Este documento descreve as principais informações sobre doenças relacionadas ao amianto (asbesto). Ele discute os tipos de amianto, suas características e usos, ocupações de risco de exposição, doenças como asbestose e câncer, além de métodos de diagnóstico.
2. Fibra de origem mineral
que por processo natural
de recristalização
transforma-se em material
fibroso.
Asbestos são um grupo de
silicatos fibrosos que inclui
crocidolita, crisotilo,
antofilita, tremolita e
amosita.
(www.cprm.gov.br)
Amianto ou Asbesto
3. Compõe-se de silicatos hidratados de
magnésio, ferro, cálcio e sódio e se divide
em dois grandes grupos: serpentinas
(crisotila) e anfibólios.
Amianto ou Asbesto
5. Amianto ou Asbesto
Anfibólios: o amianto anfibólio possui fibra dura, reta e
pontiaguda e se propaga facilmente no ar (crocidolita,
amosita,antofilita); tem potencial de carcinogenicidade
maior que a crisotila.
Crisotila: atualmente é o tipo mais minerado, também
conhecido como asbesto ou amianto branco, apresenta
uma estrutura fibrosa, flexível, fina e sedosa (90%
produção e consumo mundial).
Em geral, na natureza, encontram-se misturas com os
diversos tipos de fibra e predominância de um ou outro.
6. Amianto ou Asbesto
Rejeito com fibra predominantemente de Amianto Crisotila, Mina de São Félix do
Amianto, Bom Jesus da Serra, Bahia.
7. Alta resistência mecânica - freio
Bom isolante térmico e acústico – isolamento térmico
de casas e equipamentos industriais
Incombustibilidade – fabricação de roupas para
bombeiros, luvas térmicas
Durabilidade e flexibilidade
Resistência a corrosão por ácidos e álcalis – indústria
química;
Boa capacidade de filtragem e de isolação elétrica
Afinidade com outros materiais para comporem
matrizes estáveis (cimento, resinas e ligantes plásticos);
Capacidade de ser fiada e tecida
Amianto ou Asbesto- Características
8. Ocupações de Risco
Trabalhadores em mineração e transformação de
asbesto
Fabricação de produtos de cimento-amianto, materiais
de fricção, tecidos incombustíveis com asbesto, juntas e
gaxetas, papéis e papelões especiais
Consumo de produtos contendo asbesto
O risco ocorre em toda a cadeia produtiva; desde a
mineração, transporte, fabricação de produtos, na
construção civil, até o descarte do material, em
reformas, em domicílio, no uso do dia a dia.
15. Principais atividades e utilidades do
amianto
Papéis, papelões e placas: isolantes térmicos,
juntas e vedações
Mantas isolantes térmicas
Papelões de amianto
18. Cadeia produtiva do amianto Crisotila
“A cadeia produtiva brasileira do amianto crisotila tem início na
extração e beneficiamento do minério pela SAMA S.A.
Minerações Associadas, em Minaçu (GO). Inclui o transporte
rodoviário do minério ensacado até os portos brasileiros (para
exportação) e até as fábricas brasileiras, que utilizam as fibras
minerais, em quase sua totalidade, na produção de fibrocimento
(uma mistura de cimento, fibra, celulose reciclada e água) para a
fabricação de telhas e caixas d´água. A cadeia do amianto
crisotila engloba ainda o transporte de produtos até os pontos de
vendas e sua comercialização. São 170 mil trabalhadores
envolvidos em toda a sua extensão.” (IBC)
19. Programa setorial de qualidade de crisotila (sistema de gestão
desenvolvido pelo IBC para normatizar as atividades de extração,
beneficiamento , transporte e transformação da crisotila)
20. Exploração econômica e população
potencialmente exposta na Bahia
Extrativa (Bom Jesus da Serra) - primeira mina de asbesto-
crisotila do Brasil, de 1940 a 1967; atualmente persiste
exposição ambiental da população da região.
Indústria de fibrocimento: fábrica Eternit em Simões Filho
Comercialização e uso na construção civil: as telhas de
fibrocimento ainda são largamente utilizadas, em áreas
urbanas e rurais; as caixas d’água vêm sendo
progressivamente substituídas por materiais sintéticos.
Plantas industriais; indústria química e de cloro-soda.
Oficinas mecânicas
23. Asbestose
Eminentemente ocupacional – Só existe a possibilidade de
adoecimento quando relacionada ao trabalho, pois a quantidade de
exposição necessária para causar pneumoconiose é grande e não
existe outras atividades fora do trabalho que exponha o indivíduo a
quantidade necessária para causar asbestose.
