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Mitos Indígenas em Macunaíma,
de Mário de Andrade
Por Rômulo Viana*
*acadêmico de Letras/UFOPA e fotógrafo amador. www.poematisando.blogspot.com
,

 Em apenas seis dias ininterruptos Mário de Andrade deu o sopro de vida a uma

das obras basilares do nosso Modernismo: a rapsódia Macunaíma, o herói sem
nenhum caráter.
 No fundo do mato-virgem a índia tapanhumas pariu um menino feio: era preto,
retinto, filho do medo da noite. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.
Irmão de Maanape – já velhinho – e de Jiguê – ainda na força do homem – o herói
da nossa gente (aquele que traz em si a representatividade do nosso caráter)
vivência uma verdadeira saga, junto com os dois irmãos, a fim de recuperar a
muiraquitã que Ci, Mãe do Mato (aqui Rainha as Icamiabas) havia lhe dado e que
ele a perdera no terrível enfrentamento com a Boiúna Capei. Um mariscador ao
encontrar a muiraquitã nas entranhas de um tracajá a vende para um regatão
peruano chamado Venceslau Pietro Pietra – O gigante Piaimã. Ao saberem disso
os irmãos partem para São Paulo – cidade do gigante. Só que agora o nosso herói
deixava o pretume da cor, a feiura da feição. Era um lindo branco, loiro e de olhos
azuis graças ao poder encantado das águas em que se banhara. E por
encantamentos e feitiços Macunaíma faz de tudo para reaver o presente da
Icamiaba até conseguir matar Piaimã num caldeirão. Voltando para a Amazônia o
herói da nossa gente sente-se triste e solitário pela morte dos irmãos tornados
sombras leprosas, e pelo judiamento sofrido pela Uiara. Com isso, Macunaíma
desiste da vida e sobe aos céus compondo a constelação da Ursa Maior.
Macunaíma
 Entidade divina [...]. A tradução da Bíblia para

o idioama caraíba divulgou Macunaíma como
sinônimo de Deus. Com o passar do tempo [...]
Macunaíma foi tornando-se herói [...]. Tornouse um misto de astúcia, maldade instintiva e
natural, de alegria zombeteira e feliz.
(CASCUDO, 2001:347);
 Macunaíma brincou com a Mãe do Mato.
Vieram então muitas jandaias [...] saudar
Macunaíma, o novo Imperador do MatoVirgem (ANDRADE, 2008:32)
A Muiraquitã
 Objeto feito de jade, que se teria encontrado as

proximidades de Óbidos, e nas praias, entre a
foz do rio Nhamundá e a do Tapajós [...]. O
muiraquitã teria sido presente que as amazonas
davam aos homens como lembrança de sua
visita anual. (CASCUDO, 2001:400);
 Terminada a função a companheira de
Macunaíma (Ci), toda enfeitada, tirou do colar
uma muiraquitã famosa, deu-a pro companheiro
e subiu pro ceú por um cipó (ANDRADE,
2008:35)
Ci, as Mães e Ceuci (Ceuici): a Mãe
do Jurupari
 Ci: o indígena não concebe nada do que existe sem

mãe [...] a mãe é sempre necessária para que haja
vida. Por força disso tudo, mãe é a Ci.
(CASCUDO, 2001:139);
 Ceuci: mãe do Jurupari. (Ibid.:127);
 Então para animá-lo Ci [...] buscava no mato a
folhagem de fogo da urtiga e sapecava [...] no chuí
do herói e na nalachítchi dela. Macunaíma ficava
um lião querendo. (ANDRADE, 2008:33)
 O gigante estava aí com a companheira, uma
caapora velha sempre cachimbando (Ibid.:58)
Mitos aquáticos: Boiúna Capei,
Uiara (Iara).
 Boiúna: Mboi, cobra, una, preta, o mais popular

dos mitos amazônicos. Cobra-Encantada; CobraGrande; Cobra-Mandada; Cobra-Maria; CobraNorato (CASCUDO, 2001:74 );
 Uiara (Iara): Conhecida por mãe-d’água a sereia
europeia, alva, loura, meio peixe, cantando para
atrair o namorado...(Ibid.:348);
 -Si... si... a boboiúna aparecesse eu... eu matava
ela![...] ele só fez um afastadinho com o corpo... e
juque! decepou a cabeça da bicha.
Referências
 ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem

nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008.
 CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore
brasileiro. 11. ed. São Paulo: Global, 2001.
 FRITZEN,
Vanessa. Mitos indígenas em
Macunaíma de Mário de Andrade.
 A Amazônia e o Imaginário das Águas: Marilina C.
Oliveira Bessa Serra Pinto.


