da cooperativa pra cá e fico satisfeito de vê-la evoluindo”.
Notícias
Cocred

Cocred tem
mais quatro
agências
Marcelo Massensini

Número de cooperados sobe para 7 mil

A

Cocred (Cooperativa de
Crédito dos Plantadores
de Cana de Sertãozinho) acaba de
se expandir para mais quatro cidades - na região de Marília - passando de 11 para 15 agências. Isso porque, no último mês de julho, a
Cocred incorporou a Credpauli (Cooperativa de Crédito Rural do Centro Oeste Paulista), transformando
todas as agências da antiga cooperativa em agências Cocred.
O processo se deu da seguinte
maneira: no dia 16/07, os cooperados da antiga Credpauli se reuniram em assembléia e aprovaram a
incorporação das duas cooperativas. No dia 18/07, uma assembléia
com os cooperados da Cocred também aprovou a mudança. E no dia
20/07 uma nova reunião entre membros das duas cooperativas fez as
últimas ratificações e aprovaram definitivamente a incorporação.
As agências das cidades de
Marília, Vera Cruz Paulista, Ocauçu
e Tupã, já funcionam como agências da Cocred, sendo a filial de
Marília uma sede regional da

Cocred para atender melhor aos novos cooperados e funcionários.
Com a incorporação, a Cocred passa a ter aproximadamente 7 mil cooperados. Segundo o presidente da
Cocred, Antônio Eduardo Tonielo,
essa expansão tem imensa importância para a cooperativa e seus cooperados, pois "diversifica seus negócios e começa a lidar com novos produtos como café, mandioca e pecuária, além do amendoim, que a
Cocred já está acostumada a trabalhar", explica.
Com essas novas agências, a
Cocred passa a atender mais 31 cidades: Adamantina, Álvaro de Carvalho,
Bastos, Borá, Campos Novos Paulista,
Echaporã, Florida Paulista, Garça,
Getulina, Guaimbê, Herculândia, Iacri,
Inúbia Paulista, Júlio de Mesquita,
Lucélia, Lupércio, Lutécia, Mariápolis,
Marília, Ocauçu, Oriente, Oscar
Bressane, Oswaldo Cruz, Parapuã,
Pompéia, Queiroz, Quinana, Rinópolis,
Tupã e Vera Cruz Paulista.
Na próxima edição você conhece os projetos da Cocred para as
novas agências.

A Cocred dá boas-vindas a seus 1.023 novos membros e
se compromete a continuar oferecendo o melhor
atendimento e os melhores serviços aos seus cooperados.

Mais informações entre
em contato pelo fone:
(16) 3946-3300
www.cocred.com.br
Revista Canavieiros - Agosto de 2007
Reportagem de Capa

Parcerias garantem ma
Parcerias garantem ma
associados da
associados d

Filiada aos maiores centros de pesquisas em cana-de-açúca
Carla Rossini

O

Brasil é o maior e mais eficiente produtor de cana-deaçúcar do mundo. Na safra passada, a produção de
cana fechou em 426 milhões de toneladas e nesta safra, a produção poderá chegar a 470 milhões de toneladas. O setor
sucroalcooleiro vive um momento de expansão e as estimativas mostram que a área plantada deverá crescer 85% até 2015/
16, segundo dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola).
Se tudo correr como a cadeia de produção de canade-açúcar espera, a área nacional de cana deverá saltar de 6,6 milhões de hectares na safra 2007/08 para
12,2 milhões em 2015/16. A produção brasileira de
cana, por sua vez, deverá sair de 470 milhões para
902,8 milhões de toneladas no mesmo horizonte,
segundo relatório divulgado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Esse crescimento deve acontecer, principalmente, para que o Brasil consiga continuar atendendo as
demandas de álcool e açúcar nos mercados interno
e externo, isso sem contar outros subprodutos
da cana-de-açúcar que tendem a crescer,
como é o caso da cachaça que vem ganhando comércio no exterior.
Mas como é possível aumentar a produção de cana em áreas (como a região de
Sertãozinho) que já são totalmente ocupadas com a cultura? A resposta para a
questão é investir em pesquisas para melhorar a produtividade da cana. E é
com o objetivo de assegurar a melhor colheita aos
seus associados que a
Canaoeste mantém parcerias com os maiores
centros de pesquisas
em cana-de-açúcar do
Brasil. Nesta edição, a
Canavieiros conta um
pouquinho da história dessas instituições e o que cada
uma está desenvolvendo para garantir que no futuro, o
país continue sendo o principal produtor de cana-deaçúcar.
20

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

CTC - Centro de Tecn
O Centro de
Tecnologia Canavieira
(CTC) é uma organização privada, sem fins
lucrativos, com mais
de 30 anos de experiência no desenvolvimento de tecnologias
para
o
setor
sucroalcooleiro. Atualmente o CTC conta
com 163 associados
dos quais 17 são associações de fornecedores de cana. Mas
nem sempre foi assim,
até agosto de 2004, o
CTC pertencia à
Copersucar, o que o restringia a apenas um grupo de usinas. A partir daí, o centro ampliou o
número de parceiros, englobando outras usinas e associações de fornecedores de cana.
O diretor de Mercado & Oportunidades do
CTC, Osmar Figueiredo Filho, explica que um
diferencial do CTC é o fato das pesquisas abrangerem os diversos elos da cadeia produtiva de
cana, álcool, açúcar e energia, permitindo agregar valor às diferentes etapas do processo e
contribuindo com a evolução equilibrada do
setor. “Desenvolvemos pesquisas dentro da
cadeia de valor inteira da cana, desde o cruzamento de variedades, passando pelos processos agrícolas, equipamentos industriais e produtos finais”, explica.

Mauro Sampaio Benedini, gerente regional d
Osmar Figueiredo Filho, diretor de Mercado & Oportunid
Reportagem de Capa

maior produtividade aos
maior produtividade aos
da Canaoeste
da Canaoeste

úcar, Canaoeste oferece tecnologia do futuro aos associados

ecnologia Canavieira
Vista Aérea do CTC em Piracicaba

Segundo o diretor, o objetivo é alcançado
quando uma nova tecnologia consegue agregar valor ao setor sucroalcooleiro. Como exemplo, Osmar usa o programa de melhoramento das
variedades de cana. “Se analisarmos os grandes produtos do CTC que são variedades de
cana ao longo do tempo, um histórico de 20
anos, percebemos que saímos de uma produtividade média no Estado de São Paulo que era
ao redor de 72 toneladas de cana por hectare e
hoje estamos em 87 toneladas por hectare. Isso, quando falamos em produtividade média é muito”, afirma e completa “essa tecnologia disseminada está
sendo utilizada pelo produtor, é isso que
dá o valor agregado ao associado”.

onal de produtos e
ortunidades do CTC

as usinas plantarem uma determinada variedade para depois ter acesso
ao produto, atrasando o ganho de
produtividade. “Hoje, a associação
filiada a centros de pesquisa tem condições de oferecer ao seu associado,
clones promissores de cana-de-açúcar para que ele esteja até na frente
das usinas quando do lançamento de
uma variedade. Essa vantagem com
certeza faz a diferença no lucro que
ele vai ter no final da safra”, afirma
Mauro.

des até o final de 2007 e os fornecedores da Canaoeste já estão plantando essas variedades, como a CTC 15
– uma variedade que estamos apostando grande sucesso – ou seja, o
associado está sempre na frente”, afirma Osmar.

Em 2005 o CTC lançou as variedades de cana-de-açúcar CTC 1, 2, 3, 4
e 5, mais produtivas e mais resistentes às doenças do que as variedades
usadas até então. Em 2006 foram
lançadas mais quatro: CTC 6, 7, 8 e 9.
Até o final deste ano, o centro estará
lançando mais variedades. Para o diretor Osmar a vantagem dos associados da Canaoeste, perante outros
produtores que pertencem a associações não filiadas é a disponibilidade
de uma tecnologia do futuro. “As
tecnologias que o CTC desenvolve
são exclusividades aos associados.
Temos previsões para lançar varieda-

Linhas de
pesquisa do
CTC

Ao longo de 30 anos trabalhando
em prol do desenvolvimento da canade-açúcar, o CTC já lançou mais de
70 variedades que ocupam grande
área cultivada no Brasil.

- Variedades
- Fitossanidade
- Biotecnologia
- Agronomia
- Mecânica Agrícola e Industrial
- Produção de açúcar
- Produção de álcool
- Produção de Energia

Para o engenheiro agrônomo e gerente regional de
produtos do CTC, Mauro
Sampaio Benedini, os produtores de cana passam por um
momento histórico. Segundo ele, há alguns anos, o
produtor precisava esperar
Estufa do CTC de
Seedlings, que vieram de
cruzamentos da Bahia
Revista Canavieiros - Agosto de 2007

21
Reportagem de Capa
IAC - Instituto Agronômico de Campinas
O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) é o instituto de pesquisa
mais antigo da América Latina na área
agronômica e completou recentemente
120 anos. Em plena atividade, o IAC se
destaca como uma das instituições
mais atuantes na área de pesquisa agrícola nacional, servindo inclusive de
modelo para a criação da Embrapa.
No final da década de 30, com a crise do café, o instituto passou a estudar o algodão e logo após, introduziu a
soja. Foi também na década de 30, que
o instituto iniciou um programa de melhoramento genético com cana-de-açúcar que hoje é considerado o programa
mais antigo do Brasil. Segundo o diretor do Centro de Cana e coordenador
do Programa Cana IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell, “o instituto já tinha experimentações com canade-açúcar em 1892, quando foi feito um
estudo de comparação de comportamento de variedades da época”, afirma.

Marcos afirma que a Canaoeste “é
a parceira mais importante do instituto,
porque sempre acreditou no seu potencial. Por isso merece um lugar de
honra”. Ainda segundo Marcos, a relação entre a Canaoeste e o IAC sempre foi muito informal, mas de muita disposição de cooperação das duas partes. “A Canaoeste foi à primeira instituição efetivamente a divulgar as variedades IAC, prova disso é a expressiva área de fornecedores cultivada com
IACSP 87 3396, ou seja, os associados
da Canaoeste têm acesso as novas
tecnologias muito precoce”, orgulhase Marcos.

O pesquisador explica que essa
parceria também tem rendido bons resultados quando o assunto é classificações de ambientes de produção. “A
Canaoeste, através do Gustavo, sempre acompanhou esse trabalho desde
1994 quando ele começou a ser desenvolvido. Hoje, alguns fornecedores da
Canaoeste têm qualificação de ambientes dentro das suas fazendas e mais do
que isso, usam esse conceito”, disse
Marcos.

Durante duas décadas (anos 70 e
80), com a expansão do Proalcool, o
instituto ficou ausente dos trabalhos
de melhoramento genético com cana,
priorizando culturas como feijão, arroz,
soja, mamona entre outras. No início
da década de 90, com a chegada do pesquisador Pery Figueiredo, houve uma
A equipe do IAC engloba 25 pesreorganização do programa de pesquiquisadores e só na área de melhoramensa com cana-de-açúcar e foi nessa ocato genético hoje existem 407 ensaios. Se
sião que a Canaoeste desempenhou imforem somadas as áreas
portante papel no dede pragas, nutrição,
senvolvimento do IAC.
hematologia, herbicidas,
Segundo Landell, “na
biotecnologia e genoma
época, a estrutura do
são aproximadamente 700
instituto era precária e
ensaios. “Uma variedade
a Canaoeste, através do
hoje é bem caracterizada e
seu atual presidente,
está espalhada em mais de
Manoel Ortolan, colo50 ambientes diferentes, o
cou um agrônomo para
que nos permite uma vitrabalhar junto com o
são do seu comportamenIAC e para ser treinado
to e desempenho. Isso
na parte de variedapara que o produtor tenha
des”, explica. Esse agrôinformações na hora de
nomo é o atual gerente
escolher a variedade que
do departamento técnivai plantar e assim, impeco da Canaoeste,
dir que ele cometa erros”,
Gustavo de Almeida
Pery Figueiredo, pesquisador do programa Cana IAC e Marcos Guimarães de
Andrade Landell, diretor do Centro de Cana e coordenador do Programa Cana IAC explica Marcos.
Nogueira.
22

Revista Canavieiros - Agosto de 2007
Reportagem de Capa
A sede administrativa do Centro de
Cana - IAC está localizada em Ribeirão
Preto, onde se concentra a maior parte
da equipe técnica. Ele sobrevive dos
recursos oriundos das parcerias com
usinas e associações de fornecedores,
além de recursos do Governo do Estado
de São Paulo.
Para finalizar, Marcos orienta os
fornecedores de cana sobre os benefícios incorporados e muitas vezes não
percebidos. “Nesses anos de parceria

posso afirmar que tivemos 20%
de ganho potencial com o desenvolvimento de novas variedades.
É maior produtividade e menos
custo de produção. Hoje, o agricultor convive com esses ganhos e muitas vezes ele não consegue valorizar e dimensionar
isso. Então meu conselho é que
ele imagine um cenário para perceber de onde saímos e onde
conseguimos chegar”, finaliza
Landell.

Jardim Varietal de cana-de-açúcar do IAC

RIDESA
Rede Interuniversitária para o
Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro
A Rede Interuniversitária para o
Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (RIDESA) é formada por sete
Universidades Federais: Paraná
(UFPR), São Carlos (UFSCar), Viçosa
(UFV), Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ),
Sergipe (UFSE), Alagoas (UFAL) e Rural de Pernambuco (UFRPE). A Rede
foi criada com a finalidade de incorporar as atividades do extinto
PLANALSUCAR (extinto em 1989), e
dar continuidade ao desenvolvimento de pesquisas visando à melhoria da
produtividade do setor sucroalcooleiro.
O professor e coordenador do Programa de Melhoramento Genético da
Cana-de-Açúcar – PMGCA, Hermann
Paulo Hoffmann, explica que “com a
absorção do corpo técnico e a infraestrutura das sedes das coordenadorias e estações experimentais do exPLANALSUCAR, e com o apoio de
parte significativa do Setor Sucroalcooleiro, por meio de convênios, a

rede começou a desempenhar
suas funções em 1991, aproveitando a capacitação dos pesquisadores aos quais se juntaram
professores das universidades”,
afirma o professor.
De acordo com Hermann,
dentro de todas as tecnologias
que envolvem o sistema produtivo da cana-de-açúcar, de todos
os ganhos que ocorreram nos últimos anos, 50% se atribui ao trabalho realizado com variedades.
“Mesmo que não consigamos
aumentos expressivos, a própria
manutenção da produtividade, na
pior das hipóteses, é muito interessante”, defende o professor.
Ainda segundo o professor, “a
mudança de ambientes, o uso de Professor e coordenador do Programa de Melhoramento Genético
da cana-de-açúcar – PMGCA, Hermann Paulo Hoffmann
herbicidas, a colheita da cana
crua, o crescimento da cultura para áre- Pernambuco e depois trazida para o
as não tradicionais, dentre outras, são Estado de São Paulo, onde se tornou
alterações que poderiam diminuir a pro- um grande sucesso”, orgulha-se
dutividade, mas não é isso que ocorre. Hermann.
É por isso que a cana-deaçúcar no Brasil é vista
O fato das universidades terem
pelo mundo inteiro como como base para o desenvolvimento de
um caso de sucesso”.
pesquisas, 31 estações experimentais
estrategicamente localizadas nos EstaE foi a RIDESA que dos onde a cultura da cana-de-açúcar
conseguiu liberar a va- apresenta maior expressão, permite que
riedade de cana-de-açú- o trabalho da RIDESA seja realizado em
car mais plantada no todas as condições climáticas em que
mundo: RB72 454. “Essa a cana é cultivada no país.
variedade foi liberada
pela universidade de
“O programa de obtenção de varie-

Estufa com mudas de
cana-de-açúcar da RIDESA

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

23
Reportagem de Capa
dades é o maior projeto dentro dos 400
que são desenvolvidos atualmente pela
UFSCar. A universidade tem um interesse muito grande no bom funcionamento deste projeto e embora seja um
órgão público, nós temos uma facilidade muito grande no tratamento de assuntos administrativos. Por isso, conseguimos nesses 16 anos de atuação,
liberar 65 cultivares de cana-de-açúcar
com a sigla RB”, explica Hermann.
No ano passado, a RIDESA lançou
quatro variedades de cana e a previsão

é para mais lançamentos
nos próximos seis meses.
“A Canaoeste já está recebendo clones promissores dessas variedades
que serão lançadas e
quando elas forem liberadas, os fornecedores
da Canaoeste já terão
suas áreas consagradas.
Essa é a grande vantagem da parceria com órgãos de pesquisa”, finaliza Hermann.

Laboratório de Nematóides
da UFSCar

Canaoeste E UNESP - Jaboticabal juntas em
pesquisa de comportamento de variedades
A associação e a universidade se unem para realizar estudo inédito de comportamento de 18
variedades de cana-de-açúcar
A Canaoeste, através do gerente do
departamento técnico, Gustavo de
Almeida Nogueira e do engenheiro agrônomo e diretor Dr. Luiz Carlos Tasso
Júnior firmou uma parceria com a Universidade Estadual Paulista (UNESP) –
Campus Jaboticabal, para realizar um estudo de competição e comportamento
de 18 variedades de cana-de-açúcar.
As variedades foram doadas pela
Fazenda Santa Rita de propriedade da
Copercana e são oriundas dos programas de melhoramento genético do
CTC, IAC e RIDESA. Segundo o professor adjunto do departamento de
tecnologia da UNESP e coordenador
do projeto, Dr. Marcos Omir Marques,
é através deste estudo que os envolvidos vão obter informações que podem
nortear os produtores no que diz respeito à escolha da variedade mais adequada para realizar o plantio. “O estudo vai permitir que o produtor tenha
Dr. Luiz Carlos Tasso Jr. e Gustavo de
Almeida Nogueira no ensaio de competição de variedades

24

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

uma expectativa de qual será a produção, resistência a determinadas pragas e doenças, acumulo de sacarose e
época adequada para colheita das 18
variedades que estão participando
desse projeto”, explica Dr. Marcos.
O projeto teve início em outubro de
2006 e sua implantação no campos da
UNESP foi em março de 2007. A previsão
de conclusão é para o ano 2012 quando a
cana chegar ao quinto corte. Os dados
começarão a ser obtidos a partir do ano
que vem, quando a cana será colhida pela
primeira vez. O experimento foi introduzido numa área de 1,5 hectares dentro da
própria universidade e permite que alunos dos cursos de graduação, pós-graduação (mestrado e doutorado) e alunos de pós-doutorado participem juntos
com técnicos da Canaoeste do projeto.
“Com esse projeto nós conseguimos realizar o ensino, a pesquisa e a extensão
que formam o tripé em que se baseia a
universidade”, disse o professor.
Dr. Marcos explica a importância do
estudo de variedades no Brasil. Segundo ele, o país só continua sendo o maior
produtor de açúcar e o segundo maior
produtor de álcool, graças à parte agrícola do setor. “Nós dominamos a tecnologia
de produção agrícola, mas a tecnologia
da parte industrial na fabricação de açúcar aplicada hoje, é a mesma que se usava há 50 anos atrás. No álcool, a

Professor adjunto do
departamento de
tecnologia da Unesp e
coordenador do projeto,
Dr. Marcos Omir
Marques

tecnologia vem da década de 80. Isso me
faz acreditar que nós só sobressaímos
no mercado internacional porque ninguém
é melhor que o Brasil na produção da
matéria-prima, cana-de-açúcar”, enfatiza.
E ele arrisca ainda mais. “Daqui há alguns anos o conceito de cana doce vai
mudar e dará espaço para a cana de energia. Isso quando o nó da hidrólise da celulose for desatado. A fibra vai ter uma importância muito grande e o que é utilizado
para penalizar o produtor irá agregar valor
futuramente. Por isso a importância de
continuarmos a investir em pesquisas com
cana-de-açúcar “, afirma confiante.
Se depender da equipe da Canaoeste
o futuro está garantido. “Vamos continuar investindo e incentivando as pesquisas com cana-de-açúcar, porque acreditamos no potencial do nosso setor e
queremos oferecer o melhor aos nossos
associados”, finaliza o presidente da
Canaoeste, Manoel Ortolan.
“É importante que o ingresso de novos
produtores na cultura da cana se dê por meio de
associações e cooperativas fortes e organizadas
porque elas são a garantia de permanência e
crescimento dentro da atividade”.
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, no artigo
“Cooperativismo: caminho para justiça social”

Foto: Divulgação Unica

Foto: Dep. Com. CTC

Repercutiu

“A cana hoje ocupa seis milhões
de hectares no Brasil, enquanto a soja
ocupa 24 milhões, e as pastagens, 220
milhões. A cana não ocupa mais que
1% da área agrícola do Brasil, e se a
produção dobrar, não passará de 2%”.

