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A CULTURA DA HONRA NAS CÉLULAS
“Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal.
Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios.”
(Romanos 12.10)
Precisamos aprender a olhar todas as pessoas como Deus as vê. Este é
um dos grandes pilares de uma liderança apostólica. Comissionaremos
novos discípulos quando passarmos a ver cada um deles sob a perspec-
tiva de Deus. Basear todo o nosso cuidado, capacitação e envio nesta
perspectiva é trabalharmos a partir da honra.
Como líderes de célula, devemos olhar para as pessoas com os olhos de
Deus, a discernir as situações a partir do coração Dele e assim, agirmos
conforme Jesus agiria em nosso lugar. Isso porque, muitas vezes, somos
tentados a ver, discernir e agir a partir da nossa cosmovisão, que infeliz-
mente é distorcida e parcial. Esquecemo-nos de que o sacrifício de Cristo
na Cruz foi para justificação e redenção de todos! Na prática, isto significa
que absolutamente todos merecem nosso respeito, ajuda e amor.
Sabemos que o papel do Diabo é roubar, matar e destruir. Em contra-
partida, Jesus veio para trazer vida e vida em abundância (João 10.10).
Somos aqueles que continuaremos atraindo esta vida abundante para
todas as realidades de roubo, morte e destruição com as quais nos de-
pararmos. A grande verdade é que quando esta atmosfera de graça e li-
berdade é instaurada, geramos um ambiente seguro, no qual as pessoas
se sentem prontas para repartir suas mazelas e encontrar ajuda e cura.
1. A CULTURA DA HONRA
A cultura da honra reconhece que Deus criou cada pessoa de uma forma
única e singular e entende que sobre ela existe um potencial incrível para
ser relevante. No entanto, este potencial só será transformado em realida-
de se a primazia da sua vida for Deus nela. Assim, o primeiro passo em que
ajudamos uma pessoa é render-se completamente ao senhorio de Jesus
Cristo. Quando isso acontece, a ação sobrenatural da presença do Espírito
Santo a alcança e passa a habitar em sua vida de forma permanente.
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O passo seguinte será ajudá-la a descobrir o que Deus separou especifi-
camente para ela ser e fazer. E pode ser que Deus tenha separado muito!
Neste processo é muito importante o papel da célula e do discipulado
pessoal em instruir, inspirar e impulsionar. Da mesma forma, é impor-
tante o papel dos ministérios e demais cursos e programas da igreja,
os quais sempre oferecerão oportunidades de pessoas experimentarem,
refinarem e receberem a confirmação dos seus dons e talentos.
A cultura da honra em nossas células parte de um olhar integral, saben-
do que cada pessoa carrega em si sementes poderosas dos Céus. É por
isso que iremos honrá-las, valorizá-las e empoderá-las independente-
mente de quem foram ou do que fizeram. Veja o testemunho do pastor
Artur Azibeiro:
Decidi-me por Jesus em 2002 na Igreja da Cidade.
Foi amor à primeira vista. Depois de alguns meses
eu já estava batizado e servindo no ministério técni-
co. Amava servir ali, principalmente porque nele eu
me sentia seguro e confiante, já que minha formação
acadêmica era em computação e minha experiên-
cia profissional também era em tecnologia. Por ser
alguém mais reservado e tímido, este era o ambiente
perfeito para mim. O que eu não sabia é que a partir
deste ministério um dia eu seria desafiado para me
tornar um líder de célula e que, a partir dessa lide-
rança de célula, dezenas de vidas se conectariam a
Jesus. Não sabia que a partir desse crescimento tão
intenso e sobrenatural, eu me tornaria um ministro
na casa do Senhor. Também não sabia que por mi-
nha formação acadêmica e qualificação profissional
eu me tornaria gestor de TI na igreja. E nem poderia
imaginar que um dia eu deixaria de cuidar de com-
putadores e sistemas para me dedicar exclusivamen-
te ao cuidado e empoderamento de pessoas. Hoje
tenho o privilégio e a honra de ser um dos pastores
ordenados da igreja, a qual me comissionou para vi-
ver e desfrutar dos propósitos eternos de Deus (Livro
Células Apostólicas).
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2. PASTOREANDO PESSOAS LIVRES
A Igreja da Cidade tem cada vez mais entendido a importância de pas-
torear pessoas livres. Queremos grandes filhos, estando eles perto ou
longe, vivendo plenamente esta identidade. Ser livre significa que cada
um é responsável por suas próprias escolhas e decisões, ao mesmo tem-
po em que ninguém é obrigado a fazer nada que não queira.
Só poderemos verdadeiramente empoderar pessoas que sejam livres em
suas escolhas. Por outro lado, todos que decidem descer da arquibanca-
da para o campo e vestirem a camisa do time, sujeitam-se livremente às
“regras do jogo”. As regras podem variar dependendo da modalidade,
mas elas sempre estão presentes.
