1) O treino de jovens jogadores deve ter objetivos diferenciados dos profissionais e focar-se no desenvolvimento individual de cada jogador.
2) A Periodização Táctica pode ser aplicada nos escalões de formação, mas cada treinador deve adaptá-la às suas ideias e à realidade dos jogadores.
3) É importante clarificar conceitos como o treino da táctica versus o treino táctico para promover a aprendizagem dos jogadores de forma integrada.
Futebol de Formação: Um abismo metodológico… O “treino da táctica” e o “treino táctico”… o “ensinar” e o “ajudar a aprender” o jogo!
1. O treino de jovens jogadores deverá ser mais que uma simples cópia dos programas de
aplicados os objectivos que
treino aplicados a jogadores profissionais, os objectivos terão que ser obviamente
diferenciados. Assim surge em muitos textos a questão: será a Periodização Táctica aplicável
escalões
aos escalões de formação? Neste artigo não pretendemos dar esta resposta pois ela só poderá
das no entanto,
ser dada por cada treinador em função das suas ideias, valores e crenças. Parece, no entanto,
resposta!
importante clarificar alguns conceitos / ideias que poderão influênciar nesta resposta!
Actualmente:
2012/13 - Treinador na
NOTA INTRODUTÓRIA
Academia de futebol de
As concepções de futebol e de treino são tão variadas quanto o número de treinadores e
formação do Al Nasr Sc
– Dubai (EAU) jogadores que existem. Na minha opinião, nenhuma é certa ou errada, simplesmente, podem ser
bem ou mal aplicadas ao contexto em que se inserem.
Independentemente da liberdade individual para conceptualizar o jogo e o treino existem
uma serie de mitos e preconceitos que persistem no futebol e que urge continuar a clarificar e
Formação:
Formação: analisar. As teorias nunca são definitivas servem apenas para explicar uma temática até que uma
resposta melhor apareça, e é com este objectivo que me lanço neste pequeno texto de opinião.
Mestre em Ciências do
Desporto – Esp. em JDC A imensidão de termos do “futebolês” cria alguma confusão e leva a que muitas
pela UTAD perspectivas sejam imcompreendidas, mal interpretadas e, pior ainda, mal aplicadas. Por vezes,
cria-se um verdadeiro “abismo metodológico” entre o que se pretende na formulação teórica e o
que se faz efectivamente. Este não pretende ser um artigo repleto de termos técnicos e teorias
Licenciado em Ed. Física complicadas, até porque no fundo o futebol é um jogo simples, e só sente necessidade de o
e Desporto – Opção complicar quem quer enconder as suas dúvidas, erros e incapacidades.
Futebol pela UTAD
Na caminhada até ao futebol profissional o jovem jogador passa por uma série de testes e
dificuldades. Será importante que os clubes e os treinadores, em especial, não sejam mais uma
pedra no caminho… O treinador será tanto melhor quanto mais ajudar o jovem na sua formação,
Treinador de futebol mas até mais decisivo do que isso será, na verdade, não ser um obstáculo ao seu desenvolvimento.
“UEFA B” pela FPF Formar é diferente de Formatar!
2. permite-
Uma rápida pesquisa “online” permite-nos rapidamente encontrar uma grande quantidade de
planos de formação, planos de desenvolvimento, etapas de aprendizagem, entre outros
documentos que se referem ao futebol jovem e ao processo de formação de jogadores de alto nível.
“trigo
Assim sendo a questão fundamental é: como separar o “trigo do joio”? É certo que todo este
dimensão
processo encerra em si uma natural dimensão social e cultural. Existem por isso mesmo uma série
de “escolas” de formação, a formação de futebolistas estará sempre associada às
experiências de sucesso e fracasso de cada clube, país, etc…
“As crianças de 10 anos são iguais em qualquer parte do mundo”, ouvi recentemente dizer acerca da aplicação
de um novo programa de treino num clube… Permito-me a discordar totalmente desta afirmação uma vez que existem
uma serie de condicionantes envolventes ao meio social e desportivo do jovem que fazem com que tudo seja diferente…
A abstração destes factores envovolventes é impossivel de ser feita pois, simplesmente ninguem nasce a querer ser
futebolista, este desejo é um processo que se desenvolve em osmose com a sociedade e com o interesse que lhe vai
sendo despertado pelos que o rodeiam, ninguém sente falta de algo que não conhece….
