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                              O Renascido

      De súbito ele acordou, e o que sentiu foi frio, um frio intenso e gélido que nunca
havia experimentado antes, tentou abrir os olhos, mas não conseguiu, demorou um
pouco a descobrir que seus olhos já estavam abertos, mas tudo a sua volta era escuridão.
Tentou se mover, mas seus movimentos eram limitados, compreendeu que estava em um
espaço minúsculo e muito apertado, estava deitado e não podia nem ao menos erguer a
cabeça, então se deu conta de um cheiro estranho que dominava aquele lugar, cheiro de
morte, mas o terror foi maior quando descobriu que aquele cheiro emanava dele próprio.
Uma constatação terrível passou por sua cabeça e ao descobrir a verdade fez a única coisa
que podia fazer: gritou.


      Um grito de agonia que só ele ouviu.


      E após o grito ele chorou, e o choro deu lugar ao desespero, e desesperado ele
desferiu violentos golpes contra o teto baixo de sua prisão.


      Não era possível que estivesse ali, ele estava vivo, estava vivo...


      E de repente um ranger, sentiu que seus golpes surtiam efeito e quebravam sua
masmorra, continuou com mais força até conseguir romper aquele obstáculo e finalmente
conseguiu, mas seu espaço já limitado foi invadido repentinamente por uma torrente de
lama. Ele sentiu sua garganta se entupir, seus olhos fecharem, não conseguia mais
respirar, mas algo dizia que tinha que continuar tentando escapar daquele pesadelo.


      Seu esforço foi recompensado, finalmente ele saiu. Descobriu-se em um lugar
muito escuro e debaixo de uma intensa tempestade. Logo seus olhos se acostumaram
àquela escuridão e ele viu mais claramente do que nunca antes na vida, com espanto
2


percebeu estar em um cemitério. E isso não foi a única coisa que o espantou, também se
surpreendeu com sua nova capacidade visual, tudo estava tão nítido agora, e não só os
olhos, seu nariz percebia com uma precisão incrível cada aroma macabro daquele lugar e
seus ouvidos captavam o menor som mesmo sobre aquele forte temporal. E foi atraído
por um ruído sutil captado por sua acurada audição que ele se virou e a viu no mesmo
instante em que um raio cortava a noite e o rugido de um trovão quebrava o silêncio dos
mortos. Ela estava próxima a ele sentada em um túmulo.


      - Estava esperando por você – disse ela em um sotaque desconhecido, mas não
estranho.


      Onde ele havia ouvido aquela voz antes?


      Seus pensamentos foram interrompidos por uma estranha queimação no peito, de
início um leve ardor, mas que logo se transformou em uma dor insuportável. Ele levou as
mãos ao peito e elas também se queimaram, ele arrancou um objeto e o jogou ao chão.
Ainda com dores ele se aproximou do objeto e viu o que era: um pequeno crucifixo.


      - Camila... - foi a única coisa que disse.


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      Estava na casa da noiva, Camila. Era linda e extremamente alegre, mas naquele dia
estava diferente, mais pensativa.


      - O que foi? – ele perguntou.
3


      - Não sei – disse ela – pode parecer estranho, mas de repente fiquei com medo de
você sair por aquela porta e não voltar mais.


      - Pare com isso Camila, eu vou te amar para sempre – e a beijou. Mas chegou a
hora de partir, estava ficando tarde.


      - Eu vou indo Camila, dê um abraço em seus pais por mim.


      - Espera! Tome isso – enquanto falava Camila retirava do pescoço um pequeno
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      - Peraí Camila, isso não pertenceu a sua avó.


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para ver o que tinha acontecido. O carro estava bem amassado, mas o corpo havia
sumido, ele olhou para trás e o viu estendido na rua.


      - Ah meu Deus, o que eu fiz?
4




      Correu até o corpo, se abaixou, era uma mulher, não parecia respirar, vacilante
decidiu tocá-la.


      - Ei, você está bem?


