1. Informativo Técnico do Sindicato dos
Trabalhadores em Assistência Técnica e
Extensão Ruraldo Estado de Minas Gerais
Ano 4 | Edição nº 17 | Fevereiro de 2012
www.sinter-mg.org.br
Calendula Officinalis.
Fotografia da internet
DESTAQUE
Atividade antifúngica do óleo de Calendula
Officinalis L. cresce no Brasil pág. 03
OUTRAS NOTÍCIAS
Bio Dicas:
02 Propriedades da Calendula officinalis
2. Edição nº 17 | Fevereiro de 2012 | Ano 4
02
Editorial Bio Dicas
A Calendula Officinalis faz parte da Calendula Officinalis
Relação Nacional de Plantas Me-
dicinais de Interesse ao SUS (RE- Ação: Antifúngico, antinflamatório, antimicrobiano, purifica o sangue.
NISUS), constituída de espécies
vegetais com potencial de avançar Infecções Cutâneas: É utilizada sobre a pele ou ingerida, tendo proprie-
nas etapas da cadeia produtiva e dades antissépticas, purificadoras e desintoxicantes. Como loção ou un-
de gerar produtos de interesse do guento acelera a cura e detém diversos tipos de infecções, como queima-
Ministério da Saúde do Brasil. duras, picaduras cistos e pústulas, mastites, cortes e machucados, etc.
A finalidade da RENISUS é subsidi- Distúrbios Digestivos: Pode ser ingerida (melhor como infusão) para curar
ar o desenvolvimento de toda cadeia problemas inflamatórios de todo o sistema digestivo, como as úlceras pép-
produtiva relacionada à regulamen- ticas e as gastrites. Também ajuda a recuperar as infecções gastrointesti-
tação, cultivo/manejo, produção, nais, sobre tudo a relacionada com a disbiose intestinal* e a candidíase.
comercialização e dispensação de * disbiose intestinal é uma disfunção do cólon devido à alteração da flora intestinal.
plantas medicinais e fitoterápicos.
Somente com o argumento anterior Parte utilizada: Flores, folhas e caules.
já mostraria a importância de dedi-
carmos um trabalho sobre esta plan- Contra-indicações/cuidados: Não indicado para gestantes.
ta, porém ao realizarmos pesquisas
e lembrarmos a utilização da calen- Uso interno:
dula como componente de fórmulas Flores secas: 1 a 4g, três vezes ao dia.
em medicamentos utilizados na me- Infusão: 10 a 15g de folhas e flores picadas em 1L de água fervente. Beber
dicina humana e veterinária observa- 3 xícaras/dia.
mos que o quanto é importante. Decocção: 5 a 15g de folhas e flores para 1L de água. Beber 5 xícaras/dia.
Tintura em álcool 90%: 0,3 a 1,2ml, três vezes ao dia.
Planta de origem europeia, que se Extrato mole: 0,3 a 0,5g ao dia
adapta bem no mundo inteiro, in- Extrato fluido em álcool 40%: 0,5 a 1ml, três vezes ao dia.
clusive no Brasil, aonde chegou no
período colonial e se espalhou. A Uso externo:
Calendula Officinalis não faz parte Pomada e tintura: feitas com folhas e flores. Usar sobre as partes afetadas
somente da fitoterapia, mas também 3 a 4 vezes ao dia. A tintura, diluída com água destilada ou fervida, pode ser
da alopatia e da homeopatia. aplicada diretamente em ferimentos diversos, exercendo excelente ação
cicatrizante. Utiliza-se de 1 a 2 partes de água para 1 de tintura.
Em Cuba ela também faz parte do Tintura em compressas: alcoolatura a 10%.
Sistema de Saúde e onde podemos Ungüentos, pomadas para úlceras e varizes: 8 a 15%.
encontrar bons trabalhos científicos Banhos: 50 g da planta por litro de água.
(http://www.sld.cu/). Cataplasma: flores e folhas tenras, socadas e empastadas, sobre um pano
limpo são aplicadas nos ferimentos.