Foto: Ag Brasil

O presidente da Unica, Marcos
Jank, em mesa-redonda na Mostra Sistema Fiesp de Responsabilidade
Socioambiental, desmentindo o mito
de que a cana-de-açúcar vai prejudicar a produção de alimentos.

“No passado, não havia valor para
a palha, que era queimada no campo.
Mas, hoje, a palha tem um grande
valor como combustível”.
SULEIMAN HASSUANNI,
coordenador de pesquisa
tecnológica do Centro de
Tecnologia Canavieira (CTC).

“Temos que estimular outros países a produzirem, para os quais venderemos
tecnologias. Aí sim, com mais gente produzindo, nós teremos um preço médio maior do
que o preço que o Brasil produz hoje, sempre ganharemos. Por isso a commoditização do
etanol é fundamental. O padrão definido aqui, para o preço ser definido também aqui”.

Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e atual coordenador de agronegócios da Fundação Getúlio Vargas
(FGV) e presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

37
Safra Canavieira

Preços do ATR - o que
que
está acontecendo?
Cleber Moraes
Consultor CANAOESTE
M. Moraes Consultoria Agronômica Ltda

D

epois de um período de euforia no setor sucro-alcooleiro
ocorrido entre o final de 2005 e começo
do ano de 2006, assistimos agora a um
período de preços baixos que assusta a
grande maioria dos produtores de canade-açúcar e industriais.

Os acréscimos nos estoques mundiais de açúcar (barras acima da linha
de zero da escala a direita) são dados
por uma produção mundial de açúcar
maior que o consumo mundial de açú-

equilíbrio ao
processo de
recuperação
de preços
do setor.

Gráfico 2 – Preços do Açúcar na Bolsa de Nova York e Variação nos Estoques Mundiais de Açúcar

No Gráfico 1 abaixo são apresentadas às produções brasileiras de canade-açúcar entre as safras 1990/1991 e
2006/2007.
Foram assinaladas com uma seta,
as produções das safras 1991/1992,
1998/1999, além da safra 2006/2007. Nas
duas primeiras safras assinaladas, houve uma grande produção seguida de
reduções que paulatinamente voltaram
a crescer após 2 safras às assinaladas,
recomeçando um processo de recuperação do setor.
No gráfico 2 abaixo, são apresentados nas barras em azuis, as variações
nos estoques mundiais de açúcar em
milhões de toneladas e também, na linha preta, as cotações do açúcar na
bolsa de Nova York segundo dados da
Czarnikow Sugar (www.czarnikow.com).

car do referido ano e as reduções (barras abaixo da linha de zero) por uma produção menor que o consumo do ano.

Novamente, foram assinaladas no
gráfico 2 as mesmas safras do gráfico
1, lembrando que a safra 1990/1991 do
gráfico 1 é o ano 1991 no
gráfico 2, pois o gráfico
Gráfico 1 – Produções Brasileiras de Açúcar entre as
safras 1990/1991 e 2006/2007
2 segue a padronização
européia.
É possível perceber-se
um ciclo de 7 anos que vem
se repetindo há pelo menos 14 anos. Ele inicia-se
com dois anos de acréscimos significativos nos estoques mundiais de açúcar
e termina 7 anos após com
o mesmo cenário ocorrendo. No meio do ciclo há um
ano com acréscimo significativo nos estoques
mundiais de açúcar que dá
Fonte: UNICA

26

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

No gráfico 3 são apresentados os
preços acumulados de safra do ATR (em
reais por Kg) na linhas azuis e as variações nos estoques mundiais de açúcar
em toneladas nas barras azuis. A primeira barra azul apresenta o acréscimo
aos estoques mundiais ocorrido ao final da safra 1999/2000 que marca o início de um ciclo de 7 anos. Os preços do
ATR na safra 2000/2001 começam baixos e iniciam um processo de recuperação, que segue até o início da safra 2006/
2007. No meio do percurso, como ocorrido no ciclo anterior (da safra 1991/1992
à safra 1998/1999), há um ano com acréscimo significativo nos estoques mundiais de açúcar, que no primeiro ciclo
ocorreu na safra 1995/1996 e no segundo ciclo na safra 2002/2003.
Observando melhor a safra 2002/
2003, seria natural que, com um acréscimo nos estoques mundiais de açúcar,
houvesse uma queda nos preços médios acumulados do Kg de ATR, entre-
Safra Canavieira

tanto, no mercado mundial de açúcar, houve uma queda seguida de recuperação de preços e no cenário nacional, uma maxidesvalorização do
real ocasionada pela fragilidade da
economia brasileira com forte dependência do fluxo de dólar do mercado
externo e pela proximidade das eleições daquele ano.
Estas condições combinadas
proporcionaram um grande e rápido
aumento nos preços do ATR. Entretanto, todos os ganhos conseguidos pelo setor na safra 2002/2003,
foram perdidos na safra seguinte,
onde uma recuperação do valor do
real e o ajuste do mercado de açúcar
levaram o mercado ao caminho natural de sua recuperação de preços
no início da safra 2004/2005.
Nas safras 2004/2005 e 2005/
2.006 houve grandes recuperações
dos preços do açúcar e por conseqüência do ATR que, apoiados na
euforia do crescimento do mercado
de álcool, alcançou seu pico no início da safra 2006/2007 que, segundo
nossas considerações, marcam um
novo ciclo de 7 anos do setor com
acréscimos significativos nos estoques com a produção desta safra e
da safra que iniciava-se (2007/2008).
A entrada no álcool no cenário
internacional pode e deve trazer mudanças importantes neste ciclo do
setor, visto que a maioria das novas

unidades contempla a produção de
açúcar num mercado já bastante explorado e fortemente subsidiado.
Em suma, o preço do ATR é fortemente ancorado no preço do açúcar.
É o mercado de açúcar que dita o preço do álcool. Esta situação poderá
modificar-se caso haja aumentos significativos da participação do álcool
no mix de produção e principalmente
volumes de comercialização mundiais mais expressivos.
O setor atravessa uma fase de baixa de um ciclo de 7 anos que vem se
repetindo há pelo menos duas vezes,
ou seja, 14 anos. Não é possível prever-se se este cenário vá se repetir
pelos próximos 7 anos, devido à entrada do álcool no cenário internacional, mas é possível entender-se perfeitamente a razão da atual queda de
preço e preparar e ficar atento para o
cenário que se avizinha.
A CANAOESTE realizou no mês
de julho e começo de agosto um ciclo
de palestras em várias cidades da região onde este tema pode ser apresentado e debatido. É fundamental
que o produtor fique atento aos acontecimentos do mercado e preparado
para as transformações que ocorrerão
nos próximos anos no setor, assim a
participação dos associados nestes
ciclos de palestras é de extrema importância para a tomada de medidas
acertadas na condução da lavoura.
Revista Canavieiros - Agosto de 2007

27
Informações setoriais

CHUVAS DE JULHO
e Prognósticos Climáticos

N

o quadro abaixo, estão anotadas as chuvas que ocorreram na região de abrangência da CANAOESTE
durante o mês de julho de 2007.

Engº Agrônomo Oswaldo Alonso
Assessor Técnico Canaoeste

Em todos os locais observados, as somas das chuvas que ocorreram durante a segunda quinzena deste mês foram bem
superiores (mais que cinco vezes, em alguns casos) às médias históricas, deixando bem evidente os bons a altos índices de
Disponibilidade de Água no Solo a partir de 23 de julho (vide Mapa 3).

Mapa 1:- Água Disponível no Solo
entre 16 a 18 de julho de 2007.

Nota-se pelo Mapa 1 que, na
faixa Centro Sul da área
canavieira do Estado de São
Paulo, o índice de Água Disponível no Solo já se apresentava
como alto; enquanto que, na faixa
Centro Norte, este índice ainda se
mostrava como médio a crítico.

28

Revista Canavieiros - Agosto de 2007
Informações setoriais
Mapa 2: Água Disponível no Solo ao final de julho de 2006.

Mapa 3: Água Disponível no Solo ao final de julho de 2007.

Os comparativos entre os mapas 2 e 3 mostram que, em julho deste ano, em
toda região canavieira do Estado de São Paulo apresentava bons a altos índices
de Água Disponível no Solo, diferentemente do que ocorreu no mesmo mês do
ano anterior, quando estes índices mostravam-se críticos.
Como subsídio a planejamentos de atividades futuras, a CANAOESTE resume o
prognóstico climático de consenso entre INMET-Instituto Nacional de Meteorologia
e INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para os meses de agosto a outubro.

- Na faixa equatorial do Oceano
Pacífico, próximo à costa do Equador
e Peru, as condições térmicas atmosféricas e (negativas) do mar indicam
formação do fenômeno La Niña, que
poderá ser mais pronunciado durante
os meses de primavera (entre setembro a dezembro).
· A temperatura média poderá ser
ligeiramente superior às normais climáticas na faixa canavieira do Estado
do Paraná e nas Regiões Centro Oeste e Sudeste;
· Quanto às chuvas previstas para
os meses de agosto a outubro, estas
poderão ser entre normal a abaixo das
respectivas médias históricas nos Estados do Mato Grosso do Sul, Paraná,
Rio de Janeiro, São Paulo e faixas centro-sul dos Estados de Goiás e Minas
Gerais. Nas demais áreas da Região
Centro Sul do Brasil as chuvas poderão ficar entre normal a acima da média.
· Exemplificando para Ribeirão Preto e municípios vizinhos, as médias
históricas pelo Centro Apta - IAC, são
de 20mm em agosto, 55mm em setembro e 130mm em outubro.
Face às previsões efetuadas pela
Somar Meteorologia, a CANAOESTE
recomenda muita atenção às Umidades Relativas do Ar durante o mês de
agosto e a primeira quinzena de setembro. As chuvas de maio e julho
foram muito benéficas para as
brotações de soqueiras e produtividade dos canaviais (principalmente,
as colhidas no final da safra passada), mas a qualidade tecnológica (kg
ATR / t cana) desta safra, certamente,
será menor que a da safra passada
(ou, até mesmo, que a média das últimas safras desta região). Logo, recomenda-se não “segurar” as colheitas
de cana, uma vez que o início da primavera está logo à frente.

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

29
Legislação

DITR - Declaração do
Imposto sobre a Propriedade
Territorial Rural (ITR)

A

través da Instrução Normativa
SRF nº 746/2007, a Secretária
da Receita Federal disciplina o prazo, a
forma e o procedimento para entrega
da DITR (Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural) do
exercício 2007, bem como fixa o prazo
para entrega do ADA (Ato Declaratório
Ambiental) perante o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis), requisitos obrigatórios para manter devidamente regularizada a propriedade rural.
Está obrigada a entregar a DITR
(Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural) toda pessoa física e/ou jurídica que, em relação ao imóvel a ser declarado seja, na
data da efetiva entrega, proprietária ou
possuidora, condômina, expropriada a
partir de 1º janeiro de 2007,
inventariante, compossuidora, etc., independente de estar imune ou isenta
do ITR (Imposto Territorial Rural). No
caso de morte do proprietário do imóvel, como já dito, a declaração deverá
ser feita pelo inventariante, enquanto
não terminada a partilha ou, se ainda
não foi nomeado inventariante, está
obrigado o cônjuge, o companheiro ou
o sucessor do imóvel a qualquer título.
Cumpre informar que na referida
DITR está obrigada a apurar o ITR (Imposto Territorial Rural) toda pessoa física ou jurídica, desde que não seja
imune ou isenta, sendo certo que a
DITR corresponde a cada imóvel rural
e é composta dos seguintes documentos: DIAC – Documento de Informação e Atualização Cadastral do ITR,
mediante o qual devem ser prestadas à
Secretaria da Receita Federal as informações cadastrais correspondentes a
cada imóvel rural e a seu titular (obrigatório para todos os proprietários rurais); DIAT - Documento de Informação e Apuração do ITR, onde devem
ser prestadas à Secretaria da Receita
Federal as informações necessárias ao
cálculo do ITR e apurado o valor do
imposto correspondente a cada imóvel
(que se torna dispensável em caso de
30

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

o imóvel ser imune ou isento do ITR).
O valor do imposto é apurado aplicando-se, sobre o Valor da Terra Nua
Tributável (VTNt) uma alíquota (variável
de 0,02% a 4,50%), levando-se em consideração a área total do imóvel e o grau de
utilização (GU) desta, não podendo ser o
valor nunca inferior a R$ 10,00.
Demais disso, a propriedade rural
localizada no Estado de São Paulo que
possuir área de até 30 hectares, estará
imune do ITR desde que o seu proprietário a explore só ou com sua família,
além deste não possuir outro imóvel
(urbano ou rural). Por seu turno, estão
isentos de ITR os imóveis rurais compreendidos em programa oficial de reforma agrária oficial, bem como o conjunto de imóveis rurais de um mesmo
proprietário, cuja área total não exceda
os 30 hectares e desde que o proprietário os explore só ou com sua família
(admitida ajuda eventual de terceiros)
e não possua imóvel urbano.
O prazo para a apresentação da
DITR de 2007 será de 13 de agosto a
28 de setembro de 2007, podendo ser
feita de três formas, conforme o seu tamanho e localização: pela Internet,
(www.receita.fazenda.gov.br); por
disquete a ser entregue nas agências do
Banco do Brasil e da Caixa Econômica
Federal; ou, em formulário próprio, a ser
entregue nas agências da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).
Se o imóvel estiver localizado no Estado de São Paulo e tiver área superior a
200 hectares, a declaração deverá ser
feita pela internet ou por disquete.
Se a declaração for apresentada após
o prazo, o proprietário terá de pagar
multa de 1% do valor do imposto ao mês.
Nos casos de imóvel rural imune ou isento do ITR, a multa será de R$ 50,00.
O pagamento do imposto (ITR) apurado poderá ser realizado em até 4 (quatro) quotas, mensais e sucessivas, desde que: nenhuma quota possua valor
inferior a R$ 50,00; o imposto de valor

inferior a R$ 100,00
será pago de uma
só vez; a primeira
cota deverá ser
paga até 28.09.2007
as demais quotas
serão pagas até o
Juliano Bortoloti - Advogado
último dia útil de
Departamento Jurídico Canaoeste
cada mês, acrescidas de juros com
base na taxa Selic, calculada a partir de
outubro de 2007 até o mês anterior ao
do pagamento e, ainda, de 1% no mês
do pagamento.
Por fim, deve ainda, o contribuinte
protocolizar o ADA (Ato Declaratório
Ambiental) perante o IBAMA, observando-se a legislação pertinente, com
a informação de áreas não-tributáveis,
inclusive no caso de alienação de área
parcial. Isto porque, as áreas consideradas como sendo de preservação permanente (mata ciliar) e de Reserva Florestal Legal (20% da propriedade
averbada na matrícula do imóvel com
vegetação nativa) são isentas da tributação do ITR (Imposto Territorial Rural), desde que devidamente informadas no formulário ADA (Ato
Declaratório Ambiental), que, a partir
do exercício de 2007, será obrigatoriamente enviado por meio eletrônico, via
internet (ADAweb), através do site
www.ibama.gov.br/adaweb/.
Portanto, para efeito de obtenção
do benefício da isenção tributária do
ITR (Imposto Territorial Rural) em áreas de preservação permanente e de reserva florestal legal, basta ao proprietário rural preencher e enviar ao
IBAMA o formulário do ADA – Ato
Declaratório Ambiental, informando
referidas áreas de uso restrito.
Importante enaltecer, ainda, que visando um maior controle administrativo das propriedades rurais, o IBAMA
começou a cruzar suas informações
com a Receita Federal e o INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, responsáveis pelo controle e recolhimento anual do ITR.
Artigo Técnico

Contratação de serviços
agrícolas
Cleber Moraes
Consultor CANAOESTE
M. Moraes Consultoria Agronômica Ltda