A necessidade de programas especificos adaptados a cada realidade é absolutamente fundamental, a cópia de
modelos formativos de sucesso de “outros mundos” resulta normalmente em tentativas frustrantes que terminam, na
sua maioria, em fracasso.
Independentemente da existência de condicionantes próprias é possivel generalizar algumas reflexões acerca da
aplicação metodológica no processo de aprendizagem em futebol.
O TREINO DA TÁCTICA vs. O TREINO TÁCTICO
A táctica entendida como uma organização estrutural e dinâmica dos jogadores durante um jogo de futebol tem
o seu treino, muitas vezes, associado a situações esteriotipadas de movimentos individuais, sectoriais e colectivos que
resultam, em última instância, na construção de uma circulação táctica ou situação estratégica do jogo.
3. TÁCTICA
PERIODIZAÇÃO TÁCTICA é um conceito erradamente associado a
treino de complexidade nociva para os jovens., castradora do seu
desenvolvimento técnico e da sua liberdade criativa.
A verdadeira essência desta metodologia relaciona-se com a simples
relaciona-
pensamento
capacidade de PENSAR, sem pensamento não há real desafio e sem
desafio a evolução está limitada.
Treinar este tipo de táctica é, regularmente, considerado um erro para as etapas primárias do processo de formação dos
jogadores. Apesar disto, a insistência no uso do futebol de 11 desde os escalões mais baixos leva aque isto aconteça com alguma
frequência e seja encorajado pois tenta-se aproximar o jogo das crianças ao jogo dos adultos. Nestes casos é, quase impossivel,
combater a cópia de modelos de organização esteriotipados pois o apelo por modelos de sucesso superiores é, quase sempre,
demasiado atractivo para se resistir. Neste contexto a táctica é trabalhada como uma simples parte da construção
de um sistema táctico, organização de jogo ou especialização posicional não havendo uma forte
conexão com objectivos de formação / evolução do jogador.
O Treino da Táctica acelera a obtenção de resultados e melhora a organização de jogo
mas assim aplicado, principalmente nos escalões mais baixos, este é um substituto indesejado
para os conteúdos essênciais do treino. É com base neste tipo de ideia que existe alguma resistência
à introdução da Periodização Táctica nos escalões de base do futebol .
As experiências anteriores levam muitos a associar esta metodologia
a um treino exaustivo de tácticas complexas, a situações fixas e/ou
condicionadas, a rigidez de movimentações, falta de criatividade e
espontaneidade.
São preocupações legítimas pois a observação de vários treinos de equipas de topo do
futebol profissional levam a conceber o trabalho táctico como como um treino mais parado
com tarefas pré-definidas e missões muito especificas e como a tentação da cópia deste modelos,
é sempre apelativa para alguns, este fenómeno poderá ser limitador para a evolução do jogador.
Dados estes factos urge clarificar algumas das dúvidas que a “táctica” causa em vários
treinadores e formadores. O que é afinal um treino táctico de acordo com os principios base
da Periodização Táctica?
4. ao
A redução dos exercícios ao dominío de uma única dimensão do jogo (qualquer que seja) ou a
tentativa de somar aprendizagens desfasadas e desintegradas da realidade do jogo, não são
príncipios reconheciveis da periodização táctica.
