1. MÓDULO VIII
OS ALIMENTOS CONCENTRADOS – ENERGÉTICOS E PROTÉICOS
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO................................................................................................................1
SUMÁRIO.............................................................................................................................2
CAPÍTULO 1 – CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS.................................................3
1.1. ALIMENTOS VOLUMOSOS...................................................................................3
1.2. ALIMENTOS CONCENTRADOS...........................................................................4
1.2.1. Concentrados Energéticos...................................................................................4
1.2.2. Concentrados Protéicos........................................................................................5
CAPÍTULO 2 – CARACTERÍSTICAS E RESTRIÇÕES DOS ALIMENTOS
USADOS NA NUTRIÇÃO DOS RUMINANTES..............................................................7
2.1. GRÃOS DE CEREAIS E SUBPRODUTOS............................................................7
2.1.1 – Milho grão - Zea mays........................................................................................7
2.1.2 – Milho desintegrado com palha e sabugo (MDPS)...........................................9
2.1.3 – Glúten de milho 21...........................................................................................10
2.1.4 – Glúten de milho 60...........................................................................................12
2.1.5 – Milho quirera....................................................................................................13
2.1.6 – Milheto Grão – Pennisetum typhoides............................................................13
2.1.6 – Sorgo Grão – Sorghum vulgare.......................................................................14
2.1.7 – Arroz Farelo integral –Oriza sativa.................................................................16
2.1.7 – Arroz Farelo desengordurado..........................................................................18
2.1.7 – Aveia semente com casca – Avena sativa.........................................................19
2.1.7 – Trigo Farelo –Triticum aestivum....................................................................19
2.2. GRÃOS DE OLEAGINOSAS E SUBPRODUTOS..............................................21
2.2.1 – Soja grão – Glicine max..................................................................................21
2.2.2 – Soja grão desativada – Glicine max................................................................22
2.2.3 – Farelo de soja...................................................................................................23
2.2.3 – Casca de soja (Casquinha de soja peletizada)..............................................24
2.2.3 – Algodão sementes (Caroço de algodão) – Gossypium spp............................26
2.2.4 – Farelo de algodão – Gossypium spp................................................................28
2.2.5 – Farelo de girassol – Helianthus annun..........................................................31
2.2.5 – Farelo de gergelim – Sesamum indicum........................................................32
2.2.5 – Torta de babaçu – Orbignya martiniana........................................................33
2.3. SUBPRODUTOS DA AGROINDÚSTRIA.............................................................33
2.3.1 – Polpa cítrica peletizada...................................................................................33
2.3.2 – Polpa úmida de cervejaria (Cevada).............................................................35
2.3.2 – Farinha de carne e ossos.................................................................................36
2.3.3 – Raspa ou Farelo de Mandioca (Manihot esculenta Crantz).........................38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS..............................................................................41
2. CAPÍTULO 1 – CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS
capítulo descreveremos a classificação dos Neste capítulo descreveremos a classificação dos alimentos utilizados na
alimentação dos ruminantes, bem como as características nutricionais de cada
ingrediente que irá compor uma dieta. Nele o aluno terá oportunidade de conhecer as
classes de cada grupo de alimentos, com suas características nutritivas gerais, como
valor nutritivo e limitações de uso.
1.1. ALIMENTOS VOLUMOSOS
São alimentos ricos em fibras, necessários para manter a atividade microbiana do
rúmen, apresentam mais de 50 % de FDN (Fibra em detergente neutro) ou 18 % de FB
( Fibra Bruta), geralmente são pobres em energia, quando comparados aos concentrados.
Neste grupo podemos incluir as pastagens, silagens, fenos e resíduos de agricultura e
indústrias. Na classificação internacional de alimentos recebem o número 1 (alimentos
secos), 2 (alimentos verdes) e 3 (silagens), como primeiro dígito do número de referencia.
Características nutricionais:
Apresentam um valor protéico muito variável, principalmente em função da idade da
planta (no caso das gramíneas tropicais). As leguminosas e gramíneas imaturas são mais
ricas em proteínas, enquanto que gramíneas maduras, as palhadas e a maioria dos
resíduos da agroindústria apresentam valores baixos deste nutriente;
Geralmente são baixos em energia, devido o alto teor de fibras e baixo em carboidratos
de reserva, quando comparado com os concentrados;
São ricos em Vitamina A, cálcio e micro minerais;
Geralmente são pobres em fósforo;
São importantes para manter o funcionamento do rúmen (ruminação). A população
microbiana do rúmen depende da fibra para sua sobrevivência;
3. A aceitabilidade pelos animais é variável, dependendo principalmente de sua
digestibilidade, alimentos mais digestíveis apresentam melhor consumo pelos animais,
enquanto que aqueles de baixo valor nutritivo e com baixa digestibilidade são menos
palatáveis;
Quanto maior o desempenho desejado, menor deverá ser a inclusão de volumosos na
dieta, devido a sua baixa concentração em nutrientes;
São necessários para dietas de vacas leiteiras, com objetivo de manter a produção de
acetato no rúmen e conseqüentemente o teor de gordura do leite;
1.2. ALIMENTOS CONCENTRADOS
São aqueles que apresentam menos de 50% de FDN ou 18 % de Fibra Bruta,
geralmente são ricos em energia (maior que 60 % de NDT). Na classificação internacional
de alimentos, recebem os números 4 (concentrado energético) e 5 (concentrado protéico),
como primeiro dígito de referência.
1.2.1. Concentrados Energéticos
Apresentam alta concentração de nutrientes, principalmente carboidratos de reserva e
gorduras. São alimentos ricos em energia por unidade de peso e com menos de 20 % de
proteína bruta. São representados pelos grãos de cereais e seus subprodutos, óleos e
gorduras de origem animal ou vegetal.
Características nutritivas
Apresentam baixo teor de fibras e são utilizados para compor as rações concentradas;
Geralmente apresentam boa aceitabilidade pelos animais;
O valor nutritivo é pouco variável dentro de um determinado alimento;
São ricos em fósforo e pobres em cálcio;
A qualidade da proteína é variável, mas geralmente baixa;
São pobres em proteína bruta, quanto comparados com os concentrados protéicos;
4. 1.2.2. Concentrados Protéicos
Apresentam altos teores de proteína bruta (maior que 20%), representados
principalmente pelos grãos de oleaginosas e seus subprodutos, subprodutos da indústria
animal e fontes de nitrogênio não protéico (NNP). O termo Equivalente Protéico refere-se
ao teor de nitrogênio multiplicado pelo fator 6.25 (N x 6.25 = PB).
Características nutritivas
Apresentam baixo teor de fibras e são misturados os energéticos, para compor as rações
concentradas;
Geralmente apresentam boa aceitabilidade pelos animais;
O valor nutritivo é pouco variável dentro de um determinado alimento;
São ricos em fósforo e pobres em cálcio;
A qualidade da proteína é variável, geralmente de média a alta
São médios a altos em energia;
Qualidade da proteína
Refere-se à quantidade e proporção dos aminoácidos que compões a proteína;
Os ruminantes sintetizam a maior parte dos aminoácidos essenciais, através dos
microorganismos simbióticos do rúmen;
A exigência em alimentos protéicos de melhor qualidade deve ser observada
principalmente quando alimentamos animais de alta produtividade;
A proteína sintetizada pelos microorganismos do rúmen é considerada de alto valor
biológico, por ser rica em aminoácidos essenciais;
Para uso de nitrogênio não protéico é de fundamental importância o fornecimento de
carboidratos solúveis e fontes de minerais como fósforo, enxofre e zinco;
O uso de fontes de NNP, como a uréia, deve ser feito apenas para os animais ruminantes
e dentro de normas e cuidados específicos.