A

contratação de serviços agrícolas exige que o fornecedor
de cana fique atento a alguns passos
que devem ser tomados antes que seja
assinado o contrato de prestação de serviços ou mesmo se inicie a prestação
dos serviços na lavoura.
Passo 1: Solicitar orçamento detalhado dos serviços a serem prestados, discriminando: operação mecanizada, de
transporte ou de mão-de-obra a ser realizada; equipamentos a serem utilizados
no caso das operações mecanizadas e
de transporte; rendimento operacional
(horas para tratores por hectare, quilômetros rodados para veículos e diárias
para rurícolas); custo por unidade de
medida (horas, quilômetros ou diárias).
No caso de insumo, discriminar o insumo,
a dose, o custo e o valor total.
Passo 2: Consultar o agrônomo da
CANAOESTE, em quaisquer dos escritórios regionais, para verificar se as operações e insumos sugeridos no orçamento estão adequados para a condição de
solo, relevo e clima de sua propriedade.
Lembre-se que como prestador de serviço, quanto mais operações e insumos
melhor. Todos os custos já vêm acrescidos de um adicional que representa o
lucro da prestação de serviços, pois ninguém trabalha de graça, mesmo que o
discurso seja diferente.
Passo 3: Enviar uma cópia do orçamento ao Departamento de Planejamento e Controle, situado na sede da
CANAOESTE em Sertãozinho, para avaliar se os valores sugeridos estão adequados, elevados ou se contêm, de fato,
algum benefício ao fornecedor.
Passo 4: Aprovado o orçamento,
pedir uma “minuta” do contrato (primeira redação feita pelo prestador de serviços sem a revisão do contratante). Envi-

ar esta minuta ao Departamento Jurídico
para uma avaliação e correção de cláusulas que tragam ônus desproporcionais ao produtor de cana ou mesmo cláusulas abusivas.
Passo 5: Acompanhar no campo a
execução das operações e aplicação dos
insumos, conforme descrito no orçamento. Talvez este seja o passo mais importante.
O fornecedor também deve estar ciente de algumas questões extremamente relevantes para não ser surpreendido
com possíveis ações judiciais (ação de
cobrança, reclamação trabalhista), decorrentes da má confecção do contrato.
Os casos mais comuns são os seguintes:
1. Pagamento dos serviços em
cana: Normalmente quando os serviços
são pagos em cana, faz-se a conversão
do valor do serviço em reais, dividindo
pelo valor da cana com teor de ATR de
121,97 Kg por tonelada. Acontece que a
cana entregue na unidade industrial terá
em média 145,00 Kg de ATR por tonelada, podendo chegar a mais de 160,00 Kg
de ATR por tonelada. A diferença de ATR
deverá cobrir os custos de CCT (colheita) da cana fornecida a título de pagamento da prestação de serviços, pois,
do contrário, estará representando a cobrança de juros, por sinal bastante elevado.
2. Valor dos serviços de mão-deobra: Os valores dos serviços de mão-deobra rurícola provêm de um acordo coletivo feito pelos sindicatos rurais, que acrescidos dos encargos tributários e trabalhistas, são chamados genericamente de encargos sociais. Estes exigem que a prestação dos serviços tenha um valor mínimo
para preencher todos os requisitos legais.
Assim valores de plantio muito baratos podem implicar em ônus futuros com ações

trabalhistas, pois o contratante, no caso o
fornecedor, tem obrigação subsidiária ao
prestador de serviços.
3. Valor do CCT (colheita) a ser cobrado nas safras futuras: Quando a prestação de serviços de plantio é feita por
uma unidade industrial e não é cobrado à
vista, esta obriga que o fornecedor entregue toda a produção, deste ciclo da lavoura plantada, na sua unidade industrial. É extremamente importante estabelecer no contrato um valor de CCT para o
primeiro ano, um índice de reajuste para
este valor (IGP-M, IPC, INPC ou qualquer
outro), que representará o valor máximo a
ser cobrado nas safras seguintes e, ainda, abrir a possibilidade do fornecedor
contratar outro prestador de serviços para
realizar a colheita entregando a cana obviamente na unidade industrial que prestou o serviço de plantio, caso o valor sugerido pela unidade industrial esteja acima de qualquer outro orçamento.
4. Definição do método do pagamento de cana: Pelos Manuais do
CONSECANA é preciso que conste em
contrato que a metodologia de pagamento de cana a ser adotada é o CONSECANA.
No Manual do CONSECANA, que pode
ser baixado pelos associados da
CANAOESTE da internet através do site
da ORPLANA, existe um capítulo com as
Regras Mínimas para Elaboração do Contrato de Compra e Venda de Cana-de-Açúcar. O fato de estabelecer-se valores tetos
ou garantidos de teor de ATR, expresso
em Kg de ATR por tonelada e/ou valor de
ATR, expresso em reais por Kg, não impossibilita a adoção do método
CONSECANA. Portanto, é fundamental a
elaboração de um contrato sempre.
No mais e para outras dúvidas procure o Departamento de Planejamento
e Controle da CANAOESTE através do
telefone (16) 3946-3300 ramal 2100.
Revista Canavieiros - Agosto de 2007

31
Novas Tecnologias

Compactação do solo:
Como evitar um dos grandes
problemas trazidos pela modernidade
Marcelo Massensini

A

colheita mecanizada da canade-açúcar já é uma realidade.
Devido aos novos prazos para o fim da
queima, somente nesta safra, mais 70%
da cana plantada na região de Ribeirão
Preto foi cortada mecanicamente. Estudos indicam inúmeras vantagens
trazidas pela colheita mecânica, que
podem aumentar, consideravelmente, a
produtividade. Porém, existem cuidados
extras a serem tomados nos canaviais
onde o corte é feito com máquinas. Cuidados estes que evitam futuros transtornos e perdas na produtividade.
Um dos problemas que podem ser
agravados pelo uso das máquinas no
canavial é a compactação do solo: uma
alteração da estrutura do solo, que é
comprimida pelo peso na superfície,
por exemplo, as rodas de um caminhão
ou uma colhedeira. A compactação tende a unir as partículas de solo, diminuindo o espaço que seria ocupado por
água e ar, que são vitais para a sobrevivência da planta. Podendo reduzir a
produtividade em até 20%. Segundo o
pesquisador do CTC (Centro de
Tecnologia Canavieira), Célio
Manechini, essa perda é ocasionada
porque o solo compactado "é um tipo
de solo que não tem reserva de água
nem de nutrientes" que fazem a planta
se desenvolver, explica.

Uso inadequado de máquinas pode
causar perdas de até 20%

Manechini explica que a
compactação do solo sempre foi um
problema para o setor, mas que tem se
intensificado nos últimos anos, graças
ao advento da colheita mecanizada. "O
plantio mecanizado implica numa intensificação. Na colheita manual, é só o
trator e o carregador que passam uma
vez a cada 5 linhas. Na mecanizada, a
máquina e os transbordos passam
duas vezes em cada linha", explica. Porém, ele esclarece que o produtor não

Ilustração do processo de compactação do solo: na primeira imagem o solo não
compactado; na segunda, o solo compactado devido ao peso da máquina e na terceira,
como a compactação atrapalha o desenvolvimento da planta.

32

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

deve temer e nem hesitar em trocar a
colheita de cana queimada pela crua,
ele precisa apenas tomar os devidos
cuidados. "A colheita mecanizada tende a ser um fator agravante para a
compactação, por isso temos que trabalhar melhorando esses equipamentos e a própria operação para reduzir a
compactação", completa.
O CTC tem trabalhado junto com
usinas parceiras e com os fabricantes de
implementos para desenvolver máquinas que evitem a compactação, como:
transbordos ajustados (que não passam
em cima soqueira) transbordos com três
eixos (que distribuem melhor o peso entre as rodas, diminuindo a compactação)
e melhorias nas colhedoras. O pesquisador diz que a prevenção é, sem dúvida, o fator mais importante para evitar
prejuízos. "Por exemplo, um caminhão
com um pneu convencional causa uma
compactação muito exagerada e quanto
mais úmido o solo estiver, pior fica. Hoje
existem pneus de alta flutuação, equipamentos especiais, transbordos e trato-
Novas Tecnologias
res com eixos ajustados. Isso tudo ajuda
a minimizar, não evita a compactação, mas
minimiza o efeito", explica.
Para os casos em que a
compactação não pôde ser evitada,
existem medidas corretivas a serem tomadas. "O produtor tem que saber o
local e grau dessa compactação para
que o implemento, no caso um
subsolador, atue diretamente na base
inferior da camada compactada. Ele
consegue fazer um trabalho de
descompactação quase que completo",
esclarece o pesquisador.
De acordo com Manechini, o importante é que o produtor não se sinta
intimidado por problemas como este e
tenha medo de migrar da colheita manual para a mecânica. "Hoje existem
equipamentos para fazer a colheita mecanizada sem compactação. Só não se
pode fazer a colheita mecanizada de
qualquer jeito. Se o produtor tiver um
equipamento inadequado e utilizá-lo de
maneira inadequada, ele vai compactar.

Agora, com a utilização do equipamento adequado, minimiza esse risco a
quase zero", explica. Segundo ele, o
corte de cana crua protege o solo e
cria microorganismo embaixo da palha,
que ajudam formando galerias, apodre-

cendo raízes no solo e abrindo canais
para a infiltração de água, etc. "A cana
crua, em última analise depois de 2, 3
anos, é um fator de correção da
compactação ou de redução do risco
de compactação", termina.

O PESQUISADOR DO CTC
(CENTRO DE TECNOLOGIA
CANAVIEIRA), CÉLIO MANECHINI:
CANAVIEIRA),
“Acho importante que os fornecedores tenham em mente que o futuro nos reserva a cana crua. Então, é
importante que eles conheçam o sistema, para quando for plantar, fazer
da maneira correta, para não precisar
correr riscos desnecessários, pois
hoje é uma tecnologia totalmente dominada. Eles precisam procurar ajuda
da associação, do CTC – ao qual a
associação está associada – e dos
outros órgãos de pesquisa no sentido de começar certo. Se for implantar
o sistema de colheita mecanizada, já
implante com o equipamento correto,
com treinamento dos operadores e

motoristas para evitar que o dano
aconteça”.

Revista Canavieiros - Agosto de 2007
Safra de Grãos

Safra de grãos sobe
para 131,15 milhões de
toneladas

O

recorde da produção brasileira de grãos está mantido, de
acordo com o 11º levantamento da safra 2006/07. A pesquisa, divulgada recentemente pela Conab, eleva o resultado para 131,15 milhões de toneladas,
7% acima do registrado no ciclo anterior (122,53 milhões de toneladas) e
0,5% maior que o do mês passado
(130,51 milhões de tonaledas). “O crescimento se deve à correção da área
plantada e ao ajuste de produtividade”, destaca o diretor de Logística da
estatal, Sílvio Porto.
Em relação à safra anterior, o aumento mais significativo é do milho total,
com 19,1% (de 42,5 para 50,6 milhões
de toneladas), soja, com 6,2% (55,0 para

34

Revista Canavieiros - Agosto de 2007

58,4 milhões de toneladas) e algodãocaroço, com 41,7% (de 1,7 para 2,4 milhões de tonaladas). Houve, no entanto, redução no arroz de 3,3% (de 11,7
para 11,3 milhões de toneladas) por causa da diminuição da área na época do
plantio, conseqüência do baixo preço
do produto no mercado. A colheita da
maioria das culturas está praticamente
concluída em todo o país.

Plantio – Levando em conta as lavouras do período passado, a área
plantada encolheu 3,6% (de 47,9 para
46,2 milhões de hectares). A maior redução está na soja, com 9,1% de área
a menos (de 22,7 para 20,7 milhões de
hectares). Em contrapartida, a lavoura do milho segunda safra cresceu
36,2% (de 3,3 para 4,5 milhões de hectares).

O estudo traz ainda a terceira estimativa da produção de trigo para o ciclo 2007/08. A cultura registra um crescimento de 71,2% em relação à safra
atual, saindo de 2,2 para 3,8 milhões
de toneladas. O aumento é reflexo da
retomada de área e da recuperação da
produtividade.

Os novos números foram apurados
por 53 técnicos da Conab, no período
de 23 a 27 de julho, junto a representantes de cooperativas, órgãos públicos e privados, agentes financeiros e
produtores de todo o país.
Fonte: Conab
Destaque

Revista Canavieiros
presente no Simtec 2007
Da redação

Estande da Revista Canavieiros recebeu visita de produtores de cana, autoridades e pesquisadores

A

Revista Canavieiros
participou, pela primeira vez, do SIMTEC 2007
(Simpósio Internacional e
Mostra de Tecnologia da
Agroindústria Sucroalcooleira),
que aconteceu no Engenho
Central, Piracicaba - SP, entre os
dias 17 e 20 de julho. O Estande
da Canavieiros recebeu a visita
de produtores de cana, autoridades, pesquisadores do setor
sucroalcooleiro e expositores interessados em anunciar nas páginas da Revista.
A quinta edição do Simtec superou em três vezes a expectativa de negócios, que era de R$ 350 milhões. Segundo José de Jesus Vaz, coordenador geral do Simtec, a larga superação
das previsões de negócios reflete o
desenvolvimento dos empresários do
setor sucroalcooleiro que, neste ano,
visitaram a feira realmente com propósitos de investimentos. "Nos anos anteriores, houve muita pesquisa, especulação de negócios, mas ainda existia
receio de instabilidade do setor. Este
ano, os visitantes vieram realmente
para fechar negócios e adquirir novas
tecnologias", explicou.

(diretor científico da Fapesp
- Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São
Paulo), Elba Bom (Projeto
Bioetanol), Masanobu
Aizawa, Fabiana Rodrigues
(Banco Sumitomo) entre
outros.

O governador José Serra abriu o evento

Simtec como difusor de tecnologia,
tornando-se definitivamente uma referência para negócios e aprimoramento tanto no Brasil como
no exterior. Durante o Simtec,
foram realizados paralelamente três simpósios: Simbio
(Simpósio de Biotecnologia em
Etanol e Biodiesel), Simcoger
(Simpósio sobre Co-geração
de Energia) e Simantec
(Simpósio sobre Manutenção
e Tecnologias Industriais), promovendo palestras nos períodos da manhã e tarde,
totalizando 35 palestras, que
somaram mais de sete mil
expectadores.

Para José Coral, presidente da Cooperativa dos
Plantadores de Cana de
Piracicaba e vice-presidente da Orplana (Organização
dos Plantadores de Cana da
Região Centro-Sul do Brasil), os efeitos positivos do Simtec,

Outro aspecto positivo apontado
por Vaz foi à definição da vocação do

O evento foi aberto pelo governador José
A feira é realizada as margens do
Serra, autoriRio Piracicaba
dades federais, estaduais e municipais. Passaram pelo
evento especialistas
como Marcos Junk
(pesquisador e atual
presidente da Unica);
Humberto Brandi (diretor de Metrologia
Científica e Industrial
do Inmetro), Carlos
Henrique de Brito Cruz

Estande da Revista Canavieiros no Simtec 2007

como propagador de tecnologia, já são
sentidos no campo, na medida em que
o foco é a produtividade e a eficiência.
"O desenvolvimento do setor como um
todo beneficia o plantador", disse. Ele
lembrou também a importância do
posicionamento do governador José
Serra em afirmar que o governo do estado vai apoiar os pequenos produtores na adequação com vistas ao fim da
queimada de cana para a colheita.
Revista Canavieiros - Agosto de 2007

35
Biblioteca
“GENERAL ÁLVARO
TAVARES CARMO”
"AGRONEGÓCIO E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL: UMA AGENDA PARA LIDERANÇA MUNDIAL NA PRODUÇÃO DE
ALIMENTOS E BIOENERGIA"
Marcos Fava Neves

Cultura

Cultivando
a Língua Portuguesa
Esta coluna tem a intenção de maneira
didática, esclarecer algumas dúvidas a
respeito do português
1) Maria recebeu “DE GRÁTIS” o convite para ir ao show.
Segundo a expressão caseira “presente de grego”, Maria não irá ao show com
esse convite junto com o erro de Português...
GRÁTIS - pode ser substituído por gratuitamente. (não usar o DE com a
expressão GRÁTIS)
Ex.: Recebi grátis (gratuitamente) o ingresso.
Consegui o exemplar do livro grátis (gratuitamente).
GRATUITO - deve ser usado com o verbo ser ou com substantivo.
Ex.: O estabelecimento é (verbo ser) gratuito.
A palestra (substantivo) é gratuita.

O

livro "Agronegócios e Desenvolvimento Sustentável: uma agenda para liderança mundial na produção de alimentos e bioenergia",
é um trabalho recente, organizado pelo coordenador do Pensa-RP (Centro de Conhecimento do
Agronegócio da Universidade de São Paulo) Prof.
Marcos Fava Neves. Na obra, oito pesquisadores
levantam questões pertinentes sobre o setor agrícola no Brasil e formas de manter a liderança brasileira no setor sem deixar de lado o desenvolvimento sustentável.
Junto a Fava Neves, os autores Luciano Thomé
e Castro, Vinícius Gustavo Trombin, Marco Antonio Conejero, Frederico Fonseca Lopes, Evaristo
Marzabal Neves, Matheus Alberto Cônsoli,
Everton Molina Campos, Marina Aluisio Caldeira
e Letícia Serra Tavares também debatem sobre o
contexto nacional e internacional na produção de
alimentos, fibras e bioenergia, além de discutir
novas tecnologias, produtos orgânicos e análise
financeira de projetos.
A obra está dividida em vários capítulos que tratam, de modo didático, questões do agronegócio
ligadas às áreas econômica, política, tecnológica,
sociocultural e estratégica. Além disto, traz uma
detalhada explicação sobre o modelo PINS (Programa Integrado de Negócios Sustentáveis). Um
dos capítulos da obra é dedicado especialmente à
questão do Vale São Francisco, que também é tema
de um polêmico projeto de transposição elaborado pelo governo federal.
Este estudo está alinhado à missão do Pensa,
que é a de estudar os Sistemas Agroindustriais (SAG),
particularmente as relações de coordenação dos
agentes envolvidos na produção, processamento e
distribuição de produtos originados na agricultura
e pecuária.
Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros podem procurar a Biblioteca da Canaoeste, na Rua Augusto Zanini,
nº1461 Revista Canavieiros - telefone (16)394636 em Sertãozinho, ou pelo Agosto de 2007
3300 - Ramal 2016

Na frase acima, o correto é: Maria recebeu grátis(gratuitamente) o convite
para ir ao show.
OBS.: A grafia e pronúncia GRATUÍTO está errada, assim como está errada DE
GRÁTIS.
O correto é pronunciar e escrever GRATUITO (o U é tônico, pronúncia “forte”
e não tem acento)
2) Qual é a pronúncia correta da palavra “IMPREGNA”????
Veja, prezado amigo leitor, esta palavra tem a letra G pronunciada “fracamente”, portanto a pronúncia correta é impregna (a tônica, a “força” na pronúncia é
no pre).
3) Pedro disse:
- ENTRE EU e ELA há um grande amor!!!
Existe o lado poético da declaração de amor junto com o erro do Português....
Prezado amigo leitor, ENTRE é preposição, portanto o correto é entre mim e ela.
Sem entrar na regra gramatical, jamais poderíamos dizer: A regra gramatical é
esta; não depende de eu. Esse DE é preposição, como entre. Não pode usar o eu.
Se o pronome for sujeito de uma oração a situação é diferente. Veja os exemplos:
Há uma grande diferença entre eu querer (eu –sujeito do verbo querer) ou
não a vaga naquele concurso.
Há uma grande diferença entre eu querer mudar a regra gramatical e eu poder
mudar a Gramática.

PARA VOCÊ PENSAR:
Ah! Os Relógios - Mário Quintana
Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida acaso lhes indaga que horas são...