Um bom treino táctico não deixa de ter objectivos e aprendizagens técnicas, físicas e psicológicas,
muito integrá- Cada
muito pelo contrário, tenta integrá-las. Cada exercicio tem um impacto específico
deve
perfeitamente assimilavel pelo jovem que não deve ser visto como
informação…
apenas um receptor de informação…
Na verdade o tradicional “treino da táctica”, já exposto anteriormente, em muito pouco se assemelha com a ideia
de um “treino táctico”. Este tipo de treino assenta essencialmente num pressuposto fundamental: A capacidade de
pensar o jogo, de actuar sobre tomadas de decisão específicas da modalidade e, mais concretamente, do “nosso
futebol”… Sem esta vertente na realidade podemos estar a treinar uma serie de habilidades ou skills mas não estamos a
treinar futebol e sim uma qualquer outra coisa!
A concepção de um treino orientado em função de objectivos tácticos traz motivação, criatividade, desafio e
competitividade. Não serão estes ingredientes fundamentais no treino de jovens? Até porque treinar é muito mais que
fazer exercicios, treinar é desafiar os seus limites e conhecimentos!
A capacidade de associar dimensões do jogo em exercicios simples que promovam não só a aprendizagem parcial
de “partes do jogo” mas sim que o façam de uma forma integrada não desfasada da natureza fundamental do jogo é
uma competência essêncial que separa os treinadores melhores dos treinadores menos preparados. Isto claro se ele
pretender utilizar o treino táctico como uma ferramenta de formação de jogadores de futebol.
Se acreditamos que o futebol é um jogo em que a correcta tomada de decisão é tanto, ou até mais, decisiva que o
simples domínio de gestos técnicos, capacidades e skills motores então quando será que devemos introduzir esta
vertente na planificação do treino?
Um bom treino táctico nem precisa de estar, obrigatoriamente, conectado a um sitema tactico, a uma
combinação táctica complexa ou a um modelo de jogo (nomeadamente nos escalões mais baixos). O fundamental é
respeitar um príncipio de jogo, uma referência que sirva para noertear as acções individuais e/ou colectivas dos
jogadores, no fundo colocar os jogadores numa situação em que tenham que fazer escolhas/opções respeitando a
essência do futebol que pretendemos “criar e desenvolver” em conjunto com os nossos jogadores.
5. Reconheço que nem todos os treinadores estão devidamente
preparados para um tipo de treino com a complexidade inerente ao
sepa
controlo de várias dimensões do jogo. Por vezes a separação das
dimensões facilita trabalho entanto, estes
dimensões facilita o trabalho do treinador, no entanto, estes exercicios
estimulantes
são claramente menos estimulantes para o jogador. Mas afinal quem
disse que ser BOM TREINADOR era tarefa fácil?
Táctica
Deve ser entendida não apenas como uma
sim
organização formal ou estrutural mas sim
como a linguagem futebolistica comum
entre jogadores e treinadores (equipa)
Jogo
Príncipios de Jogo
Linhas orientadoras de jogo que podem ser
colectivos
individuais, colectivos elementares ou
complexos.
complexos. Objectivos fundamentais do
treino.
Integração das demais Ajustar a complexidade Coerência e Inteligência
dimensões do jogo ao nível dos jogadores na aplicação do treino
• Nunca neglicenciar as dimensões Técnica, Física, Psicológica, Social, Lúdica… Todas elas são importantes no treino de jovens, a
ideia será moldá-las sob “coordenação” de um príncipio de jogo e necessariamente dentro de um contexto estimulante e
moldá- “coordenação”
pedagógico (o exercio de treino).
• Ter um plano para integração progressiva de contéudo e objectivos não queimando etapas de formação e potenciando ao máximo
o desenvolvimento de cada jogador a curto, médio e, sobretudo, longo prazo. Da mesma forma que a complexidade excessiva
desenvolvimento complexidade excessiva
dificulta a aprendizagem a falta dela cria desmotivação e estagnação.