5. CAPÍTULO 2 – CARACTERÍSTICAS E RESTRIÇÕES DOS ALIMENTOS
USADOS NA NUTRIÇÃO DOS RUMINANTES
Neste capítulo descreveremos as formas de uso, limitações e recomendações
práticas de cada alimento concentrado, utilizado na alimentação dos ruminantes. Nele
o aluno poderá identificar os alimentos mais utilizados em cada região e conhecer a
composição química e nutricional de cada alimento, de acordo com tabelas Brasileiras
de composição de alimentos.
6. 2.1. GRÃOS DE CEREAIS E SUBPRODUTOS
2.1.1 – Milho grão - Zea mays
É o principal alimento concentrado energético usado na alimentação dos animais. Não
apresenta restrição de uso e possui alta aceitabilidade pelos animais. Possui alta
disponibilidade no mercado e o preço é relativamente bom. Quando desejamos obter
maiores ganhos de peso em animais a pasto, a energia é o nutriente mais limitante e a
suplementação com milho garante o suprimento deste déficit. O Milho é rico em energia
(84% de NDT) e pobre em proteína (8.5% PB), triptofano, lisina, cálcio, riboflavina, niacina
e vitamina D, rico em pró-vitamina A (beta caroteno) e pigmentantes (xantofila). Pode
compor 100% do concentrado energético das rações concentradas. Na maioria dos casos,
recomendamos a moagem fina (quirera de milho) em peneira de 2 a 5 mm, sendo que em
dietas de alto grão, onde o concentrado representa mais de 60 % da dieta, pode-se aumentar
o tamanho da partícula. Na fabricação de misturas múltiplas, deve ser triturado fino, com
objetivo de melhorar a utilização pelos microorganismos do rúmen. O armazenamento
deverá ser feito com no máximo 14 % de umidade, para evitar o desenvolvimento de fungos.
A tabela 1 mostra a composição média do milho grão, de acordo com análises em
experimentos brasileiros.
Tabela 1. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO MILHO GRÃO.
Derivado(s) Selecionado(s)
MILHO GRÃO; MILHO HÍBRIDO 4624 GRÃOS; MILHO HÍBRIDO AGROCERES 1051 GRÃOS;
MILHO HÍBRIDO AGROCERES 5011 GRÃO; MILHO HÍBRIDO BRASKALB XL 380 GRÃO; MILHO
HÍBRIDO CARGILL C 435 GRÃO; MILHO HÍBRIDO EMBRAPA 206 GRÃO; MILHO HÍBRIDO
EMBRAPA HT-2X GRÃO; MILHO HÍBRIDO PIONEER 3071 GRÃO; MILHO HÍBRIDO ZENECA 8447
GRÃO; MILHO HÍBRIDO ZENECA 8501 GRÃO; MILHO FUBÁ; MILHO TRITURADO.
Nutriente Média n s
MS 87.64 494 3.34
MO 97.60 78 3.34
PB 9.11 690 1.06
NIDA/N 3.84 24 2.14
NIDN/N 9.53 8 2.97
EE 4.07 343 1.07
MM 1.55 260 0.78
FB 2.19 238 1.00
7. ENN 74.10 49 3.50
CHO 84.90 176 1.80
FDN 13.98 153 5.01
FDA 4.08 153 2.05
HEM 9.41 13 4.22
CEL 3.55 41 1.63
LIGNINA 1.16 51 0.60
NDT 87.24 24 3.71
DMS 90.78 14 2.14
DEE 100 1 -
DPB 69.23 6 3.51
EB 4.31 102 0.34
Ca 0.03 246 0.01
P 0.25 283 0.09
Mg 0.13 33 0.06
K 0.35 24 0.14
Na 0.03 27 0.01
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.1.2 – Milho desintegrado com palha e sabugo (MDPS)
É comumente conhecido como “Rolão de Milho”, espiga integral moída ou
simplesmente “Rolão”. Na espiga, 70% do peso é composto por grãos, 20 % por sabugo e
10 % de palha. O valor nutritivo do sabugo e da palha é muito baixo e o MDPS apresenta
aproximadamente 70 % do valor nutritivo do milho grão. O uso é conveniente apenas em
propriedades onde não temos disponibilidade de volumosos de boa qualidade e o custo é
menor que 70 % quando comparado com o milho grão. Para triturar a espiga inteira, requer
maior dificuldade no manejo, formação de poeira e maior gasto de energia. A tabela 2
mostra a composição média do MDPS, de acordo com análises em experimentos brasileiros.
Tabela 2. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO MILHO DESINTEGRADO COM
PALHA E SABUGO (MDPS).
Nutriente Média n s
MS 87.81 58 2.52
MO 96.90 9 4.09
PB 7.71 47 0.79
PIDA/MS 2.40 1 -
PIDN/MS 7.60 1 -
EE 2.69 20 0.86
MM 1.83 21 0.49
FB 9.75 12 1.56
ENN 72.88 6 4.84
8. CHO 87.74 12 1.47
FDN 31.80 4 0.54
FDA 14.37 12 2.49
HEM 16.54 1 -
CEL 12.83 2 0.18
LIGNINA 3.25 8 1.44
NDT 65.53 6 3.08
DMS 74.46 2 1.57
DEE 85.08 1 -
DPB 57.89 3 15.87
EB 4.19 9 0.42
Ca 0.04 20 0.02
P 0.21 33 0.08
Mg 0.10 9 0.03
K 0.34 9 0.12
Na 0.01 6 0.01
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.1.3 – Glúten de milho 21
É o subproduto da indústria de amido de milho para nutrição humana, restando parte
do gérmen, fibras da casca do grão e proteínas. No mercado brasileiro ele aparece como
marca comercial de Refinazil (produzido pela empresa Refinações de Milho Brasil ) e Promil
(produzido pela Cargill), ambos apresentam o mesmo valor nutritivo, é classificado como
concentrado protéico, apresenta 21 % de PB e 73 % de NDT, a fibra é de alta digestibilidade
para ruminantes e possui boa disponibilidade no mercado. Possui sabor ligeiramente amargo,
mas os animais adaptam com facilidade ao consumo. É rico em carotenóides e pigmentantes,
recomendamos fornecer até em 20 % do concentrado, porém bovinos de corte alimentados
em confinamento consumindo até 5 kg por dia, apresentam bons ganhos de peso. Em
misturas múltiplas, o uso do glúten proporciona bom resultado, devido o alto valor protéico,
o que reduz o uso de fontes de NNP como a uréia. As tabela 3 e 4 mostram a composição
média do Glúten 21, de acordo com análises em experimentos brasileiros.
9. Tabela 3. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO GLÚTEN DE MILHO 21
Nutriente Média n s
MS 88.50 6 2.24
PB 24.39 4 1.02
NIDA/N 3.91 3 2.77
NIDN/N 10.01 2 6.18
PIDA/MS 0.70 1 -
PIDN/MS 1.70 1 -
EE 3.19 6 1.64
MM 5.50 5 3.95
FB 9.26 2 3.70
CHO 66.22 3 0.84
FDN 39.53 4 1.57
FDA 10.01 6 2.47
CEL 10.03 1 -
LIGNINA 1.27 4 0.80
NDT 73.45 3 1.92
DMS 79.81 1 -
DEE 100 1 -
DPB 84.77 1 -
EB 3.81 1 -
Ca 0.04 2 0.01
P 0.49 3 0.29
Mg 0.04 1 -
K 1.49 1 -
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
10. Tabela 4. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO GLÚTEN DE MILHO REFINAZIL
Nutriente Média n s
MS 87.40 1 -
PB 23.45 2 3.46
EE 1.40 2 0.56
MM 7.36 2 0.91
FB 9.45 2 0.78
CHO 67.80 2 3.12
Ca 0.17 1 -
P 1.01 2 0.28
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.1.4 – Glúten de milho 60
.