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Mitos indígenas em Macunaíma de Mário de Andrade

  • 1. Mitos Indígenas em Macunaíma, de Mário de Andrade Por Rômulo Viana* *acadêmico de Letras/UFOPA e fotógrafo amador. www.poematisando.blogspot.com
  • 2. ,  Em apenas seis dias ininterruptos Mário de Andrade deu o sopro de vida a uma das obras basilares do nosso Modernismo: a rapsódia Macunaíma, o herói sem nenhum caráter.  No fundo do mato-virgem a índia tapanhumas pariu um menino feio: era preto, retinto, filho do medo da noite. Essa criança é que chamaram de Macunaíma. Irmão de Maanape – já velhinho – e de Jiguê – ainda na força do homem – o herói da nossa gente (aquele que traz em si a representatividade do nosso caráter) vivência uma verdadeira saga, junto com os dois irmãos, a fim de recuperar a muiraquitã que Ci, Mãe do Mato (aqui Rainha as Icamiabas) havia lhe dado e que ele a perdera no terrível enfrentamento com a Boiúna Capei. Um mariscador ao encontrar a muiraquitã nas entranhas de um tracajá a vende para um regatão peruano chamado Venceslau Pietro Pietra – O gigante Piaimã. Ao saberem disso os irmãos partem para São Paulo – cidade do gigante. Só que agora o nosso herói deixava o pretume da cor, a feiura da feição. Era um lindo branco, loiro e de olhos azuis graças ao poder encantado das águas em que se banhara. E por encantamentos e feitiços Macunaíma faz de tudo para reaver o presente da Icamiaba até conseguir matar Piaimã num caldeirão. Voltando para a Amazônia o herói da nossa gente sente-se triste e solitário pela morte dos irmãos tornados sombras leprosas, e pelo judiamento sofrido pela Uiara. Com isso, Macunaíma desiste da vida e sobe aos céus compondo a constelação da Ursa Maior.
  • 3. Macunaíma  Entidade divina [...]. A tradução da Bíblia para o idioama caraíba divulgou Macunaíma como sinônimo de Deus. Com o passar do tempo [...] Macunaíma foi tornando-se herói [...]. Tornouse um misto de astúcia, maldade instintiva e natural, de alegria zombeteira e feliz. (CASCUDO, 2001:347);  Macunaíma brincou com a Mãe do Mato. Vieram então muitas jandaias [...] saudar Macunaíma, o novo Imperador do MatoVirgem (ANDRADE, 2008:32)
  • 4. A Muiraquitã  Objeto feito de jade, que se teria encontrado as proximidades de Óbidos, e nas praias, entre a foz do rio Nhamundá e a do Tapajós [...]. O muiraquitã teria sido presente que as amazonas davam aos homens como lembrança de sua visita anual. (CASCUDO, 2001:400);  Terminada a função a companheira de Macunaíma (Ci), toda enfeitada, tirou do colar uma muiraquitã famosa, deu-a pro companheiro e subiu pro ceú por um cipó (ANDRADE, 2008:35)
  • 5. Ci, as Mães e Ceuci (Ceuici): a Mãe do Jurupari  Ci: o indígena não concebe nada do que existe sem mãe [...] a mãe é sempre necessária para que haja vida. Por força disso tudo, mãe é a Ci. (CASCUDO, 2001:139);  Ceuci: mãe do Jurupari. (Ibid.:127);  Então para animá-lo Ci [...] buscava no mato a folhagem de fogo da urtiga e sapecava [...] no chuí do herói e na nalachítchi dela. Macunaíma ficava um lião querendo. (ANDRADE, 2008:33)  O gigante estava aí com a companheira, uma caapora velha sempre cachimbando (Ibid.:58)
  • 6. Mitos aquáticos: Boiúna Capei, Uiara (Iara).  Boiúna: Mboi, cobra, una, preta, o mais popular dos mitos amazônicos. Cobra-Encantada; CobraGrande; Cobra-Mandada; Cobra-Maria; CobraNorato (CASCUDO, 2001:74 );  Uiara (Iara): Conhecida por mãe-d’água a sereia europeia, alva, loura, meio peixe, cantando para atrair o namorado...(Ibid.:348);  -Si... si... a boboiúna aparecesse eu... eu matava ela![...] ele só fez um afastadinho com o corpo... e juque! decepou a cabeça da bicha.
  • 7.
  • 8. Referências  ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008.  CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. 11. ed. São Paulo: Global, 2001.  FRITZEN, Vanessa. Mitos indígenas em Macunaíma de Mário de Andrade.  A Amazônia e o Imaginário das Águas: Marilina C. Oliveira Bessa Serra Pinto. 