RENATA CARONE SBORGIA
Advogada
e Prof.ª de Português e Inglês
Mestra—USP/RP,
Especialista em Língua
Portuguesa, Consultora de
Português, MBA em Direito e
Gestão Educacional,
Escreveu a Gramática
Português Sem Segredos
(Ed. Madras)
com Miriam M. Grisolia
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  • 1. Revista Canavieiros - Agosto de 2007
  • 2. Revista Canavieiros - Agosto de 2007
  • 3. Editorial Unindo forças para poder crescer N esta edição, o leitor vai conhecer um pouco mais sobre os convênios entre a Canaoeste e institutos de pesquisa de variedades de canade-açúcar. Vivendo um momento de crescimento e repercussão nunca antes vistos, o desafio do setor hoje é aumentar a produtividade mesmo nas regiões totalmente ocupadas pela cultura da cana. E é isso que as parcerias da Canaoeste buscam: trazer as mais novas tecnologias para o produtor associado. Deste modo, apresentamos aos leitores as quatro instituições que, juntamente com a Canaoeste, investem no desenvolvimento do setor e no futuro de nossos associados: o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) - uma organização privada, sem fins lucrativos, com mais de 30 anos de experiência no desenvolvimento de tecnologias para o setor sucroalcooleiro; o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) - o instituto de pesquisa mais antigo da América Latina; a Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (RIDESA) - formada por sete Universidades Federais: Paraná (UFPR), São Carlos (UFSCar), Viçosa (UFV), Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Sergipe (UFSE), Alagoas (UFAL) e Rural de Pernambuco (UFRPE); e, por fim, a UNESP - Campus de Jaboticabal, que firmou uma parceria com a associação, para realizar um estudo de competição e comportamento de 18 variedades de cana-de-açúcar. O entrevistado deste mês é o presidente da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), Márcio Lopes de Freitas. Segundo ele, as conseqüências da crise no agronegócio brasileiro só não foram piores graças ao cooperativismo. Lopes aponta quatro desafios para as cooperativas brasileiras: profissiona- lização da gestão, formação de redes de negócios, investimento em capital humano e alinhamento das estratégias de negócios à responsabilidade social. Novamente, o destaque fica com as feiras do setor: esta edição traz o balanço do Simtec 2007 (Simpósio Internacional e Mostra de Tecnologia da Agroindústria Sucroalcooleira) que aconteceu em Piracicaba de 17 a 20 de julho. Na editoria Notícias Copercana, a analista de grãos, Ercília Mazza mostra todo o processo de análise e armazenamento do amendoim que passa pela Unidade de Grãos da cooperativa (UNAME). Nas páginas da Canaoeste, a Revista mostra as Reuniões Técnicas, que promoveram discussões sobre as principais questões relacionadas à produção de cana-deaçucar, e a reportagem sobre o aniversário de um ano da UTI do Netto Campello Hospital e Maternidade. A Cocred mostra a nova cara da agência de Severínia. A filial teve sua dependência completamente reestruturada para atender melhor seus 320 cooperados. O pesquisador do CTC, Célio Manechini, fala sobre compactação do solo (causas, conseqüências, medidas preventivas e corretivas) nas páginas dedicadas às Novas Tecnologias. Como de costume, a Revista traz o artigo jurídico do Dr. Juliano Bortoloti e os prognósticos climáticos do Dr. Oswaldo Alonso. O consultor agronômico da Canaoeste, Cléber Moraes, trouxe um artigo sobre o grande pesadelo do produtor de cana: o preço do ATR. Além, é claro, das dicas de português e indicação de livros, a agenda de eventos, repercutiu e os classificados. Boa Leitura! Conselho Editorial Revista Canavieiros -- Agosto de 2007 Revista Canavieiros Agosto de 2007 03
  • 4. Indice EXPEDIENTE Capa CONSELHO EDITORIAL: Antonio Eduardo Tonielo Parcerias garantem maior produtividade aos associados da Canaoeste Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Filiada aos maiores centros de pesquisas em cana-de-açúcar, Canaoeste oferece tecnologia do futuro aos associados Oscar Bisson Pag. Pag. 20 OUTRAS DESTA DESTA QUES CONSECANA Entrevista Pag. 12 Márcio Lopes de Freitas Presidente do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) Pag. 05 REPERCUTIU Pag. 25 Pag. 28 INFORMAÇÕES SETORIAIS LEGISLAÇÃO A agroenergia e os biocombustíveis são o foco da atenção de vários países do mundo, devido ao aumento das preocupações ambientais Pag. Notícias Notícias Pag. Pag. 31 ARTIGO TÉCNICO Pag. 8 Preços do ATR: O que está acontecendo? Revista Canavieiros - Agosto de 2007 COLABORAÇÃO: Carla Rodrigues COMERCIAL E PUBLICIDADE: DEPARTAMENTO DE MARKETING E COMUNICAÇÃO: Ana Carolina Paro, Carla Rodrigues, Carla Rossini, Daniel Pelanda, Giselle Mariano, Letícia Pignata, Marcelo 3 2 TÉCNOLOGIAS Massensini, Rafael Mermejo, Roberta Faria da Silva, Talita Carilli. IMPRESSÃO: São Francisco Gráfica e Editora 35 CULTURA Pag. 36 AGENDE-SE Pag. 37 TIRAGEM: 8.500 exemplares A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Cocred. As matérias assina- Pag. 38 das são de responsabilidade dos autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. ENDEREÇO DA REDAÇÃO: Rua Dr. Pio Dufles, 532 Safra Canavieira 04 FOTOS: Carla Rossini Marcelo Massensini revistacanavieiros@copercana.com.br CLASSIFICADOS 1 Cocred Cocred tem mais quatro agências DIAGRAMAÇÃO: Rafael Mermejo DESTAQUE 0 Pag. Pag. PROJETO GRÁFICO E (16) 3946-3311 30 NOVAS Pag. 12 Canaoeste Associados da Canaoeste discutem atualidades em cana-de-açúcar Mendes Thame apresenta palestra sobre Aquecimento Global em Bebedouro Notícias Pag. 08 1 Copercana Uname - Amendoim com segurança e qualidade Carla Rossini – MTb 39.788 Cristiane Barão – MTb 31.814 Marcelo Massensini Ponto de vista Marcos Fava Neves e Marco Antonio Conejero EQUIPE DE JORNALISMO: 26 Pag. Pag. Sertãozinho – SP CEP:- 14.170-680 Fone: (16) 3946 3311
  • 5. Entrevista Márcio Lopes de Freitas Presidente do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) Perfil: Presidente reeleito em 2004 do Sistema OCB, ao qual o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) está vinculado, Márcio Lopes de Freitas é administrador de Empresas formado pela Universidade de Brasília. Integra vários conselhos nacionais, como o Consea, de segurança alimentar e nutricional da Presidência da República, e o do Agronegócio. É presidente do Comitê Agrícola da Aliança Cooperativa Internacional – Américas, vicepresidente do Comitê Agrícola da ACI-Mundial e membro do Conselho Consultivo da ACI – Américas. Cristiane Barão Op Foto: Divulgação residente do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), Márcio Lopes de Freitas, avalia como extremamente positivo o desempenho nas exportações do setor em 2006, resultado que, segundo ele, deve se repetir neste ano. Liderança de destaque e profundo conhecer do assunto, ele aponta quatro desafios para as cooperativas ampliarem a participação no mercado externo: profissionalização da gestão, formação de redes de negócios, investimento em capital humano e alinhamento das estratégias de negócios à responsabilidade social. Ele destaca que os reflexos da crise do agronegócio só não foram mais agudos para os pequenos e médios produtores no setor por conta da atuação das cooperativas em ações como a aquisição de insumos mais baratos e comercialização de seus produtos. “Isto contribui para a garantia de uma qualidade de renda melhor”. Leia a seguir a entrevista que ele concedeu à Revista Canavieiros. Revista Canavieiros - Agosto de 2007 05
  • 6. Entrevista Cooperativas minimizam efeito da crise Revista Canavieiros: Em 2006, as cooperativas exportaram 26% a mais do que no ano anterior. Para este ano, estima-se um crescimento de 10% a 15%. Isso representa perda de ritmo ou o crescimento será menor porque no ano passado o desempenho foi muito bom? Márcio Lopes de Freitas: Ano passado, o resultado foi extramente positivo, com o setor sucroalcooleiro como carro-chefe. Por precaução, preferimos ter cautela ao traçar projeções desta natureza, por isso a estimativa inicial de 10 a 15% de crescimento. Mas o excelente desempenho das exportações do setor cooperativista até o momento abre a perspectiva de termos neste ano um desempenho muito parecido ao de 2006. Revista Canavieiros: Em receita, as cooperativas exportaram US$ 2,83 bilhões, representando 6% das vendas totais do agronegócio? Essa participação poderia ser maior? Freitas: O agronegócio tem tido um desempenho muito bom, mostrando a força do produtor brasileiro. Além disso, a participação das cooperativas tem crescido. Sabemos que o setor cooperativista, que responde por cerca de 35% do PIB agrícola brasileiro e 6% do PIB nacional, pode aumentar em grande escala a sua participação no mercado de exportações. Mas essa conquista será feita a partir de um processo baseado num trabalho bem estruturado, de gestão profissionalizada e agregação de valor aos produtos cooperativistas, com foco maior no mercado externo. Revista Canavieiros: Quais os desafios para as cooperativas buscarem maior espaço no mercado externo? Freitas: É um processo que parte primeiramente de um trabalho baseado na profissionalização da gestão, foco no negócio e planejamento estratégico. Em segundo lugar, é preciso formar redes de negócios para dar maior sustentabilidade à atuação das cooperativas. É necessário ainda investir em "capital humano", com o objetivo de aumentar cada vez mais a quali06 Revista Canavieiros - Agosto de 2007 ficação e, conseqüentemente, a produtividade do setor. Isto significa investir na capacitação dos colaboradores e dos próprios líderes, que atuarão sempre com visão estratégica. Em quarto lugar, atuar nos mercados aliando as estratégias de negócio à responsabilidade social, zelando pelo bem-estar e crescimento dos próprios associados e das comunidades nas quais as cooperativas estão inseridas. Ou seja, aplicar as quatro tendências do cooperativismo. "O setor cooperativista esperava uma taxa de juros mais baixa, compatível com a realidade dos índices da inflação e de outras taxas gerais como a Selic, além de um aumento maior dos recursos" Revista Canavieiros: A crise no agronegócio provocou perdas na renda estimada em R$ 37 bilhões. De que forma as cooperativas foram atingidas pela crise? Freitas: As cooperativas são organizações de pessoas e se estas têm perda de renda, é natural que isso traga reflexos. Mas as conseqüências são minimizadas pela atuação das próprias cooperativas em ações como aquisição de insumos mais baratos e comercialização de seus produtos. Isto contribui para a garantia de uma qualidade de renda melhor. Mas o setor não pode se considerar isento de problemas. É preciso ainda algum tempo para que os reflexos dessa crise sejam superados. Revista Canavieiros: Qual a avaliação que o senhor faz do Plano Safra 2007/08? As cooperativas foram atendidas? Freitas: O Plano, de forma geral, pode ser avaliado positivamente, mas é importante dizer que ainda existem pontos pendentes. Faltam ações especificamente voltadas à realização de medidas estruturantes, de infra-estrutura e logística, por exemplo. O governo apresentou medidas que, com certeza, contribuirão para o desenvolvimento da agricultura e pecuária brasileira. O aumento do volume de recursos e a redução da taxa de juros são pontos importantes. Outra questão relevante foi a determinação de uma taxa diferenciada de 6,25% para os médios agricultores. Mas o setor cooperativista esperava uma taxa de juros mais baixa, compatível com a realidade dos índices da inflação e de outras taxas gerais como a Selic, além de um aumento maior dos recursos. Revista Canavieiros: O setor sucroalcooleiro é uma das cadeias mais promissoras do agronegócio brasileiro. É também caracterizado pela presença de grandes grupos industriais e a tendência é pela entrada de capital estrangeiro. Na avaliação do senhor, qual o papel que as cooperativas de produtores independentes terão nesse processo de expansão? Freitas: Se o produtor não se organizar, será excluído deste processo promissor. E a participação das cooperativas, como organizações de pessoas, é fundamental para que os produtores se tornem cada vez mais competitivos e possam enfrentar os desafios ocasionados por esta mudança, por esta tendência. "Se o produtor não se organizar, será excluído deste processo promissor (de expansão do setor sucroalcooleiro)" Revista Canavieiros: A OCB terá alguma atuação estratégica para estimular a formação de cooperativas de produtores independentes nas novas fronteiras da cana? Freitas: Antes de estimular a formação de novas cooperativas, queremos que as já existentes, presentes nas áreas do setor sucroalcooleiro, entrem nesse processo, organizando seus produtores.
  • 8. Ponto de vista O cenário político-legal e seu impacto no setor sucroalcooleiro * 1 - Marcos Fava Neves // 2 - Marco Antonio Conejero A agroenergia e os biocombustíveis são o foco da atenção de vários países do mundo, devido ao aumento das preocupações ambientais (principalmente em relação ao aquecimento global e mudanças climáticas) e ao cenário de continuidade dos preços do petróleo em um patamar elevado. Além disso, vários países enxergam os biocombustíveis como alternativa para crise do campo, diversificando mercados, melhorando a rentabilidade dos produtores de cana, grãos e outras oleaginosas; e para a crise ambiental, visando a diminuição da emissão de gases de efeito estufa. Segundo estimativas do IEA (International Energy Agency), podese prever que 20% de decréscimo nas emissões desses gases, até 2030, virá por conta do aumento do uso de combustíveis renováveis, como o etanol e o biodiesel brasileiros. O Brasil, líder na produção de etanol derivado da cana-de-açúcar, é o único país do Mundo com 90 milhões de hectares de áreas agriculturáveis ainda passíveis de serem exploradas, não só com cana e oleaginosas para biocombustíveis, mas também com a agricultura de alimentos. Segundo a consultoria SCA, é previsto que a produção de cana do país atinja mais de 450 milhões de toneladas em 2007/08 e que, em 2010/ 2011, atinja 580 milhões de toneladas. Isso tudo destinado para produção de 38 milhões de toneladas de açúcar e 25 bilhões de litros de álcool combustível, em uma área de 7,8 milhões de ha. Apesar disso, a participação do etanol de cana na matriz energética mundial ainda é muito pequena. Em 2005, a produção mundial de combustíveis foi de 101,1 bilhões de Gigajoules (BJG). Destes, apenas 1,1 08 Revista Canavieiros - Agosto de 2007 BJG foi proveniente de fontes renováveis, sendo 11% o biodiesel e 89% o etanol. Na produção e uso de etanol, a cana-de-açúcar representa quase 50%, sendo seguido pelo milho (27%) e trigo (24%) (F.O.Licht's, FAO, Oil World, LCM, EIA, Icone). No entanto, isso ainda não impede o protecionismo dos países desenvolvidos. Conforme estudo do IEA, a Austrália tem uma tarifa de US$0,24 por litro de álcool (forte produtor de álcool de cana); os EUA, US$0,14/L (sem perspectiva de queda até 2009 em função de lei nacional); a União Européia, US$ 0,10/ L (com perspectiva de exigência de certificação ambiental); e Canadá, US$ 0,07/ L (forte produtor de álcool de milho). Se a exportação ainda é limitada, o ponto é que temos um mercado interno que precisa de maior atenção governamental. Vamos aqui lembrar apenas de dois grandes temas que precisam ser resolvidos para que tenhamos uma demanda "forte" para o nosso álcool. O primeiro é o potencial de demanda gerado pela inserção do carro flex e a questão tributária. A importância do carro flex ocorre por transferir ao consumidor o poder de decisão sobre qual combustível usar, independente da falta de produto ou aumento de preços. Em 2006, a participação dos veículos flex sobre o total de veículos vendidos foi de 86%, o que representou a adição de 2 milhões de unidades, sendo a perspectiva de aumento contínuo. Só que em alguns estados, o consumidor ainda continua por abastecer o seu carro com gasolina. Por que isso ocorre? De uma maneira geral, o preço na bomba do etanol é influenciado pelo preço do produtor, misturas exigidas por lei (álcool anidro na gasolina - 20%), custo da logística de distribuição e carga tributária. No entanto, o que influencia efetivamente o consumo são os preços relativos dos diferentes tipos de combustíveis, o consumo por quilômetro do veículo e a frota (lançamento dos veículos flex, proibição de veículos leves a diesel etc). Aí está o x da questão, nem todos os estados são produtores de álcool e contribuem para desincentivar o uso do combustível renovável. Dos 27 estados brasileiros, praticamente 21 são "importadores" (dos estados produtores) e somente seis exportadores de etanol. Para piorar a situação, a incidência tributária privilegia o gás natural e os Estados não tem isonomia tributária. Na gasolina, o CIDE (contribuição com vistas a inversões na melhoria das estradas) representa 9% do preço do combustível na bomba,
  • 9. Ponto de vista PIS/COFINS representam 8% e ICMS, por sua vez, 27%. No caso do álcool, PIS e COFINS representam 10% e ICMS, 18%. No preço do Gás Natural Veicular (GNV) incidem 9% de PIS/ COFINS e 14% de ICMS. As alíquotas de ICMS, em maio de 2006, variaram de estado para estado. Em São Paulo observamos a menor alíquota (12%) e no Paraná observamos a maior alíquota (30%). Isso precisa mudar privilegiando o álcool frente ao gás natural (importado, região instável) e os demais estados precisam seguir o exemplo de São Paulo. O segundo grande tema aqui explorado é o sub-aproveitamento do potencial de bioeletricidade na biomassa da cana. Enquanto o governo se preocupa com grandes usinas hidroelétricas, caras e ambientalmente impactantes, permanecemos com o risco do apagão tendo em mãos milhares de "Itaipus" para serem utilizadas. 20.000 MW (Aneel/Unica). De todo bagaço de cana produzido, cerca de 90% é usado na produção de energia. A importância da co-geração de energia utilizando o bagaço reside no fato que ela coincide com o período de seca dos reservatórios das usinas hidrelétricas e, dessa forma, possui importante caráter complementar. Vamos começar por resolver essas duas questões, daí pensamos em mercado externo, quebras de barreiras, exportação para o Japão etc. A eletricidade usada atualmente no processo de fabricação de açúcar e etanol é de 1.500 MW. Além disso, há uma produção excedente, atualmente vendida para o sistema elétrico, de 620 MW. No entanto, o aproveitamento de todo potencial energético do bagaço está longe do ideal. O potencial de curto prazo, usando a tecnologia atual, é de 6.000 a 8.000 MW. O potencial de longo prazo, com utilização de novas e melhores tecnologias, e aumento da produção de cana, é de 15.000 a *1 - Marcos Fava Neves é engenheiro agrônomo pela Esalq/USP, mestre e doutor em Administração de Empresas pela FEA-USP. Pósgraduado em Agribusiness & Marketing Europeu na França e em canais de distribuição na Holanda. É coordenador do PENSA/USP (Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial). *2 - Marco Antonio Conejero é mestre em Administração de Organizações pela FEARP/ USP; Economista formado pela FEA/USP em São Paulo. É pesquisador do PENSA/ USP (Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial). Revista Canavieiros - Agosto de 2007 09
