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Título: A libertação do caos interior
Tema: Exorcismo
Meio: Vídeo
Duração: 1’ 17”
Ano: 2003
Talvez a essência do exorcismo permaneça no combate interior e constante
que temos connosco próprios. A insatisfação emergente requer uma liber-
tação, não só de recalcamentos de infância, como também de um medo in-
sustentável, que nos acompanha de enfrentar os obstáculos.
O percurso académico não é de forma alguma linear. Esse percurso é pau-
tado, por vezes de desistências, desvios, e muitas vezes, de um voltar a acredi-
tar nas nossas próprias capacidades criadoras. É pois nesse momento que
acordamos com uma energia nova, e damos um passo decisivo para afastar
o mal do passado, exorcizando-o e portanto, atenuando-o.
A resolução deste enigma assenta numa libertação do caos interior, recon-
vertido em representações plásticas. O suporte é um rolo de papel cenário,
que é desenrolado à medida em que é executada uma ilustração. Cada fase
pretende ser a resolução da anterior, uma evolução ou regressão. Trata-se
de um processo contínuo ou descontínuo, feito de altos e baixos ou até de
momentos vazios.
Título: Porto tipográfico
Meio: Vídeo
Duração: 0’ 29”
Ano: 2003
Título: OGM [trangénicos]
Meio: Vídeo
Duração: 1’ 06”
Ano: 2003
Comer ou não trangénicos deve ser uma opção informada. A matéria-prima
foi a água e elementos vegetais inseridos num recipiente plástico. O congela-
mento desses elementos, que posteriormente desenformados foram fotogra-
fados em diferentes fases do seu processo de descongelamento. Numa fase
final, essas mesmas fotografias serviram de base para uma manipulação vir-
tual concretizada numa simples animação.
Título: Siddartha [Herman Hesse]
Meio: Vídeo-Genérico
Duração: 1’ 50”
Ano: 2003
Siddartha infeliz com a sua educação, abandona o lar em busca do sentido da
vida. A sua viagem é pautada por múltiplos aspectos do quotidiano, até encon-
trar a reveladora iluminação final. Esta história indiana remete-nos para um
conceito, em que o importante não é o ponto de chegada, para o percurso
realizado para o alcançar. É uma narrativa que fala de um crescimento inte-
rior, de uma união com o absoluto, que só é possível percorrendo uma vida
árdua, repleta de provações e obstáculos.
Título: Simulation Tripp [of an esquizoid]
Meio: Vídeo-instalação
Duração: 3’ 13”
Ano: 2003
Parceria: Lisete Dias e Mª João Santos
Título: Laço Duplo
[indução de um comportamento patológico]
Meio: Vídeo
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Título: Reflexo interior
Meio: Vídeo
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Ano: 2011-2012
As razões inerentes para a realização deste trabalho estão associadas ao
facto de descobrir a organicidade e a imprevisibilidade que a tinta dissolvida
e em contacto com a água formam. Usei dois tons de azul, um mais claro e
outro mais escuro, para poder observar qual a interferência ou a conjugação
que poderia provocar.
Um dos meus propósitos foi captar a atenção do espectador, para o pro-
cesso que se prende com o facto de ter invertido e acelerado a ordem natural
dos acontecimentos.
Quebrando a monotonia pontualmente emerge uma imagem que ultrapassa
a moldura anteriormente instituída, sem a destruir, caracterizada pelo ele-
mento comum, a água, mas agora à superfície. Esta imagem materializada
em vídeo foi captada num lago do Museu Soares dos Reis e do Parque da
Cidade no Porto, com este facto pretendi confrontar dois mundos, o das pro-
fundezas exemplificada pela metáfora dos dois fluxos e o da superfície pelos
lagos. Entre a o universo artificial e a realidade da Natureza.
Vale a pena seguir a ordem inversa até ao fim, começa pelo “suposto” fim
original e acaba com a tabula rasa (a tela branca). Representado por man-
chas dispersas e expandidas das duas cores, a tinta ascende em vez de de-
scer, a gravidade foi aqui questionada. Todos estes aspectos competem com
a própria ciência, a tinta como meio tecnológico ganha aqui uma presença
forte e interroga a sua primeira funcionalidade. O desenho ganha aqui um
carácter mais forte. O movimento das tintas constroem-no.
