Este documento é uma antologia poética organizada por Antônio Carlos Policer que reúne poemas de diversos poetas participantes do grupo "Poetas em Construção". A antologia apresenta breves biografias dos poetas e uma seleção de seus poemas, abordando temas como amor, solidão, percepções da vida e sociedade.
3. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Prefácio
A presente Antologia é fruto da rica e sensível
produção dos poetas e poetisas participantes do
grupo POETAS EM CONSTRUÇÃO. Cada um trouxe
para esta obra o que de melhor há no seu íntimo. Os
poemas aqui contidos são de temáticas e de estilos
distintos, pois assim somos. Do céu ao inferno, do
amor ao ódio, os textos nos levarão a uma tormenta
de sentimentos e de emoções.
Esperamos, pois, que o leitor se deleite com os
nossos versos por ser este trabalho fruto de muito
carinho e dedicação.
Agradeço, em especial, aos poetas e poetisas que
doaram um pedaço de si para que chegássemos a
este maravilhoso resultado!
Viva a poesia viva!
Antônio Carlos Policer
02
4. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Sumário
ANTÔNIO CARLOS POLICER ------------------------------- 04
MEL FONSECA -------------------------------------------------- 10
LUCAS DA COSTA --------------------------------------------- 17
GEOVANE DE MARCO NASCIMENTO ------------------- 22
SÍLVIO ROMÃO LILIPUTIANO ------------------------------ 25
RICARDO MELO ----------------------------------------------- 34
IGOR NOGUEIRA ----------------------------------------------- 39
RAFAEL RAMALHO DO AMARAL -------------------------- 46
ANDRÉ LUIZ GAMA ------------------------------------------- 51
LAÍS MENDES -------------------------------------------------- 56
RENIVALDO DE JESUS ---------------------------------------- 59
ODAIR MENDONÇA ------------------------------------------- 64
MIGUEL ROSEMA ---------------------------------------------- 69
STÉPHANIE NEVES -------------------------------------------- 74
POETA MBIYAVANGA ----------------------------------------- 82
CLÁUDIO MAYIMBA ------------------------------------------- 89
GUILHERME SUABRIZAR ------------------------------------ 94
03
5. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
ANTÔNIO CARLOS
POLICER
Graduado em Letras, Policer escreve à luz da semiótica e da
semiologia. É autor do livro "(in)", administrador do grupo
"POETAS EM CONSTRUÇÃO" e o organizador desta
antologia.
Labor
Colho sozinho
(dia após dia)
fruto-poema
flor-poesia
das frondosas árvores
da hortografia.
04
6. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Fazer amor
Como é que se faz amor?
O que se faz é arroz,
ovo frito, macarrão; amor, não.
No caderno da vovó
tem receita de bobó
e até de doce de jiló
(e de berinjela também)
mas de amor, garanto, não tem.
Amor não se faz na cama;
na cama, se faz xixi.
Isso, em neném, eu vivi
mas amor nunca fiz, não.
Na cama, se ronca
e se leva bronca!
05
7. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Dentro dos laboratórios,
os cientistas, vários,
entre bicos de Bunsen,
tubos de ensaio
e pipeta, nunca fizeram
amor de proveta.
O amor não se fia.
Nem Glória e nem Maria
conseguem tecê-lo,
apesar do zelo ao fiar.
Engenheiro e arquiteto,
com todo conhecimento
(tijolo, concreto,
projeto, cimento)
não conseguem edificá-lo:
é impossível o intento!
E tudo vai para o ralo...
06
8. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
O amor, então, desperta?
Quieto! Deixe o menino
(o arqueiro pequenino)
dormindo com seu travesseiro
de nuvem;
flecheiro míope nascido,
anjo de candura
e penugem. Anjo de travessuras, isso sim!
Amor não se faz, nasce feito;
é um dever e um direito,
não tem prefeito e nem senhor.
Amor é dado, é de graça,
é beijo de moça na praça.
O amor? Ah, o amor...
