3. Coluna Vertebral – Anatomia e
Fisiologia:
A coluna vertebral é composta por 33 ossos
denominados vértebras, que se estendem desde a
base do crânio até o cóccix e são divididos em
grupos conforme sua localização e por
similaridades anatômicas em:
cervicais (07),
torácicas (12),
lombares (05),
sacrais (05) e
coccígeas (04).
(DANGELO & FATTINI, 2004.p. 375)
4. Coluna Vertebral –
Anatomia e Fisiologia:
São classificados como ossos irregulares, por terem
uma morfologia complexa sem precedentes em
formas geométricas conhecidas.
São separadas entre si por discos
fibrocartilaginosos – os discos intervertebrais, que
tem por função absorver os aumentos de pressão
numa súbita sobrecarga de peso na coluna e
conferir mobilidade entre as vértebras adjacentes,
além de impedir o impacto direto entre as vértebras,
reduzindo assim seu desgaste pelo atrito.
5.
6. Coluna Vertebral –
Anatomia e Fisiologia:
Anatomicamente, as vértebras possuem um forame
vertebral, que quando alinhadas, formam um “túnel”
ósseo, por onde passa a medula espinhal, de onde
ramificam os nervos espinhais.
Além deste
protetores da
arcabouço ósseo, também são
medula as meninges, lâminas
membranosas de tecido conjuntivo que protegem o
encéfalo e se estendem até o estreitamento da
medula espinhal.
7. Coluna Vertebral –
Anatomia e Fisiologia:
As meninges são três, a saber:
dura-máter (mais externa),
aracnóide (central) e
pia-máter (mais interna).
Entre a aracnóide e a dura-máter, existe um espaço
subdural, e entre a aracnóide e a pia-máter existe o
espaço subaracnóide, por onde circula o líquido
cefalorraquidiano, ou líquor.
8. Coluna Vertebral –
Anatomia e Fisiologia:
A coluna vertebral tem por função dar sustentação
ao corpo, além de proteger a medula espinhal, e
permitir assim que os impulsos nervosos fluam
livremente pelas vias eferentes (motoras) e
aferentes (sensitivas), para que o cérebro envie
comandos e receba sensações.
A interrupção deste fluxo causa isolamento do
segmento corporal no nível e abaixo da lesão,
levando a perda e/ou diminuição da sensibilidade e
da capacidade de movimento.
9. Definição: Traumatismo
Raquimedular
Traumatismo raquimedular é a lesão da medula
espinhal, que pode ser completa ou incompleta.
Apenas aproximadamente em 20 % dos casos a
lesão medular não decorre de traumatismos, sendo
secundária a processos degenerativos / patológicos
tais como tumores, malformações, diabetes.
A grande maioria dos casos de trauma
raquimedulares é decorrente de acidentes. Pode
ser devido a acidentes automobilísticos, ferimentos
por armas de fogo, quedas, acidentes esportivos,
acidentes de trabalho.
(SANTOS, 2005. p. 137)
10. Trauma Raquimedular
Os locais mais comuns de
lesão medular são as áreas
das vértebras C5, C6 e C7,
além da junção das vértebras
torácicas e lombares, T12 e
L1.
(NETTINA, 2007, p.507)
11. Trauma Raquimedular
A energia mecânica tende a ser o agente de lesão
mais comum, sendo ainda o maior responsável
pelos traumatismos raquimedulares.
Mecanismos de Lesão:
Hiperflexão
Hiperextensão
Carga axial
Carga lateral
Ferimentos penetrantes
17. Epidemiologia – Trauma
Raquimedular:
Os fatores de risco predominantes para lesão raquimedular
são idade, sexo, uso de álcool e drogas (lícitas e ilícitas). A
prevenção primária é a mais eficiente forma de prevenção.
A lesão raquimedular ocorre com frequência até quatro
vezes maior em homens que em mulheres. Mais da metade
dos registros de lesão raquimedular ocorre em indivíduos
inseridos na faixa etária dos 16 aos 30 anos, sendo a causa
mais comum os acidentes automobilísticos (35 %) seguida
pela violência (30%), quedas (19%) e práticas desportivas
(8%).
As vértebras mais acometidas são C5, C6 e C7, T12 e L1
devido a maior amplitude de movimento da coluna vertebral
nestas regiões.
(Segundo o Center of Disease Control - CDC (2001)
18. Fisiopatologia – Trauma
Raquimedular:
Lesão primária: Transferência de energia cinética
para a medula espinhal que gera o rompimento dos
axônios, lesão das células nervosas e ruptura dos
vasos sanguíneos.
Lesão secundária: Morte de axônios e células que
não foram inicialmente lesados, pela redução do fluxo
sanguíneo, normalmente causada por alterações no
canal vertebral, hemorragia, edema ou redução da
pressão sistêmica.