Todos estes princípios são postos em causa e alteram a perspectiva do es-
pectador perante a obra. Segundo Serres, “A criação resiste à morte, rein-
ventando a vida (...)”
Título: Estratigrafia
Vídeo-Instalação sobre esfera
Duração: 3’ 35”
Ano: 2011
Ao meu olhar sobrepôs-se uma câmara e um copo, camada por camada fui
filmando o que mais me interessava visualmente. Mais do que uma alegoria,
pela sobreposição das camadas, o meu olhar foi conduzido pelo efémero. A
vida foge-nos e por vezes é difícil captá-la e nada é tão inocente como o desejo
de alcançar o fugaz.
A esfera como suporte surge no processo, o vídeo tem como base um copo
e na sua maioria as filmagens realçam o círculo. Daí uma simbiose adequada
até porque a barreira em PVC com um círculo delimita a máscara da imagem
projectada criando também uma concordância.
Título: Sem Título
Vídeo-Instalação sobre ecran fosco
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Um ecran fosco como tabula rasa, a sua filmagem em diferentes horas do
dia deu origem a uma sequência de imagens em que as suas cores vão al-
terando e dando lugar a outros registos, retirados de outros lugares, jogando
com transparências e texturas, que se sentem através do olhar. A sua so-
breposição no vidro não foi ao acaso, resultando numa simbiose na reunião
dos dois ecrans fazendo com que a imagem projectada invada esta barreira
e resulte como um todo. A imagem é fragmentada fisicamente, mas no vídeo
existe uma linha horizontal que em termos estruturais ganha uma dimensão
mais forte, funcionado como eixo fazendo a divisão entre o céu e a terra como
de uma linha do horizonte se tratasse. Os ecrans possuem em si próprios
umas molduras de metal que os sustentam, que não se encontram nivelados
com o propósito de o espectador poder entrar na abertura que os separa,
tornando-o parte da instalação. O público que fica para trás consegue visual-
izar a interferência provocada pela presença humana, resultando num teatro
de sombras e das suas escalas. Por consequência esta instalação anda à
volta de uma certa teatralidade associada a uma temporalidade. Há aqui uma
preocupação na duração da experiência por parte do público. O factor tempo
ganha aqui uma dimensão teatral e vice-versa. Por outro lado todo o concep-
tualismo assenta numa epifania, no sentido da recolha de várias filmagens
que depois de editadas fazem parte da resolução de um quebra-cabeças que
finalmente encontrou na sua projecção e na sua realização plena.
Esta instalação permite ver o que está por de trás dos ecrãs, não que seja
interessante ver o reverso do vídeo mas pelo facto do espectador que fez
a transposição poder interferir com a projecção, criando um jogo lúdico de
sombras visíveis para quem ainda está do lado de fora.
Rejeito a dimensão narrativa, privilegio a percepção e o momento epifânico
dando origem a uma estrutura formal que revela tanto o previsível como o
imprevisível, criando uma estranheza que ao mesmo tempo se torna familiar
ou inquietante. Porque do simples, nasce a verdade!
Título: Epifania dos sentidos
Vídeo-Instalação sobre persiana
Duração: 5’ 41”
Ano: 2012
“As coisas desaparecem. Temos de nos apressar, se queremos ver alguma coisa”
Cézanne, Paul
A palavra epifania, epiphanéia (=manifestação), de origem grega (epi=sobre;
phaino=aparecer), pode ter duas abordagens. Não pretendo aqui focar a da
ordem teológica mas sim a do momento quase sempre fugaz de uma súbita
revelação interior, que suspende o que há de vir e se destaca do transitório.
Fugindo do óbvio e fornecendo somente algumas pistas, a ideia da metáfora
não me saía da mente. Do grego metaphorá (=transporte) remete exata-
mente para a descoberta incessante de ligações que nos transportam para
um patamar de plenitude.
Para colmatar a essência do desejo, começo a filmar, negando o discurso
narrativo, parto de imagens descontextualizadas, em que o zoom exagerado
faz com que a sua origem se perca, partindo para novos caminho da repre-
sentação, sem perder o propósito inicial. O vídeo surge como salvador da
existência breve de imagens aparentemente destituídas de significado. Pre-
tendo ter um olhar, capaz de captar o fugaz mas resistindo à efemeridade
do visível.