  • 10. Notícias Copercana Amendoim com segurança e qualidade Ercília Silva Ferreira Mazza - Analista de Grãos da Copercana C om o crescimento nas exportações de amendoim, os mercados externo e interno passaram a ser mais exigentes com relação à qualidade do produto. A Comunidade Européia passou a exigir do mercado brasileiro parâmetros que garantissem a qualidade do amendoim. Desta forma, o governo brasileiro juntamente com toda a cadeia produtiva elaborou uma Proposta de Instrução Normativa para assegurar as boas práticas agrícolas e controle de aflatoxinas visando à segurança higiênico-sanitária e a qualidade do amendoim, destinados ao consumo interno e a exportação. Diante deste fato, a Copercana, sendo um dos mais importantes segmentos da cadeia produtiva do amendoim, deu sua contribuição na elaboração desta Proposta que ainda está em fase de finalização. No entanto, a cooperativa com o objetivo de garantir a qualidade do amendoim, já vem realizando controles nas etapas de produção do grão. Desde o início da implantação da cultura no campo é realizado um trabalho de acompanhamento técnico apoiando os agricultores na aplicação das boas práticas agrícolas básicas. Isto envolve a avaliação do solo e o seu preparo, análise da fertilidade, escolha de variedade/semente, plantio, controle de pragas e doenças durante todo ciclo da cultura. Na colheita, os técnicos da Copercana, com o objetivo de assegurar uma safra segura e satisfatória, realizam visitas periódicas nas propriedades para esclarecimentos de Ercília Silva Ferreira Mazza eventuais dúvidas. Quando o amendoim chega na Unidade de Grãos, um boletim é preenchido com todas as informações referentes a carga recebida (histórico da propriedade e produto). A carga de cada caminhão é amostrada Logo após a descarga, o amendoim passa por uma máquina de pré-limpeza Amostra é debulhada por inteiro Laboratório de análise física onde o amendoim passa por classificação de grãos No laboratório de análises químicas, checa-se o nível de aflatoxina dando assim a classificação e o destino do amendoim O restante da pasta é colocado em uma sala de contraprova em frízer a 15 graus negativos O amendoim é armazenado em big bags 10 Revista Canavieiros - Agosto de 2007
  • 11. Notícias Copercana para que seja realizada análise quanto ao teor de umidade, aflatoxinas e classificação de impurezas, renda, entre outros. De acordo com a avaliação inicial a carga permanece em secador, separadamente, até atingir a umidade segura de armazenamento. Após a secagem, este produto é envazado em Big Bags (sacolas com capacidade para 600 kg de amendoim em casca) contendo o número de registro do boletim (mesmo número da chegada) onde são também registradas todas as informações referentes à classificação e análises. As informações registradas no boletim, que recebe um determinado número de identificação, garantem a rastreabilidade do grão, até ser beneficiado. período de 30 a 40 dias antes da colheita, é possível que o amendoim apresente-se contaminado com aflatoxinas no momento do arranque. A contaminação do amendoim pode ocorrer se houver condições para o crescimento dos fungos produtores de aflatoxinas. Após a colheita as etapas de secagem e armazenamento são as mais críticas. Porém, pode ocorrer a contaminação ainda no campo, antes mesmo do amendoim ser colhido. Se houver falta de chuva (estresse hídrico) por um A detecção da contaminação deve seguir um rigoroso esquema envolvendo amostragem, preparo de amostra e controle de qualidade analítico. Foram realizados vários ajustes, dentre eles, o aumento do tamanho da amostra retirada para representar a carga, o que tornou muito mais representativa e de acordo com normas internacionais. Devido aos problemas ocorridos com relação à qualidade do amendoim nas duas últimas safras (2005 e 2006), principalmente pela ocorrência de estresse hídrico, a Copercana procurou orientação de pesquisadores especialistas na área de micotoxinas para conferir segurança e confiabilidade aos seus técnicos e clientes. Assim, a Dra. Maria Antonia Calori Domingues e o Dr. Eduardo Micotti da Glória da ESALQ/USP, desde o início desta safra, têm orientado a equipe da Copercana no que se refere à detecção de aflatoxinas. A amostra é debulhada e homogeneizada para análise física e em seguida todos os grãos são triturados com água, formando uma pasta, para a análise de aflatoxinas. A elaboração dessa pasta homogênea promove um resultado altamente representativo. A Copercana mantém uma contraprova dessa amostra que é mantida a -15°C por um período de aproximadamente um ano, até que o amendoim chegue ao cliente. Para garantir uma maior confiabilidade em seus resultados o laboratório da Copercana, além de contar com a orientação dos pesquisadores da ESALQ, realiza uma comparação de seus resultados empregando amostras com valores de contaminação conhecidos provenientes de instituições internacionais. Todos estes investimentos em equipamentos, consultorias técnicas, orientação de pesquisadores renomados, demonstram a grande preocupação, seriedade e responsabilidade da Copercana em garantir ao consumidor final produtos seguros e de melhor qualidade. A amostra é encaminhada para a sala de preparo O amendoim é triturado com água e forma-se uma pasta Parte da pasta é encaminhada para o laboratório de análises químicas Setor de inspeção dos bags, antes do armazenamento Os bags são armazenados cuidadosamente, conforme sua classificação Antonio Roberto Pelanda, responsável pelo armazenamento, mostrando a rastreabilidade dos bags Revista Canavieiros - Agosto de 2007 11
  • 12. Notícias Canaoeste Ortolan participa do congresso da WABCG Cristiane Barão Realizado de 9 a 12 de julho, evento reuniu representantes de 20 países O presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, participou do 9ª Congresso da WABCG (Associação Mundial dos Produtores de Cana e Beterraba Açucareira, da sigla em inglês), realizado de 9 a 12 de julho em Brisbane, na Austrália. Fundada em 1981, a WABCG reúne representantes de associações de produtores de mais de 30 países. Pelo menos vinte países foram representados no congresso. Os pontos principais do encontro foram as perspectivas para o mercado de açúcar, os reflexos da queda dos preços sobre os produtores independentes e as oportunidades abertas pela valorização dos biocombustíveis. De acordo com o presidente da entidade, Bill Hejl, a queda na renda dos produtores foi reforçada pelo dólar fraco. Ele disse ainda que o setor em todo o mundo está investindo em inovação e mecanismos para melhorar a produtividade e ressaltou que "o uso da biotecnologia é uma grande oportunidade e representa hoje uma realidade." Hejl destacou a importância de os produtores de cana e beterraba de todo o mundo estarem organizados. "Somos todos produtores, com interesses comuns, e temos de trabalhar juntos para fortalecer a nossa participação e representação", disse. Depois de três anos à frente da WACBG, Hejl transmitou o cargo a Alf Cristaudo, que é diretor da Associação dos Plantadores de Cana da Austrália. A WABCG é o único fórum internacional que permite aos produtores de cana e beterraba açucareira se reunirem para discutir as dificuldades e a troca de experiências e soluções. Em 2005, a WABCG se reuniu pela primeira vez no Brasil, em Ribeirão Preto, a convite da Orplana, que se filiou à entidade em 2004. Consecana Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo A Manoel Ortolan (Canaoeste), Ismael Pereira Jr. (Orplana) e Winter Bohlsen (Alemanha) "É importante que, nesse momento em que o mundo discute a necessidade de se buscar fontes de energias limpas e renováveis para a sobrevivência do planeta, os pequenos e médios produtores de cana brasileiros estejam representados em discussões como essas levantadas pela WABCG", disse o presidente da Canaoeste. CIRCULAR Nº. 06/07 DATA: 31 de julho de 2007 seguir, informamos o preço médio do kg do ATR para efeito de emissão da Nota de Entrada de cana entregue durante o mês de JULHO de 2007. O preço médio acumulado do kg de ATR para o mês de JULHO é de R$ 0,2569. O preço de faturamento do açúcar no mercado interno e externo e os preços do álcool anidro e hidratado, destinados aos mercados interno e externo, levantados pela ESALQ/CEPEA, nos meses de ABRIL a JULHO e acumulados até JULHO, são apresentados a seguir: Os preços do Açúcar de Mercado Interno (ABMI) e os do álcool anidro e hidratado destinados à industria (AAI e AHI), incluem impostos, enquanto que os preços do açúcar de mercado externo (ABME e AVHP) e do álcool anidro e hidratado, carburante e destinados ao mercado externo, são líquidos (PVU/PVD). Os preços líquidos médios do kg do ATR, em R$/kg, por produto, obtidos nos meses de ABRIL a JULHO e acumulados até JULHO, calculados com base nas informações contidas na Circular 01/07, são os seguintes: 12 Revista Canavieiros - Agosto de 2007
  • 13. Notícias Canaoeste Mendes Thame apresenta palestra sobre Aquecimento Global em Bebedouro Marcelo Massensini Evento apoiado pela Canaoeste reuniu 500 pessoas para discutir sobre a importância do desenvolvimento sustentável “A pesar da ciência mostrar que o ser humano está presente na terra há centenas de milhares de anos, somente nos últimos 40 anos começamos a discutir problemas ambientais". Assim o deputado federal, Antonio Carlos de Mendes Thame, abriu sua palestra: "Aquecimento Global e Sustentabilidade: uma tragédia (ainda) evitável", que aconteceu na cidade de Bebedouro, no último dia 11. O evento, que contou com o apoio da Canaoeste, reuniu mais de 500 pessoas, entre elas, autoridades políticas da região. Assunto constantemente em pauta nos últimos anos, o aquecimento global é, como o próprio nome diz, um aumento da temperatura média da Terra. As conseqüências são muitas: derretimento das calotas polares e consequentemente aumento do nível dos oceanos; crescimento e surgimento de desertos; aumento de furacões, tufões e ciclones e ondas de calor. O fenômeno é causado pelo aumento de poluentes, principalmente de gases derivados da queima de combustíveis fósseis na atmosfera, que formam uma camada de difícil dispersão, causando o famoso efeito estufa. "Os ga- “...O problema é que nós aumentamos tanto a quantidade desses gases que, quando os raios solares chegam ao planeta, ao invés de ir embora eles ficam represados na Terra, aumentando a temperatura", explica Thame ses ao redor da Terra são responsáveis pela vida como nós conhecemos. O problema é que nós aumentamos tanto a quantidade desses gases que, quando os raios solares chegam ao planeta, ao invés de ir embora eles ficam represados na Terra, aumentando a temperatura", explica Thame. Além do aquecimento global, Mendes Thame Equipe da Canaoeste (Gustavo Nogueira, Carlos Henrique, Antônio Pagotto, abordou um outro proble- Sandro Galhardo e Rodrigo Zardo) ao lado do deputado Mendes Thame ma ambiental, tão preocupante quanto o passou da borracha e do café", esclaanterior: o fim das reservas de água po- rece Thame. tável. O deputado apontou os motivos para essa crise e falou sobre as medidas Antes da apresentação do deputaque, na sua opinião, podem minimizar o do, houve um debate entre prefeitos e problema ou, pelo menos, manter os nú- representantes de nove cidades da remeros atuais. Mesmo com todos os fa- gião: Cajobi, Bebedouro, Jaborandi, tores apontados durante a palestra, Jaboticabal, Pirangi, Ribeirão Preto, Thame se mostrou otimista e diz acredi- Taquaral, Terra Roxa e Viradouro. Retar na capacidade do ser humano de se presentantes da Canaoeste, desenvolver sem danificar o meio ambi- Associtrus, Adebe e da Associação de ente. Segundo ele, para isto, basta que a Engenheiros, indagaram os prefeitos população esteja consciente que pode e sobre diversos assuntos ligados a área deve mudar seus hábitos. ambiental como tratamento de lixo e esgoto e proteção das águas. No final Sobre a produção de cana-de-açú- da palestra foram distribuídas 300 mucar, Thame falou sobre a importância das de árvores para os participantes. do fim da colheita manual de cana queimada para o futuro do etanol. SegunO evento foi organizado pela do ele, alguns países começam a fazer Canaoeste (Associação dos exigências para comprar o combustí- Plantadores de Cana do Oeste do Esvel brasileiro e uma dessas exigências tado de São Paulo), Gazeta de Bebeé o fim das queimadas. "As queimadas douro, Rádio Bebedouro, Associtrus estão com dias contados. Temos que (Associação Brasileira de Citricultores) produzir de uma forma absolutamente e pela Associação dos Engenheiros e sustentável ou deixaremos passar a Arquitetos e Engenheiros Agrônomos oportunidade do etanol, assim como da Região de Bebedouro. Revista Canavieiros - Agosto de 2007 13
  • 14. Notícias Canaoeste Associados da Canaoeste discutem atualidades em cana-de-açúcar Marcelo Massensini E ntre os dias 16 de julho e 02 de agosto, a Canaoeste realizou o segundo ciclo de Reuniões Técnicas em 2007. Com a presença de mais de 800 cooperados, as reuniões trataram de temas atuais e de suma importância para o produtor de cana-de-açúcar. Os encontros foram realizados pela Canaoeste, juntamente com a Bayer CropScience e contou, ainda com a presença de profissionais de usinas e de pesquisadores do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira). As Reuniões Técnicas da Canaoeste sempre foram uma ferramenta importante para a comunicação entre a associação e seus associados, discutindo assuntos pertinentes e que facilitam a vida dos produtores rurais. Esta edição não poderia ser diferente. Abrindo todos os encontros, o consultor agronômico da Canaoeste, Cléber Morais, falou sobre o preço do ATR. Morais apresentou um panorama geral do mercado de açúcar e álcool nos últimos anos e apontou os motivos para a queda do preço do ATR em relação a última safra. Viradouro O assessor técnico da Canaoeste, Oswaldo Alonso, apresentou diariamente os prognósticos climáticos para todo o Estado e para a região. Com dados atualizados a cada edição, Alonso discutiu sobre as previsões para próximos meses e também quais cuidados o produtor deve tomar para evitar transtornos ocasionados pelo tempo. Rodrigo Zardo, engenheiro agrônomo do Departamento Jurídico da Canaoeste, falou sobre os novos procedimentos relativos à suspensão da queima da palha de cana-de-açúcar. Ele apresentou os novos prazos pré-definidos pelo protocolo Agroambiental que será assinado entre a Orplana, o governo do Estado de São Paulo e as secretarias do Meio Ambiente e da Agricultura, que prevê o fim das queimadas até 2021. Zardo ainda orientou os associados sobre os fatores que ocasionam multas ambientais relativas às queimadas. Morro Agudo O gerente do Departamento Técnico da Canaoeste, Gustavo Nogueira, discorreu sobre quais os objetivos, quando realizados os tratos culturais em cana planta e de soqueiras, visando sempre o ganho de produtividade, melhoria da qualidade e contribuir com outras operações realizadas. Além disso, na filial de Severínia, o pesquisador do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), Célio Manechini, ministrou uma palestra sobre compactação do solo (veja mais nas páginas 26 e 27 desta edição). Manechini apontou os principais motivos que têm causado o aumento da compactação e sobre maneiras de evitar esse proble14 Revista Canavieiros - Agosto de 2007 Pontal
  • 15. Notícias Canaoeste ma. Ele falou, ainda, dos prejuízos causados aos produtores, sobre a necessidade de se conter e prevenir a compactação do solo. Barretos Colina Pitangueiras A patrocinadora do evento, Bayer CropScience apresentou novos produtos de sua linha para os associados preSeverínia sentes nas reuniões. Fauze Corrêa Filho e Marc Jacquemin, representantes técnicos de vendas da região, contam que essa foi a primeira parceria firmada com a associação, mas "se depender da Bayer, nós vamos ter cada vez mais parcerias como esta". Foram apresentadas palestras sobre o portifolio de produtos para o controle de pragas e Bebedouro de ervas daninhas, que têm causado perdas significativas para os produtores. "Essa parceria só tem a somar para que o fornecedor possa obter os maiores lucros na produção de cana", explica os representantes da Bayer. Gustavo Nogueira, enfatiza a importância desse tipo de evento para os associados: "através destes ciclos de palestras técnicas os fornecedores têm acesso a informações importantes e bastante diversificadas sobre todo o sistema produtivo de cana-de-açúcar havendo uma socialização do conhecimento", explica. Revista Canavieiros - Agosto de 2007 15
  • 16. Notícias Canaoeste UTI do Netto Campello completa um ano Marcelo Massensini As Unidades de Terapia Intensiva neonatal, pediátrica e adulta aumentaram o fluxo de pacientes e ajudaram na melhoria da qualidade do atendimento do hospital S ertãzinho é a cidade que mais cresce no Brasil. Com taxas de crescimento nunca antes vistas, Sertãozinho alcançou a posição de terceira maior cidade da região. Acompanhando este crescimento, há um ano o Netto Campello Hospital e Maternidade inaugurou duas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e atingiu um novo patamar de qualidade e confiabilidade, tornando-se um dos mais bem equipados hospitais da região. As UTI´s - uma neonatal e pediátrica e uma geral - já atenderam, aproximadamente, 400 pacientes. As duas Unidades vieram para suprir a grande demanda de pacientes que, anteriormente, eram encaminhados para hospitais de Ribeirão Preto, quando precisavam de atendimento intensivo. Uma das médicas que atendem na UTI neonatal e pediátrica, Dra. Andréa Domenici dos Reis, conta que "a cidade precisava de uma UTI pediátrica. Antes tínhamos que ficar correndo atrás de vagas em Ribeirão, agora todas são atendidas aqui", explica. "O benefício não é só para o hospital, mas A coordenadora da UTI Neonatal e pediátrica Dra. Mirian Celini: “Os médicos e as mães têm mais segurança em fazer os partos aqui, pois sabem que, em caso de problemas, terão suporte total para cuidar do recém nascido”. 16 Revista Canavieiros - Agosto de 2007 sim para a população sertanezina em geral", completa a médica. A coordenadora da UTI neonatal e pediátrica, Dra. Mirian Celini enfatiza que a criação da Unidade aumentou a confiança por parte da população e até dos próprios médicos, no Netto Campello. O número de partos mensais pulou de 7 (antes da UTI) para 42 (com a implantação da UTI e reforma na maternidade). "Os médicos e as mães têm mais segurança em fazer os partos aqui, pois sabem que, em caso de problemas, terão suporte total para cuidar do recém nascido", esclarece Mirian. Além da maternidade, outros setores do hospital se desenvolveram após a criação das UTI´s. Além dos setores operacionais, como farmácia, depósito de suprimentos e enfermagem, o número de procedimentos cirúrgicos e tipos de patologias tratadas vêm aumentando consideravelmente. Segundo o coordenador da UTI geral, Dr. Matheus Borges, este aumento na complexidade dos atendimentos é o principal benefício para os usuários e para toda a população da cidade. "O hospital mudou seu perfil. Com o aumento do número e da complexidade dos procedimentos foram necessárias reestruturações no nosso centro cirúrgico para atender a nova demanda", conta. Além do centro cirúrgico, foi montada uma sala de recuperação pósanestésica e adquiridos equipamentos para hemodiálise e de um tomógrafo computadorizado de última geração auxiliar nos procedimentos de neurocirurgia "Nós tivemos uma ganho de qualidade muito importante, deixando o hospital no nível dos melhores hospitais da região e do estado todo", explica o médico. Com toda essa tecnologia, o Netto Campello O coordenador da UTI Geral, Dr. Matheus Borges. tem atraído pacientes de várias cidades da região, que são atendidas pelos convênios parceiros do hospital. "O hospital teve uma virada de qualidade e crescimento. O Netto Campello só pôde fazer tudo isso que fez neste último ano, graças à confiança que a UTI deu aos médicos parceiros para trazer esse tipo de paciente para cá", comemora o coordenador. Em um ponto, os dois coordenadores são unânimes: mesmo com toda tecnologia, o principal motivo de satisfação dos pacientes do Netto Campello é o atendimento diferenciado que é oferecido aos seus usuários. Os médicos e enfermeiras usam todos os recursos possíveis para confortar e amenizar o sofrimento dos pacientes e familiares. "Todas as pessoas que ficaram internadas aqui, durante este ano, apontam o atendimento como o suporte mais importante para a cura da doença," completa. Mirian. O Netto Campello Hospital e Maternidade, juntamente com sua diretoria, agradecem a todos os médicos, enfermeiros e demais colaboradores que contribuíram para o crescimento do Hospital durante este último ano.