• Seguir uma linha clara de desenvolvimento individual e colectivo dos jogadores e equipa, estimulando o individual num ambiente
jogadores
colectivo.
de conforto e suporte colectivo. A coerência na aplicação de exercicios de treino com objectivos complementares e evolutivos terá
efeitos na facilitação da aprendizagem do jogador. A inteligência com que o treino é construido/ reconstruído/ adaptado/ anulado
se necessário, é a diferença fundamental entre treinar bem e menos bem, nem sempre o que é bom no papel resulta no campo…
6. Factores como alternância da atenção a diferentes estimulos e o desenvolvimento da capacidade de
diferentes
antecipação constituem-se como aspectos fundamentais para a correcta tomada de decisão, o que
constituem- correc
actividades estas
pressupõe que actividades com estas exigências comportamentais sejam obrigatórias no processo
de ensino-aprendizagem e treino.
ensino aprendizagem
nsino-
Admitindo o uso de exercicios descontextualizados e com formas separadas, estes devem ser
numa percentagem reduzida do tempo total de treino e sempre como um
conteúdos.
complemento para introduzir ou reforçar conteúdos. O núcleo
central do treino tem que desenvolver o intelecto
tem
colocando-o a funcionar…
colocando-
Atendendo ao facto da componente táctica do treino estar intimamente conectada com a compreensão e
interpretação do jogo será importante dar seguimento ao exposto anteriormente fazendo uma reflexão acerca dos processos de
ensino-aprendizagem do jogo.
O ENSINAR vs. O AJUDAR A APRENDER
Neste aspecto específico é importante perceber que uma das funções primárias do treinador de futebol será promover
a autonomia e auto-regulação de jogadores e equipas. A busca de soluções não pode estar dependente das indicações
permanentes do treinador pois no futebol actual a velocidade de decisão e execução faz toda a diferença, nomeadamente, se
pretendemos chegar a um alto nivel desportivo.
7. Uma equipa capaz de autonomamente se adaptar às condicionantes,
capaz de reagir a adversidades do jogo e, acima de tudo, capacidade de
“pensantes”, criativos
potenciar jogadores “pensantes”, criativos e inovadores terão sempre
que ser objectivos do processo de treino. De facto, este é um processo
complexo e nem sempre com os resultados esperados mas como mas como
(positiva
poderemos nós, treinadores, influênciar (positiva ou negativamente)
processo?
este processo?
Há uma frequente confusão entre o ensino do jogo de futebol e o ensino de técnicas individuais ou skills motores,
não que estas não sejam absolutamente determinantes, no entanto, o jogo de futebol vai muito além do simples dominio da
técnica. O “ensinar” mostra-se muitas vezes como uma obsessão por parte de vários treinadores, até pela falta de capacidade
de quem dirige para perceber a diferença entre uma estratégia didáctica bem ou mal aplicada, como uma forma de “mostrar
serviço” ou retirar proveitos desportivos ou sociais.
Nada impossibilita que uma boa transmissão de conhecimentos e experiências não resulte em casos de sucesso, no
entanto, tenho quase sempre uma enorme dificuldade em aceitar que alguém me aborde e diga “isto é assim que se faz”…
Mais uma vez estamos (tal como referi logo no inicio deste texto) a negligenciar a individualidade e a capacidade de cada
jovem jogador e a tentar formata-lo de acordo com a nossa experiência e conhecimento (ou falta dele)!
Posso estar tremendamente errado mas será que verdadeiramente algum treinador “ensina” um jovem talento a fazer
um passe ou um remate… e estou neste caso especifíco a referir-me a jovens que demonstram desde logo terem um potencial
futebolistico superior aos restantes. Se assim é, porque será que os clubes investem cada vez mais na descoberta de talentos,
cada vez mais jovens e mais precoces? Os clubes procuram aqueles que já são capazes de executar estes gestos, muitos deles
por auto-aprendizagem, observação, tentativa-erro, reflexão e finalmente adaptação às suas capacidades e potencialidades.