Permanecer no sonho acordada, fazer dele realidade. Quero fixar de uma
forma indireta essas memórias quase apagadas quando acordo. Ao rodar o
estore, a luz invade o espaço interior do canto, criando uma espécie de triân-
gulo, três conexões que dão origem à imagem tripartida. No confronto dos
objetos e da projeção, emana a fisicalidade da memória e da imagem. Há uma
autonomia dos vários suportes: a conjugação das mesas retirando-as da sua
primeira função remetem para um caráter primeiro da escultura.
Presencia-se uma exploração das possibilidades do objecto-suporte e no
modo como este se funde com os elementos som, movimento, imagem e
materialidade.
Título: Panorama Inóspito
Vídeo-Instalação sobre lousa
Duração: 6’ 29”
Ano: 2011
Panorama [INÓSPITO]
Uma vista aérea sobre o tealhado das CASAS em LOUSA
Material/Artefacto que me acompanha e ENCANTA!
O SOM do giz ARREPIA e remete para a minha infância
Memórias perdidas apagadas que devem só pertencer ao passado
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Título: Viewpoint
Meio: Vídeo-Arte
Duração: 3’ 00”
Ano: 2012
Título: À Frida Kahlo
Site-specific Vídeo
Duração: 7’30”
Ano: 2012
Abordei o tema das infiltrações do Museu de Santa Joana, tirando partido
da sua beleza estética. Fiz uma homenagem à pintora Mexicana Frida Kahlo,
associando as suas feridas às do Museu.
Acordei e vi que ainda não tinhas curado. Uma ferida não sara plenamente
mas vai atenuando os seus contornos. Recordo-me de ti numa nostalgia
absurda. Onde foste buscar tanta força para a tua irrupção vigorosa? Foste
exemplar nas tuas façanhas, não te deixaste intimidar pelas escoriações que
tinhas no corpo. O poder da mente surpreende-nos. Esses ferimentos têm
de ser cuidados, enquanto não arquivares as tuas perdas infundadas, não
poderás avançar com dignidade. Fica aqui uma tentativa de ajudar-te a sarar.
Porque o que arde cura!
Título: A subtração do olhar
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  • 3. Título: A libertação do caos interior Tema: Exorcismo Meio: Vídeo Duração: 1’ 17” Ano: 2003 Talvez a essência do exorcismo permaneça no combate interior e constante que temos connosco próprios. A insatisfação emergente requer uma liber- tação, não só de recalcamentos de infância, como também de um medo in- sustentável, que nos acompanha de enfrentar os obstáculos. O percurso académico não é de forma alguma linear. Esse percurso é pau- tado, por vezes de desistências, desvios, e muitas vezes, de um voltar a acredi- tar nas nossas próprias capacidades criadoras. É pois nesse momento que acordamos com uma energia nova, e damos um passo decisivo para afastar o mal do passado, exorcizando-o e portanto, atenuando-o. A resolução deste enigma assenta numa libertação do caos interior, recon- vertido em representações plásticas. O suporte é um rolo de papel cenário, que é desenrolado à medida em que é executada uma ilustração. Cada fase pretende ser a resolução da anterior, uma evolução ou regressão. Trata-se de um processo contínuo ou descontínuo, feito de altos e baixos ou até de momentos vazios.
  • 4.
  • 5. Título: Porto tipográfico Meio: Vídeo Duração: 0’ 29” Ano: 2003
  • 6.
  • 7. Título: OGM [trangénicos] Meio: Vídeo Duração: 1’ 06” Ano: 2003 Comer ou não trangénicos deve ser uma opção informada. A matéria-prima foi a água e elementos vegetais inseridos num recipiente plástico. O congela- mento desses elementos, que posteriormente desenformados foram fotogra- fados em diferentes fases do seu processo de descongelamento. Numa fase final, essas mesmas fotografias serviram de base para uma manipulação vir- tual concretizada numa simples animação.
  • 8.
  • 9. Título: Siddartha [Herman Hesse] Meio: Vídeo-Genérico Duração: 1’ 50” Ano: 2003 Siddartha infeliz com a sua educação, abandona o lar em busca do sentido da vida. A sua viagem é pautada por múltiplos aspectos do quotidiano, até encon- trar a reveladora iluminação final. Esta história indiana remete-nos para um conceito, em que o importante não é o ponto de chegada, para o percurso realizado para o alcançar. É uma narrativa que fala de um crescimento inte- rior, de uma união com o absoluto, que só é possível percorrendo uma vida árdua, repleta de provações e obstáculos.