  • 17. Notícias Cocred Demonstração do resultado do semestre CÓDIGO CADOC: 44.1.6.040-1 Valores em Reais Balanço patrimonial CNPJ: 71.328.769/0001-81 Valores em Reais Revista Canavieiros - Agosto de 2007 17
  • 18. Notícias Cocred Cocred Severínia de cara nova Marcelo Massensini Agência foi completamente reestruturada para atender melhor aos seus 320 cooperados N esta edição, a Revista Canavieiros reapresenta a agência da Cocred de Severínia, que está de cara nova! Reformada há um mês, a filial - que atende a mais de 320 cooperados de Severínia e região - foi completamente reestruturada, criando um espaço mais amplo e confortável para seus usuários. Novos serviços também passaram a ser oferecidos. Segundo o gerente da agência, Célio Recco, a reforma foi de extrema importância para os cooperados da região, pois "agora a agência tem melhores condições para atendê-los com mais rapidez e eficiência", explica. Além de ganhar visual e equipamentos mais modernos, a Cocred Severínia passou a ter setores de seguros e de atendimento e em breve terá terminais de autoatendimento. Os cooperados da Cocred ainda contam com todas as vantagens que a cooperativa de crédito sempre ofereceu: os melhores produtos com as menores taxas e longos prazos. Ivan Antônio Aidar, cooperado desde 1975, diz que teve contas em todos os bancos da cidade de Colina, mas que, há pouco tempo, cancelou todas e permane- ceu apenas com a Cocred e com outra cooperativa de crédito. "Os bancos hoje cobram muitas taxas. Só de passar na frente eles já cobram uma taxa", brinca o cooperado. "Então hoje eu só trabalho com cooperativas de crédito. Primeiro porque eu tenho um espírito cooperativista, segundo porque eu acho que o atendimento que a Cocred me oferece é muito melhor que o atendimento que os bancos tradicionais prestam", completa Aidar. Outro cooperado que se mantém fiel a Cocred, é Paulo César Berto. Ele conta que antes da filial de Severínia ser inaugurada, ele freqüentava a agência de Sertãozinho e diz que a qualidade dos serviços e do atendimento nunca mudou. "Além de não ter taxas e ganhar a minha participação, eu sou muito bem atendido aqui. Não enfrento filas e sou atendido pelo gerente", expli- O cooperado Paulo César Berto e o gerente da agência de Severínia, Célio Recco. 18 Revista Canavieiros - Agosto de 2007 Nova fachada da agência de Severínia ca e completa "se não tivesse a Cocred aqui na cidade, ia dificultar muito a nossa vida". Sobre a reforma da agência, Paulo é enfático: "Não foi bom. Foi ótimo! A disposição das mesas ficou muito boa. A sala reservada para o gerente foi uma ótima idéia, pois podemos negociar com mais liberdade. Ficou tudo bom", comemora. Ivan Aidar também ficou feliz com a mudança. "Eu fico contente porque acompanhei e incentivei a vinda da cooperativa pra cá e fico satisfeito de vê-la evoluindo", termina. O cooperado Ivan Antônio Aidar: “Eu acompanhei e incentivei a vinda da cooperativa pra cá e fico satisfeito de vê-la evoluindo”.
  • 19. Notícias Cocred Cocred tem mais quatro agências Marcelo Massensini Número de cooperados sobe para 7 mil A Cocred (Cooperativa de Crédito dos Plantadores de Cana de Sertãozinho) acaba de se expandir para mais quatro cidades - na região de Marília - passando de 11 para 15 agências. Isso porque, no último mês de julho, a Cocred incorporou a Credpauli (Cooperativa de Crédito Rural do Centro Oeste Paulista), transformando todas as agências da antiga cooperativa em agências Cocred. O processo se deu da seguinte maneira: no dia 16/07, os cooperados da antiga Credpauli se reuniram em assembléia e aprovaram a incorporação das duas cooperativas. No dia 18/07, uma assembléia com os cooperados da Cocred também aprovou a mudança. E no dia 20/07 uma nova reunião entre membros das duas cooperativas fez as últimas ratificações e aprovaram definitivamente a incorporação. As agências das cidades de Marília, Vera Cruz Paulista, Ocauçu e Tupã, já funcionam como agências da Cocred, sendo a filial de Marília uma sede regional da Cocred para atender melhor aos novos cooperados e funcionários. Com a incorporação, a Cocred passa a ter aproximadamente 7 mil cooperados. Segundo o presidente da Cocred, Antônio Eduardo Tonielo, essa expansão tem imensa importância para a cooperativa e seus cooperados, pois "diversifica seus negócios e começa a lidar com novos produtos como café, mandioca e pecuária, além do amendoim, que a Cocred já está acostumada a trabalhar", explica. Com essas novas agências, a Cocred passa a atender mais 31 cidades: Adamantina, Álvaro de Carvalho, Bastos, Borá, Campos Novos Paulista, Echaporã, Florida Paulista, Garça, Getulina, Guaimbê, Herculândia, Iacri, Inúbia Paulista, Júlio de Mesquita, Lucélia, Lupércio, Lutécia, Mariápolis, Marília, Ocauçu, Oriente, Oscar Bressane, Oswaldo Cruz, Parapuã, Pompéia, Queiroz, Quinana, Rinópolis, Tupã e Vera Cruz Paulista. Na próxima edição você conhece os projetos da Cocred para as novas agências. A Cocred dá boas-vindas a seus 1.023 novos membros e se compromete a continuar oferecendo o melhor atendimento e os melhores serviços aos seus cooperados. Mais informações entre em contato pelo fone: (16) 3946-3300 www.cocred.com.br Revista Canavieiros - Agosto de 2007
  • 20. Reportagem de Capa Parcerias garantem ma Parcerias garantem ma associados da associados d Filiada aos maiores centros de pesquisas em cana-de-açúca Carla Rossini O Brasil é o maior e mais eficiente produtor de cana-deaçúcar do mundo. Na safra passada, a produção de cana fechou em 426 milhões de toneladas e nesta safra, a produção poderá chegar a 470 milhões de toneladas. O setor sucroalcooleiro vive um momento de expansão e as estimativas mostram que a área plantada deverá crescer 85% até 2015/ 16, segundo dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola). Se tudo correr como a cadeia de produção de canade-açúcar espera, a área nacional de cana deverá saltar de 6,6 milhões de hectares na safra 2007/08 para 12,2 milhões em 2015/16. A produção brasileira de cana, por sua vez, deverá sair de 470 milhões para 902,8 milhões de toneladas no mesmo horizonte, segundo relatório divulgado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Esse crescimento deve acontecer, principalmente, para que o Brasil consiga continuar atendendo as demandas de álcool e açúcar nos mercados interno e externo, isso sem contar outros subprodutos da cana-de-açúcar que tendem a crescer, como é o caso da cachaça que vem ganhando comércio no exterior. Mas como é possível aumentar a produção de cana em áreas (como a região de Sertãozinho) que já são totalmente ocupadas com a cultura? A resposta para a questão é investir em pesquisas para melhorar a produtividade da cana. E é com o objetivo de assegurar a melhor colheita aos seus associados que a Canaoeste mantém parcerias com os maiores centros de pesquisas em cana-de-açúcar do Brasil. Nesta edição, a Canavieiros conta um pouquinho da história dessas instituições e o que cada uma está desenvolvendo para garantir que no futuro, o país continue sendo o principal produtor de cana-deaçúcar. 20 Revista Canavieiros - Agosto de 2007 CTC - Centro de Tecn O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) é uma organização privada, sem fins lucrativos, com mais de 30 anos de experiência no desenvolvimento de tecnologias para o setor sucroalcooleiro. Atualmente o CTC conta com 163 associados dos quais 17 são associações de fornecedores de cana. Mas nem sempre foi assim, até agosto de 2004, o CTC pertencia à Copersucar, o que o restringia a apenas um grupo de usinas. A partir daí, o centro ampliou o número de parceiros, englobando outras usinas e associações de fornecedores de cana. O diretor de Mercado & Oportunidades do CTC, Osmar Figueiredo Filho, explica que um diferencial do CTC é o fato das pesquisas abrangerem os diversos elos da cadeia produtiva de cana, álcool, açúcar e energia, permitindo agregar valor às diferentes etapas do processo e contribuindo com a evolução equilibrada do setor. “Desenvolvemos pesquisas dentro da cadeia de valor inteira da cana, desde o cruzamento de variedades, passando pelos processos agrícolas, equipamentos industriais e produtos finais”, explica. Mauro Sampaio Benedini, gerente regional d Osmar Figueiredo Filho, diretor de Mercado & Oportunid
  • 21. Reportagem de Capa maior produtividade aos maior produtividade aos da Canaoeste da Canaoeste úcar, Canaoeste oferece tecnologia do futuro aos associados ecnologia Canavieira Vista Aérea do CTC em Piracicaba Segundo o diretor, o objetivo é alcançado quando uma nova tecnologia consegue agregar valor ao setor sucroalcooleiro. Como exemplo, Osmar usa o programa de melhoramento das variedades de cana. “Se analisarmos os grandes produtos do CTC que são variedades de cana ao longo do tempo, um histórico de 20 anos, percebemos que saímos de uma produtividade média no Estado de São Paulo que era ao redor de 72 toneladas de cana por hectare e hoje estamos em 87 toneladas por hectare. Isso, quando falamos em produtividade média é muito”, afirma e completa “essa tecnologia disseminada está sendo utilizada pelo produtor, é isso que dá o valor agregado ao associado”. onal de produtos e ortunidades do CTC as usinas plantarem uma determinada variedade para depois ter acesso ao produto, atrasando o ganho de produtividade. “Hoje, a associação filiada a centros de pesquisa tem condições de oferecer ao seu associado, clones promissores de cana-de-açúcar para que ele esteja até na frente das usinas quando do lançamento de uma variedade. Essa vantagem com certeza faz a diferença no lucro que ele vai ter no final da safra”, afirma Mauro. des até o final de 2007 e os fornecedores da Canaoeste já estão plantando essas variedades, como a CTC 15 – uma variedade que estamos apostando grande sucesso – ou seja, o associado está sempre na frente”, afirma Osmar. Em 2005 o CTC lançou as variedades de cana-de-açúcar CTC 1, 2, 3, 4 e 5, mais produtivas e mais resistentes às doenças do que as variedades usadas até então. Em 2006 foram lançadas mais quatro: CTC 6, 7, 8 e 9. Até o final deste ano, o centro estará lançando mais variedades. Para o diretor Osmar a vantagem dos associados da Canaoeste, perante outros produtores que pertencem a associações não filiadas é a disponibilidade de uma tecnologia do futuro. “As tecnologias que o CTC desenvolve são exclusividades aos associados. Temos previsões para lançar varieda- Linhas de pesquisa do CTC Ao longo de 30 anos trabalhando em prol do desenvolvimento da canade-açúcar, o CTC já lançou mais de 70 variedades que ocupam grande área cultivada no Brasil. - Variedades - Fitossanidade - Biotecnologia - Agronomia - Mecânica Agrícola e Industrial - Produção de açúcar - Produção de álcool - Produção de Energia Para o engenheiro agrônomo e gerente regional de produtos do CTC, Mauro Sampaio Benedini, os produtores de cana passam por um momento histórico. Segundo ele, há alguns anos, o produtor precisava esperar Estufa do CTC de Seedlings, que vieram de cruzamentos da Bahia Revista Canavieiros - Agosto de 2007 21
  • 22. Reportagem de Capa IAC - Instituto Agronômico de Campinas O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) é o instituto de pesquisa mais antigo da América Latina na área agronômica e completou recentemente 120 anos. Em plena atividade, o IAC se destaca como uma das instituições mais atuantes na área de pesquisa agrícola nacional, servindo inclusive de modelo para a criação da Embrapa. No final da década de 30, com a crise do café, o instituto passou a estudar o algodão e logo após, introduziu a soja. Foi também na década de 30, que o instituto iniciou um programa de melhoramento genético com cana-de-açúcar que hoje é considerado o programa mais antigo do Brasil. Segundo o diretor do Centro de Cana e coordenador do Programa Cana IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell, “o instituto já tinha experimentações com canade-açúcar em 1892, quando foi feito um estudo de comparação de comportamento de variedades da época”, afirma. Marcos afirma que a Canaoeste “é a parceira mais importante do instituto, porque sempre acreditou no seu potencial. Por isso merece um lugar de honra”. Ainda segundo Marcos, a relação entre a Canaoeste e o IAC sempre foi muito informal, mas de muita disposição de cooperação das duas partes. “A Canaoeste foi à primeira instituição efetivamente a divulgar as variedades IAC, prova disso é a expressiva área de fornecedores cultivada com IACSP 87 3396, ou seja, os associados da Canaoeste têm acesso as novas tecnologias muito precoce”, orgulhase Marcos. O pesquisador explica que essa parceria também tem rendido bons resultados quando o assunto é classificações de ambientes de produção. “A Canaoeste, através do Gustavo, sempre acompanhou esse trabalho desde 1994 quando ele começou a ser desenvolvido. Hoje, alguns fornecedores da Canaoeste têm qualificação de ambientes dentro das suas fazendas e mais do que isso, usam esse conceito”, disse Marcos. Durante duas décadas (anos 70 e 80), com a expansão do Proalcool, o instituto ficou ausente dos trabalhos de melhoramento genético com cana, priorizando culturas como feijão, arroz, soja, mamona entre outras. No início da década de 90, com a chegada do pesquisador Pery Figueiredo, houve uma A equipe do IAC engloba 25 pesreorganização do programa de pesquiquisadores e só na área de melhoramensa com cana-de-açúcar e foi nessa ocato genético hoje existem 407 ensaios. Se sião que a Canaoeste desempenhou imforem somadas as áreas portante papel no dede pragas, nutrição, senvolvimento do IAC. hematologia, herbicidas, Segundo Landell, “na biotecnologia e genoma época, a estrutura do são aproximadamente 700 instituto era precária e ensaios. “Uma variedade a Canaoeste, através do hoje é bem caracterizada e seu atual presidente, está espalhada em mais de Manoel Ortolan, colo50 ambientes diferentes, o cou um agrônomo para que nos permite uma vitrabalhar junto com o são do seu comportamenIAC e para ser treinado to e desempenho. Isso na parte de variedapara que o produtor tenha des”, explica. Esse agrôinformações na hora de nomo é o atual gerente escolher a variedade que do departamento técnivai plantar e assim, impeco da Canaoeste, dir que ele cometa erros”, Gustavo de Almeida Pery Figueiredo, pesquisador do programa Cana IAC e Marcos Guimarães de Andrade Landell, diretor do Centro de Cana e coordenador do Programa Cana IAC explica Marcos. Nogueira. 22 Revista Canavieiros - Agosto de 2007
  • 23. Reportagem de Capa A sede administrativa do Centro de Cana - IAC está localizada em Ribeirão Preto, onde se concentra a maior parte da equipe técnica. Ele sobrevive dos recursos oriundos das parcerias com usinas e associações de fornecedores, além de recursos do Governo do Estado de São Paulo. Para finalizar, Marcos orienta os fornecedores de cana sobre os benefícios incorporados e muitas vezes não percebidos. “Nesses anos de parceria posso afirmar que tivemos 20% de ganho potencial com o desenvolvimento de novas variedades. É maior produtividade e menos custo de produção. Hoje, o agricultor convive com esses ganhos e muitas vezes ele não consegue valorizar e dimensionar isso. Então meu conselho é que ele imagine um cenário para perceber de onde saímos e onde conseguimos chegar”, finaliza Landell. Jardim Varietal de cana-de-açúcar do IAC RIDESA Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro A Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (RIDESA) é formada por sete Universidades Federais: Paraná (UFPR), São Carlos (UFSCar), Viçosa (UFV), Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Sergipe (UFSE), Alagoas (UFAL) e Rural de Pernambuco (UFRPE). A Rede foi criada com a finalidade de incorporar as atividades do extinto PLANALSUCAR (extinto em 1989), e dar continuidade ao desenvolvimento de pesquisas visando à melhoria da produtividade do setor sucroalcooleiro. O professor e coordenador do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar – PMGCA, Hermann Paulo Hoffmann, explica que “com a absorção do corpo técnico e a infraestrutura das sedes das coordenadorias e estações experimentais do exPLANALSUCAR, e com o apoio de parte significativa do Setor Sucroalcooleiro, por meio de convênios, a rede começou a desempenhar suas funções em 1991, aproveitando a capacitação dos pesquisadores aos quais se juntaram professores das universidades”, afirma o professor. De acordo com Hermann, dentro de todas as tecnologias que envolvem o sistema produtivo da cana-de-açúcar, de todos os ganhos que ocorreram nos últimos anos, 50% se atribui ao trabalho realizado com variedades. “Mesmo que não consigamos aumentos expressivos, a própria manutenção da produtividade, na pior das hipóteses, é muito interessante”, defende o professor. Ainda segundo o professor, “a mudança de ambientes, o uso de Professor e coordenador do Programa de Melhoramento Genético da cana-de-açúcar – PMGCA, Hermann Paulo Hoffmann herbicidas, a colheita da cana crua, o crescimento da cultura para áre- Pernambuco e depois trazida para o as não tradicionais, dentre outras, são Estado de São Paulo, onde se tornou alterações que poderiam diminuir a pro- um grande sucesso”, orgulha-se dutividade, mas não é isso que ocorre. Hermann. É por isso que a cana-deaçúcar no Brasil é vista O fato das universidades terem pelo mundo inteiro como como base para o desenvolvimento de um caso de sucesso”. pesquisas, 31 estações experimentais estrategicamente localizadas nos EstaE foi a RIDESA que dos onde a cultura da cana-de-açúcar conseguiu liberar a va- apresenta maior expressão, permite que riedade de cana-de-açú- o trabalho da RIDESA seja realizado em car mais plantada no todas as condições climáticas em que mundo: RB72 454. “Essa a cana é cultivada no país. variedade foi liberada pela universidade de “O programa de obtenção de varie- Estufa com mudas de cana-de-açúcar da RIDESA Revista Canavieiros - Agosto de 2007 23