Não quero colocar em causa a importância do trabalho do treinador, pois estaria a colocar em causa a minha própria
posição, este é absolutamente fundamental no desenvolvimento do jogador. Este papel é tanto mais relevante quanto mais
baixo é o escalão do jogador, pois a mensagem do treinador é nestes casos mais aceite e mais seguida pelos jovens, algo que se
vai perdendo com o passar dos anos, pela maturação e pela personalidade construída de cada um. Assim nestas etapas o
fundamental é não criar vícios, não especializar erradamente, não criar obstáculos para o futuro… Por alguma razão todos
reclamam o “futebol de rua” como essêncial e algo que infelizmente faz cada vez mais falta.
8. variedad
edade
A cada vez mais abundante quantidade e variedade de informação a que os jovens têm acesso leva
diz.
a que estes não aceitem o que lhes é dito pela simples autoridade de quem o diz. A resposta terá
prática, associada
que ser dada pela prática, pela experimentação de factores de sucesso associada à coerência de
atitudes
príncipios, atitudes e feedbacks do treinador.
Dar respostas ajuda no rendimento imediato mas dar pistas influêncía na busca de soluções a
médio e longo prazo. As respostas são muito mais duradouras quando são vivênciadas
prazo. As
fome
e obtidas pelo próprio. Dar um peixe matará a fome por um dia mas ensinar
vida,
a pescar matará a fome para a vida, mesmo que custe um pouco
mais…
mais… No fundo, uma DESCOBERTA GUIADA!
Genericamente os métodos indiretos de ensino-aprendizagem pela descoberta assentam na ideia de que se aprende
melhor quando o aluno está ativo durante o processo de ensino. Este descobre factos, relações e novos conceitos a partir da
sua experiência e conhecimento prévio. A descoberta encoraja os jogadores a colocar questões, formular hipóteses e realizar
experiências. Os proponentes desta metodologia de ensino acreditam que os alunos terão mais facilidade em recordar
aprendizagens realizadas desta forma do que através de modelos de ensino directo, é de realçar, no entanto, que a adopção
deste método de ensino obriga à participação activa do jogador no próprio processo de aprendizagem. Assim sendo o
treinador deve:
• Adequar o volume de conteúdos às capacidades dos jogadores;
• Estruturar os conteúdos de modo a facilitar a sua interiorização;
• Trabalhar os conteúdos em espiral, ou seja, devem ser trabalhados periodicamente com cada vez mais
profundidade, para que os alunos modifiquem continuamente as representações mentais que vão
construindo.
É importante ter a noção de que a aprendizagem por descoberta pura não funciona, cria o caos e a anarquia, a
aprendizagem é feita pela descoberta mas uma descoberta guiada sendo este o melhor método de promoção de aprendizagens
em ambientes construtivistas. O desafio de ensinar por descoberta guiada é saber quanto e que tipo de orientação dar e
disponibilizar e ainda saber qual ou quais os resultados desejados. A orientação por parte do treinador é necessária para
manter o foco da atenção nas competências a adquirir. Na aprendizagem pela descoberta guiada ganham importância a
orientação, a estrutura e os objetivos a atingir.
9. dirigir tomadas
Construir e dirigir exercicios que permitam tomadas de decisão
diferenciadas,
diferenciadas, evitar o facilitismo tornando os exercicios em “desafios”
para os jogadores, responder a perguntas com mais perguntas, parar o
treino e colocar o jogador a analisar e avaliar as suas opões no
momento,
momento, exigir sempre mais mas ser compreensivo com a falha, dar
pistas para solução de problemas e criar condicionantes indutoras nos
exercicios são algumas das estratégias que podemos e devemos utilizar!