  • 10.
  • 11. Título: Simulation Tripp [of an esquizoid] Meio: Vídeo-instalação Duração: 3’ 13” Ano: 2003 Parceria: Lisete Dias e Mª João Santos
  • 12.
  • 13. Título: Laço Duplo [indução de um comportamento patológico] Meio: Vídeo Duração: 9 ’ 93 ” Ano: 2004
  • 14.
  • 15. Título: Reflexo interior Meio: Vídeo Duração: 4’ 46” Ano: 2011-2012 As razões inerentes para a realização deste trabalho estão associadas ao facto de descobrir a organicidade e a imprevisibilidade que a tinta dissolvida e em contacto com a água formam. Usei dois tons de azul, um mais claro e outro mais escuro, para poder observar qual a interferência ou a conjugação que poderia provocar. Um dos meus propósitos foi captar a atenção do espectador, para o pro- cesso que se prende com o facto de ter invertido e acelerado a ordem natural dos acontecimentos. Quebrando a monotonia pontualmente emerge uma imagem que ultrapassa a moldura anteriormente instituída, sem a destruir, caracterizada pelo ele- mento comum, a água, mas agora à superfície. Esta imagem materializada em vídeo foi captada num lago do Museu Soares dos Reis e do Parque da Cidade no Porto, com este facto pretendi confrontar dois mundos, o das pro- fundezas exemplificada pela metáfora dos dois fluxos e o da superfície pelos lagos. Entre a o universo artificial e a realidade da Natureza. Vale a pena seguir a ordem inversa até ao fim, começa pelo “suposto” fim original e acaba com a tabula rasa (a tela branca). Representado por man- chas dispersas e expandidas das duas cores, a tinta ascende em vez de de- scer, a gravidade foi aqui questionada. Todos estes aspectos competem com a própria ciência, a tinta como meio tecnológico ganha aqui uma presença forte e interroga a sua primeira funcionalidade. O desenho ganha aqui um carácter mais forte. O movimento das tintas constroem-no. Todos estes princípios são postos em causa e alteram a perspectiva do es- pectador perante a obra. Segundo Serres, “A criação resiste à morte, rein- ventando a vida (...)”
  • 16.
  • 17. Título: Estratigrafia Vídeo-Instalação sobre esfera Duração: 3’ 35” Ano: 2011 Ao meu olhar sobrepôs-se uma câmara e um copo, camada por camada fui filmando o que mais me interessava visualmente. Mais do que uma alegoria, pela sobreposição das camadas, o meu olhar foi conduzido pelo efémero. A vida foge-nos e por vezes é difícil captá-la e nada é tão inocente como o desejo de alcançar o fugaz. A esfera como suporte surge no processo, o vídeo tem como base um copo e na sua maioria as filmagens realçam o círculo. Daí uma simbiose adequada até porque a barreira em PVC com um círculo delimita a máscara da imagem projectada criando também uma concordância.
  • 18.
  • 19. Título: Sem Título Vídeo-Instalação sobre ecran fosco Duração: 2’ 47” Ano: 2011 Um ecran fosco como tabula rasa, a sua filmagem em diferentes horas do dia deu origem a uma sequência de imagens em que as suas cores vão al- terando e dando lugar a outros registos, retirados de outros lugares, jogando com transparências e texturas, que se sentem através do olhar. A sua so- breposição no vidro não foi ao acaso, resultando numa simbiose na reunião dos dois ecrans fazendo com que a imagem projectada invada esta barreira e resulte como um todo. A imagem é fragmentada fisicamente, mas no vídeo existe uma linha horizontal que em termos estruturais ganha uma dimensão mais forte, funcionado como eixo fazendo a divisão entre o céu e a terra como de uma linha do horizonte se tratasse. Os ecrans possuem em si próprios umas molduras de metal que os sustentam, que não se encontram nivelados com o propósito de o espectador poder entrar na abertura que os separa, tornando-o parte da instalação. O público que fica para trás consegue visual- izar a interferência provocada pela presença humana, resultando num teatro de sombras e das suas escalas. Por consequência esta instalação anda à volta de uma certa teatralidade associada a uma temporalidade. Há aqui uma preocupação na duração da experiência por parte do público. O factor tempo ganha aqui uma dimensão teatral e vice-versa. Por outro lado todo o concep- tualismo assenta numa epifania, no sentido da recolha de várias filmagens que depois de editadas fazem parte da resolução de um quebra-cabeças que finalmente encontrou na sua projecção e na sua realização plena. Esta instalação permite ver o que está por de trás dos ecrãs, não que seja interessante ver o reverso do vídeo mas pelo facto do espectador que fez a transposição poder interferir com a projecção, criando um jogo lúdico de sombras visíveis para quem ainda está do lado de fora. Rejeito a dimensão narrativa, privilegio a percepção e o momento epifânico dando origem a uma estrutura formal que revela tanto o previsível como o imprevisível, criando uma estranheza que ao mesmo tempo se torna familiar ou inquietante. Porque do simples, nasce a verdade!