Antônio Domingues Fonte: Plantas medicinales, Editora El Ateneo
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3. Edição nº 17 | Fevereiro de 2012 | Ano 4
03
Atividade antifúngica do óleo de Calendula
Officinalis L. crescendo no Brasil
Zilda Cristiane Gazimeu (Departamento de Far- obtido sesquiterpene álcool e principalmente
mácia, Universidade Paranaense - Umuarama, - cadinol por meio de destilação a vapor. Ra-
PR, Brasil); Claudia Moraes RezendeII e San- dulescu e Cols (4) estudou flores da Roménia
dra Regina FragaII (Instituto de Química, Uni-por destilação «head space» e vapor e encon-
versidade Federal do Rio de Janeiro, Centro detrado - cadinene mais muurolol 1,3,5-cadina-
Tecnologia - Rio de Janeiro, RJ, Brasil); Terezi-
triene e - como os compostos importantes, res-
nha Inez Estivaleti SvidzinskiIII e Diógenes Apa-
pectivamente. Por causa do valor económico
ricio Garcia Cortez (Departamento de Farmácia de C. Officinalis como uma medicina herbal e
e Farmacología, Universidade Estadual de Ma- sua ampla utilização em produtos cosméticos,
ringá - Maringá, PR, Brasil). perfumes, preparações farmacêuticas e alimen-
tares, decidimos es-
RESUMO tudar a aclimatação
“Os resultados dos ensaios de C. Officinalis no
Neste estudo foi antifúngicos mostraram pela sudeste do Brasil.
avaliada a atividade
antifúngica do óleo primeira vez, o óleo essencial tem O objetivo do pre-
essencial, obtido das sente trabalho foi
flores de Calendula um grande potencial antifúngico, estudar in vitro ativi-
Officinalis utilizando- dade antifúngica do
-se técnica de difu- pois foi efetivo contra todas as 23 óleo essencial das
são em discotecas. flores de C. Offici-
Os resultados dos amostras clínicas nalis, conforme de-
ensaios antifúngicos terminado pela difu-
mostraram pela pri-
de fungos testados.” são de disco agar,
meira vez, o óleo es- em 23 clínicas estir-
sencial tem um gran- pes fúngicas.
de potencial antifúngico, pois foi efetivo contra
todas as 23 amostras clínicas de fungos testa- Material vegetal
dos.
As flores de Calendula Officinalis foram coleta-
Palavras-chave: Calendula Officinalis; óleo es- das de um canteiro experimental no Jardim Bo-
sencial; atividade antifúngica. tânico Medicinal da Universidade Paranaense
de Umuarama, estado do Paraná, sudeste do
Calendula officinalis L. (Asteraceae) é uma erva Brasil (S 23º 46.225’ e W 53º 16.730’, altitude
anual com amarelo de flores de laranja, nativas 391m). As flores foram secas a 25ºc em um
da região mediterrânica. É também conhecido quarto iluminado por 20 dias. Uma espécime
como pot marigold, um nome historicamente de comprovante, HEUP 1311, foi depositado
associado com seu uso em sopas e guisados no herbário educacional da Universidade Para-
para combater doenças (1) e tem uma longa naense (HEUP). As flores foram coletadas em
história de uso seguro como medicamento no 30 de abril de 2004 (início do Inverno).
tratamento de feridas de pele e inflamação (2).
A planta contém esquiterpenes glicosídeos, sa- Destilação a vapor
poninas, xantofilas, triterpenes triol, flavonóides
e compostos voláteis. Chalchat e Cols (3) es- O óleo essencial foi obtido em um aparelho de
tudaram o óleo essencial de C. Officinalis de Clevenger por destilação a vapor. Depois de 3
flores cultivadas no Maciço Central, França e horas de destilação a vapor, l50g da amostra
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seca foi extraído com 500ml de água. A água Os principais constituintes do óleo essencial
recolhida foi re-extracted com 3 x 50ml de he- foram os seguintes: sesquiterpene hidrocar-
xano. Após secagem anidro Na2SO4, hexano bonetos (68.0%) e sesquiterpenols (27,0%).
estava concentrado em um aparelho de eva- δ- cadinene (22.53%), α- cadinol (20.40%) e epi
porador rotator vácuo 47mg para render 0,1% -α- muurolol (12.87%). As análises foram rea-
w/w pelo peso do material seco (5). lizadas pelo GC e GC-MS conforme descrito
por Gazim et al. (8).