  • 24. Reportagem de Capa dades é o maior projeto dentro dos 400 que são desenvolvidos atualmente pela UFSCar. A universidade tem um interesse muito grande no bom funcionamento deste projeto e embora seja um órgão público, nós temos uma facilidade muito grande no tratamento de assuntos administrativos. Por isso, conseguimos nesses 16 anos de atuação, liberar 65 cultivares de cana-de-açúcar com a sigla RB”, explica Hermann. No ano passado, a RIDESA lançou quatro variedades de cana e a previsão é para mais lançamentos nos próximos seis meses. “A Canaoeste já está recebendo clones promissores dessas variedades que serão lançadas e quando elas forem liberadas, os fornecedores da Canaoeste já terão suas áreas consagradas. Essa é a grande vantagem da parceria com órgãos de pesquisa”, finaliza Hermann. Laboratório de Nematóides da UFSCar Canaoeste E UNESP - Jaboticabal juntas em pesquisa de comportamento de variedades A associação e a universidade se unem para realizar estudo inédito de comportamento de 18 variedades de cana-de-açúcar A Canaoeste, através do gerente do departamento técnico, Gustavo de Almeida Nogueira e do engenheiro agrônomo e diretor Dr. Luiz Carlos Tasso Júnior firmou uma parceria com a Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus Jaboticabal, para realizar um estudo de competição e comportamento de 18 variedades de cana-de-açúcar. As variedades foram doadas pela Fazenda Santa Rita de propriedade da Copercana e são oriundas dos programas de melhoramento genético do CTC, IAC e RIDESA. Segundo o professor adjunto do departamento de tecnologia da UNESP e coordenador do projeto, Dr. Marcos Omir Marques, é através deste estudo que os envolvidos vão obter informações que podem nortear os produtores no que diz respeito à escolha da variedade mais adequada para realizar o plantio. “O estudo vai permitir que o produtor tenha Dr. Luiz Carlos Tasso Jr. e Gustavo de Almeida Nogueira no ensaio de competição de variedades 24 Revista Canavieiros - Agosto de 2007 uma expectativa de qual será a produção, resistência a determinadas pragas e doenças, acumulo de sacarose e época adequada para colheita das 18 variedades que estão participando desse projeto”, explica Dr. Marcos. O projeto teve início em outubro de 2006 e sua implantação no campos da UNESP foi em março de 2007. A previsão de conclusão é para o ano 2012 quando a cana chegar ao quinto corte. Os dados começarão a ser obtidos a partir do ano que vem, quando a cana será colhida pela primeira vez. O experimento foi introduzido numa área de 1,5 hectares dentro da própria universidade e permite que alunos dos cursos de graduação, pós-graduação (mestrado e doutorado) e alunos de pós-doutorado participem juntos com técnicos da Canaoeste do projeto. “Com esse projeto nós conseguimos realizar o ensino, a pesquisa e a extensão que formam o tripé em que se baseia a universidade”, disse o professor. Dr. Marcos explica a importância do estudo de variedades no Brasil. Segundo ele, o país só continua sendo o maior produtor de açúcar e o segundo maior produtor de álcool, graças à parte agrícola do setor. “Nós dominamos a tecnologia de produção agrícola, mas a tecnologia da parte industrial na fabricação de açúcar aplicada hoje, é a mesma que se usava há 50 anos atrás. No álcool, a Professor adjunto do departamento de tecnologia da Unesp e coordenador do projeto, Dr. Marcos Omir Marques tecnologia vem da década de 80. Isso me faz acreditar que nós só sobressaímos no mercado internacional porque ninguém é melhor que o Brasil na produção da matéria-prima, cana-de-açúcar”, enfatiza. E ele arrisca ainda mais. “Daqui há alguns anos o conceito de cana doce vai mudar e dará espaço para a cana de energia. Isso quando o nó da hidrólise da celulose for desatado. A fibra vai ter uma importância muito grande e o que é utilizado para penalizar o produtor irá agregar valor futuramente. Por isso a importância de continuarmos a investir em pesquisas com cana-de-açúcar “, afirma confiante. Se depender da equipe da Canaoeste o futuro está garantido. “Vamos continuar investindo e incentivando as pesquisas com cana-de-açúcar, porque acreditamos no potencial do nosso setor e queremos oferecer o melhor aos nossos associados”, finaliza o presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan.
  • 25. “É importante que o ingresso de novos produtores na cultura da cana se dê por meio de associações e cooperativas fortes e organizadas porque elas são a garantia de permanência e crescimento dentro da atividade”. Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, no artigo “Cooperativismo: caminho para justiça social” Foto: Divulgação Unica Foto: Dep. Com. CTC Repercutiu “A cana hoje ocupa seis milhões de hectares no Brasil, enquanto a soja ocupa 24 milhões, e as pastagens, 220 milhões. A cana não ocupa mais que 1% da área agrícola do Brasil, e se a produção dobrar, não passará de 2%”. Foto: Ag Brasil O presidente da Unica, Marcos Jank, em mesa-redonda na Mostra Sistema Fiesp de Responsabilidade Socioambiental, desmentindo o mito de que a cana-de-açúcar vai prejudicar a produção de alimentos. “No passado, não havia valor para a palha, que era queimada no campo. Mas, hoje, a palha tem um grande valor como combustível”. SULEIMAN HASSUANNI, coordenador de pesquisa tecnológica do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). “Temos que estimular outros países a produzirem, para os quais venderemos tecnologias. Aí sim, com mais gente produzindo, nós teremos um preço médio maior do que o preço que o Brasil produz hoje, sempre ganharemos. Por isso a commoditização do etanol é fundamental. O padrão definido aqui, para o preço ser definido também aqui”. Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e atual coordenador de agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Revista Canavieiros - Agosto de 2007 37
  • 26. Safra Canavieira Preços do ATR - o que que está acontecendo? Cleber Moraes Consultor CANAOESTE M. Moraes Consultoria Agronômica Ltda D epois de um período de euforia no setor sucro-alcooleiro ocorrido entre o final de 2005 e começo do ano de 2006, assistimos agora a um período de preços baixos que assusta a grande maioria dos produtores de canade-açúcar e industriais. Os acréscimos nos estoques mundiais de açúcar (barras acima da linha de zero da escala a direita) são dados por uma produção mundial de açúcar maior que o consumo mundial de açú- equilíbrio ao processo de recuperação de preços do setor. Gráfico 2 – Preços do Açúcar na Bolsa de Nova York e Variação nos Estoques Mundiais de Açúcar No Gráfico 1 abaixo são apresentadas às produções brasileiras de canade-açúcar entre as safras 1990/1991 e 2006/2007. Foram assinaladas com uma seta, as produções das safras 1991/1992, 1998/1999, além da safra 2006/2007. Nas duas primeiras safras assinaladas, houve uma grande produção seguida de reduções que paulatinamente voltaram a crescer após 2 safras às assinaladas, recomeçando um processo de recuperação do setor. No gráfico 2 abaixo, são apresentados nas barras em azuis, as variações nos estoques mundiais de açúcar em milhões de toneladas e também, na linha preta, as cotações do açúcar na bolsa de Nova York segundo dados da Czarnikow Sugar (www.czarnikow.com). car do referido ano e as reduções (barras abaixo da linha de zero) por uma produção menor que o consumo do ano. Novamente, foram assinaladas no gráfico 2 as mesmas safras do gráfico 1, lembrando que a safra 1990/1991 do gráfico 1 é o ano 1991 no gráfico 2, pois o gráfico Gráfico 1 – Produções Brasileiras de Açúcar entre as safras 1990/1991 e 2006/2007 2 segue a padronização européia. É possível perceber-se um ciclo de 7 anos que vem se repetindo há pelo menos 14 anos. Ele inicia-se com dois anos de acréscimos significativos nos estoques mundiais de açúcar e termina 7 anos após com o mesmo cenário ocorrendo. No meio do ciclo há um ano com acréscimo significativo nos estoques mundiais de açúcar que dá Fonte: UNICA 26 Revista Canavieiros - Agosto de 2007 No gráfico 3 são apresentados os preços acumulados de safra do ATR (em reais por Kg) na linhas azuis e as variações nos estoques mundiais de açúcar em toneladas nas barras azuis. A primeira barra azul apresenta o acréscimo aos estoques mundiais ocorrido ao final da safra 1999/2000 que marca o início de um ciclo de 7 anos. Os preços do ATR na safra 2000/2001 começam baixos e iniciam um processo de recuperação, que segue até o início da safra 2006/ 2007. No meio do percurso, como ocorrido no ciclo anterior (da safra 1991/1992 à safra 1998/1999), há um ano com acréscimo significativo nos estoques mundiais de açúcar, que no primeiro ciclo ocorreu na safra 1995/1996 e no segundo ciclo na safra 2002/2003. Observando melhor a safra 2002/ 2003, seria natural que, com um acréscimo nos estoques mundiais de açúcar, houvesse uma queda nos preços médios acumulados do Kg de ATR, entre-
  • 27. Safra Canavieira tanto, no mercado mundial de açúcar, houve uma queda seguida de recuperação de preços e no cenário nacional, uma maxidesvalorização do real ocasionada pela fragilidade da economia brasileira com forte dependência do fluxo de dólar do mercado externo e pela proximidade das eleições daquele ano. Estas condições combinadas proporcionaram um grande e rápido aumento nos preços do ATR. Entretanto, todos os ganhos conseguidos pelo setor na safra 2002/2003, foram perdidos na safra seguinte, onde uma recuperação do valor do real e o ajuste do mercado de açúcar levaram o mercado ao caminho natural de sua recuperação de preços no início da safra 2004/2005. Nas safras 2004/2005 e 2005/ 2.006 houve grandes recuperações dos preços do açúcar e por conseqüência do ATR que, apoiados na euforia do crescimento do mercado de álcool, alcançou seu pico no início da safra 2006/2007 que, segundo nossas considerações, marcam um novo ciclo de 7 anos do setor com acréscimos significativos nos estoques com a produção desta safra e da safra que iniciava-se (2007/2008). A entrada no álcool no cenário internacional pode e deve trazer mudanças importantes neste ciclo do setor, visto que a maioria das novas unidades contempla a produção de açúcar num mercado já bastante explorado e fortemente subsidiado. Em suma, o preço do ATR é fortemente ancorado no preço do açúcar. É o mercado de açúcar que dita o preço do álcool. Esta situação poderá modificar-se caso haja aumentos significativos da participação do álcool no mix de produção e principalmente volumes de comercialização mundiais mais expressivos. O setor atravessa uma fase de baixa de um ciclo de 7 anos que vem se repetindo há pelo menos duas vezes, ou seja, 14 anos. Não é possível prever-se se este cenário vá se repetir pelos próximos 7 anos, devido à entrada do álcool no cenário internacional, mas é possível entender-se perfeitamente a razão da atual queda de preço e preparar e ficar atento para o cenário que se avizinha. A CANAOESTE realizou no mês de julho e começo de agosto um ciclo de palestras em várias cidades da região onde este tema pode ser apresentado e debatido. É fundamental que o produtor fique atento aos acontecimentos do mercado e preparado para as transformações que ocorrerão nos próximos anos no setor, assim a participação dos associados nestes ciclos de palestras é de extrema importância para a tomada de medidas acertadas na condução da lavoura. Revista Canavieiros - Agosto de 2007 27
  • 28. Informações setoriais CHUVAS DE JULHO e Prognósticos Climáticos N o quadro abaixo, estão anotadas as chuvas que ocorreram na região de abrangência da CANAOESTE durante o mês de julho de 2007. Engº Agrônomo Oswaldo Alonso Assessor Técnico Canaoeste Em todos os locais observados, as somas das chuvas que ocorreram durante a segunda quinzena deste mês foram bem superiores (mais que cinco vezes, em alguns casos) às médias históricas, deixando bem evidente os bons a altos índices de Disponibilidade de Água no Solo a partir de 23 de julho (vide Mapa 3). Mapa 1:- Água Disponível no Solo entre 16 a 18 de julho de 2007. Nota-se pelo Mapa 1 que, na faixa Centro Sul da área canavieira do Estado de São Paulo, o índice de Água Disponível no Solo já se apresentava como alto; enquanto que, na faixa Centro Norte, este índice ainda se mostrava como médio a crítico. 28 Revista Canavieiros - Agosto de 2007
  • 29. Informações setoriais Mapa 2: Água Disponível no Solo ao final de julho de 2006. Mapa 3: Água Disponível no Solo ao final de julho de 2007. Os comparativos entre os mapas 2 e 3 mostram que, em julho deste ano, em toda região canavieira do Estado de São Paulo apresentava bons a altos índices de Água Disponível no Solo, diferentemente do que ocorreu no mesmo mês do ano anterior, quando estes índices mostravam-se críticos. Como subsídio a planejamentos de atividades futuras, a CANAOESTE resume o prognóstico climático de consenso entre INMET-Instituto Nacional de Meteorologia e INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para os meses de agosto a outubro. - Na faixa equatorial do Oceano Pacífico, próximo à costa do Equador e Peru, as condições térmicas atmosféricas e (negativas) do mar indicam formação do fenômeno La Niña, que poderá ser mais pronunciado durante os meses de primavera (entre setembro a dezembro). · A temperatura média poderá ser ligeiramente superior às normais climáticas na faixa canavieira do Estado do Paraná e nas Regiões Centro Oeste e Sudeste; · Quanto às chuvas previstas para os meses de agosto a outubro, estas poderão ser entre normal a abaixo das respectivas médias históricas nos Estados do Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e faixas centro-sul dos Estados de Goiás e Minas Gerais. Nas demais áreas da Região Centro Sul do Brasil as chuvas poderão ficar entre normal a acima da média. · Exemplificando para Ribeirão Preto e municípios vizinhos, as médias históricas pelo Centro Apta - IAC, são de 20mm em agosto, 55mm em setembro e 130mm em outubro. Face às previsões efetuadas pela Somar Meteorologia, a CANAOESTE recomenda muita atenção às Umidades Relativas do Ar durante o mês de agosto e a primeira quinzena de setembro. As chuvas de maio e julho foram muito benéficas para as brotações de soqueiras e produtividade dos canaviais (principalmente, as colhidas no final da safra passada), mas a qualidade tecnológica (kg ATR / t cana) desta safra, certamente, será menor que a da safra passada (ou, até mesmo, que a média das últimas safras desta região). Logo, recomenda-se não “segurar” as colheitas de cana, uma vez que o início da primavera está logo à frente. Revista Canavieiros - Agosto de 2007 29
  • 30. Legislação DITR - Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) A través da Instrução Normativa SRF nº 746/2007, a Secretária da Receita Federal disciplina o prazo, a forma e o procedimento para entrega da DITR (Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural) do exercício 2007, bem como fixa o prazo para entrega do ADA (Ato Declaratório Ambiental) perante o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), requisitos obrigatórios para manter devidamente regularizada a propriedade rural. Está obrigada a entregar a DITR (Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural) toda pessoa física e/ou jurídica que, em relação ao imóvel a ser declarado seja, na data da efetiva entrega, proprietária ou possuidora, condômina, expropriada a partir de 1º janeiro de 2007, inventariante, compossuidora, etc., independente de estar imune ou isenta do ITR (Imposto Territorial Rural). No caso de morte do proprietário do imóvel, como já dito, a declaração deverá ser feita pelo inventariante, enquanto não terminada a partilha ou, se ainda não foi nomeado inventariante, está obrigado o cônjuge, o companheiro ou o sucessor do imóvel a qualquer título. Cumpre informar que na referida DITR está obrigada a apurar o ITR (Imposto Territorial Rural) toda pessoa física ou jurídica, desde que não seja imune ou isenta, sendo certo que a DITR corresponde a cada imóvel rural e é composta dos seguintes documentos: DIAC – Documento de Informação e Atualização Cadastral do ITR, mediante o qual devem ser prestadas à Secretaria da Receita Federal as informações cadastrais correspondentes a cada imóvel rural e a seu titular (obrigatório para todos os proprietários rurais); DIAT - Documento de Informação e Apuração do ITR, onde devem ser prestadas à Secretaria da Receita Federal as informações necessárias ao cálculo do ITR e apurado o valor do imposto correspondente a cada imóvel (que se torna dispensável em caso de 30 Revista Canavieiros - Agosto de 2007 o imóvel ser imune ou isento do ITR). O valor do imposto é apurado aplicando-se, sobre o Valor da Terra Nua Tributável (VTNt) uma alíquota (variável de 0,02% a 4,50%), levando-se em consideração a área total do imóvel e o grau de utilização (GU) desta, não podendo ser o valor nunca inferior a R$ 10,00. Demais disso, a propriedade rural localizada no Estado de São Paulo que possuir área de até 30 hectares, estará imune do ITR desde que o seu proprietário a explore só ou com sua família, além deste não possuir outro imóvel (urbano ou rural). Por seu turno, estão isentos de ITR os imóveis rurais compreendidos em programa oficial de reforma agrária oficial, bem como o conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário, cuja área total não exceda os 30 hectares e desde que o proprietário os explore só ou com sua família (admitida ajuda eventual de terceiros) e não possua imóvel urbano. O prazo para a apresentação da DITR de 2007 será de 13 de agosto a 28 de setembro de 2007, podendo ser feita de três formas, conforme o seu tamanho e localização: pela Internet, (www.receita.fazenda.gov.br); por disquete a ser entregue nas agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal; ou, em formulário próprio, a ser entregue nas agências da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Se o imóvel estiver localizado no Estado de São Paulo e tiver área superior a 200 hectares, a declaração deverá ser feita pela internet ou por disquete. Se a declaração for apresentada após o prazo, o proprietário terá de pagar multa de 1% do valor do imposto ao mês. Nos casos de imóvel rural imune ou isento do ITR, a multa será de R$ 50,00. O pagamento do imposto (ITR) apurado poderá ser realizado em até 4 (quatro) quotas, mensais e sucessivas, desde que: nenhuma quota possua valor inferior a R$ 50,00; o imposto de valor inferior a R$ 100,00 será pago de uma só vez; a primeira cota deverá ser paga até 28.09.2007 as demais quotas serão pagas até o Juliano Bortoloti - Advogado último dia útil de Departamento Jurídico Canaoeste cada mês, acrescidas de juros com base na taxa Selic, calculada a partir de outubro de 2007 até o mês anterior ao do pagamento e, ainda, de 1% no mês do pagamento. Por fim, deve ainda, o contribuinte protocolizar o ADA (Ato Declaratório Ambiental) perante o IBAMA, observando-se a legislação pertinente, com a informação de áreas não-tributáveis, inclusive no caso de alienação de área parcial. Isto porque, as áreas consideradas como sendo de preservação permanente (mata ciliar) e de Reserva Florestal Legal (20% da propriedade averbada na matrícula do imóvel com vegetação nativa) são isentas da tributação do ITR (Imposto Territorial Rural), desde que devidamente informadas no formulário ADA (Ato Declaratório Ambiental), que, a partir do exercício de 2007, será obrigatoriamente enviado por meio eletrônico, via internet (ADAweb), através do site www.ibama.gov.br/adaweb/. Portanto, para efeito de obtenção do benefício da isenção tributária do ITR (Imposto Territorial Rural) em áreas de preservação permanente e de reserva florestal legal, basta ao proprietário rural preencher e enviar ao IBAMA o formulário do ADA – Ato Declaratório Ambiental, informando referidas áreas de uso restrito. Importante enaltecer, ainda, que visando um maior controle administrativo das propriedades rurais, o IBAMA começou a cruzar suas informações com a Receita Federal e o INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, responsáveis pelo controle e recolhimento anual do ITR.