Acredito que o jogador de mais alto nivel é aquele que consegue em situação de jogo, no meio das 3 opções que toda
a gente identifica, escolher a opção número 4 e fazer com que ela resulte melhor que todas as outras…. Será que o jovem irá
desenvolver esta capacidade se tiver o treinador constantemente a tentar “ensinar-lhe” a fazer “isto aqui” e “aquilo ali”…
Criar o ambiente potenciador (exercicio especifico), dar instruções e objectivos, reforçar os principios de jogo
inerentes ao exercicio, abrir um espaço para tentativa-erro, ir dando algumas ideias que possam ajudar na resolução dos
problemas levantados, promover a discussão entre os jogadores acerca de estratégias para superar dificuldades, dar hipoteses
(opções) de jogo se necessário e apenas em último caso, na eventualidade de nada resultar, dar as nossas soluções para
resolução de um determinado problema/situação de jogo.
A questão que se coloca agora é mas se os jogadores devem decidir por si, onde está o poder
do treinador? Parece-me claro que é importante que o jogador (fundamentalmente com bola) possa
decidir em função do seu proprio entendimento do jogo mas isto não invalida que o treinador o possa
“moldar” e subconscientemente o induza a tomar um certo tipo de opções. Por que motivo os
exercicios devem ser realizados em função de principios de jogo e devem ter uma iminente
compreensão e contexto táctico?
Se é verdade que o contexto social influêncía a construção do Homem, também é verdade
que o contexto treino influêncía a construção do Jogador. No fundo é colocar o jogador na direcção
certa, dar as indicações certas mas deixar que seja ele a descobrir o caminho que mais lhe agrada e
benefícia, o treinador tem a obrigação de não o deixar passar para o lado errado da estrada!
10. O importante é haver um correcto doseamento entre o que é liberdade de escolha (dentro dos
principios de jogo definidos) e o que é a resolução esteriotipada de situações de jogo que tambem
fundamentais
são fundamentais para um modelo de jogo pois reduzem o tempo de tomada de decisão e
aumentam a “velocidade do jogo”. O que não deve acontecer é existir uma única solução para
cada situação, e se ela não está disponivel, que faço eu agora?!
A necessidade é a maior das motivações para a aprendizagem, o treinador tem que ser
maior
inteligente
astuto e inteligente o suficiente para que os seus jogadores busquem soluções
para novos problemas num ambiente lúdico e motivador.
QUERER É (o primeiro passo para) PODER!
CONCLUSÕES
Este texto é uma simples reflexão pessoal, baseada na minha vivência e experiências de treino, serve apenas para
tentar mostrar que o treino táctico é muito mais profundo que a construção de “jogadas ensaiadas” e disposição estrutural de
jogadores no terreno de jogo. O treino táctico relaciona-se com a análise, reflexão e compreensão do jogo de futebol, tem a ver
com uma linguagem comum a jogadores e treinadores que possibilita a coordenação de todos na busca de um mesmo
objectivo com a integração do individual dentro de um colectivo.
Assim visto o jogo, esta análise tem que obrigatoriamente saltar para a aprendizagem do mesmo. Sim, aprendizagem,
e não ensino, pois o foco deve estar sempre no jogador e na sua actuação enquanto elemento fundamental do futebol.
A relação treinador-jogador não se pode basear num processo de transmissão-recepção mas, sim, num processo de
experimentação-assimilação. Cabe ao treinador preparar o “terreno”, criar as condições óptimas de experimentação e orientar
o jogador no sentido de ele vivenciar os problemas, as dúvidas e consequentemente encontrar as respostas desejadas. O
treinador tem o papel fundamental de “ajudar a aprender”, tirar dúvidas, colocar questões, reforçar estimulos, no fundo
indicar o caminho certo… a longa e dificil caminhada até ao destino o treinador não pode fazer, essa só mesmo o jogador
pode, mas quem lá chega vai, com certeza, bem preparado…
está
Muito mais haveria a dizer mas como de teorias milagrosas está o mundo repleto
o importante é a coerência no trabalho diário até porque no futebol não existem
mentiras, resultados…
verdades ou mentiras, apenas bons ou maus resultados…
de louco a génio é um passo!!!