Microrganismos utilizados e as condições de
crescimento Muitos agentes antifúngicos estão disponíveis
para o tratamento de infecções por candida, e
A atividade antimicrobiana do óleo essencial estes estão disponíveis em várias formas far-
das flores de Calendula Officinalis foi avaliada macêuticas para uso tópico ou sistêmico. Os
usando um painel que incluía cepas de con- principais agentes pertencem tanto à polienos,
trole laboratorial da coleção de cultura de tipo como a anfotericina b e nistatina; ou para os
americano (Rockville, MD, EUA): microorganis- azóis, tais como itraconazol e fluconazol. No
mos fungos: Candida albicans (ATCC 64548), entanto, por causa da necessidade de trata-
Candida dubliniensis (ATCC 777), Candida mento prolongado, o alto custo, toxicidade e
parapsilosis (ATCC 22019), Candida glabrata ação limitada das drogas clássicas, produtos
(ATCC 90030) e Candida krusei (ATCC 6258); novos e eficazes são desejáveis para tratar es-
e as seguintes leveduras clinicamente isoladas tas infecções fúngicas. O efeito antifúngico de
de seres humanos: Candida albicans, Candida óleos essenciais (EO) de muitas plantas aro-
dubliniensis, Candida parapsilosis, Candida máticas tem sido descrito em vários estudos
glabrata, Candida tropicalis, Candida guillier- (9). Os óleos essenciais ricos em cadinene
mondii, Candida krusei e Rhodotorulla sp. As isômeros são amplamente divulgados possuir
leveduras foram cultivadas a 25ºc em ágar de altos níveis de atividade de anticandidal (10).
dextrose Sabouraud. Nossos dados indicam que o óleo de C. Offi-
cinalis flores exibiu atividade antifúngica contra
Método de difusão de disco todas as leveduras abrangidos pelo inquérito,
In vitro atividade antifúngica do óleo essencial
de C. Officinalis foi determinada pelo método
de difusão de disco de ágar-ágar de acordo
com Rubio et al. 2003 (6). Resumidamente,
uma suspensão de cada microrganismo tes-
tado (2,0 ml de 105 células/ml) foi cuidado-
samente misturada em um tubo com 18ml de
Mueller Hinton Agar (MHA) e então derramada
em placas de Petri. Estéril discos de papel de
filtro (Whatman nº 1, 6,0mm de diâmetro) foram
impregnados com 15ml do óleo e colocados
sobre as placas inoculadas. Discos de controle
contendo 15 µ l de soro fisiológico e nistatina
(100 U.I. ou 20 µ g/disco, Cecon, São Paulo,
Brasil) foram utilizados. Essas placas foram au-
torizadas a secar à temperatura ambiente por
2h e foram incubadas a 25ºc por 48h. Os diâ-
-metros das zonas de inibição foram medidos
em milímetros e seus meios foram calculados.
Todos os testes foram realizados em duplicata
(7). Vinte e três cepas de leveduras foram tes-
tadas, conforme listado na tabela 01 (ao lado).
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incluindo os patógenos clínicos obtidos a partir de flores de Calendula officinalis . Planta med.,
de unidades populacionais de referência, bem 60, 516-520.
como aqueles recentemente isolado. Este óleo
forneceu resultados mais interessantes do que 3. Chalchat, J.C.; Garry, r.; Michet, r. (1991).
a nistatina, um fungicida utilizado para o trata- Composição química de essenciais de óleo de
mento tópico da candidíase Mucocutânea. Calendula officinalis l.(Pote dourado). Sabor
perfumantes j., 6, 189-192.
Como visto na tabela 1, a produção de discos
impregnados com 15 µ g de óleo de flor de c. 4. Radulescu, V.; Doneanu, c.; Loloiu, T.C.G.C.
officinalis zonas de inibição variando de 11 a (2000). Investigação da composição química
30 mm de diâmetro. O mais amplo (28-30mm) de Calendula officinalis. Revue romena de Chi-
foram obtido contra Candida parapsilosis(Isola mie, 45, 271-275.
