Pesquisas realizadas em todo país sugerem que comportamentos impulsivos de compra e falta de planejamento financeiro são encontrados em todas as classes sociais.
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Hábitos financeiros influenciam inadimplência mais que renda
1. Inadimplência está mais ligada a maus hábitos
financeiros do que à falta de dinheiro, diz SPC Brasil
Pesquisas realizadas em todo
país sugerem que
comportamentos
impulsivos
de
compra e falta de planejamento financeiro são encontrados em todas as classes sociais
Os economistas do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) divulgaram uma avaliação,
nesta terça-feira (21/1), com dados obtidos pelo cruzamento de pesquisas divulgadas pelo
SPC ao longo de 2013, todas encomendadas com o intuito de entender a relação do
consumidor adulto brasileiro com o próprio dinheiro. A principal conclusão dos especialistas
é que a situação de inadimplência no Brasil — ao contrário do que muitos pensam — está
relacionada a hábitos de planejamento financeiro, e nem sempre à renda baixa. Como
apontam as pesquisas, existe descontrole financeiro e inadimplência mesmo entre as
famílias de renda elevada.
Dados de quatro estudos indicam que pessoas com contas em atraso não têm
necessariamente renda menor do que aquelas que pagam os compromissos em dia. Uma
pesquisa encomendada em agosto de 2013 para traçar o perfil do consumidor inadimplente
no país revelou que 16% da amostra de pessoas com contas em atraso há mais de 90 dias
pertenciam às classes D e E (renda familiar inferior a R$ 905 por mês). No entanto, ao
avaliar essa mesma concentração de consumidores de menor renda (classes D e E) entre a
amostra de adimplentes, o percentual subiu para 22%.
“De maneira geral, os estudos sugerem que consumidores adimplentes adotam práticas
financeiras mais cautelosas e conservadoras, independentemente da classe social a qual
pertencem. Isso inclui hábitos como o de planejar os gastos, poupar dinheiro para uma
emergência e o de não emprestar o próprio nome a terceiros”, explica a economista do SPC
Brasil, Luiza Rodrigues.
Faça o que digo, mas não faça o que faço
Dois estudos sobre a Educação Financeira do Brasileiro (fevereiro/2013) e sobre o
Comportamento de Consumo no Brasil (outubro/2013) mostram que a maioria dos
brasileiros (88%) se declara “muito controlado” ou “moderado” em relação aos hábitos de
compra. No entanto, apesar da autoimagem de controlado em relação às compras, os
consumidores
relataram
ao
SPC
Brasil
diversas
práticas
que
contradizem
esse
comportamento ideal: 59% já ficaram no vermelho por conta de gastos que não
precisavam ter realizado e 69% dos consumidores já fizeram compras apenas para “se
sentirem fortes, ricos ou poderosos”.
2. Além disso, em relação às finanças pessoais, o consumidor mostra-se, no geral, pouco
preparado para qualquer emergência financeira: 42% dos adultos entrevistados declararam
que não guardam qualquer quantidade de dinheiro para uma situação de emergência. “Em
muitos casos, os estudos sugerem que adoção de hábitos simples de planejamento
financeiro poderia ter evitado a situação inadimplência. E comportamentos impulsivos de
compra e hábitos de risco foram detectados em todos os extratos sociais”, afirma Luiza.
Diferenças de comportamento
Os adimplentes não somente possuem posturas menos arriscadas como também têm
hábitos ligados a um bom planejamento financeiro. As pesquisas do SPC Brasil relevam
que, com relação aos adimplentes, 76% fazem lista de compras antes de ir ao
supermercado, 83% pesquisam preços antes de comprar qualquer produto ou serviço, 63%
acompanham mensalmente das suas receitas e despesas (seja em uma caderneta ou
planilha) e 17% buscam informações sobre questões financeiras com frequência. Em
contrapartida, quando consideramos o grupo dos inadimplentes, tais percentuais caem
respectivamente para 61%, 66%, 38% e 3%.
Ainda com relação às diferenças de postura frente ao endividamento, outro ponto a ser
destacado é que, ao contrário dos inadimplentes, os adimplentes vêem as dívidas como
evitáveis. Dentre os adimplentes, 93% evitam dívidas, seja controlando os impulsos de
compra (37%), seja fazendo planejamento financeiro (56%). Além disso, 35% desse grupo
fazem fundo emergencial (dinheiro guardado para emergências). Já com relação aos
inadimplentes, 54% afirmam que a dívida que têm atualmente não poderia ter sido evitada
— já que ocorreu por motivo alheio a sua vontade (como desemprego) — e apenas 38%
afirmam que a falta de controle financeiro foi o principal motivo para o endividamento.
Inadimplentes tendem a se arriscar mais
Os inadimplentes também adotam posturas mais arriscadas em relação a empréstimo de
nome: 20% dos entrevistados desse grupo revelaram que têm o hábito de emprestar o
próprio nome a terceiros para que estes possam fazer compras. Destes, 96% não tomam
nenhuma precaução (como pedir uma nota promissória a quem emprestou o nome). No
grupo dos adimplentes, apenas 9% têm esse hábito, dos quais 69% não tomam nenhuma
precaução (os demais 31% são precavidos e exigem algum tipo de garantia).
Ressalta-se que os inadimplentes também tendem a buscar mais crédito em lojas e menos
em bancos: 53% dos consumidores negativados possuem cartão de loja, enquanto que o
percentual cai para 46% quando comparados com os não negativados. Além disso,
segundo os estudos, 53% dos consumidores inadimplentes possuem cartão de crédito de
banco, enquanto que 61% dos adimplentes dispõem desse mesmo recurso.
3. Para os economistas, as pesquisas feitas pelo SPC Brasil mostram que o brasileiro ainda
necessita de educação financeira mais aprofundada. “Os resultados apontam para uma alta
frequência de consumidores impulsivos, levados pela moda, propaganda ou desejo de autoafirmação. Além disso, a inadimplência parece estar ligada, em muitos casos, à falta de
hábitos simples de planejamento financeiro e de precaução contra emergências”, explica
Luiza.
Baixe a análise completa em https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/pesquisas
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