Relação dose-efeito – o indivíduo precisa estar exposto a uma
determinada quantidade do asbesto para desenvolver a doença
Período de latência - para desenvolver fibrose precisa ter uma
exposição de pelo menos 10 anos.
24. Os sintomas são mais precoces que em outras pneumoconioses:
dispnéia que pode evoluir, mesmo em repouso, e tosse seca. Os
sintomas podem aparecer antes mesmo dos achados na
radiografia, entretanto já pode apresentar alterações na tomografia.
Doença de caráter progressivo e irreversível, pode se manifestar
anos após cessada a exposição.
20% podem ser assintomáticos. O indivíduo tem a doença e não
apresenta os sintomas.
Asbestose
28. Asbestose
Características no Exame físico
Crepitações nas bases pulmonares
Baqueteamento digital
Alterações funcionais (espirometria – não serve para
diagnóstico e sim para avaliar função pulmonar)
Pequenas opacidades irregulares predominando nos
campos inferiores.
29. Asbestose – Métodos de Diagnóstico
História ocupacional de exposição a poeiras com fibras de
asbesto
História clínica com sintomatologia respiratória variável – grande
maioria apresenta sintoma de dispnéia
Radiografia simples de tórax interpretada de acordo com os
critérios da OIT, presença de infiltrados reticulares nas bases
Tomografia computadorizada de alta resolução - há casos em
que o paciente pode ter sintomatologia e não ter achados. É
uma outra forma para avaliar as placas pleurais .
30. Radiografia de Tórax
D.F.C. 64 anos, fem, fiandeira. Lesões intersticiais nas bases
pulmonares
RXOIT/80 – 2/1 s/t; 19 anos de exposição ao amianto
(Arquivo Hermano Albuquerque de Castro)
infiltrado
infiltrado
31. Radiografia de Tórax
A.R.O. 56 anos, fem, tecelã. Placa pleural e lesões intersticiais
RXOIT/80 – 2/2 s/t. 17 anos de exposição ao amianto
(Arquivo Hermano Albuquerque de Castro)
Placa
Pleural
33. Asbestose -Tomografia Computadorizada
de Tórax Alta Resolução - TCAR
Visualiza mais o parênquima pulmonar
A TCAR é superior à radiologia convencional
na detecção de lesões pulmonares causadas
pela exposição ao asbesto.
Permite ainda melhor avaliação pleural
No caso de grande comprometimento pleural,
permite visualização do parênquima pulmonar.
35. Outros Exames Complementares
Espirometria - Avaliação da
capacidade respiratória, não fecha
diagnóstico, é mais usada para
monitoramento
Broncoscopia – Obtenção de
fragmentos para biopsia .
Na asbestose, os fragmentos devem
ser maiores para uma boa biopsia.
36. Provas funcionais - espirometria
Indispensáveis na investigação e no
estabelecimento de incapacidade em
pacientes com pneumoconioses,
mas não têm aplicação no
diagnóstico.
37. Quais as indicações da
espirometria na asbestose?
Avaliação de trabalhadores sintomáticos
respiratórios
Avaliação de disfunção e de incapacidade
respiratória
Seguimento longitudinal de trabalhadores
expostos a poeiras com asbesto/amianto
38. Biópsia pulmonar
Método de exceção!
Indicada para pacientes com alteração radiológica compatível e com:
• história ocupacional não característica ou ausente
• história de exposição a poeiras ou outros agentes desconhecidos
• tempo de exposição insuficiente para causar as alterações observadas
• aspecto radiológico discordante do tipo de exposição referida
39. Em casos de disputas judiciais, após discordância
entre, pelo menos, dois leitores devidamente
familiarizados/credenciados para interpretação
radiológica da Classificação Internacional de
Radiografias de Pneumoconioses da OIT. Nestes
casos, recomenda-se a realização de TCAR
(tomografia), também interpretada por profissional
experiente no método, antes da definição da biópsia
pulmonar.
Biópsia pulmonar
40. Enfisema pulmonar
Pneumonia intersticial
Colagenoses – doença auto imune; engloba uma série
de doenças (Lúpus Eritematoso Sistêmico, Artrite
Reumatoide etc)
Linfangite carcinomatosa – quando o câncer invade o
pulmão de uma forma difusa
É necessário que o médico investigue o histórico
ocupacional do paciente. Isso pode ser fundamental
para se fazer o diagnóstico diferencial
Asbestose – Diagnóstico Diferencial
42. Fibrose da pleura parietal
e/ou visceral, consequente
à exposição a poeiras com
fibras de asbesto.
.
