3. Quando "oiei" a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de "prantação“
Por farta d'água, perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta d'água, perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Quando o verde dos teus "óio“
Se "espaiar" na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
5. 1-Como o cenário do sertão é descrito na música?
2-Qual o tema tratado na música?
3- Poderíamos afirmar que o conteúdo expresso pelo compositor em
décadas passadas se faz “novo” nos dias atuais? Justifique.
4-Na sua opinião, qual o grau de escolaridade do eu-lírico? Explique.
5-Qual sua possível profissão?
8. Cada um de nós, quando nasce, começa a
aprender a língua em casa, com os familiares. Ao
ouvir as pessoas falando, nós também vamos, aos
poucos, apropriando-nos do vocabulário e das
leis combinatórias da língua.
Também treinamos nossa boca e nossas cordas
vocais para produzirem sons, que se
transformam em palavras, em frases e em textos
inteiros.
10. Regional
Conforme a
região do falante, o uso da
língua varia, pois este tem
vocabulário e pronúncia
próprios de sua região. O que
não significa dizer que região
X
fala “melhor” ou mais “bonito”
do que região Y. Quem assim
pensa comete preconceito
linguístico.
Exemplo: Um falante
nordestino, ao chegar
numa feira livre no Rio de
Janeiro, diz ao vendedor:
-Quero um quilo de
macaxeira.
E o vendedor responde:
-Caramba, não tenho. Tenho
mandioca, serve?
O falante nordestino examina
o produto e diz: - Vou
levar, é a mesma coisa!
11. É comum as pessoas de
diferentes épocas
utilizarem um vocabulário
diferente, e, na maioria das
vezes, também escreverem
de modo diferenciado
devido às variações da
língua no tempo, as quais
atingem a faixa etária dos
falantes. Um exemplo vivo
para nós é a reforma
ortográfica, a qual muda o
jeito de escrever algumas
palavras.
Exemplo:
Num consultório entram o avô (65
anos) e o neto (10 anos). O avô
olha para o médico e fala:
-Doutor, quero que o senhor me
receite um remédio para meu
neto que está com difruço.
O médico, meio que aturdido, porém
compreende a fala do senhor e
começa a prescrever a
medicação. Eis que o neto
interrompe:
-Vovô, eu não tenho essa doença aí
não, tenho apenas um leve
resfriado.
12. Pessoas que têm maior
acesso a leituras
variadas, escolas,
filmes, internet etc
apresentam uma
variedade da língua,
digamos, mais próxima
do falar exigido pela
sociedade letrada. Não
se trata de mais pobres
ou menos pobres, trata-
se apenas das
oportunidades de
leitura desses falantes.
Exemplo: Conversa entre três jovens
de diferentes classes sociais
Jovem da classe alta: - Li ontem vários artigos
sobre variação linguística na biblioteca virtual
e tive aulas com meu pai.
Jovem da classe média: -Foi mesmo, cara? Eu
tenho internet, livros, Tv a cabo, mas não li
nada. Convidei um antigo colega para ir lá em
casa, ele também utilizou minhas mídias e fez
essa leitura que você aí fala.
Jovem da classe baixa: - O convidado fui eu! Não
tenho esses recursos, apenas as xérox das
aulas, por isso aproveitei a oportunidade
dada pelo colega, a fim de também me sentir
incluído e li tudo que pude. Resultado: Hoje
entendo as variações e sei me defender diante
do preconceito linguístico!
13. O nível de instrução do
falante também faz com
que a língua sofra
variações. Isso quer dizer
que falantes com maior
escolarização tendem a
usar a língua de modo
mais formal que os
falantes de menor
escolaridade. Fato que,
em muitos casos, provoca
o surgimento do
preconceito linguístico.
Exemplo: Conversa entre um agricultor
(analfabeto) e um metereologista:
Agricultor:- Sinhô, hoje chove de todo jeito!
Metereologista: -Não, as previsões só
anunciam chuvas para o final do mês.
Agricultor: -Num concordo, não sinhô e até
pruque o mei miô, o mei findô e hoje já é
15. Assim, tá no miado e vai chuver.
Metereologista: - Mas e as previsões? O
senhor não entende de nada, nem falar
sabe...
Agricultor: - Me disculpe, falá bunito como o
sinhô eu possa num sabê, mas se o sinhô
tem istudo num parece pruque num sabe
nem arrespeitar or mai véi. E se eu num
sei falá como dixe, como é que eu tenho 65
ano e nunca deixei de falá com o povo
daqui e nunca errei um paipite de chuva?!