19.
20.
21. “Desde que a coluna do doente esteja
devidamente protegida, o exame vertebral e a
exclusão de traumas à coluna podem ser
postergados sem riscos, especialmente na
presença de alguma instabilidade sistêmica.”
ATLS
22. Avaliação Clínica:
Irá determinar o nível da lesão neurológica do
paciente:
História Informações sobre o estado geral do
paciente previamente ao trauma.
Exame físico
Exame neurológico
Avaliação da sensibilidade, da função
motora e dos reflexos.
23. Avaliação Clínica:
Paciente com fratura da coluna sem lesão medular:
Apresentam dor,
Incapacidade funcional,
Espasmo da musculatura adjacente.
Paciente com lesão medular:
Perda de resposta à estimulo doloroso,
Incapacidade de realizar movimentos vontuntários,
Queda da pressão arterial com bradicardia,
Alteração no controle dos enficteres,
Priapismo,
Respiração diafragmática
24.
25.
26. Avaliação Clínica:
Síndrome Característica
Síndrome da medula
central
Cervical – comprometimento membros inferiores
e superiores
Síndrome da medula
anterior
Preservação da propriocepção e perda variável
da função motora e sensitiva à dor
Síndrome da medula
posterior
Manutenção da sensibilidade à dor e a função
motora, propriocepção alterada
Síndrome de Brown-
Séquard
Hemissecção da medula – perda da função
motora e proprioceptiva do lado da lesão e perda
da sensibilidade à dor e temperatura do lado
oposto
Síndrome de cone medular Incontinência vesical, fecal e alteração da função
sexual
Síndrome da cauda equina L1, L2 –
arreflexia,
paresia de
distúrbios
membros inferiores,
da sensibilidade e
27. Avaliação Sensibilidade:
É realizada por meio da avaliação de sensibilidade
tátil e dolorosa do paciente, através de 20
dermátomos:
Mamilos – T4
Processo Xifóide – T7
Região Inguinal – T12 a L1
Região Perineal – S2, S3, S4
Atribui uma
clínicos:
0 – ausente
1 – alterada
avaliação numérica nos achados
28. Avaliação Motora:
Avaliação dos 10 pares miótomos e a força muscular
graduada :
C5 – Flexores do cotovelo
C6 – Flexores do punho
C7 – Extensores do cotovelo
C8 – Flexores do dedo
T1 – Abdutores
L2 – Flexores do quadril
L3 – Flexores do joelho
L4 – Dorsiflexores do tornozelo
L5 - Extensores longos dos dedos
S1 – Flexores plantares do tornozelo
29.
30. Avaliação Motora:
Segue a escala:
0 – Paralisia total,
1 – Contração palpável,
2 – Movimento ativo
gravidade,
eliminado pela força da
3 – Movimento ativo que vence a força da
gravidade,
4 – Movimento ativo contra alguma resistência,
5 – Normal.
OBS: Também examina-se o esfíncter anal externo
31. Classificação da lesão
medular:
A Escala de Comprometimento da ASIA (American Spinal
Injury Association), baseada na completude da lesão (grau
de transecção da medula) e na função sensorial / motora.
Grau Tipo de lesão Manifestações Recuperação
A Completa Ausência de função motora e
sensitiva abaixo da lesão
15,5% cervical
7% torácica
B Incompleta Função sensitiva, mas não
motora
47%
C Incompleta Alguma força motora 84%
D Incompleta Força motora 84%
E Nenhuma Função sensitiva e função motora 100%
32.
33. Exames:
Radiografia antero-posterior, perfil e transoral
(diagnóstico de 84% lesão cervical).
T
omografia Computadorizada: Avaliação da
morfologia da fratura.
Ressonância Magnética: Análise de contusões
medulares.
34. Quadro Clínico – Trauma
Raquimedular:
Fase aguda (de 1 a 24 horas após o trauma).
Nesta fase, o edema provocado pelo trauma ainda é um dos
limitadores da avaliação da lesão. Portanto, pode ser difícil
determinar o grau de transecção da medula. Testa-se a
capacidade motora e sensitiva com maior frequência a fim
de acompanhar a involução do edema.
Intervenções cirúrgicas nesta fase são recomendadas
quando houver instabilidade vertebral, a fim de evitar
maiores agravos à lesão pré-existente. Os objetivos são
remover os fragmentos ósseos que porventura estejam
comprimindo a medula, além de estabilizar as vértebras,
para que o processo de reabilitação possa ser iniciado
precocemente. O succinato dissódico de metilpredinisolona
(corticóide) deve ser administrado até oito horas após a
lesão, com dose de manutenção por 48 horas.
35. Quadro Clínico – Trauma
Raquimedular:
Fase subaguda (de 24 horas até uma semana pós-
trauma).