07
9. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Ofício criativo
capta, súbito, o néctar
tátil
volúvel
volátil
fútil, factível, fértil
transborda/transforma/transgride
translúcido
lúdico
trans-a
derrama
a rama
a grama
que brota, bruta
abrupto líquen-líquor
08
10. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
pela palavra: procura
pega a palavra: pode
para perante: fica
-argoschronus-
(hades: há des?)
a práxis, o léxico, "fiat lux"
sintagma/paradigma
semanticamente:
Poiésis!
09
11. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
MEL FONSECA
Mel Fonseca é professora, empresária, Acadêmica,
administradora e Poetisa de Honra da NIFA-PA (National
Institute of Fine Arts United Arob Countries ). A poesia entrou
em sua vida aos 13 anos e permanece até hoje.
Escrevo
Sim (...)
Meus poemas falam de amor
Ou da falta dele (...)
Dos sentimentos de perda
Dos dissabores de amar
Da felicidade do gostar
Entre rimas e linhas
Escrevo sobre as dores
Das feridas abertas (...)
Das cicatrizes que ficam (...)
Mas falo também
Sobre os verdadeiros amores
10
12. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Entre carinhos e flores
Sentimentos belos
Eternos (...)
Falo dos momentos de ternura
De paixão
Da cumplicidade
(...) De tudo que vem do coração (...)
Falo dos prazeres da carne
Da luxúria
Da traição
Das fantasias
Da imaginação (...)
Falo da entrega (...)
Da conquista (...)
Da vida como ela é (...)
Com suas flores e espinhos
Da luz à escuridão (...)
Dos enigmas da vida (...)
Sai de mim, palavras soltas (...)
Que vão se juntando umas às outras
E formam as minhas escritas
11
13. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Sinto-me como se parisse cada obra
Cada inspiração (...)
Que estava entranhada no meu íntimo (...)
De uma gestação de emoções (...)
Sinto-me agraciada (...)
Habita em mim uma voz
Que me transporta pelos devaneios
Que fazem encaixar as peças mágicas
Do meu quebra-cabeça (...)
Surgindo a poesia (...)
12
14. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Sem hora para amar
O dia amanhecendo
E você já me querendo
Com este beijo safado
Teu corpo suado
Quero o teu cheiro de desejo
Essa cumplicidade
Para completar a felicidade
Te amar de verdade
Tua respiração ofegante
Vai se tornando excitante
A tua boca sedenta
Vai percorrendo todo meu corpo
Me faz esquecer
A voz da razão
O meu corpo
Entra em ebulição
Você me leva à loucura
13
15. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Vou perdendo o sentido
Sussurrando em teu ouvido
Uma palavra
Um gemido
E o dia
Amanhceu....
14
16. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Tem gosto de quê?...
...De brisa no rosto
De afago gostoso
De mel ou de fel
De ganhar um anel
Tem gosto de luz
De paz...
Me seduz
Tem gosto de mar
De luar para amar
Tem gosto de paixão
Que invade o coração
Tem gosto de ilusão
Que confunde a emoção
15
17. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Tem gosto de pimenta
Sou ardido
Às vezes
Você não aguenta
Tem gosto de sol
De brilho no olhar
Tem gosto de beijo molhado
De desejo sufocado
Tem gosto de prazer
De rolar com você
Tem gosto de felicidade
De fantasia...
De eternidade
De gosto de frio
Que gela..
E dá arrepio
Tem gosto de dor
Tudo isso ...
É o AMOR
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18. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
LUCAS DA COSTA
Lucas é um escritor insatisfeito com as mazelas da vida, mas
que tem esperança misturada no coração Aprecia a boa
música, os bons versos sinceros. Graduado em Letras para
letrar por aí.
Esquina
Esguia
Por cada rua
Por entre os prédios
Assistindo aos casais
O início e o fim
Com seu olhar profundo
Observador e calado
Desde o terno passado
Ao transeunte imundo
O roubo, o pedido de um beijo
Espectadora que atravessa os anos
Apenas assistindo a corações insanos
17
19. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Vida
Se vento falasse, quantos amores diria?