Também conhecido como glutenose ou glúten 60, constitui a parte protéica do grão do
milho, ou seja, é o glúten 21 sem a casca do grão (fibra). Este produto é pouco utilizado
para ruminantes, em função do seu alto custo e baixa disponibilidade no mercado. É mais
usado em rações para monogástricos como fonte de proteínas e pigmentantes. Apresenta
alta quantidade de proteínas não degradáveis no rúmen (PNDR). A tabela 5 mostra a
composição média do Glúten 60, de acordo com análises em experimentos brasileiros.
Tabela 5. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO GLÚTEN DE MILHO 60
Derivado(s) Selecionado(s)
MILHO GLÚTEN; MILHO GLÚTEN FARINHA
Nutriente Média n s
MS 90.46 26 2.19
MO 97.64 4 2.09
PB 63.60 24 4.23
NIDA/N 3.35 2 0.10
NIDN/N 7.04 2 1.88
EE 2.35 18 1.83
MM 4.09 17 3.66
FB 3.32 8 3.49
ENN 22.39 3 2.17
CHO 32.02 6 2.51
FDN 5.72 6 1.81
FDA 4.59 7 2.12
CEL 5.49 2 3.39
LIGNINA 1.31 3 0.69
NDT 84.56 2 6.34
11. DMS 94.18 1 -
DEE 82.58 1 -
DPB 100.00 1 -
EB 5.64 2 0.11
Ca 0.06 8 0.03
P 0.50 13 0.19
Mg 0.13 1 -
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.1.5 – Milho quirera
É o subproduto do beneficiamento do milho grão, logo após a retirada das impurezas,
na operação de pré-limpeza. Quanto maior a proporção de grãos de milho quebrado, maior
a proximidade do valor nutritivo do milho. O armazenamento deve ser no máximo de 90
dias devido à maior área de exposição. Em confinamentos e dietas de alto grão pode ser
utilizada sem triturar. Sempre que possível deve-se fazer análise do lote, quando o material
não for padronizado. A tabela 6 mostra a composição média da Quirera de milho, de acordo
com análises em experimentos brasileiros.
Tabela 6. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA QUIRERA DE MILHO
Nutriente Média n s
MS 89.76 7 2.84
MO 98.40 1 -
PB 9.19 8 0.67
NIDA/N 4.20 1 -
NIDN/N 10.20 1 -
EE 4.74 4 0.88
MM 1.68 5 0.39
FB 3.79 4 0.06
ENN 71.07 2 0.01
CHO 84.58 2 1.48
FDN 22.91 4 3.81
FDA 4.97 6 1.75
LIGNINA 0.37 1 -
NDT 84.80 3 1.39
Ca 0.07 1 -
P 0.21 5 0.09
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.1.6 – Milheto Grão – Pennisetum typhoides
12. O milheto é uma gramínea muito utilizada em agricultura, como cultura de safrinha,
geralmente após a cultura da soja. O custo é cerca de 70 % do valor do milho e apresenta
boa disponibilidade no mercado. A produção é estacional e sua colheita ocorre nos meses de
maio e junho. É classificado como concentrado energético e substitui o milho nas
formulações de dietas. Para animais de baixo desempenho, pode ser utilizado como único
alimento energético, como acontece nas misturas múltiplas, porém quando desejamos
melhores índices produtivos, deverá substituir 25 a 50 % do milho. O milheto apresenta o
grão pequeno e duro, devendo ser triturado em peneira mais fina (2 mm). A tabela 7 mostra
a composição média do Milheto grão, de acordo com análises em experimentos brasileiros.
Tabela 7. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO MILHETO GRÃO
Pennisetum typhoides
Nutriente Média n s
MS 88.47 10 0.91
MO 94 1 -
PB 13.55 12 1.72
NIDN/N 24.38 1 -
EE 5.13 8 0.94
MM 2.51 8 1.47
FB 2.76 8 1.13
ENN 68.86 3 6.04
CHO 78.56 4 3.92
FDN 15.93 6 1.17
FDA 7.73 9 3.10
HEM 7.50 2 0.57
CEL 4.35 3 0.62
LIGNINA 1.96 3 0.43
NDT 76.37 1 -
EB 4.00 2 0.04
Ca 0.05 7 0.02
P 0.23 6 0.06
Mg 0.09 2 0.01
K 0.33 2 0.02
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.1.7 – Sorgo Grão – Sorghum vulgare
O sorgo possui composição semelhante ao milho, apresenta produção estacional e
geralmente é cultivado como cultura de safrinha, após o cultivo da soja. O custo é cerca de
70 a 80 % do valor do milho e praticamente não apresenta limitações de uso. Em dietas para
13. gado de corte e leite, pode compor até 100% do concentrado energético. O grão é pequeno
e duro e deve ser triturado em peneira fina (2 mm). O Tanino, presente em algumas
variedades, em níveis de 2,0 a 2,5 %, é um composto fenólico ligado à proteína, que diminui
a digestibilidade e aceitabilidade. Estas variedades são as mais produtivas por área e também
as que apresentam grãos escuros, conhecidas como “sorgo resistente a pássaros”.
Atualmente as empresas produtoras e multiplicadoras de sementes, estão extinguindo estas
variedades do mercado. Apresenta maior valor protéico que o milho (9 a13 %) e menor
valor energético (80% NDT). É pobre em carotenóides e pigmentantes e possui um
desbalanceamento entre isoleucina e leucina que interfere na conversão do triptofano para
niacina, este balanceamento de aminoácidos é mais importante para nutrição de
monogástricos. A tabela 8 mostra a composição média do Sorgo grão, de acordo com
análises em experimentos brasileiros
Tabela 8. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO SORGO GRÃO
Derivado(s) Selecionado(s)
SORGO FARELO; SORGO GRÃO; SORGO GRÃO INTEIRO; SORGO GRÃO MOÍDO
Nutriente Média n s
MS 87.90 67 1.72
MO 98.43 16 0.43
PB 9.54 76 1.43
NIDN/N 25.55 4 2.47
EE 3.03 44 0.73
MM 1.80 32 0.93
FB 2.53 31 1.15
ENN 71.92 8 1.20
CHO 85.30 17 1.57
FDN 14.21 15 2.24
FDA 6.30 18 1.82
HEM 9.62 2 2.43
CEL 3.55 5 0.46
LIGNINA 1.21 8 0.68
NDT 80.35 6 4.08
DMS 70.32 19 4.24
DEE 93.48 1 -
DPB 35.96 5 3.63
EB 4.13 2 0.30
Ca 0.04 18 0.02
P 0.28 26 0.09
Mg 0.19 6 0.01
K 0.40 3 0.17
14. Na 0.03 5 0.01
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.1.8 – Arroz Farelo integral – Oriza sativa
É o sub-produto do beneficiamento do arroz para nutrição humana. Neste processo,
retira-se a casca do grão e a película que envolve a semente (pericarpo), obtendo o farelo de
arroz, ele contem pequenas quantidades de fragmentos de cascas, grãos e boa quantidade de
gérmen. É um concentrado energético com alto teor de extrato etéreo (30%), o que torna
este alimento muito susceptível a rancificação, deve ser armazenado no máximo por 30 dias.