Alterações Pleurais
Doença Pleural causada Asbesto
43. Alterações Pleurais
As alterações pleurais relacionadas ao
asbesto podem se apresentar como:
espessamentos pleurais - placas
pleurais: circunscritos, localizadas
com ou sem calcificações
espessamento pleural difuso –
processo difuso envolvendo seio
costofrênico com ou sem
calcificações
derrame pleural - presença de líquido
na pleura
atelectasia redonda - forma de
colapso pulmonar associado a
espessamento pleural simulando
tumor
44. Alterações Pleurais - PLACAS PLEURAIS
São as alterações mais prevalentes, geralmente assintomáticas – não levam
a alteração funcional. A sintomatologia só aparece quando o
comprometimento é difuso, o que implica na alteração da ventilação do
pulmão.
Dose-resposta é fraca – para que o paciente desenvolva as placas pleurais
não é necessário muito tempo de exposição .
Período de latência de 15 a 20 anos
Comprometem a pleura parietal (a pleura que recobre a caixa torácica)
Podem sofrer calcificação e são localizadas principalmente no diafragma e
na porção posterior.
Não há evidência de transformação para Mesotelioma
46. A doença pleural pelo asbesto pode ser
confundida com outras alterações da pleura como:
Gordura subpleural, as sombras musculares e fraturas de costela.
Sequela de tuberculose pleural, cirurgia, trauma torácico ou reação
a drogas.
Tuberculose pleural e derrames neoplásicos (diagnóstico
diferencial do derrame pleural)
Enfatizamos a importância de conhecer o histórico ocupacional
do paciente.
A tomografia é importante para tirar dúvidas
48. Doença Pleural pelo Asbesto -
Características
Espessamentos pleurais
circunscritos ou placas
pleurais são áreas focais
de fibrose irregular,
praticamente
desprovidas de vasos e
células, assim como de
sinais de reação
inflamatória.
Surgem primariamente
na pleura parietal, sendo
mais frequentemente
visualizadas nas regiões
póstero laterais da
parede torácica e
também nas regiões
diafragmática e
mediastinal.
49. Doença pleural pelo asbesto
Métodos de diagnóstico
História ocupacional de exposição a poeiras
com fibras de asbesto
História clínica: as placas costumam ser
assintomáticas
Espessamento pleural difuso, quando
moderado ou extenso pode cursar com
sintoma de dispnéia aos esforços
50. Doença Pleural pelo Asbesto
Métodos de Diagnóstico
O derrame pleural (presença de líquido na pleura)
pode ser assintomático ou apresentar sintomas de dor
torácica, febre, dispnéia aos esforços.
História ocupacional
Radiografia simples de tórax interpretada de acordo com
os critérios da OIT 2000
Tomografia computadorizada de alta resolução
51. Amianto X Câncer de Pulmão
O surgimento do câncer pode ocorrer após
mais de 30 anos terminada a exposição.
A IARC classifica o asbesto como classe 1
(carcinogênico reconhecido).
Não existem “Limites de Tolerância”
seguros para substâncias cancerígenas
Pode ser causado por todos os tipos de
asbesto
52. Amianto X Câncer de Pulmão
Efeito sinérgico – o tabagismo e o
amianto quando associados
potencializam o efeito carcinogênico,
aumentando o risco para o trabalhador
desenvolver câncer.
Tipos histológicos – não existe um tipo
predominante.
O quadro clínico não difere do câncer não
ocupacional
53. Mesotelioma Maligno – Tumor da
pleura, pericárdio e peritônio
Alta taxa de mortalidade
Não é dose dependente - o paciente pode
desenvolver a doença mesmo com pouco
tempo de exposição
Período de latência de 30 a 40 anos
Associação mais forte com anfibólios
Pode ocorrer com exposição indireta
Sobrevida menor que 20% ao fim de 12 meses
54. Asbesto – período de latência
Tipo de Doença Período de Latência
Lesões pleurais benignas 15-20 anos
Asbestose > 10 anos
Câncer de pulmão > 30 anos
Mesoteliomas 30 a 40 anos
55. Cuidados no manuseio e descarte de
materiais contendo amianto
http://www.google.com.br/url?
sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&docid=rLy6n16j1bGcMM&tbnid=rhJdPvJRBycHWM:&ved=0
CAQQjB0&url=http%3A%2F%2Fwww.blogdaresenhageral.com.br%2Ftag%2Fbom-jesus-da-serra
%2F&ei=cNT1U7_wIKXgsATqtILYCg&psig=AFQjCNFc7POG2mxO3kEHLTFU0RG24sDfJg&ust=1408705834573581
Não foi há limite seguro de
exposição a substância
carcinogênica!!!