Se as pedras falassem?
Quantas lágrimas elas contariam?
Quantas ondas carregaram saudade
Quantos chuveiros gelados
Sentiram a dor de alguém?
E o canto do quarto?
E o travesseiro, quantos lamentos ouviu?
18
20. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Mas de tantas tristezas
Te falo das vezes que o sol viu o sorriso de um
trabalhador no seu primeiro dia de trabalho
Quantas escolas presenciaram o encanto do primeiro
dia de aula?
Quantas vezes um sorriso na rua salvou uma pessoa
de seus pensamentos?
No meio de tanta solidão e maldade, seja amigo.
19
21. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Percepções
Cercas e invasões
Imagens e iluminações
Turvas ondas destiladas
Recuperadas por retinas desoladas
Cheiros intragáveis
Corroem o ambiente
Antes alegre
Agora resignado
Sons distorcidos
Pela velocidade da vida
Desafinados pela maldade seca
Inundando os ouvidos ensurdecidos
20
22. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
O toque falta
Quando presente machuca
Quando ausente insensibiliza
O abraço quebra os ossos.
O sabor da ferida aberta
Saboriza a salada
Dos excluídos calados
Deitados na cama concreta
21
23. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
GEOVANE DE MARCO
NASCIMENTO
Geovane de Marco Nascimento, criador do canal Poesias de
Gaveta, é graduado em Administração com ênfase em
comércio exterior e cria poemas desde os 17 anos.
Matemática poética
∅
Conjunto vazio
Infinita solidão
Tão sozinho e solitário
Esquecida imensidão
22
24. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
∃
Existe um pensamento
Que me faz dizer assim
Eu existo pra você
Você existe pra mim
23
25. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
> Ou <
A maior das atitudes
Com a menor das intenções
A solidariedade e a indiferença
São desiguais em proporções
24
26. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
SÍLVIO ROMÃO
LILIPUTIANO
Sílvio Romão Liliputiano é um escritor, projetista e poeta
angolano. É o CEO da Romao-editora 44. Está no mundo da
literarura há 12 anos.
Os loucos também amam
Dizem que sou louco
Mentalmente incapaz de agir, de sentir e de pensar
Todos me fazem pouco
Eles dizem que sou louco, que não posso amar
Sou um vagabundo da roça
Monólogos farfalhos de amor
Por uma menina moça
Poetizo um Eu te amo, nunca dito, no silêncio da dor
25
27. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Ela é branca
Não, mulata
Não, não, ela é negra
Linda de aromar
Por ela o meu coração se monta e se quebra
É ela por quem estou a me apaixonar
Quando a vejo fico tenso de sentimento
O meu humor altera com facilidade
Afasto-me dos outros, todos caem no esquecimento
A mentira converte-se em verdade
Dizem que sou louco
Por gritar amooooor para todo mundo ouvir o que
sinto
Por andar descalço sobre o mar seguindo as pisadas
dela
Por preferir que a luz vá, só para poder vê-la
Embriagar-me com o seu beijo a sabor de tinto
26
28. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Eles dizem que sou louco
Talvez seja, talvez não
Por que vive encabulada em mim uma paixão?
Ou por que amo uma menina fiduciária da multidão?
Sim sou um louco
Ladeado por um amor esquizoafetivo
Pela mulher da minha vida
Que vive no meu mundo introspectivo
Sim sou um louco também romântico
Do musseque urbano crítico
Das casas pintadas do sínico
Eu sou um louco rotulado como: doido, atarado,
tantãn
Que todos os santos dos dias reclamam
Só que eles todos esqueceram
Que os loucos também amam.
27
29. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Ninguém toca na minha mãe!