É pobre em Proteínas, cálcio e rico em energia e fósforo e vitaminas do complexo B. Em
suínos na terminação e outros monogástricos, pode provocar toucinho devido à presença de
ácidos graxos insaturados, já nos ruminantes isto não ocorre devido a hidrogenização destes
ácidos no rúmen, o que os transforma em saturados (entrada de um hidrogênio na dupla
ligação da cadeia carbônica). Deve-se observar sempre o teor de gordura (EE) da dieta
total, que não deve ultrapassar a 6 %, o que pode provocar queda na digestibilidade da fibra,
principalmente a celulose e até diarréia nos animais. Recomenda-se utilizar até 20 % do
concentrado ou fixar em no máximo 1 kg por animal adulto ao dia. A tabela 9 mostra a
composição média do Arroz Farelo integral, de acordo com análises em experimentos
brasileiros
15. Tabela 9. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO ARROZ FARELO INTEGRAL
Oryza sativa
Derivado(s) selecionado(s)
ARROZ FARELO; ARROZ FARELO INTEGRAL
Nutriente Média n s
MS 88.71 66 2.42
MO 89.62 14 2.24
PB 13.95 80 2.32
NIDA/N 10.22 3 4.80
NIDN/N 19.51 1 -
EE 16.14 67 4.10
MM 8.48 46 2.52
FB 9.25 43 2.08
ENN 42.73 9 3.29
CHO 60.81 33 3.99
FDN 24.11 10 2.45
FDA 14.06 16 4.30
HEM 11.34 1 -
CEL 10.11 5 3.52
LIGNINA 5.22 10 1.98
NDT 83.64 3 4.21
DMS 77.98 2 3.61
DEE 100 1 -
DPB 58.08 2 6.26
EB 4.80 16 0.43
Ca 0.12 30 0.07
P 1.65 29 0.42
Mg 0.90 3 0.07
K 1.32 2 0.46
Na 0.05 2 0.01
S 0.18 1 -
Cu 16.09 3 4.40
Fe 82.61 4 11.91
Mn 241.03 3 39.97
Zn 71.01 2 1.58
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
16. 2.1.9 – Arroz Farelo desengordurado
É o farelo de arroz que foi prensado para retirada do óleo, possui maior teor de
Proteína Bruta e menor em energia, devido à retirada da gordura, é mais resistente à
rancificação e pode ser armazenado por até 3 meses. Em análises, deve-se observar possíveis
presenças de cascas nestes farelos, o que deprecia seu valor devido à redução da energia.
Menos que 14% de fibras. A tabela 10 mostra a composição média do Farelo de arroz
desengordurado, de acordo com análises em experimentos brasileiros.
Tabela 10. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO ARROZ FARELO
DESENGORDURADO
Nutriente Média n s
MS 89.40 13 1.45
MO 87.49 5 1.39
PB 17.53 19 1.97
NIDA/N 6.2 1 -
EE 2.23 13 0.84
MM 10.26 6 1.83
FB 10.80 15 2.16
ENN 60.81 1 -
CHO 69.70 5 1.58
FDN 25.48 2 1.66
FDA 14.27 4 1.39
LIGNINA 4.31 1 -
EB 4.20 5 0.39
Ca 0.10 9 0.07
P 1.68 10 0.34
Mg 1.18 1 -
K 1.89 1 -
Na 0.08 1 -
S 0.20 1 -
Cu 9.11 1 -
Fe 203.46 1 -
Mn 452.66 1 -
Zn 114.07 1 -
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.1.10 – Aveia semente com casca – Avena sativa
É um concentrado energético que apresenta alto teor de fibras (devido à presença de
casca), porém de alta digestibilidade, apresenta boa aceitabilidade e é encontrada desde o sul
17. até o sudeste e centro oeste do Brasil, cultivada como cultura de inverno. Não existe
diferença nutricional entre as variedades de aveia em grãos (preta ou amarela), como é
crença entre criadores de cavalos. Deve apresentar uma densidade de 50%, ou seja, em cada
100 litros de aveia, deve-se ter 50 kg do grão. A tabela 11 mostra a composição média da
Aveia semente com casca, de acordo com análises em experimentos brasileiros.
Tabela 11. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA AVEIA SEMENTE COM CASCA
Gossypium hirsutum
Derivado(s) Selecionado(s)
ALGODÃO CAROÇO; ALGODÃO CAROÇO MOÍDO; ALGODÃO CAROÇO QUEBRADO; ALGODÃO
CAROÇO TOSTADO; ALGODÃO CAROÇO TRITURADO
Nutriente Média n s
MS 89.68 20 3.42
MO 95.29 14 4.73
PB 14.21 36 1.75
EE 5.05 17 1.34
MM 2.37 9 0.80
FB 7.56 10 4.35
ENN 67.95 4 1.31
CHO 78.09 4 1.27
FDN 27.69 7 3.18
FDA 23.53 11 3.43
HEM 18.67 1 -
CEL 5.30 1 -
LIGNINA 4.38 16 0.92
NDT 75.23 4 3.70
EB 4.77 1 -
Ca 0.13 4 0.05
P 0.34 4 0.05
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.1.11 – Trigo Farelo – Triticum aestivum
Subproduto da fabricação da farinha de trigo para alimentação humana, o farelo de
trigo contém as camadas mais externas do grão (tegumento, aleurona, gérmen e parte de
amido). É classificado como concentrado energético por apresentar 14 a 15 % PB, porém é
baixo em energia devido a grande quantidade de fibras. Apresenta alta aceitabilidade pelos
animais e muito utilizado em rações para bezerros, novilhas, touros e animais com menor
exigência energética. O uso é limitado em animais confinados, quando desejamos alto
desempenho (tanto corte quanto leite), devido ao baixo valor energético. É rico em fósforo
18. (1 a 1.3%). É comum o uso como concentrado único para eqüinos, o que pode provocar o
aparecimento de “cara inchada”, pela deficiência de cálcio e antagonismo com o fósforo. A
disponibilidade no mercado é boa e o preço é relativamente bom, em regiões próximas aos
moinhos. A tabela 12 mostra a composição média do Trigo Farelo, de acordo com análises
em experimentos brasileiros.
Tabela 12. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO TRIGO FARELO
Triticum aestivum
Derivado(s) Selecionado(s)
TRIGO FARELINHO; TRIGO FARELO
Nutriente Média n s
MS 88.01 120 1.96
MO 92.69 22 3.90
PB 16.63 160 1.58
NIDA/N 3.80 7 0.96
NIDN/N 18.74 4 2.12
EE 3.53 90 1.24
MM 5.58 65 1.33
FB 9.52 66 2.30
ENN 54.26 9 2.19
CHO 73.68 48 2.21
FDN 44.30 29 2.64
FDA 13.52 48 4.37
HEM 33.18 1 -
CEL 9.69 7 1.28
LIGNINA 4.00 18 1.81
NDT 72.43 10 2.78
DMS 72.96 3 3.11
DEE 100 1 -
DPB 59.13 1 -
EB 4.33 26 0.25
Ca 0.22 32 0.07
P 1.00 70 0.29
Mg 0.49 8 0.04
K 1.17 7 0.20
Na 0.01 3 0.01
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.2. GRÃOS DE OLEAGINOSAS E SUBPRODUTOS
19. 2.2.1 – Soja grão – Glicine max
É o grão de oleaginosa mais cultivada no Brasil, com objetivo de produzir óleo para
alimentação humana. A semente da soja (grão) é rica em óleo (18%EE), com NDT de 90%,
proteínas (38%PB), média em fósforo e pobre em cálcio, vitamina D e caroteno. Tem ação
ligeiramente laxativa. Na forma crua, recomenda-se não ultrapassar 2 kg por animal adulto
ao dia, que pode ser oferecida inteira ou triturada. Após ser triturada, a soja rancifica
facilmente, devendo ser armazenada no máximo por 3 dias. É comum nas regiões
produtoras, o uso de soja com baixo padrão para a indústria, conhecida como “soja ardida”
este produto apresenta baixo custo, mas deve ser seco e livre de fungos (mofo). Apresenta
substancias tóxicas, inibidores da tripsina (sojina) que provoca hipertrofia pancreática e
crescimento retardado, por impedir a digestão de proteínas. As Fitoemaglutininas prejudicam
a absorção de todos os nutrientes, principalmente da glicose. Estes fatores são inativados
com o calor e a fermentação rumenal, portanto seu uso é limitado apenas para ruminantes
jovens e monogástricos. A presença de uréase (enzima que degrada a uréia em amônia), em
níveis maiores que 0.30 % é o principal indicativo da atividade de fatores ante nutricionais.
