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EMPODERANDO DISCÍPULOS
“Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem
e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e
cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão
a Deus em seus corações.”
(Colossenses 3.16)
Discipular pessoas é conduzi-las à compreensão cristã da vida plena em
Jesus, a partir de um relacionamento de dependência e intimidade com
Deus por meio de um processo de crescimento espiritual. É ajudá-las a
entender que em Cristo elas já têm tudo o que precisam.
Qual o objetivo do discipulado? Qual o objetivo da vida cristã?
Essa reflexão é de imensa importância para a vida de nossas células e
para o tipo de discipulado pessoal que pode haver dentro delas. As Es-
crituras nos dão o exemplo do discipulado pessoal como uma poderosa
ferramenta para o crescimento do Corpo de Cristo de uma forma orgâ-
nica e natural. Entendemos que apenas o ambiente de ensino, com o
paradigma da sala de aula, é insuficiente para alcançar todo o potencial
dos filhos de Deus. O ensino é necessário, mas ele precisa vir acompa-
nhado de relacionamento.
Todos nós, em nossa caminhada cristã, precisamos passar por curas da
alma e libertações em nosso espírito. Em nossa caminhada, seremos le-
vados a reconhecer nossas fraquezas, a liberar perdão, a adquirir novos
hábitos. Sobretudo, seremos levados a entender definitivamente nossa
identidade como filhos e filhas de Deus.
A maturidade cristã é um processo que nos leva
a níveis cada vez maiores de abundância.
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Vamos refletir sobre o que significa realmente o discipulado pessoal e o
que se espera dele.
1. IMPORTÂNCIA DO DISCIPULADO DO ENVIO
As células são ambientes fundamentais para o cuidado. Mas a célula
não existe para si mesma. Um processo importantíssimo do discipulado
pessoal é levar pessoas a entenderem que, mais do que serem cuidadas,
elas foram chamadas por Deus para cuidar. Jesus é o Bom Pastor das
ovelhas, mas Ele não manteve Seus discípulos sempre debaixo das Suas
asas, por assim dizer. Ele os preparou, empoderou e enviou. A Grande
Comissão é o alvo final de nosso discipulado (Mateus 28. 19,20).
Esta é uma realidade importante em nossos discipulados pessoais. Cada
filho de Deus tem um chamado a cumprir, conforme suas experiências,
vocação e dons. Por isso, o discipulado pessoal passa por formar líderes
de novas células, mas vai, além disso. Ele leva pessoas, verdadeiramen-
te, a seu destino ministerial. A igreja não faria sentido, se fosse um lugar
apenas para se encontrar e receber, assim ela estaria incompleta. Ela é
uma casa de envio dos filhos para a missão do Rei e do Reino.
2. DISCIPULADO PESSOAL NA PRÁTICA
O objetivo do discipulado é ajudar pessoas a viverem plenamente a vida
de Jesus que existe nelas, por meio da ação do Espírito Santo. Pessoas
que vivem o discipulado são pessoas criativas e satisfeitas ao se relacio-
nar com Deus e depender Dele como fonte de vida.
Em nossa igreja o discipulado acontece em três eixos, onde os discípu-
los crescem e tornam-se maduros:
• O eixo pessoal, por meio de Cristo agindo na pessoa e gerando expe-
riências espirituais no desenvolvimento de um caráter elevado.
• O eixo educacional, por meio do ensino de conteúdos relevantes à
fé cristã.
• O eixo relacional, por meio da interação e do relacionamento com
outras pessoas para a edificação mútua e capacitação ao exercício
do ministério.
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Destacamos que nenhum destes eixos é de inteira responsabilidade do
líder com seu discípulo, antes do próprio indivíduo, pela ação primordial
do Espírito Santo de Deus, contando com o apoio e direcionamento de
seu discipulador, liderança pastoral e igreja.
1. EIXO PESSOAL
O eixo pessoal do discipulado contempla a integralidade da pessoa e
envolve a sua sexualidade, integridade moral, palavra, autenticidade, re-
lacionamentos pessoais, identidade, seu relacionamento com o dinheiro,
sua temperança, seu domínio próprio e suas compulsões. Confronta al-
gumas características negativas como o orgulho, o desânimo, a procras-
tinação e a preguiça. Nesse processo de formação é preciso identificar
e desenvolver algumas características de um extraordinário discípulo de
Cristo Jesus. Um bom discípulo é:
• Trabalhador: Enfatiza o serviço.
• Aprendiz: Está sempre disposto a mudar estratégias, desenvolver-se
e ter novas ideias.
• Corajoso: Aceita desafios maiores inerentes a um movimento saudá-
vel que cresce.
• Agregador: Entende a importância da equipe e paga o preço pelo
trabalho em conjunto, percebendo que em equipe se vai mais longe.
• Consciente de suas fraquezas: Tem claro para si qual é a sua maior luta.
• Disponível para uma causa: Luta por algo maior que ele mesmo, den-
tro do chamado que recebeu do Pai.
• Conhecedor da renúncia: Segue o exemplo dos discípulos quando
foram convidados por Jesus.
Para atingir o objetivo de formar adequadamente o caráter do discípulo,
pode-se usar instrumentos de ensino com conteúdos específicos tra-
tando desses assuntos. Além disso, podem ser usadas ministrações es-
pecíficas gerando oportunidades de crescimento da fé, oportunidades
de confrontação individual com um mentor ou discipulador; e ocasiões
de interação com pessoas que já superaram suas deficiências em seu
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caráter e com pessoas que estão no início do processo, para que ocorra
o estímulo aos outros.
Também é fundamental que o discípulo desenvolva a prática de dis-
ciplinas, hábitos espirituais, como: tempo devocional diário, leitura e
estudo da Bíblia, jejuns e votos, vida no secreto com Deus, solitude,
dizimar e ofertar.