56. Cartaz para auxílio na
mobilização,
informação e busca
ativa de casos pelo
serviços de saúde e
entidades sindicais
57.
58.
59.
60. LEGISLAÇÃO - Proibição
Todos os países da Comunidade Européia já baniram o uso do amianto.
Na América do Sul o uso do amianto é proibido na Argentina, no Chile e
no Uruguai.
No Brasil, a Lei Federal Nº 9.055, de 1º de julho de 1995, e seu Decreto nº
2.350/1997, dispõem sobre a mineração, industrialização, transporte e
comercialização do amianto e dos produtos que o contém. E determina
que as empresas que utilizam amianto enviem, periodicamente, ao SUS
o resultado dos exames de saúde dos trabalhadores expostos.
No Brasil, os estados do Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro e
São Paulo, e alguns municípios, proibiram a industrialização e a
comercialização de todos os tipos de amianto, inclusive a crisolita.
Há anos tramita no Supremo Tribunal Federal projeto para o banimento do
amianto em todo o território brasileiro; projeto similar também está há
anos aguardando aprovação na Assembléia Legislativa do Estado da
Bahia.
61. Banimento e possíveis substitutos do
Asbestos no Brasil
Silicato de cálcio
Fibra de Carbono
Fibra de Celulose
Fibra de Cerâmica
Fibra de Vidro
Fibra de Aço
Wallastonite
Aramida
Polietileno
Polipropileno
Politetrafluoretileno
Em 2005, os Ministérios da Saúde,
do Meio Ambiente, da Previdência
Social e do Trabalho e Emprego,
posicionaram-se pelo banimento do
uso do amianto no Brasil,
recomendando a desativação da
única mina ainda em operação no
Brasil, em Minaçu (GO), e
substituição progressiva por outros
materiais.
BRASIL, 2005. Relatório Final da
Comissão Interministerial do Amianto.
62. Amianto na Bahia - Perspectivas
Identificar a população potencialmente exposta e as atividades
produtivas com exposição a amianto nos territórios em cada região de
saúde.
Organizar os processos de vigilância epidemiológica, com busca ativa de
casos, investigação dos óbitos e notificação de casos no SINAN e SIM.
Organizar a rede de atenção, articulando VISAU, Atenção Básica e rede
especializada em cada território onde há exposição.
Intensificar a capacitação e educação permanente para as equipes de
Saúde da Família, da rede especializada, dos CEREST e das Vigilâncias
em Saúde
Desenvolver ações de vigilância nos ambientes de trabalho e processos
de trabalho.
63. Impacto na estruturação das redes locais e regionais de saúde.
Necessário manter apoio, investimentos em infraestrutura, diálogo
entre técnicos e gestores e assessoria técnica por parte do
Estado e municípios.
Investimentos na ampliação e fortalecimento da capacidade do
SUS para prestar atenção integral à saúde nesses municípios, com
ênfase nas especificidades regionais e na aplicação dos
dispositivos de identificação das pneumopatias e cânceres
relacionados ao amianto.
Amianto na Bahia - Perspectivas
64. Dificuldades no processo de
VISAT de populações expostas
ao amianto
Resistências por parte dos gestores municipais e da
própria população, considerando papel das empresas no
desenvolvimento local.
As pressões implícitas ou explícitas das empresas, com
recusa de assumir suas responsabilidades em relação à
saúde dos trabalhadores.
Desinformação da população quanto ao papel do SUS e
das secretarias de saúde.
A invisibilidade e a naturalização da situação de
exposição e do risco. O desconhecimento do risco e dos
impactos à saúde.
(NOBRE e cols., 2012)
65. O que a experiência tem nos apontado
Produção e implementação de metodologias de
acompanhamento dos indicadores de impacto à saúde
Inclusão de avaliação adequada do impacto à saúde humana (e
dos trabalhadores) nos processos de licenciamento ambiental
Introdução de avaliação da situação de saúde e potenciais
impactos na avaliação ambiental estratégica
Criação de mecanismos de incentivo a práticas sustentáveis
(NOBRE e cols., 2012)
66. Considerar os impactos à saúde em toda a cadeia produtiva e avaliar
todo o ciclo de produção e consumo
Avaliação adequada da relação custo-benefício incluindo os
impactos à saúde e meio ambiente, de curto e longo prazo
Implementação dos processos de recuperação ambiental
Reparação aos danos à saúde humana (e dos trabalhadores) nos
casos de passivos ambientais já instalados
Fortalecimento dos mecanismos e instâncias de participação e
controle social
Implementação das políticas transetoriais
(NOBRE e cols., 2012)