A mistura de uréia em rações contendo soja grão triturada, leva à perda do nitrogênio por
volatilização. A tabela 13 mostra a composição média da Soja Grão, de acordo com análises
em experimentos brasileiros.
Tabela 13. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA SOJA GRÃO
Glycine Max (L.) Merr.
Derivado(s) Selecionado(s)
20. SOJA EXTRUSADA; SOJA GRÃO INTEGRAL; SOJA GRÃO CRUA MOÍDA; SOJA GRÃO TOSTADA
MOÍDA; SOJA INTEGRAL AUTOCLAVADA; SOJA INTEGRAL MICRONIZADA; SOJA INTEGRAL
TOSTADA; SOJA TOSTADA
Nutriente Média n s
MS 91.18 61 2.34
MO 94.17 10 3.03
PB 39.01 68 3.72
NIDA/N 6.60 4 0.11
NIDN/N 17.27 2 3.25
EE 19.89 47 3.81
MM 5.01 40 0.95
FB 6.36 34 4.32
ENN 25.07 8 2.63
CHO 35.27 23 4.40
FDN 17.52 9 4.35
FDA 13.18 8 4.02
HEM 9.26 3 4.59
CEL 3.93 2 2.76
LIGNINA 2.69 7 1.44
NDT 84.50 2 0.71
DMS 77.55 2 12.66
DPB 65 2 6.65
EB 6.94 11 5.96
Ca 0.27 12 0.05
P 0.53 29 0.11
Mg 0.20 3 0.08
K 1.90 4 0.36
Na 0.02 3 0.01
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.2.2 – Soja grão desativada – Glicine Max
O grão de soja pode ser tratado com temperatura e pressão (extrusão) ou apenas por
temperatura (tostada), com objetivo de desativar os princípios tóxicos, melhorar a
conservação e aumentar a digestibilidade dos nutrientes, isto possibilita o uso para
monogástricos e ruminantes de alta exigência energética, como em vacas leiteiras de alta
produção. Estes processos elevam o custo da soja e impossibilita o uso rotineiro deste
alimento, por este motivo ela é utilizada de preferência em rações para bovinos de elite,
bezerros em desmama precoce e alto desempenho em ganho de peso e produção de leite.
Este tratamento não extrai o óleo da soja, portanto deve-se limitar o EE da dieta total em no
máxi 6 %.
21. 2.2.3 – Farelo de soja
É o subproduto da extração do óleo de soja para alimentação humana. O Farelo de soja
é considerado o principal concentrado protéico para alimentação animal. É rico em Proteínas
(44 a 46 %) de boa qualidade, principalmente pelos níveis de Lisina e Metionina, alto em
tiamina, colina e niacina, médio em vitaminas E e K, pobre em caroteno. Após a retirada do
óleo, por prensagem e uso de solventes químicos, os princípios tóxicos são desativado
(uréase menor que 0.30%), a PB aumenta e a energia diminui, apesar de ainda ser
considerada alta (80% de NDT). Não apresenta limitação de uso para qualquer espécie
animal e pode ser armazenado por 3 meses. A tabela 14 mostra a composição média do
Farelo de Soja, de acordo com análises em experimentos brasileiros.
Tabela 14. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO FARELO DE SOJA
Glycine max (L.) Merr.
Derivado(s) selecionado(s)
SOJA FARELO; SOJA FARELO 110ºC MIN; SOJA FARELO 130ºC MIN; SOJA FARELO 90ºC/20 MIN %
AÇREDUTOR; SOJA FARELO 90ºC/30 MIN %AÇREDUTOR; SOJA FARELO 90ºC/10 MIN
%AÇREDUTOR
Nutriente Média n s
MS 88.61 487 1.65
22. MO 92.58 81 2.97
PB 48.78 545 2.91
NIDA/N 2.75 18 1.11
NIDN/N 4.88 11 3.09
EE 1.71 307 0.76
MM 6.32 254 1.37
FB 6.29 243 1.59
ENN 31.35 70 4.22
CHO 43.99 174 3.46
FDN 14.62 151 2.51
FDA 9.86 143 3.36
HEM 6.13 19 4.11
CEL 8.35 22 3.62
LIGNINA 1.33 32 0.65
NDT 81.54 18 2.29
DMS 89.19 3 2.69
DEE 100 1 -
DPB 95.97 4 3.39
EB 4.56 90 0.30
Ca 0.34 329 0.10
P 0.58 297 0.14
Mg 0.27 31 0.06
K 1.98 29 0.40
Na 0.06 22 0.03
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.2.4 – Casca de soja (Casquinha de soja peletizada)
É um subproduto da indústria de óleo de soja, na obtenção do farelo a casca do grão é
retirada e peletizada para facilitar o armazenamento e transporte. As indústrias de ração e
produtores utilizam a casquinha como concentrado energético, em substituição ao milho,
por apresentar valor protéico baixo (10% de PB) e energia média (70% de NDT), mas este
alimento é classificado como volumoso, devido o alto teor de fibras (40% FB) de alta
digestibilidade. É muito utilizada em dietas com altos níveis de concentrados, onde melhora
o funcionamento do rúmen. Tanto em gado de corte, quanto leite a casca de soja pode ser
utilizada em quantidades de 2 a 4 kg por animal ao dia, observando o suprimento da energia
da dieta. A tabela 15 mostra a composição média da Casca de Soja, de acordo com análises
em experimentos brasileiros.
Tabela 15. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA CASCA DE SOJA
23. Glycine Max (L.) Merr.
Nutriente Média n s
MS 89.80 46 1.64
MO 94.48 9 1.37
PB 11.65 50 2.21
NIDA/N 7.34 1 -
NIDN/N 34.29 2 4.61
EE 1.60 39 0.69
MM 4.34 36 2.18
FB 41.68 29 2.69
ENN 43.27 4 0.81
CHO 84.11 26 2.05
FDN 68.40 18 4.81
FDA 50.52 16 3.61
HEM 19.54 4 3.88
CEL 51.42 2 0.25
LIGNINA 3.43 7 1.45
NDT 68.77 6 2.32
DMS 68.65 2 4.61
DEE 75.94 2 18.26
DPB 41.97 2 26.71
EB 4.07 3 0.05
Ca 0.59 6 0.22
P 0.21 6 0.09
Mg 0.23 2 0.02
K 1.51 1 -
Na 0.01 1 -
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.2.5 – Algodão sementes (Caroço de algodão) – Gossypium spp
É um dos alimentos mais usados na alimentação de bovinos de corte e leite, principalmente
nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. A forte
concorrência do óleo de algodão com o de soja, reduz o custo deste produto e viabiliza o
uso da semente do algodão integral na alimentação destes animais. O custo nas regiões
produtores é muito baixo (menor que do milho), o que permite formular dietas com alto
valor energético e custo baixo. Em confinamento de gado de corte, pode-se utilizar até 3 kg
24. por boi ao dia, na forma inteira (sem triturar). Nas dietas com altas quantidades de
concentrados, o caroço desempenha um importante papel na manutenção da atividade
microbiana do rúmen. Para vacas leiteiras recomenda-se 2 kg por vaca ao dia, substituindo
as rações comerciais (verificar o balanceamento e suprimento de minerais da dieta). A
semente, as folhas e o farelo de algodão contem gossipol, pigmento amarelo tóxico,
principalmente para monogástricos. A fermentação no rúmen desativa a toxidez do gossipol,
permitindo o uso para ruminantes, deve-se limitar o uso para bezerros e em animais adultos
manter o nível máximo de EE em 6%. O uso para touros também é limitado pois a ingestão
de quantidades maiores pode afetar a produção de espermatozóides. A tabela 16 mostra a
composição média do Caroço de Algodão, de acordo com análises em experimentos
brasileiros.