  • 31. Artigo Técnico Contratação de serviços agrícolas Cleber Moraes Consultor CANAOESTE M. Moraes Consultoria Agronômica Ltda A contratação de serviços agrícolas exige que o fornecedor de cana fique atento a alguns passos que devem ser tomados antes que seja assinado o contrato de prestação de serviços ou mesmo se inicie a prestação dos serviços na lavoura. Passo 1: Solicitar orçamento detalhado dos serviços a serem prestados, discriminando: operação mecanizada, de transporte ou de mão-de-obra a ser realizada; equipamentos a serem utilizados no caso das operações mecanizadas e de transporte; rendimento operacional (horas para tratores por hectare, quilômetros rodados para veículos e diárias para rurícolas); custo por unidade de medida (horas, quilômetros ou diárias). No caso de insumo, discriminar o insumo, a dose, o custo e o valor total. Passo 2: Consultar o agrônomo da CANAOESTE, em quaisquer dos escritórios regionais, para verificar se as operações e insumos sugeridos no orçamento estão adequados para a condição de solo, relevo e clima de sua propriedade. Lembre-se que como prestador de serviço, quanto mais operações e insumos melhor. Todos os custos já vêm acrescidos de um adicional que representa o lucro da prestação de serviços, pois ninguém trabalha de graça, mesmo que o discurso seja diferente. Passo 3: Enviar uma cópia do orçamento ao Departamento de Planejamento e Controle, situado na sede da CANAOESTE em Sertãozinho, para avaliar se os valores sugeridos estão adequados, elevados ou se contêm, de fato, algum benefício ao fornecedor. Passo 4: Aprovado o orçamento, pedir uma “minuta” do contrato (primeira redação feita pelo prestador de serviços sem a revisão do contratante). Envi- ar esta minuta ao Departamento Jurídico para uma avaliação e correção de cláusulas que tragam ônus desproporcionais ao produtor de cana ou mesmo cláusulas abusivas. Passo 5: Acompanhar no campo a execução das operações e aplicação dos insumos, conforme descrito no orçamento. Talvez este seja o passo mais importante. O fornecedor também deve estar ciente de algumas questões extremamente relevantes para não ser surpreendido com possíveis ações judiciais (ação de cobrança, reclamação trabalhista), decorrentes da má confecção do contrato. Os casos mais comuns são os seguintes: 1. Pagamento dos serviços em cana: Normalmente quando os serviços são pagos em cana, faz-se a conversão do valor do serviço em reais, dividindo pelo valor da cana com teor de ATR de 121,97 Kg por tonelada. Acontece que a cana entregue na unidade industrial terá em média 145,00 Kg de ATR por tonelada, podendo chegar a mais de 160,00 Kg de ATR por tonelada. A diferença de ATR deverá cobrir os custos de CCT (colheita) da cana fornecida a título de pagamento da prestação de serviços, pois, do contrário, estará representando a cobrança de juros, por sinal bastante elevado. 2. Valor dos serviços de mão-deobra: Os valores dos serviços de mão-deobra rurícola provêm de um acordo coletivo feito pelos sindicatos rurais, que acrescidos dos encargos tributários e trabalhistas, são chamados genericamente de encargos sociais. Estes exigem que a prestação dos serviços tenha um valor mínimo para preencher todos os requisitos legais. Assim valores de plantio muito baratos podem implicar em ônus futuros com ações trabalhistas, pois o contratante, no caso o fornecedor, tem obrigação subsidiária ao prestador de serviços. 3. Valor do CCT (colheita) a ser cobrado nas safras futuras: Quando a prestação de serviços de plantio é feita por uma unidade industrial e não é cobrado à vista, esta obriga que o fornecedor entregue toda a produção, deste ciclo da lavoura plantada, na sua unidade industrial. É extremamente importante estabelecer no contrato um valor de CCT para o primeiro ano, um índice de reajuste para este valor (IGP-M, IPC, INPC ou qualquer outro), que representará o valor máximo a ser cobrado nas safras seguintes e, ainda, abrir a possibilidade do fornecedor contratar outro prestador de serviços para realizar a colheita entregando a cana obviamente na unidade industrial que prestou o serviço de plantio, caso o valor sugerido pela unidade industrial esteja acima de qualquer outro orçamento. 4. Definição do método do pagamento de cana: Pelos Manuais do CONSECANA é preciso que conste em contrato que a metodologia de pagamento de cana a ser adotada é o CONSECANA. No Manual do CONSECANA, que pode ser baixado pelos associados da CANAOESTE da internet através do site da ORPLANA, existe um capítulo com as Regras Mínimas para Elaboração do Contrato de Compra e Venda de Cana-de-Açúcar. O fato de estabelecer-se valores tetos ou garantidos de teor de ATR, expresso em Kg de ATR por tonelada e/ou valor de ATR, expresso em reais por Kg, não impossibilita a adoção do método CONSECANA. Portanto, é fundamental a elaboração de um contrato sempre. No mais e para outras dúvidas procure o Departamento de Planejamento e Controle da CANAOESTE através do telefone (16) 3946-3300 ramal 2100. Revista Canavieiros - Agosto de 2007 31
  • 32. Novas Tecnologias Compactação do solo: Como evitar um dos grandes problemas trazidos pela modernidade Marcelo Massensini A colheita mecanizada da canade-açúcar já é uma realidade. Devido aos novos prazos para o fim da queima, somente nesta safra, mais 70% da cana plantada na região de Ribeirão Preto foi cortada mecanicamente. Estudos indicam inúmeras vantagens trazidas pela colheita mecânica, que podem aumentar, consideravelmente, a produtividade. Porém, existem cuidados extras a serem tomados nos canaviais onde o corte é feito com máquinas. Cuidados estes que evitam futuros transtornos e perdas na produtividade. Um dos problemas que podem ser agravados pelo uso das máquinas no canavial é a compactação do solo: uma alteração da estrutura do solo, que é comprimida pelo peso na superfície, por exemplo, as rodas de um caminhão ou uma colhedeira. A compactação tende a unir as partículas de solo, diminuindo o espaço que seria ocupado por água e ar, que são vitais para a sobrevivência da planta. Podendo reduzir a produtividade em até 20%. Segundo o pesquisador do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), Célio Manechini, essa perda é ocasionada porque o solo compactado "é um tipo de solo que não tem reserva de água nem de nutrientes" que fazem a planta se desenvolver, explica. Uso inadequado de máquinas pode causar perdas de até 20% Manechini explica que a compactação do solo sempre foi um problema para o setor, mas que tem se intensificado nos últimos anos, graças ao advento da colheita mecanizada. "O plantio mecanizado implica numa intensificação. Na colheita manual, é só o trator e o carregador que passam uma vez a cada 5 linhas. Na mecanizada, a máquina e os transbordos passam duas vezes em cada linha", explica. Porém, ele esclarece que o produtor não Ilustração do processo de compactação do solo: na primeira imagem o solo não compactado; na segunda, o solo compactado devido ao peso da máquina e na terceira, como a compactação atrapalha o desenvolvimento da planta. 32 Revista Canavieiros - Agosto de 2007 deve temer e nem hesitar em trocar a colheita de cana queimada pela crua, ele precisa apenas tomar os devidos cuidados. "A colheita mecanizada tende a ser um fator agravante para a compactação, por isso temos que trabalhar melhorando esses equipamentos e a própria operação para reduzir a compactação", completa. O CTC tem trabalhado junto com usinas parceiras e com os fabricantes de implementos para desenvolver máquinas que evitem a compactação, como: transbordos ajustados (que não passam em cima soqueira) transbordos com três eixos (que distribuem melhor o peso entre as rodas, diminuindo a compactação) e melhorias nas colhedoras. O pesquisador diz que a prevenção é, sem dúvida, o fator mais importante para evitar prejuízos. "Por exemplo, um caminhão com um pneu convencional causa uma compactação muito exagerada e quanto mais úmido o solo estiver, pior fica. Hoje existem pneus de alta flutuação, equipamentos especiais, transbordos e trato-
  • 33. Novas Tecnologias res com eixos ajustados. Isso tudo ajuda a minimizar, não evita a compactação, mas minimiza o efeito", explica. Para os casos em que a compactação não pôde ser evitada, existem medidas corretivas a serem tomadas. "O produtor tem que saber o local e grau dessa compactação para que o implemento, no caso um subsolador, atue diretamente na base inferior da camada compactada. Ele consegue fazer um trabalho de descompactação quase que completo", esclarece o pesquisador. De acordo com Manechini, o importante é que o produtor não se sinta intimidado por problemas como este e tenha medo de migrar da colheita manual para a mecânica. "Hoje existem equipamentos para fazer a colheita mecanizada sem compactação. Só não se pode fazer a colheita mecanizada de qualquer jeito. Se o produtor tiver um equipamento inadequado e utilizá-lo de maneira inadequada, ele vai compactar. Agora, com a utilização do equipamento adequado, minimiza esse risco a quase zero", explica. Segundo ele, o corte de cana crua protege o solo e cria microorganismo embaixo da palha, que ajudam formando galerias, apodre- cendo raízes no solo e abrindo canais para a infiltração de água, etc. "A cana crua, em última analise depois de 2, 3 anos, é um fator de correção da compactação ou de redução do risco de compactação", termina. O PESQUISADOR DO CTC (CENTRO DE TECNOLOGIA CANAVIEIRA), CÉLIO MANECHINI: CANAVIEIRA), “Acho importante que os fornecedores tenham em mente que o futuro nos reserva a cana crua. Então, é importante que eles conheçam o sistema, para quando for plantar, fazer da maneira correta, para não precisar correr riscos desnecessários, pois hoje é uma tecnologia totalmente dominada. Eles precisam procurar ajuda da associação, do CTC – ao qual a associação está associada – e dos outros órgãos de pesquisa no sentido de começar certo. Se for implantar o sistema de colheita mecanizada, já implante com o equipamento correto, com treinamento dos operadores e motoristas para evitar que o dano aconteça”. Revista Canavieiros - Agosto de 2007
  • 34. Safra de Grãos Safra de grãos sobe para 131,15 milhões de toneladas O recorde da produção brasileira de grãos está mantido, de acordo com o 11º levantamento da safra 2006/07. A pesquisa, divulgada recentemente pela Conab, eleva o resultado para 131,15 milhões de toneladas, 7% acima do registrado no ciclo anterior (122,53 milhões de toneladas) e 0,5% maior que o do mês passado (130,51 milhões de tonaledas). “O crescimento se deve à correção da área plantada e ao ajuste de produtividade”, destaca o diretor de Logística da estatal, Sílvio Porto. Em relação à safra anterior, o aumento mais significativo é do milho total, com 19,1% (de 42,5 para 50,6 milhões de toneladas), soja, com 6,2% (55,0 para 34 Revista Canavieiros - Agosto de 2007 58,4 milhões de toneladas) e algodãocaroço, com 41,7% (de 1,7 para 2,4 milhões de tonaladas). Houve, no entanto, redução no arroz de 3,3% (de 11,7 para 11,3 milhões de toneladas) por causa da diminuição da área na época do plantio, conseqüência do baixo preço do produto no mercado. A colheita da maioria das culturas está praticamente concluída em todo o país. Plantio – Levando em conta as lavouras do período passado, a área plantada encolheu 3,6% (de 47,9 para 46,2 milhões de hectares). A maior redução está na soja, com 9,1% de área a menos (de 22,7 para 20,7 milhões de hectares). Em contrapartida, a lavoura do milho segunda safra cresceu 36,2% (de 3,3 para 4,5 milhões de hectares). O estudo traz ainda a terceira estimativa da produção de trigo para o ciclo 2007/08. A cultura registra um crescimento de 71,2% em relação à safra atual, saindo de 2,2 para 3,8 milhões de toneladas. O aumento é reflexo da retomada de área e da recuperação da produtividade. Os novos números foram apurados por 53 técnicos da Conab, no período de 23 a 27 de julho, junto a representantes de cooperativas, órgãos públicos e privados, agentes financeiros e produtores de todo o país. Fonte: Conab
  • 35. Destaque Revista Canavieiros presente no Simtec 2007 Da redação Estande da Revista Canavieiros recebeu visita de produtores de cana, autoridades e pesquisadores A Revista Canavieiros participou, pela primeira vez, do SIMTEC 2007 (Simpósio Internacional e Mostra de Tecnologia da Agroindústria Sucroalcooleira), que aconteceu no Engenho Central, Piracicaba - SP, entre os dias 17 e 20 de julho. O Estande da Canavieiros recebeu a visita de produtores de cana, autoridades, pesquisadores do setor sucroalcooleiro e expositores interessados em anunciar nas páginas da Revista. A quinta edição do Simtec superou em três vezes a expectativa de negócios, que era de R$ 350 milhões. Segundo José de Jesus Vaz, coordenador geral do Simtec, a larga superação das previsões de negócios reflete o desenvolvimento dos empresários do setor sucroalcooleiro que, neste ano, visitaram a feira realmente com propósitos de investimentos. "Nos anos anteriores, houve muita pesquisa, especulação de negócios, mas ainda existia receio de instabilidade do setor. Este ano, os visitantes vieram realmente para fechar negócios e adquirir novas tecnologias", explicou. (diretor científico da Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Elba Bom (Projeto Bioetanol), Masanobu Aizawa, Fabiana Rodrigues (Banco Sumitomo) entre outros. O governador José Serra abriu o evento Simtec como difusor de tecnologia, tornando-se definitivamente uma referência para negócios e aprimoramento tanto no Brasil como no exterior. Durante o Simtec, foram realizados paralelamente três simpósios: Simbio (Simpósio de Biotecnologia em Etanol e Biodiesel), Simcoger (Simpósio sobre Co-geração de Energia) e Simantec (Simpósio sobre Manutenção e Tecnologias Industriais), promovendo palestras nos períodos da manhã e tarde, totalizando 35 palestras, que somaram mais de sete mil expectadores. Para José Coral, presidente da Cooperativa dos Plantadores de Cana de Piracicaba e vice-presidente da Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil), os efeitos positivos do Simtec, Outro aspecto positivo apontado por Vaz foi à definição da vocação do O evento foi aberto pelo governador José A feira é realizada as margens do Serra, autoriRio Piracicaba dades federais, estaduais e municipais. Passaram pelo evento especialistas como Marcos Junk (pesquisador e atual presidente da Unica); Humberto Brandi (diretor de Metrologia Científica e Industrial do Inmetro), Carlos Henrique de Brito Cruz Estande da Revista Canavieiros no Simtec 2007 como propagador de tecnologia, já são sentidos no campo, na medida em que o foco é a produtividade e a eficiência. "O desenvolvimento do setor como um todo beneficia o plantador", disse. Ele lembrou também a importância do posicionamento do governador José Serra em afirmar que o governo do estado vai apoiar os pequenos produtores na adequação com vistas ao fim da queimada de cana para a colheita. Revista Canavieiros - Agosto de 2007 35
  • 36. Biblioteca “GENERAL ÁLVARO TAVARES CARMO” "AGRONEGÓCIO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UMA AGENDA PARA LIDERANÇA MUNDIAL NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E BIOENERGIA" Marcos Fava Neves Cultura Cultivando a Língua Portuguesa Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer algumas dúvidas a respeito do português 1) Maria recebeu “DE GRÁTIS” o convite para ir ao show. Segundo a expressão caseira “presente de grego”, Maria não irá ao show com esse convite junto com o erro de Português... GRÁTIS - pode ser substituído por gratuitamente. (não usar o DE com a expressão GRÁTIS) Ex.: Recebi grátis (gratuitamente) o ingresso. Consegui o exemplar do livro grátis (gratuitamente). GRATUITO - deve ser usado com o verbo ser ou com substantivo. Ex.: O estabelecimento é (verbo ser) gratuito. A palestra (substantivo) é gratuita. O livro "Agronegócios e Desenvolvimento Sustentável: uma agenda para liderança mundial na produção de alimentos e bioenergia", é um trabalho recente, organizado pelo coordenador do Pensa-RP (Centro de Conhecimento do Agronegócio da Universidade de São Paulo) Prof. Marcos Fava Neves. Na obra, oito pesquisadores levantam questões pertinentes sobre o setor agrícola no Brasil e formas de manter a liderança brasileira no setor sem deixar de lado o desenvolvimento sustentável. Junto a Fava Neves, os autores Luciano Thomé e Castro, Vinícius Gustavo Trombin, Marco Antonio Conejero, Frederico Fonseca Lopes, Evaristo Marzabal Neves, Matheus Alberto Cônsoli, Everton Molina Campos, Marina Aluisio Caldeira e Letícia Serra Tavares também debatem sobre o contexto nacional e internacional na produção de alimentos, fibras e bioenergia, além de discutir novas tecnologias, produtos orgânicos e análise financeira de projetos. A obra está dividida em vários capítulos que tratam, de modo didático, questões do agronegócio ligadas às áreas econômica, política, tecnológica, sociocultural e estratégica. Além disto, traz uma detalhada explicação sobre o modelo PINS (Programa Integrado de Negócios Sustentáveis). Um dos capítulos da obra é dedicado especialmente à questão do Vale São Francisco, que também é tema de um polêmico projeto de transposição elaborado pelo governo federal. Este estudo está alinhado à missão do Pensa, que é a de estudar os Sistemas Agroindustriais (SAG), particularmente as relações de coordenação dos agentes envolvidos na produção, processamento e distribuição de produtos originados na agricultura e pecuária. Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros podem procurar a Biblioteca da Canaoeste, na Rua Augusto Zanini, nº1461 Revista Canavieiros - telefone (16)394636 em Sertãozinho, ou pelo Agosto de 2007 3300 - Ramal 2016 Na frase acima, o correto é: Maria recebeu grátis(gratuitamente) o convite para ir ao show. OBS.: A grafia e pronúncia GRATUÍTO está errada, assim como está errada DE GRÁTIS. O correto é pronunciar e escrever GRATUITO (o U é tônico, pronúncia “forte” e não tem acento) 2) Qual é a pronúncia correta da palavra “IMPREGNA”???? Veja, prezado amigo leitor, esta palavra tem a letra G pronunciada “fracamente”, portanto a pronúncia correta é impregna (a tônica, a “força” na pronúncia é no pre). 3) Pedro disse: - ENTRE EU e ELA há um grande amor!!! Existe o lado poético da declaração de amor junto com o erro do Português.... Prezado amigo leitor, ENTRE é preposição, portanto o correto é entre mim e ela. Sem entrar na regra gramatical, jamais poderíamos dizer: A regra gramatical é esta; não depende de eu. Esse DE é preposição, como entre. Não pode usar o eu. Se o pronome for sujeito de uma oração a situação é diferente. Veja os exemplos: Há uma grande diferença entre eu querer (eu –sujeito do verbo querer) ou não a vaga naquele concurso. Há uma grande diferença entre eu querer mudar a regra gramatical e eu poder mudar a Gramática. PARA VOCÊ PENSAR: Ah! Os Relógios - Mário Quintana Amigos, não consultem os relógios quando um dia eu me for de vossas vidas em seus fúteis problemas tão perdidas que até parecem mais uns necrológios... Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida - a verdadeira em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira. Inteira, sim, porque essa vida eterna somente por si mesma é dividida: não cabe, a cada qual, uma porção. E os Anjos entreolham-se espantados quando alguém - ao voltar a si da vida acaso lhes indaga que horas são... RENATA CARONE SBORGIA Advogada e Prof.ª de Português e Inglês Mestra—USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, Consultora de Português, MBA em Direito e Gestão Educacional, Escreveu a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras) com Miriam M. Grisolia