      A mulher se virou rapidamente o assustando, ele viu diante de si um par de olhos
vermelhos estampados em um rosto pálido.


      - Saia daqui se quiser viver homem – disse a mulher em um estranho sotaque,
parecia europeu.


      - Mas o quê... – não teve tempo de terminar, alguma coisa o agarrou por trás e o
lançou longe, de volta a seu carro.


      Meio tonto ele viu dois homens se aproximarem do corpo da mulher e a erguerem
do chão com violência. Diziam algo em uma língua estranha e eram extremamente
bruscos. Um dos homens esbofeteou a mulher, mas de algum jeito ela reagiu de forma
espantosa, ele viu um dos homens ser lançado no ar e cair próximo a ele, mas o outro,
um barbudo, segurou a mulher por trás e disse, dessa vez em nossa língua:


      - Você vai morrer!


      Ele precisa agir. Definitivamente aqueles homens matariam a mulher, não podia
deixar que isso acontecesse, não com ele presente. Lembrou-se de uma faca de caça que
carregava no carro, rapidamente a pegou, correu até os dois e disse:


      - Solte-a agora! – o homem simplesmente jogou a mulher contra um muro onde ela
permaneceu imóvel.
5




       - Não tenho medo de você mortal, você não passa de um fraco e esse assunto não
lhe diz respeito.


       O barbudo avançou em passos largos em sua direção, ele olhou para a faca em sua
mão, sabia manuseá-la muito bem, não se entregaria tão fácil.


       O barbudo tentou agarrá-lo, ele se esquivou. Sabia que aquele homem era forte
demais. Mas quando o barbudo tentou segura-lo de novo ele desferiu um golpe de sua
faca, e ela cravou-se no centro do peito do homem, um pouco a esquerda, onde estava o
coração. O homem soltou um grunhido:


       - Nãããooo – ele caiu no chão se contorcendo, de repente suas roupas se
incendiaram e ele se desfez.


       - Mas o que é isso? – perguntou-se estarrecido com aquela cena.
       Mas teve pouco tempo para pensar a respeito, de repente uma voz firme disse:


       - Esse é o seu fim! – era o outro homem que o segurava por trás e mais uma vez o
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      - Seu maldito!


      Depois disso não disse mais nada, a mulher já havia se recobrado e aproveitando o
momento de distração o atacou de forma animalesca. Ela pulou sobre o homem
agonizante e em um movimento estraçalhou sua cabeça arrancando-a do tronco. Em
poucos instantes o corpo do homem se incendiou como o do outro.


      - Agora acabou – disse a mulher e se virou para ver o estado de seu benfeitor.


      Ele disse a ela:


      - Me ajude... por favor...


      A mulher se abaixou:


      - Isto te salvou – disse ela apontando para o crucifixo de Camila – mas agora nada
mais pode ser feito, seus ferimentos são muito sérios, você vai morrer.


      - Ai... Camila... Camila...


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      A mulher então se aproximou mais, abriu a boca deixando a mostra enormes
caninos.