11 e 12), Candida glabrata (isolar 15) e Rhodo-
torulla SP. (isolar 23). O óleo também mostrou 5. Pessini, G.L.; Dias Filho, B.P.; Ferreira, A.G.;
alta atividade, com zonas de inibição de 20-27 Cortez, D.A.G.; (2005). Neolignanas e análise
mm, contra Candida albicans (Isola 3 e 7), Can- do óleo essencial das folhas de Piper regnellii
dida dubliniensis ATCC 777, Candida parapsi- (Miq.) C. DC. var. pallescens (c. DC.) Yunck.
losis ATCC 22019, Candida tropicalis (Isola 18 Rev. Bras. Farmacognosia, 15, 199-204.
e 19), Candida guilliermondii (Isola 20 e 21)
eCandida glabrata (isolar 14). Para dez isola- 6. Rubio, M.C.; Gil, j.; de Ocariz, r.i.; Benito, r.;
dos: Candida albicans ATCC 64548 e isolados Rezusta, r. (2003). Comparação dos resultados
2, 4, 5 e 6, Candida parapsilosis (isolar 10), obtidos por testes com três diferentes meios
Candida glabrata ATCC 90030, Candida tro- de ágar e por NCCLS M27-método para In Vi-
picalis (Isola, 16 e 17) e Candida krusei ATCC tro testes de fluconazol contra Candida spp. j.
6258, este óleo também mostrou boa atividade Clin. Microbiol., 41, 2665-2668.
antifúngica (11-18mm).
7. Skocibusic, M.; Bezic, s.; Dunkic, v. (2006).
Constatamos que de acordo com o fabricante Composição fitoquímica e atividades antimicro-
dos discos nistatina, todos os 23 amostras de bianas dos óleos essenciais de Satureja subs-
leveduras testadas eram sensíveis a nistatina picata VIS. crescendo na Croácia. Química de
(diâmetro de inibição acima de 10mm). No en- alimentos, 96 20-28.
tanto, o óleo das flores de c. officinalismostrou
uma maior variabilidade entre os diferentes iso- 8. Gazim, Z.C.; Ferreira, G.A.; Rezende, C.M.;
lados do que fez a nistatina, que variou entre Nakamura, C.V.; Dias Filho, B.P.; Cortez, D.A.G.
11 e 13mm.É possível que a gama mais vas- (2007).Identificação dos constituintes químicos
ta no perfil de sensibilidade demonstrada pelo da fração volátil da Calendula officinalis produ-
óleo de c. officinalis flores pode ser vantajosa, zida no Paraná.Horticultura Bras., 25, 118-121.
porque estes estão amplamente disponíveis e
demonstram um espectro de ação amplo con- 9. Sridhar, S.R.; Rajagopal, R.V.; Rajavel, r.; Ma-
tra fungos patogênicos. Além disso, a resposta silamani, s.; Narasimhan, s. (2003). Atividade
terapêutica humana a medicina não é uniforme, antifúngica de alguns óleos essenciais. J. Agric.
como sugerido por ensaios in vitro com Nista- alimento Chem., 51, 7596-7599.
tina.
10. Porter, N.G.; Wilkins l. a. (1999). Proprieda-
REFERÊNCIAS des químicas, físicas e antimicrobianas de óle-
os essenciais deLeptospermum desfontainesii
1. Ramos, a.; Edreira, a.; Vizoso, a.; Betancourt, e Kunzea ericoides. Fitoquímica, 50, 407-415.
j.; López, M.; Décalo, m. (1988). Genotoxicida-
de de extractos de Calendula officinalis l. j. Eth-
nopharmacol., 61, 49-55.
Fonte:
2. Della Loggia, r.; Tubaro, a.; Sosa, s.; Becker, http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
h.; Saar, St.; Isaac, m. (1994). O papel de tri- arttext&pid=S1517-83822008000100015&lng=en
perpenoids na atividade tópica antiinflamatory &nrm=iso&tlng=en