Tabela 16. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO CAROÇO DE ALGODÃO
Gossypium hirsutum
Derivado(s) Selecionado(s)
ALGODÃO CAROÇO; ALGODÃO CAROÇO MOÍDO; ALGODÃO CAROÇO QUEBRADO; ALGODÃO
CAROÇO TOSTADO; ALGODÃO CAROÇO TRITURADO
Nutriente Média n s
MS 90.64 30 2.22
MO 90.32 6 0.45
PB 22.62 30 1.83
NIDA/N 4.11 2 0.67
NIDN/N 6.64 2 0.06
PIDA/MS 1.59 1 -
PIDN/MS 1.93 1 -
EE 18.90 27 4.63
MM 4.66 13 1.50
FB 24.39 7 2.23
25. ENN 41.78 3 13.46
CHO 35.85 8 3.46
FDN 46.04 22 4.63
FDA 35.85 11 2.96
HEM 13.45 2 3.80
CEL 19.27 2 1.79
LIGNINA 7.58 5 1.61
NDT 81.92 6 4.69
DMS 72.32 1 -
DEE 100 1 -
DPB 68.71 1 -
EB 5.57 4 0.37
Ca 0.33 8 0.21
P 0.75 8 0.27
Mg 0.75 1 -
K 0.65 1 -
Na 0.08 1 -
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.2.6 – Farelo de algodão – Gossypium spp
É o subproduto da produção de óleo de algodão, após ser esmagado, podendo ser
tratado com solventes. Quando o óleo é retirado apenas por esmagamento e prensagem, o
subproduto recebe o nome de “torta de algodão” e quando recebe o tratamento adicionam
com solventes é identificado como “farelo de algodão”, a diferença é que na torta,
permanece maior quantidade de óleo, o que melhora seu valor energético, apesar de que este
é severamente afetado pela presença de casca (fibra de baixa qualidade). Quanto menor o
teor de casca no farelo, melhor será sua qualidade. No mercado Brasileiro, os produtos mais
freqüentes são os Farelos de Algodão 28 % PB e o 38 % PB. O Farelo de Algodão 46 % PB
é pouco utilizado por ter o preço muito próximo ao farelo de soja, que é de melhor
26. qualidade. Estes farelos contêm gossipol e sofrem as mesmas limitações indicadas no caroço
de algodão. Para gado de corte em confinamento, pode compor todo concentrado protéico
da dieta. Em vacas leiteiras deve-se limitar o uso em 20 % do concentrado ou 1,5 kg de
farelo por vaca ao dia. As tabelas 17, 18 e 19 mostram a composição média do Farelo de
Algodão, de acordo com análises em experimentos brasileiros.
Tabela 17. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO FARELO DE ALGODÃO (28%PB)
Nutriente Média n s
MS 89.67 42 2.27
MO 94.85 9 1.16
PB 32.16 43 1.63
NIDA/N 5.84 2 0.08
PIDA/MS 1.86 1 -
PIDN/MS 2.52 1 -
EE 1.94 18 1.28
MM 5.22 17 0.97
FB 20.16 14 5.18
ENN 35.07 6 2.26
CHO 57.18 2 1.78
FDN 36.70 4 2.89
FDA 31.24 11 6.48
HEM 24.87 1 -
CEL 22.7 2 0.42
LIGNINA 5.54 2 3.15
NDT 69.77 4 2.35
27. DMS 68.16 1 -
DPB 88.80 3 1.84
EB 4.34 7 0.35
Ca 0.26 9 0.14
P 0.84 9 0.13
Mg 0.46 2 0.08
K 1.22 1 -
Na 0.04 1 -
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
Tabela 18. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO FARELO DE ALGODÃO (38%PB)
Nutriente Média n s
MS 89.95 22 3.34
MO 91.87 66 5.57
PB 40.90 25 1.65
NIDA/N 2.95 2 0.24
NIDN/N 5.26 1 -
EE 1.87 18 1.69
MM 6.82 16 2.79
FB 15.62 13 3.38
CHO 52.05 4 2.16
FDN 34.92 7 2.72
FDA 24.19 9 2.42
LIGNINA 2.81 2 2.47
NDT 68.31 4 1.22
DIVMS 69.87 1 -
EB 4.59 4 0.06
Ca 0.24 11 0.06
P 1.00 9 0.08
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
28. Tabela 19. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO FARELO DE ALGODÃO (48%PB)
Nutriente Média n s
MS 89.70 7 0.83
MO 93.79 3 0.99
PB 46.60 7 1.47
EE 1.50 4 0.81
MM 6.36 4 0.86
FB 14.43 1 -
FDN 30.46 5 5.34
FDA 21.14 2 0.67
EB 4.51 1 -
Ca 0.22 1 -
P 1.21 1 -
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.2.7 – Farelo de girassol – Helianthus annun
É o subproduto da indústria de óleo de girassol para alimentação humana e atualmente
para produção de biodiesel. A cultura do girassol tem expandido nas regiões sudeste e
centro oeste, como “safrinha”. O farelo apresenta alta quantidade de fibras, porém de boa
qualidade. O valor de energia é menor que do farelo de soja (70% de NDT), a proteína é de
média qualidade (lisina baixa) e de boa digestibilidade (90%). No início do período seco,
quando ocorre a colheita do girassol, apresenta bom preço, competindo com o farelo de
algodão ou até menor nas regiões produtoras. Apresenta na forma farelada e peletizada, esta
favorece o armazenamento (menor volume) e facilita o uso em ditas completas, onde
volumoso e concentrado são oferecidos em conjunto. Para gado de corte pode ser usado
como único concentrado protéico e em vacas leiteiras 20% do concentrado ou até 2 kg por
vaca ao dia. A tabela 20 mostra a composição média do Farelo de Girassol, de acordo com
análises em experimentos brasileiros.
Tabela 20. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO FARELO DE GIRASSOL
Helianthus annum
Derivado(s) Selecionado(s)
GIRASSOL FARELO; GIRASSOL FARELO DE TORTA; GIRASSOL FARELO NÃO DECORTICADO
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
Nutriente Média n s
MS 91.85 11 0.95
29. PB 35.33 14 7.67
EE 2.06 12 0.88
MM 6.18 10 1.20
FB 20.39 8 6.39
ENN 29.16 8 4.78
CHO 49.45 4 11.43
FDN 42.36 4 3.40
FDA 34.90 6 4.20
NDT 63.97 3 3.52
EB 4.23 1 -
Ca 0.73 10 0.35
P 0.92 10 0.22
Mg 0.72 2 0.08
K 1.14 1 -
2.2.8 – Farelo de gergelim – Sesamum indicum
O gergelim é muito cultivado na Índia (maior produtor mundial), devido a boa
qualidade de seu óleo para nutrição humana, por ser rico em ácidos graxos insaturados
(81% contra 12% de saturados), possui um antioxidante natural (Sesamol) que evita a
rancificação da gordura, boa fonte de metionina, mas pobre em lisina (bloqueada). O farelo,
obtido após a extração do óleo é rico em Proteínas de média qualidade e médio em energia.