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  • 21. Título: Epifania dos sentidos Vídeo-Instalação sobre persiana Duração: 5’ 41” Ano: 2012 “As coisas desaparecem. Temos de nos apressar, se queremos ver alguma coisa” Cézanne, Paul A palavra epifania, epiphanéia (=manifestação), de origem grega (epi=sobre; phaino=aparecer), pode ter duas abordagens. Não pretendo aqui focar a da ordem teológica mas sim a do momento quase sempre fugaz de uma súbita revelação interior, que suspende o que há de vir e se destaca do transitório. Fugindo do óbvio e fornecendo somente algumas pistas, a ideia da metáfora não me saía da mente. Do grego metaphorá (=transporte) remete exata- mente para a descoberta incessante de ligações que nos transportam para um patamar de plenitude. Para colmatar a essência do desejo, começo a filmar, negando o discurso narrativo, parto de imagens descontextualizadas, em que o zoom exagerado faz com que a sua origem se perca, partindo para novos caminho da repre- sentação, sem perder o propósito inicial. O vídeo surge como salvador da existência breve de imagens aparentemente destituídas de significado. Pre- tendo ter um olhar, capaz de captar o fugaz mas resistindo à efemeridade do visível. Permanecer no sonho acordada, fazer dele realidade. Quero fixar de uma forma indireta essas memórias quase apagadas quando acordo. Ao rodar o estore, a luz invade o espaço interior do canto, criando uma espécie de triân- gulo, três conexões que dão origem à imagem tripartida. No confronto dos objetos e da projeção, emana a fisicalidade da memória e da imagem. Há uma autonomia dos vários suportes: a conjugação das mesas retirando-as da sua primeira função remetem para um caráter primeiro da escultura. Presencia-se uma exploração das possibilidades do objecto-suporte e no modo como este se funde com os elementos som, movimento, imagem e materialidade.
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  • 23. Título: Panorama Inóspito Vídeo-Instalação sobre lousa Duração: 6’ 29” Ano: 2011 Panorama [INÓSPITO] Uma vista aérea sobre o tealhado das CASAS em LOUSA Material/Artefacto que me acompanha e ENCANTA! O SOM do giz ARREPIA e remete para a minha infância Memórias perdidas apagadas que devem só pertencer ao passado e só fazem sentido se a Mãe estiver presente.
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  • 27. Título: À Frida Kahlo Site-specific Vídeo Duração: 7’30” Ano: 2012 Abordei o tema das infiltrações do Museu de Santa Joana, tirando partido da sua beleza estética. Fiz uma homenagem à pintora Mexicana Frida Kahlo, associando as suas feridas às do Museu. Acordei e vi que ainda não tinhas curado. Uma ferida não sara plenamente mas vai atenuando os seus contornos. Recordo-me de ti numa nostalgia absurda. Onde foste buscar tanta força para a tua irrupção vigorosa? Foste exemplar nas tuas façanhas, não te deixaste intimidar pelas escoriações que tinhas no corpo. O poder da mente surpreende-nos. Esses ferimentos têm de ser cuidados, enquanto não arquivares as tuas perdas infundadas, não poderás avançar com dignidade. Fica aqui uma tentativa de ajudar-te a sarar. Porque o que arde cura!
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  • 31. Título: A subtração do olhar Meio: Vídeo-Arte Duração: 1’ 57” Ano: 2012