      - Bem vindo ao reino dos fortes amigo. Dê adeus ao Sol e a sua Camila.
      - Não... – ele ainda tentou dizer, mas já era tarde. Sentiu os dentes cravaram-se em
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  • 1. 1 O Renascido De súbito ele acordou, e o que sentiu foi frio, um frio intenso e gélido que nunca havia experimentado antes, tentou abrir os olhos, mas não conseguiu, demorou um pouco a descobrir que seus olhos já estavam abertos, mas tudo a sua volta era escuridão. Tentou se mover, mas seus movimentos eram limitados, compreendeu que estava em um espaço minúsculo e muito apertado, estava deitado e não podia nem ao menos erguer a cabeça, então se deu conta de um cheiro estranho que dominava aquele lugar, cheiro de morte, mas o terror foi maior quando descobriu que aquele cheiro emanava dele próprio. Uma constatação terrível passou por sua cabeça e ao descobrir a verdade fez a única coisa que podia fazer: gritou. Um grito de agonia que só ele ouviu. E após o grito ele chorou, e o choro deu lugar ao desespero, e desesperado ele desferiu violentos golpes contra o teto baixo de sua prisão. Não era possível que estivesse ali, ele estava vivo, estava vivo... E de repente um ranger, sentiu que seus golpes surtiam efeito e quebravam sua masmorra, continuou com mais força até conseguir romper aquele obstáculo e finalmente conseguiu, mas seu espaço já limitado foi invadido repentinamente por uma torrente de lama. Ele sentiu sua garganta se entupir, seus olhos fecharem, não conseguia mais respirar, mas algo dizia que tinha que continuar tentando escapar daquele pesadelo. Seu esforço foi recompensado, finalmente ele saiu. Descobriu-se em um lugar muito escuro e debaixo de uma intensa tempestade. Logo seus olhos se acostumaram àquela escuridão e ele viu mais claramente do que nunca antes na vida, com espanto
  • 2. 2 percebeu estar em um cemitério. E isso não foi a única coisa que o espantou, também se surpreendeu com sua nova capacidade visual, tudo estava tão nítido agora, e não só os olhos, seu nariz percebia com uma precisão incrível cada aroma macabro daquele lugar e seus ouvidos captavam o menor som mesmo sobre aquele forte temporal. E foi atraído por um ruído sutil captado por sua acurada audição que ele se virou e a viu no mesmo instante em que um raio cortava a noite e o rugido de um trovão quebrava o silêncio dos mortos. Ela estava próxima a ele sentada em um túmulo. - Estava esperando por você – disse ela em um sotaque desconhecido, mas não estranho. Onde ele havia ouvido aquela voz antes? Seus pensamentos foram interrompidos por uma estranha queimação no peito, de início um leve ardor, mas que logo se transformou em uma dor insuportável. Ele levou as mãos ao peito e elas também se queimaram, ele arrancou um objeto e o jogou ao chão. Ainda com dores ele se aproximou do objeto e viu o que era: um pequeno crucifixo. - Camila... - foi a única coisa que disse. Então as lembranças começaram a invadir sua cabeça, ele se viu voltando no tempo e refazendo o caminho que o levara aquele lugar... Estava na casa da noiva, Camila. Era linda e extremamente alegre, mas naquele dia estava diferente, mais pensativa. - O que foi? – ele perguntou.
  • 3. 3 - Não sei – disse ela – pode parecer estranho, mas de repente fiquei com medo de você sair por aquela porta e não voltar mais. - Pare com isso Camila, eu vou te amar para sempre – e a beijou. Mas chegou a hora de partir, estava ficando tarde. - Eu vou indo Camila, dê um abraço em seus pais por mim. - Espera! Tome isso – enquanto falava Camila retirava do pescoço um pequeno crucifixo – toma, leva isso contigo, me sentirei mais segura. - Peraí Camila, isso não pertenceu a sua avó. - Eu sei, mas pode levá-lo. O que é meu é seu, lembra-se? Ele lembrava-se, ele tinha dito isso a ela quando fez o pedido de casamento. No portão eles beijaram-se, ele entrou no carro e deu partida, do espelho retrovisor viu Camila parada na porta com um olhar perdido, nunca a tinha visto assim antes. Já era tarde da noite, as ruas da cidade estavam vazias, e o caminho até sua casa totalmente deserto. Ao virar uma esquina foi que sua vida mudou para sempre. Vindo não se sabe de onde um corpo chocou-se com seu para-brisa, ele perdeu o controle do carro e colidiu com um poste. Meio tonto e confuso ele soltou o cinto e saiu para ver o que tinha acontecido. O carro estava bem amassado, mas o corpo havia sumido, ele olhou para trás e o viu estendido na rua. - Ah meu Deus, o que eu fiz?