O preço deve ser menor que do farelo de soja, não tem limitações para gado de corte e para
vacas leiteiras deve-se observar o suprimento da energia. A tabela 21 mostra a composição
média do Farelo de Gergelim, de acordo com análises em experimentos brasileiros.
Tabela 21. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO FARELO DE GERGELIM
Sesamun indicum L.
Nutriente Média n s
PB 30.57 1 -
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.2.9 – Torta de babaçu – Orbignya martiniana
O óleo da castanha do babaçu é muito utilizado para fabricação de cosméticos, no
Brasil e grande parte exportada para Europa. O farelo de babaçu é o subproduto da extração
30. do óleo, contem grande quantidade de fibras e na maioria dos casos se caracteriza como
alimento volumoso, o valor de energia fica baixo e a proteína é média. Rancifica-se
facilmente e dever ser estocado no máximo por 30 dias. Deve ser utilizado apenas para
ruminante e sempre que possível, fazer análise do lote para verificar o grau de inclusão de
casca, o que reduz seu valor nutritivo. A tabela 22 mostra a composição média da Torta de
babaçu, de acordo com análises em experimentos brasileiros.
Tabela 22. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA TORTA DE BABAÇU
Nutriente Média n s
MS 91.44 1 -
MO 91.96 1 -
PB 17.51 1 -
MM 5.82 1 -
FDN 70.87 1 -
FDA 40.99 1 -
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.3. SUBPRODUTOS DA AGROINDÚSTRIA
2.3.1 – Polpa cítrica peletizada
Subproduto da indústria de suco de laranja contem além da polpa, casca e sementes. O
Brasil é um dos maiores produtores mundiais de laranja, apresenta alta disponibilidade no
mercado, uma vez que a safra inicia em maio e termina somente em janeiro, coincidindo com
a entressafra de grãos como milho e sorgo. O preço deve ser menor que do milho, pois o
nível de energia é inferior. A polpa cítrica é pobre em proteína (6.5% de PB) e fósforo,
média em energia (70 % de NDT) e muito alta em cálcio (1.2 %), devido a adição de óxido
de cálcio (CaO) durante o processo de peletização. Na formulação de dietas deve-se tomar
cuidado com relação ao balanceamento entre cálcio e fósforo. Para vacas leiteiras a polpa
tem um importante papel no fornecimento de pectina, este carboidrato quando fermentado
no rúmen, produz ácido acético que é o principal precursor da gordura do leite. Em vacas de
31. alta produção, que recebem grandes quantidades de concentrados, evita a queda do teor de
gordura do leite, além de exercer um efeito tampão no rúmen, evitando problemas de
acidose. A forma peletizada, mantém a efetividade da fibra, por estimular a mastigação e
ruminação.
Limitações de uso: O maior problema do uso da polpa é o seu armazenamento, pelo fato de
ser muito higroscópia, absorve água e eleva seu peso em até 145 %, isto favorece o
desenvolvimento de fungos produtores de micotoxinas. É comum animais, o aparecimento
de animais com sintomas de pruridos na pele, síndrome hemorrágica e até morte, quando
alimentados com produtos mal armazenados. O fungo penicillium citrinum é o principal
formador desta micotoxina, outras micotoxinas que podem aparecer são os tricotecenos e
aflatoxina Bl.
O nível de inclusão mais freqüente é de 2,0 a 2,5 kg de polpa por animal ao dia, tanto
em gado de corte quanto de leite. A tabela 23 mostra a composição média da Polpa cítrica
peletizada, de acordo com análises em experimentos brasileiros.
Tabela 23. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA POLPA CÍTRICA PELETIZADA
Derivado(s) Selecionado(s)
CITRUS POLPA; CITRUS POLPA PELETIZADA
Nutriente Média n s
MS 87.95 41 3.45
MO 92.41 15 4.75
PB 7.15 42 1.22
NIDA/N 12.52 3 0.73
NIDN/N 43.27 2 2.72
EE 3.28 23 1.82
MM 6.14 26 1.38
FB 12.63 11 3.74
ENN 68.88 4 3.96
CHO 84.01 14 1.47
FDN 24.31 29 2.08
FDA 23.01 27 4.21
HEM 4.34 6 1.69
CEL 19.95 5 2.43
LIGNINA 1.89 9 1.06
NDT 65.17 4 2.42
EB 4.09 4 0.39
Ca 1.84 18 0.44
P 0.16 18 0.08
PECTINA 25.00 1 -
32. Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.3.2 – Polpa úmida de cervejaria (Cevada)
É o subproduto da indústria fabricante de cerveja, obtidos pela germinação dos grãos
de cevada umedecidos, transformando o amido em dextrina e açucares redutores, em
seguida a cevada é misturada com milho, arroz ou aveia e cozida. Após o cozimento, a parte
sólida é considerada como resíduo úmido de cervejaria (RUC). A produção Brasileira é
muito alta, cerca de 350 kg de RUC para cada 1000 litros de cerveja produzida.
A cevada é considerada um alimento concentrado protéico, pois apresenta mais de 20%
de PB e menos de 18% de FB. A composição depende do tipo de fabricação utilizado pela
indústria, de acordo com a inclusão de grãos de cereais para fermentação, como milho (5%),
trigo (6 a 7 %), aveia e arroz. As proteínas do RUC são de alto peso molecular, composto
principalmente por glutelinas e prolaminas, o que leva a uma baixa degradabilidade no
rúmen, cerca de 45 % da proteína do RUC é não degradável no rúmen (PNDR), sendo
digerida e absorvida no intestino. É rica em energia (70 a 74%) e vitaminas do complexo B,
apresenta uma grande variação nos teores de cálcio (0,29 a 0,79%) provavelmente pela
qualidade da água usada e cobre (23 mg/kg), por contaminação da cevada no vasilhame em
que é armazenada.
O RUC é um alimento de boa aceitabilidade, e bom valor nutricional, porém o alto teor
de água (85 a 90%) pode levar a redução no consumo de matéria seca total, principalmente
quando sua proporção ultrapassar a 50 % da matéria seca total da dieta. Tanto para gado de
corte, quanto de leite, recomenda-se fornecer até 15 kg de cevada por animal adulto ao dia.
A tabela 24 mostra a composição média da Polpa úmida de cervejaria, de acordo com
análises em experimentos brasileiros.
Tabela 24. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA POLPA ÚMIDA DE CERVEJARIA
Nutriente Brahma Kaiser Schincario
l
Skol
MS 15.6 9.2 12.3 14.7
PB 31.8 26.0 27.6 31.7
FB 15.8 18.9 14.1 14.9
FDN 43.8 54.0 44.5 47.8
FDA 21.3 26.5 20.9 25.9
33. LIGNINA 3.5 4.8 4.5 5.3
NDT 74.0 69.4 70.6 68.9
Fonte: Adaptado de LIMA. (1993), Citado por Aranovich (1999)
2.3.3 – Farinha de carne e ossos
É o principal subproduto da indústria frigorífica, constituída de recorte de carcaças bovinas
e ossos, após digestão em alta temperatura e secagem. É rica em proteínas de boa qualidade
(alta em lisina), fósforo, cálcio e vitaminas B12, niacina e colina. A qualidade pode estar
prejudicada por inclusão de chifres, cascos, contaminações fecais e sangue. O calor a que é
submetida durante o cozimento e secagem, pode tornar os aminoácidos indisponíveis. Após
a fabricação, durante o armazenamento, podem ocorrer contaminações por salmonelas, é
muito perecível e deve ser estocada no máximo por 30 dias.