Velha mãe já cansada
Da vida miserável que o tempo lhe trouxe
Pele negra ou branca farrapada
Não era isso que o suposto queria que fosse
Que fosses vituperada pelo passado
Que trouxessem um quadro sem cor desnudado
Onde a rua e as ruelas gozavam do teu eu humilhado
Será que era isso que querias de ti... Mãe!?
Nem sequer vias Deus como teu advogado
Foste violada e ultrajada
Quando ainda grávida
Batida sem dó e misercórdia
Nunca fez da opinião pública uma discórdia
28
30. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Chamaram-te de prostituta
Morreu o filho do vizinho, jogaram-te toda culpa
Colaram nas paredes sujas o teu nome, bandida
Infâmias nunca se calaram na tua vida
Vendias para ganhar o teu próprio sustento
Mas os fiscais do colono sempre foram o teu
tormento
Quando chegou o dia para a maternidade
Mesmo com cicatrizes mal tatuadas assim se deu o
meu nascimento
O bairro olhava para ti
Pensando que aquele ventre não iria aguentar
E tal como outras, tu irias abortar
Muitos por todos os cantos diziam mal de ti
Tocava-se a música dos insultos
Incitavam rancor de ti naqueles inocentes putos
Da minha idade, sem verdade
29
31. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Será que era mesmo isso que querias de ti, mãe?
Que homens sem alma te fizeram assim, mamãe?
Para
Ninguém toca na minha mãe
Desta vez nos olhos dela lágrima nenhuma mais sai
Chega de arrancarem a carne dela e comerem
Chega de pintarem a imagem dela para vender
Já basta!
Ninguém toca na minha mãe
Já basta de amordaçarem a sua alma
Já basta dos chicotes
Debaixo das pontes secas e molhadas
Sem noites...
Já basta fazerem dela a zungueira estuprada
30
32. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Minha mãe é uma guerreira
Portanto, nada tem de provar que é uma verdadeira
Ela é minha mãe
Tal como todos têm
Ninguém toca nela
Sempre a defenderei, não importa de onde os ventos
do mal vêm
Sempre a honrarei, porque ela para mim é a mulher
mais bela
Ninguém toca na minha mãe!
31
33. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Águas não são só águas
Águas correm e escorrem
Percorrem por várias moradas
Num só lugar, num só destino
Águas não são só águas
Águas são namoradas
Águas também falam
Falam de amor, falam de paixão
Falam de dor, falam do coração
Águas quando apaixonadas têm cor
Águas são lábios, têm sabor
32
34. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Águas têm sentimentos
Choram, riem, vivem os momentos
E é pela brisa que são conquistadas
Nem sempre as águas são passadas
Há algumas que voltam, mesmo cansadas
Mesmo que digam que elas não prestam
Não valem nada
Não é outra que passa
É a mesma que repousa na sua morada.
33
35. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
RICARDO MELO
José Ricardo de Melo é conhecido como O Poeta que Voa.
Suas obras retratam temas polêmicos, como os problemas
sociais do país/mundo e reflexões filosóficas da vida, como
também poemas de amor apimentados, que encantam aos
leitores.
Me chamo rádio
Sou,
Sou a difusão que chega aos ouvidos da população...
Sou,
Sou o alastramento da propagação...
Sou,
Sou a rádio do amor e das notícias em divulgação...
Me chamo rádio!
Sou aquele sentido que fala no seu aparelho...
Estou no seu carro,
Estou na sua casa,
Estou no seu celular...
Estou no seu trabalho e em todo lugar...
34
36. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Tenho muitas frequências...
Entre elas,
AM e FM...
Tudo que faço é movido por um satélite...
Sou sua palavra amiga, sou seu horário de Brasília ou
de qualquer parte do mundo
Através de mim,
Paradoxos imperam sem muitos detalhes...
Sou manchete, sou marionete nas mãos dos
radialistas e dos ouvintes...
Não quero confusão, só quero uma boa narração...
Quero fazer emissão com boa radiação,
Quero ser na vida de todos
Um poema de reflexão,
Uma resenha,
Um lançamento,
E de preferência, em primeira mão...
