1. O texto discute se a pena de morte é aceitável.
2. O autor defende que a pena de morte não é justificada sob qualquer ângulo, como reparação de sofrimento ou castigo exemplar.
3. Ele apresenta vários argumentos, como a substituição da pena de morte por prisão perpétua em países civilizados sem aumento da criminalidade.
2. Texto I
Tenho vindo a dizê-lo repetidas vezes: trata-se de uma mera vingança da
sociedade, mas não traz qualquer solução para os problemas sociais e
económicos que levam ao crime. Daí que considere que é inaceitável a
pena de morte. De facto, uma tal penalização em nada repara o sofrimento
da vida ou da família; em nada serve de castigo exemplar, pois, se o fosse,
bastava ter havido um só executado; em nada segue o exemplo dado pelos
paí-ses civilizados, em que tem sido transformada em prisão perpétua sem
que isso represente um aumento das respectivas taxas de criminalidade;
em nada reduz um direito da socie-dade, pois se não foi ela que deu a vida
ao criminoso, também não será ela que tem o di-reito de lhe retirar; em
nada simboliza um gesto da humanidade, de amor ao próximo e de
fraternidade, cuja carência está, psicologicamente, na base de qualquer
crime violento. Em nada se pode basear a defesa de tão repugnante, vil,
odioso e chocante procedimento como a pena de morte.
Manifesto Anónimo
6. Defende – se a tese de que a pena de
morte é injustificada sob todos os ângulos:
não defende a sociedade con-tra o crime, não
está de acordo com a moral nem com o
direito.
7. 3. Explicite os argumentos apresentados.
Argumento que critica a ideia da pena de
morte como reparação do sofrimento:
8. A pena de morte é legítima apenas se a pena
de morte reparar o sofrimento. Mas a pena de
morte não repara o sofrimento. Logo, a pena
de morte não é legítima.(Muitas pessoas
tendem a usar, como primeira premissa, a
afirmação "Se a pena de morte repara o
sofrimento, então a pena de morte é legítima",
o que torna o ar-gumento inválido, um caso
da falácia da negação do antecedente.)
10. • Se a pena de morte fosse um castigo
exemplar, então bastaria uma execução para
prevenir crimes susceptíveis de pena de
morte. Ora, já se deram e continuam a dar
execuções. Logo, é falso que as execuções
previnam crimes susceptíveis de pena de
morte. Logo, é falso que a pena de morte
seja um castigo exemplar.
12. Os países mais civilizados substituem a pena de
morte pela prisão perpétua, sem a desvantagem
do aumento de crimes. Devemos seguir os países
mais civilizados na substituição da pena de morte
pela de prisão perpétua. Ora, os países mais
civilizados substituem a pena de morte pela
prisão perpétua e sem desvantagens. Logo ,
devemos, como os países mais civilizados,
substituir a pena de morte pela prisão perpétua.
14. Se não foi a sociedade que deu a vida ao
criminoso, também não é ela que tem o direito
de lhe retirar. Não foi a sociedade que deu a
vida ao criminoso. Logo, a so-ciedade não
tem o direito de retirar a vida ao criminoso.
16. Se a pena de morte é legítima, deve contribuir
para a diminuição dos crimes vio-lentos.
Se a sociedade perde os laços do amor e da
fraternidade, os crimes violentos au-mentam.
A pena de morte contribui para a perda dos laços
de amor e fraternidade da soci-edade.
A pena de morte contribui para o aumento dos
crimes violentos.
Logo, pena de morte não é legítima.
17. TEXTO 2
Se o poder político tem por função primeira dar a sua força ao
direito das liberdades a des-peito dos poderes, ele deve permanecer
independente destes. Ele deve, exatamente, ter po-der sobre os
outros poderes, sobre toda a força que tenda a exercer-se contra a
liberdade dos fracos. Disso resulta que não pode ser nenhum dos
poderes. Nem o poder económico, nem poder ideológico, nem o
poder religioso. Também não pode identificar-se com o poder de
mais prestígio e eficaz - o da ciência e técnicas que ela engendra.
Em particular e forço-samente, pois o seu poder afeta diretamente o
espírito, a ciência médica. Por isso a medi-cina não deve tornar-se
uma competência do Estado.
Claude Bruaire, Une éthique pour Ia medicine, Fayard, 1978, pág.
132
19. O problema tratado no texto é este: Deve a
medicina tornar-se uma das competências do
Estado?
Observação: O problema central é obscurecido
pelo facto de grande parte do texto se dedicar a
estabelecer uma premissa - O Estado não pode
identificar-se com o po-der da ciência e das
técnicas -, desejada para a conclusão, e pelo
facto de a conclu-são aparecer subitamente
deduzida de uma premissa muito mais geral.
20. 2. O texto tem dois argumentos. Um
primeiro é um subargumento destinado a
justificar uma tese sobre o poder político. O
argumento principal usa a conclusão do
anterior para justi-ficar a sua primeira
premissa.
- Explicite os dois argumentos.
21. O poder político deve ser independente dos
outros poderes.
A ciência e as técnicas que ela engendra são
poderes.
Logo, o Estado deve ser independente das
ciências e das técnicas.
22. TEXTO 3
As descobertas da técnica tiveram por consequência
dividir domínios até aqui confundidos: sexualidade,
reprodução, maternidade e educação. Ora, quando se
dividem domínios nos quais se pode agir
seletivamente, as escolhas possíveis são introduzidas e
multiplicadas: cria-se uma liberdade. A mulher é
assim, cada vez mais, desalinhada em relação à
natureza gra-ças às ciências da natureza.
Evelyne Sullerot, Lê Fait Féminin, Centre Royaumont
pour une science de rhomme,Fayard, 1978, pág. 18
28. A fusão da sexualidade, da reprodução, da
maternidade e da educação retira muitas
possibilidades à mulher. Ora, a ciência e a
técnica separaram esses domínios. Logo, a
ciência e a técnica contribuem para a
liberdade da mulher.
29. TEXTO 4
Quisemos tudo, desejámos tudo, tomámos tudo, obtivemos tudo.
Devorámos tudo como as vítimas da fome canina em que nos
transformámos. E, assim que tivemos tudo, precisámos de nos
voltar para outra coisa. A satisfação não é do nosso mundo. Um
grande amor? Precisamos de um filho. Um filho? Precisamos de
dois, depois de três ou quatro. Um marido? Precisamos de um
amante. O emprego? Precisamos de chegar ao topo. As alturas?
Precisa-mos também do dinheiro. O êxito completo? Precisamos da
felicidade. Tudo ao mesmo tempo? Continua a não ser bom. Cansa
sersuperwoman...
Michéle Fitoussi, Lê ras-le-bol dês Superwomen, Calmann-Lévy,
1987, pág. 195
32. 2. O texto esforça-se por apresentar uma
justificação indutiva da tese ou conclusão
que, por sua vez, está ausente. Clarifique a
tese e o argumento.
33. • O texto pretende defender a tese de que as
metas habitualmente apontadas para a
realização (satisfação) da mulher são ilusórias.
O argumento consiste apenas em,
su-cessivamente, apontar tais metas - amor,
casamento, descendência, emprego, di-nheiro,
sucesso completo - e afirmar, para cada uma, o
seu fracasso. Como não se de-tém em dados
que confirmem este fracasso, o argumento
supõe que os fatos sugeridos são consensuais.