As trações com halo cervical são comumente utilizadas para
tratar as lesões cervicais. A mobilização precoce, em blocos,
e os exercícios passivos devem ser iniciados tão logo o
paciente esteja em condições de estabilidade clínica e
cirúrgica. Programa-se uma hiperalimentação, com dieta
líquida por sonda, progredindo para pastosa, tão logo a
condição do cliente permita, hipercalórica, hiperprotéica
e rica em fibras, e volume da dieta deve aumentar
gradualmente, conforme a tolerância.
Farmacologicamente , bloqueadores H2 (cimettidina ou
ranitidina) são administrados par evitar irritação gástrica e
hemorriagias
36.
37. Quadro Clínico – Trauma
Raquimedular:
Fase Crônica ou Ajustamento medular (após uma
semana do trauma). As complicações devem ser
tratadas, tais como infecções (antibioticoterapia);
comprometimento respiratório (estimulação elétrica
do nervo frênico, ventilação mecânica, fisioterapia
respiratória ; epasticidade (antiespasmódico orais);
sedativos leves, antidepressivos .
38. Quadro Clínico – Trauma
Raquimedular:
A reabilitação inclui suporte clínico e psicossocial,
fisioterapia, avaliação urológica, terapia ocupacional,
incluindo sempre o cliente e seu núcleo familiar.
Devem ser enfatizadas as habilidades, e não as
incapacidades, o foco da reabilitação é a adaptação
do indivíduo a sua condição, visando extrair a melhor
integração deste com o meio. Quanto mais adaptado
a sua nova condição, mais eficientemente o indivíduo
desempenhará as suas atividades de vida diária
(AVD).
Mesmo em casos onde o comprometimento seja total,
impedindo qualquer participação física do indivíduo, a
sua atitude mental pode, e deve ser estimulada, pois
a perda da capacidade motora e sensitiva não implica
na perda do raciocínio.
39. Complicações Orgânicas do
Trauma Raquimedular:
Devido à complexidade do sistema nervoso, as
lesões raquimedulares podem levar à
complicações orgânicas variadas, dependendo do
grau da lesão, altura da lesão, tempo transcorrido
entre o trauma e o atendimento, e qualidade do
atendimento inicial.
As complicações em longo prazo incluem a
síndrome do desuso, a disreflexia ( hipertensão)
autônoma, infecções vesical e renal,
espasticidade e depressão.
40. Complicações Sociais do
Trauma Raquimedular:
O indivíduo que sofre uma lesão medular, com
comprometimento que gera incapacidade, defronta-
nova realidade, onde o
se com uma
acompanhamento e o cuidado
profissionais de saúde
enfermeiros, terapeuta
especializados
ocupacional,
de inúmeros
(médicos,
psicólogo,
psiquiatra).
Reside aí o risco de perda da privacidade, do direito
ao isolamento, e em casos mais graves, perde-se
mesmo o direito de ser.
41. O Papel do Enfermeiro:
Como integrante da equipe multidisciplinar, numa
abordagem interdisciplinar, o enfermeiro é o
elemento que tem maior contato com a família e
com o cliente, por características inerentes à
prática profissional. Desta forma, as medidas que
o enfermeiro programar são determinantes do
sucesso ou fracasso tanto do atendimento inicial
(com relação aos agravos da lesão raquimedular)
quanto ao inicio precoce do processo de
reabilitação.
42. O Papel do
Enfermeiro:
O enfermeiro deve considerar a necessidade de
conversar sobre a vida sexual do seu cliente.
Podem ser necessárias adaptações para que este
viva plenamente a manifestação do desejo sexual,
que é uma necessidade fisiológica básica, e não
deve ser reprimida unicamente devido à nova
condição física em que este se encontra.
44. Referências:
CARPENITO-MOYET, L.J. Diagnósticos de Enfermagem: aplicação à prática
clínica. 10 ed. PortoAlegre: Artmed, 2005.
DANGELO, J.G; FATTINI, C.A. Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar: para o
estudante de medicina. 2 ed. São Paulo: Atheneu. 2004.
NETTINA, S.M. Prática de enfermagem. 8 ed. Rio de janeiro: Guanabara
Koogan, 2007.
SANTOS, J. L (revisão técnica); SANTOS, R.G (tradução). Guia Profissional para
Fisiopatologia. Tradução de: Professional Guide of pathophysiology. 1 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
SANTOS, RR; CANETTI, MD; RIBEIRO JR, C; ALVAREZ, FS. Manual de Socorro
de Emergência. Seção de ensino e treinamento / Grupamento de Socorro de
Emergência /Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro / Secretaria
de Estado de Defesa Civil. São Paulo: Atheneu, 2005.
SMELTZER, S.C; BARE, B,G. BRUNNER & SUDDARTH Tratado de