  • 4. 4 Correu até o corpo, se abaixou, era uma mulher, não parecia respirar, vacilante decidiu tocá-la. - Ei, você está bem? A mulher se virou rapidamente o assustando, ele viu diante de si um par de olhos vermelhos estampados em um rosto pálido. - Saia daqui se quiser viver homem – disse a mulher em um estranho sotaque, parecia europeu. - Mas o quê... – não teve tempo de terminar, alguma coisa o agarrou por trás e o lançou longe, de volta a seu carro. Meio tonto ele viu dois homens se aproximarem do corpo da mulher e a erguerem do chão com violência. Diziam algo em uma língua estranha e eram extremamente bruscos. Um dos homens esbofeteou a mulher, mas de algum jeito ela reagiu de forma espantosa, ele viu um dos homens ser lançado no ar e cair próximo a ele, mas o outro, um barbudo, segurou a mulher por trás e disse, dessa vez em nossa língua: - Você vai morrer! Ele precisa agir. Definitivamente aqueles homens matariam a mulher, não podia deixar que isso acontecesse, não com ele presente. Lembrou-se de uma faca de caça que carregava no carro, rapidamente a pegou, correu até os dois e disse: - Solte-a agora! – o homem simplesmente jogou a mulher contra um muro onde ela permaneceu imóvel.
  • 5. 5 - Não tenho medo de você mortal, você não passa de um fraco e esse assunto não lhe diz respeito. O barbudo avançou em passos largos em sua direção, ele olhou para a faca em sua mão, sabia manuseá-la muito bem, não se entregaria tão fácil. O barbudo tentou agarrá-lo, ele se esquivou. Sabia que aquele homem era forte demais. Mas quando o barbudo tentou segura-lo de novo ele desferiu um golpe de sua faca, e ela cravou-se no centro do peito do homem, um pouco a esquerda, onde estava o coração. O homem soltou um grunhido: - Nãããooo – ele caiu no chão se contorcendo, de repente suas roupas se incendiaram e ele se desfez. - Mas o que é isso? – perguntou-se estarrecido com aquela cena. Mas teve pouco tempo para pensar a respeito, de repente uma voz firme disse: - Esse é o seu fim! – era o outro homem que o segurava por trás e mais uma vez o arremessava no ar. Ele foi atirado contra uma parede e sentiu vários de seus ossos se partirem. - Você vai sofrer muito! – disse o homem tomado de fúria e desferindo-lhe um chute no tronco que o fez cuspir sangue. - Prepare-se para seu fim! – o homem o agarrou pelo colarinho. Mas de repente o atacante começou a gritar e o largou, de suas mãos saíam fumaça.
  • 6. 6 - Seu maldito! Depois disso não disse mais nada, a mulher já havia se recobrado e aproveitando o momento de distração o atacou de forma animalesca. Ela pulou sobre o homem agonizante e em um movimento estraçalhou sua cabeça arrancando-a do tronco. Em poucos instantes o corpo do homem se incendiou como o do outro. - Agora acabou – disse a mulher e se virou para ver o estado de seu benfeitor. Ele disse a ela: - Me ajude... por favor... A mulher se abaixou: - Isto te salvou – disse ela apontando para o crucifixo de Camila – mas agora nada mais pode ser feito, seus ferimentos são muito sérios, você vai morrer. - Ai... Camila... Camila... - Quem é Camila? – perguntou a mulher com seu sotaque. - Camila... o que é meu, é seu...eu te amo... - Amor – disse a mulher - talvez por isso ainda valha a pena viver, de qualquer forma você seria uma aquisição muito útil, enfrentou Marco e Andreas sozinho, matou um e quase venceu o outro, não é de se jogar fora. Além do mais te devo minha vida.
  • 7. 7 A mulher então se aproximou mais, abriu a boca deixando a mostra enormes caninos. - Bem vindo ao reino dos fortes amigo. Dê adeus ao Sol e a sua Camila. - Não... – ele ainda tentou dizer, mas já era tarde. Sentiu os dentes cravaram-se em seu pescoço e a escuridão o dominou. Para sempre.