O uso da farinha de carne e ossos, assim como outros produtos de origem animal
é proibido pelo Ministério da Agricultura de acordo com portaria nº 365, de 04 de
julho de 1996. Em 25 de março de 2004, a instrução normativa n 8, estabeleceu a
proibição , em todo território nacional, a produção, comercialização e a utilização de
produtos destinados à alimentação de ruminantes que contenham em sua composição
proteínas e gorduras de origem animal. Incluem-se nesta, a cama de aviário, os
resíduos da criação de suínos, como também qualquer produto que contenha
proteínas e gorduras de origem animal. Proíbe ainda, a comercialização e a utilização
de produtos para uso veterinário, destinados a ruminantes, que contenham em sua
formulação insumos oriundos de ruminantes (Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento, 2005). A tabela 25 mostra a composição média da Farinha de carne e
ossos, de acordo com análises em experimentos brasileiros.
34. Tabela 25. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA FARINHA DE CARNE E OSSOS
Nutriente Média n s
MS 93.15 67 2.00
MO 63.24 6 2.06
PB 45.07 50 2.92
NIDA/N 3.10 5 2.02
NIDN/N 8.48 1 -
EE 11.71 54 3.30
MM 38.17 55 5.33
FB 1.50 30 0.61
ENN 2.12 2 1.82
CHO 6.66 25 4.22
FDA 3.05 7 2.61
CEL 0.12 1 -
NDT 50.07 1 -
DMS 38.60 3 4.35
DPB 66.37 3 1.36
EB 3.67 25 0.52
Ca 13.14 60 2.76
P 6.32 57 1.41
Mg 0.12 2 0.09
K 0.37 1 -
Na 0.45 5 0.02
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)
2.3.4 – Raspa ou Farelo de Mandioca (Manihot esculenta Crantz)
A mandioca é um alimento de uso tradicional em vários países, sendo que o Brasil
ocupa o segundo lugar na produção mundial. Podemos considerar duas variedades de
grande importância: a de consumo humano, também conhecida como “mansa”, doce ou de
mesa, que apresenta menos de 10 ppm de glicosídio cianogênico, na matéria original ou
fresca e a mandioca brava, amarga ou venenosa, que apresenta mais de 2000 ppm do
glicosídio. O Farelo de mandioca é o sub produto da extração do amido, na fabricação de
farinha para alimentação humana e representa 10 % do peso das raízes que lhe deram
origem. A composição é semelhante “à raspa da mandioca” que corresponde à raiz picada e
35. desidratada). Pode existir uma grande variação na composição nutricional destes
subprodutos, portanto é importante sempre que possível, fazer análises das amostras, para
avaliar a possibilidade de uso.
A mandioca e seus subprodutos, são classificadas como concentrados energéticos,
apresentam altos teores de amido e baixo em todos os outros nutrientes, substitui
principalmente o milho e sorgo da dieta, desde que o custo esteja menor que destes grãos.
A raiz fresca possui aproximadamente 50% de matéria seca e 50% de água. O amido da
mandioca apresenta maior capacidade de expansão e degradabilidade efetiva em relação ao
milho e outros grãos de cereais. O Farelo de mandioca pode substituir de 50 a 100% dos
grãos de cereais das dietas de gado leiteiro ou de corte, desde que os outros nutrientes
sejam balanceados. O uso de nitrogênio não protéico (NNP), como a uréia, é uma boa
medida para suplementação protéica em ruminantes. A tabela 26 mostra a composição
média do Farelo de Mandioca e Raspa de mandioca, de acordo com análises em
experimentos brasileiros.
Tabela 26. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA RASPA DE MANDIOCA
36. Nutriente Média n s
MS 87.59 32 1.62
MO 96.24 11 2.97
PB 3.29 48 1.52
NIDA/N 17.82 1 -
NIDN/N 21.69 1 -
EE 0.72 27 0.67
MM 2.97 23 1.10
FB 4.96 21 4.53
ENN 75.87 8 3.08
CHO 93.49 11 1.52
FDN 23.64 3 1.43
FDA 9.92 7 4.46
HEM 9.77 1 -
CEL 3.88 5 2.30
LIGNINA 2.56 3 1.42
NDT 72.21 1 -
DMS 77.01 2 3.69
EB 4.03 11 0.15
Ca 0.23 15 0.15
P 0.06 17 0.03
Mg 0.01 1 -
K 0.18 1 -
Na 0.01 1 -
Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006
Atividades suplementares
1. Explique porque a “farinha de carne e ossos”, apesar de ser de bom valor nutritivo,
não é utilizada na alimentação de ruminantes.
2. Explique as principais limitações no uso do “resíduo úmido de cervejaria”, na
alimentação de bovinos.
3. Quais são as limitações do uso de “caroço de algodão” para vacas leiteiras.
4. Qual é o indicativo de que um produto derivado da soja, não apresenta fatores anti
nutricionais.
5. Enumere as principais particularidades da “polpa cítrica” para alimentação de
ruminantes.
6. Quais são as vantagens e limitações do “sorgo” em relação ao “milho” para
formulação de rações.
7. Porque o “farelo de soja” e “milho” são considerados “alimentos padrões” na
formulação de rações.
37. LISTA DE ABREVIATURAS
Nutrientes Descrição Unidade
MS Matéria Seca %
MO Matéria Orgânica %MS
PB Proteína Bruta %MS
NIDA/N Compostos nitrogenados insolúveis em
detergente ácido
%N-total
NIDN/N Compostos nitrogenados insolúveis em
detergente neutro
%N-total
PIDA/MS Proteína insolúvel em detergente ácido %MS
PIDN/MS Proteína insolúvel em detergente neutro %MS
EE Extrato Etéreo %MS
MM Matéria Mineral %MS
FB Fibra Bruta %MS
ENN Extrato Não Nitrogenado %MS
CHO Carboidratos totais %MS
FDN Fibra em Detergente Neutro %MS
FDA Fibra em Detergente Ácido %MS
HEM Hemicelulose %MS
CEL Celulose %MS
LIGNINA Lignina %MS
NDT Nutrientes Digestíveis Totais %MS
DMS Digestibilidade da Matéria Seca %
DEE Digestibilidade do Extrato Etéreo %
DPB Digestibilidade da Proteína Bruta %
EB Energia Bruta Mcal/Kg
Ca Cálcio %MS
P Fósforo %MS
Mg Magnésio %MS
K Potássio %MS
Na Sódio %MS
38. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
LIMA, M. L. M. Uso de subprodutos da agroindústria na alimentação de bovinos leiteiros.
In: Simpósio Sobre Manejo e Nutrição de Gado de Leite. Goiânia. Anais... Goiânia: CBNA,
2000, p. 101 – 114.
TEIXEIRA, J. C.; TEIXEIRA, L. F. A. C. A importância da nutrição na reprodução de
bovinos leiteiros. In: 4º Sinleite: Simpósio Internacional em Bovinocultura de Leite. Lavras.
Anais... Lavras: UFLA, 2004, p. 289 – 342.
VALADARES FILHO, S. C. et. al. Tabelas Brasileiras de Composição de Alimentos
para Bovinos. 2ª Edição. Viçosa: UFV, 2006. 329 p.
LANA, R. P. Nutrição e Alimentação Animal (mitos e realidades). Viçosa: UFV, 2005. p.
125 – 140.
BUTOLO, J. E.; JUNQUEIRA, O. M. Simpósio sobre ingredientes na alimentação animal.
Anais... Campinas, CBNA, 2001. 354 p.
BORGES, I.; GONÇALVES, L. C.; BUENO, P. H. S. III Simpósio Mineiro de Nutrição de
Gado de Leite. Anais... Belo Horizonte, UFMG/CEM, 2005. 211 p.
NUNES, I. J. Alimentos usados em nutrição animal. Caderno Técnico da Escola de
Veterinária. Belo Horizonte, UFMG, nº 5, p. 63-107, 1991.