Isto acontece em todos os ambientes da igreja, para integração e mem-
bresia, para ingressar em ministérios, para realizar determinados cursos
e retiros, para a experiência da vida na célula. Alguns exemplos disso
são orientações como: só podem discipular aqueles que estão sendo
discipulados. Ou ainda: para se tornar um líder de célula, o pré-requisito
é ser membro da igreja, já ter realizado o curso de Liderança de Célula e
passar por uma entrevista com o supervisor direto.
Pastorear pessoas livres tem muito a ver com a qualidade do pastoreio.
É decidir sustentar o amor e a honra a todos e deixar que o próprio
Deus, que é amor em essência, sustente a nossa fé, visão e igreja. Sem-
pre haverá um risco quando pastoreamos a partir dessa ótica, pois pes-
soas de fato poderão utilizar, de maneira incorreta, a liberdade que lhes
foi dada em nosso meio. No entanto, este risco não é diferente daquele
que o próprio Deus decidiu correr por amor a cada um de nós. Ao invés
de formatar nosso DNA com uma programação única e segura para exe-
cutar a Sua vontade, Ele nos fez surpreendentemente livres.
Quando lideramos pessoas desta forma, não esperamos previsibilidade
ou induções terrenas, mas contamos totalmente com o poder sobrena-
tural e a influência do Espírito Santo sobre cada situação. Simplesmente
não aceitamos o controle e a manipulação. É o Espírito Santo que pro-
duz dentro de cada um o desejo de buscar mais envolvimento, intimida-
de, santidade e fluência no Reino.
Por outro lado, pastorear pessoas livres não significa que iremos ser
passivos e permissivos, que deixaremos silenciosamente que as pessoas
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façam escolhas erradas e sejam atacadas pelo inferno. Não significa que
não nos importaremos com suas dores. Significa que, assim como um
bom pai aconselha e exorta seu filho, pois deseja o seu melhor, também
assim nós agiremos.
3. CUIDADO E DISCIPLINA
Honrar pessoas é sobre relembrarmos sempre sobre a identidade de-
las em Jesus e agir de acordo com ela. Essas atitudes não são ape-
nas nos momentos em que tudo está bem, ou quando pessoas fazem
o que é certo ou o correto. A cultura da honra é realmente testada
quando escolhas erradas acontecem. É quando Satanás tenta trazer
sobre nós o julgamento.
É quando o medo de sermos decepcionados, ou contrariados, ou atin-
gidos de alguma forma, faz com que respondamos com controle e ma-
nipulação. Infelizmente, em muitos casos dentro da igreja em todo o
mundo, a questão do pastoreio e até mesmo da disciplina passou por
esses aspectos, e muitos danos foram causados. Muitas vezes, focamos
tanto no comportamento exterior, que nos esquecemos daquilo que é
mais importante: quem a pessoa é em Jesus.
A cultura da honra não combina com a palavra punição. Se em Cristo já
estamos livres de condenação, não podemos colocar sobre uma pessoa
algo pelo qual o sangue de Jesus na Cruz já pagou o preço! A cultura da
honra jamais pune. Ao mesmo tempo, ela também não é omissa. Sabe-
mos que o pecado machuca a nós como Corpo, e àquela pessoa como
indivíduo. Precisamos de cura, cuidado e restauração. E o primeiro pas-
so para isso não é a exclusão e o afastamento, mas a responsabilidade e
a inclusão na resolução dos problemas.
A cultura da honra leva pessoas a entenderem quem são em Cristo e, em
um ambiente de perdão, aceitação e fé, fazerem as reparações necessárias.
É como quando uma criança suja a parede com tinta. A reação dos pais
pode ser a de falar uma palavra dura com a criança e mandar que ela fique
no quarto, pensando no que fez. Ela é retirada da bagunça e é excluída da
situação. Então, os pais pegam uma esponja com tinta e começam a limpar
a parede. Essa resposta foi focada no comportamento e na punição. No
entanto, estes pais poderiam conversar com a criança e até repreendê-la,
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mas poderiam explicar que, como ela é parte da família, também ajudará
a limpar a parede. Ela é incluída na reparação do problema.
Mais importante que isso, a cultura da honra não funciona com base na
vergonha e na culpa. Ela age por meio do amor. Como afirma o autor
Danny Silk, autor do livro Cultura da Honra, “a vergonha é removida por
meio do amor.”
A cultura da honra, sobretudo, acredita nas pessoas. Acredita que elas
podem fazer novas e melhores decisões. Crê que o Espírito Santo pode
ajudá-las nisto. Ela parte do pressuposto que uma pessoa pode até er-
rar, mas ela não é o seu erro. O fato de que ela é filha de Deus e parte
daquela família de fé é ainda mais importante.
CONCLUSÃO
A cultura da honra é um princípio trabalhado intensamente dentro de
nossa visão como igreja-família, de forma que pessoas são discipuladas
para a uma vida cristã plena, satisfeita e frutífera.
“Para liderar pessoas livres, precisamos estabelecer
ambientes no qual elas possam adquirir liberdade e um
governo para que mantenham essa liberdade”
Danny Silk