2. EIXO EDUCACIONAL
Ao decidir ser discípulo de Jesus, a pessoa traz consigo uma história de
vida. Algumas pessoas tiveram um envolvimento com a religiosidade,
com pecados escravizadores ou até com demônios. Outras se envolve-
ram ilicitamente com outras pessoas em uma sexualidade promíscua,
alianças comerciais ilegais, conchavos políticos e relacionamentos do-
entios. Além disso, há aquelas pessoas que tiveram um ensino antibíbli-
co ou anticristão.
A formação espiritual do discípulo deve contemplar instrumentos de
ensino que abordem o ensino bíblico redimindo sua formação espiritual.
Assim como na formação do caráter, é preciso oferecer oportunidades
de ministrações em diferentes níveis e o acompanhamento com seu dis-
cipulador. Além disso, é preciso ter ferramentas que permitam a forma-
ção espiritual mútua por meio da interação com outras pessoas.
Este eixo de formação está organizado, na prática, no que denomina-
mos de Circuito Vida. O Circuito Vida é um conjunto de ações propostas
como ferramentas para a igreja com o intuito de motivar o crescimento
espiritual dos discípulos. Tais ações fornecem a estrutura de ensino e
ministração necessária para o desenvolvimento e a maturidade cristã.
Assim, o Circuito Vida contribui na formação dos discípulos ao longo de
sua caminhada com Cristo, conduzindo-os para serem discipuladores,
líderes de célula e de ministérios, cumprindo cada um saudavelmente
seu chamado ministerial.
Assim, cada pessoa de nossa comunidade é estimulada a passar pelas
etapas do Circuito Vida para:
• Ser ministrada conforme a visão de nossa igreja; aprender mais sobre
o chamado de Deus em nossa comunidade.
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• Avançar desde o estado de completo descompromisso com Deus até
o estado de compromisso de intimidade com Deus.
• Conhecer mais sobre a Bíblia e a fé cristã.
• Servir melhor em sua atuação pastoral ou ministerial.
• Conduzir pessoas pelo mesmo caminho de crescimento.
No ambiente de células, pessoas serão incentivadas a participarem do
Circuito Vida por indicação de seus líderes e de outras pessoas que já
o realizaram.
3. EIXO RELACIONAL
O desenvolvimento do discípulo neste eixo se dá principalmente através
da célula. Nas células as pessoas edificam-se mutuamente em relacio-
namentos saudáveis e inspiradores. Dentro do contexto da célula o alvo
central é o discipulado um a um. Assim, se a célula é o coração da igreja,
o discipulado um a um é o coração da célula.
Cremos que discipular é fazer uma transferência da vida de Jesus para
alguém e o discipulador é um instrumento de transferência. O discípulo
aprende vendo, ouvindo, perguntando e praticando. O discipulador ensina
em todo o tempo, em todo o lugar, com a vida e com a Palavra de Deus.
A essência do discipulado de Jesus entre os Seus discípulos foi uma pro-
funda e completa ministração na vida deles, por meio de relacionamen-
to, ensino e experiências. Seguindo Seu exemplo, queremos proporcio-
nar esta experiência entre nós, debaixo da estrita condução do Espirito
Santo de Deus para cada passo.
Na prática, isso acontece por meio do Discipulado Pessoal (DP). Todas
as pessoas são estimuladas a serem discípulos e a terem discípulos. Essa
ação começa com o líder de célula estimulando todos os participantes
a serem discipulados e discipularem alguém. O conjunto de discípulos
neste contexto da célula é o que chamamos de Grupo de Discipulado
Pessoal (GDP).
Por meio do GDP, promovemos o cuidado pastoral pessoal, intencional
e empoderador, um a um. Nele, um discípulo é apoiado por um discipu-
lador, que, por sua vez também é acompanhado por outra pessoa. Toda
essa ação visa o desenvolvimento natural e sustentável de novos discí-
pulos, conforme Lucas 6.40: “O discípulo não está acima do seu mestre,
mas todo aquele que for bem preparado será como o seu mestre”.
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4. PRINCÍPIOS DO DISCIPULADO PESSOAL
A ação do discipulador com seu GDP está sintetizada em quatro grandes
princípios, presentes inclusive no seu logotipo (ver a Figura 1). São elas:
cobertura espiritual, encorajamento, prestação de contas e ministério.
• Cobertura espiritual: a proteção é física, emocional e espiritual. Um
discipulador precisa prezar por seu discípulo, antevendo situações
perigosas e cercando-o de cuidado e proteção.
• Encorajamento: precisa haver, da parte do discipulador, esforço para
ajudar o discípulo a manter o curso e viver tudo o que Jesus ensina
nas diferentes atividades que envolvem o discípulo sejam em ambien-
tes relacionais, profissionais ou ministeriais.
• Prestação de contas: entendendo que, como o discípulo terá um ní-
vel alto de cuidado, acompanhamento e suporte, este precisará ser o
mais sincero e transparente possível, a ponto de confessar seus peca-
dos e pedir ajuda nas tentações, para evitar recaídas.
• Ministério: um discipulador sempre precisa ter em mente que ele
serve a seu discípulo. Ele precisa assim proteger seu coração dos
abusos de liderança e evitar que o discípulo tenha obrigação de
prestar um serviço além do que o Espírito Santo direcionar. Assim, o
discipulador também dá ao discípulo o exemplo de como proceder
com seus futuros discípulos.
Figura 1: Logotipo do Grupo de Discipulado Pessoal.
Discípulos fortes gerarão discípulos fortes! O ambiente e
o discipulador são os principais agentes influenciadores.