14. Conforme a situação
comunicativa em que se
encontra o falante, ele
faz a língua variar. Isso
quer dizer que, em
ambientes mais formais,
a opção pelo uso formal
da língua é mais
conveniente. Já com os
familiares e colegas, o
uso da informalidade é
mais usual. O
interessante é saber
fazer essas trocas.
Exemplo: A mãe com o filho, em casa, e
na escola, na qualidade de sua
educadora.
Maria (mãe): -Filho, vá estudar variação
linguística. A avaliação é hoje, te dou
uma bola se tirar 80. Não vai me
envergonhar, hein?
José (filho): - Mamãe, eu já sei que a língua
varia conforme a região, o tempo, o grau
de instrução e um bocado de coisas
mais. Me dê, mamãe, a bola.
Maria (na escola): - José, estude variação
linguística que a avaliação será hoje e eu
darei à turma um livro a quem tirar 80.
José (na escola)- Professora, sei de todas
as variações, inclusive como banir o
preconceito linguístico existente na
nossa sociedade. E agora, mereço o 80 e
o livro?!
15. Língua oral e língua
escrita
A língua oral,
(falada) também é
diferente da língua escrita.
Assim, quando escrevemos,
temos condições de
escrever bem as palavras,
de corrigir o texto e
melhorá-lo até transmitir
exatamente o que
desejamos. Na fala isso não
é possível, ela
normalmente apresenta
repetições, quebras de
sequência lógica,
problemas de
concordância e várias
expressões de apoio, como né?, tá?,
entendem?, etc.
Em outras palavras, poderíamos resumir que a
escrita é planejada, enquanto a fala não, é
espontânea. Aquilo que
escrevemos podemos rever, revisar, ao passo
que aquilo que falamos, não temos mais como
voltar atrás. Nesse caso, sendo uma ofensa ao
outro, somente um pedido de desculpa poderá
“sanar”o dito. Aproveitem essa aula e, a partir
de agora, não menosprezem seus colegas
se estes falarem arrastado, com gírias, ou
mesmo se usarem palavras desconhecidas
para vocês. Saibam que todo falante nativo
conhece muito bem a sua língua materna.
16. Formal: também
chamada de culta ou
padrão. Ao falarmos em
público ou ao
conversarmos com pessoas
mais instruídas do que nós,
ou ainda com pessoas que
ocupam cargo ou posição
elevada, passamos a
empregar a língua formal,
isto é, falamos de modo
mais cuidadoso. Evitamos
tanto as gírias e expressões
grosseiras quanto aquelas
que demonstrem muita
intimidade (caramba,
fofinha, bicho etc). (1)
A língua culta ou padrão é veiculada
nos dicionários, nas gramáticas, nos
textos literários, técnico-científicos e
jornalísticos e nas redações oficiais do
país.
Informal: ao contrário, se a conversa
for com pessoas conhecidas, com as
quais temos intimidade ou mesmo
familiaridade, podemos falar de modo
informal, mais popular e menos
policiado, pois nosso interlocutor não se
chocará com a nossa linguagem.
17. Gíria e jargão: são os
códigos linguísticos
próprios de um grupo
sociocultural com
vocabulário especial,
incompreensível para
quem dele não fizer parte.
Os médicos usam uma
linguagem típica da
medicina, por exemplo,
para explicar um
procedimento cirúrgico
(jargão); já os surfistas
empregam gírias entre
eles.
Calão (ou baixo calão): é uma
realização linguística caracterizada
pelo uso de termos baixos, grosseiros
ou obscenos, que, dependendo do
contexto, muitas vezes chocam pela
falta de decoro e desvalorizam
socialmente aqueles que os empregam.
Vale ressaltar que, no ato comunicativo,
o falante deverá primar por ser bem
compreendido linguisticamente, suas
escolhas deverão estar adequadas à
situação comunicativa vivenciada por
ele, bem como a seu interlocutor
imediato.
18. Vocês lembram de gírias antigas?
Deem alguns exemplos de gírias
usadas na nossa região.
21. Ninguém deve menosprezar os usos da língua
escolhidos pelo falante. Este, por sua vez,
deve fazer uso adequado dela, para evitar
situações de incompreensões e para
participar ativamente da sociedade da qual
faz parte, por exemplo:
23. Quando se afirma que alguém não sabe falar
corretamente porque não utiliza a variedade de
maior prestígio social, ou seja, a culta, ou mesmo
quando não se aceita uma diferença na pronúncia
e no léxico de uma pessoa, comete-se o
preconceito linguístico. Ele também se mascara
em afirmações como: “o certo é falar assim,
porque se escreve assim”; “brasileiro não sabe
português”; “nordestino fala tudo
errado“ ;“pessoas sem instrução falam tudo
errado” etc.