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37. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Venha
Me traga sua boca, que nela eu farei um poema.
Me traga seu coração, que nele farei uma poesia.
Me traga seu olhar, que nele farei meus versos...
Me traga sua alma, que mostrarei a ti a minha
imaginação...
Se entregue a mim por inteira,
Que te faço todo tipo de canção...
Desnude-se perante mim,
Que terá o prazer de conhecer a minha arte e te farei
tocar no desconhecido infinito...
Pois venha!
Venha desvendar seus próprios segredos comigo...
Venha!
36
38. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Quem é o Poeta
Quem é o Poeta?
Quem é o Poeta que está além de qualquer outro
poeta?
Quem é o Poeta que eleva a saúde mental dos
poetas?
Quem é o Poeta que movimenta as mãos dos
poetas...?
Quem é o Poeta equilibrado que mantém de pé
qualquer outro poeta?
Quem é o Poeta que faz muitos poetas compor e
chorar?
Quem é o Poeta ferido que trouxe inspiração a todos
os poetas?
Quem é o Poeta inatingível, zeloso, justo, íntegro que
fomenta a mente dos poetas...?
Quem é o Poeta que do barro faz o vaso?
Quem é esse Poeta?
37
39. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Que é
Prudente, perfeito, imaculado, adorado e odiado...?
Jesus!
Ah ! Senhor Jesus...
Não existe oh! Rei outro Poeta...
Somos farrapos de poetas.
Somos migalhas diante de ti Oh! Poeta dos poetas...
Poeta que morreu por nós na Cruz, nos conduz, nos
cinge sem sabermos que estamos sendo conduzidos
pelas suas mãos,
E são delas que vem a nossa luz...
Jesus, Jesus, Jesus...
Tudo isso aqui é para ti, oh Rei,
Jesus...
38
40. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
IGOR NOGUEIRA
Igor Nogueira tem 19 anos. Natural de São Paulo, atualmente
reside no Paraná. Cursando ensino técnico, utiliza da poesia
como um hobby para descarregar suas emoções por meio das
linhas do papel. Não é um poeta, apenas um aventureiro
inspirado.
Parte I
Sou aquele que irá te matar,
que assassinará teus sonhos, desejos, amores.
Acabarei com a tua alegria, o dia sangrará.
Sol infernal que consumirá meu amor por ti.
Noite que permanecerá por anos, sem lua, estrelas
ou silêncio,
apenas tormentos.
Trevas que abrirão as portas do inferno.
Iferno do meu peito.
Demônios da noite.
Tua carne se tornará alimento do meu sono.
39
41. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Teu cheiro putrefará o perfume do amor em meu
peito.
Comerei teus olhos, os mesmos que me
acorrentaram.
Costurarei tua boca para que teus gritos e afagos
sejam engolidos pela tua garganta.
Devorarei a língua que traiu meus lábios.
Deixarei somente teus gemidos, para serem o único
som do nosso término suplício.
A nossa noite,
assolada lua de mel...
40
42. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Parte II
Dançarei sobre teu sangue a valsa das tuas
promessas.
Sobre os teus gemidos cantarei a minha vingança.
Entre meus lábios haverá os gritos das tuas aflições.
Feridas q̶u̶e̶ ̶s̶e̶r̶ã̶o̶ abertas por garras.
Garras que saltarão da minha boca.
Que descosturarão as tuas contusões,
as mesmas que cuidei, limpei e costurei.
Belas suturas para serem desfeitas.
Onde houver pele limpa,
dará lugar às marcas do meu ódio por ti.
Onde houver sangue,
beberei para cuspir em teu corpo ominoso.
Onde houver tua figura,
farei de tudo para macerá-lo.
41
43. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Te tranquei na catedral do desgosto
para sentir o peso do teu beijo de judas.
Fragmentarei teu corpo,
até não haver a presença da tua beleza demoníaca.
Meu ódio acabará contigo,
até não haver mais lamúrias.
Só assim os umbrais serão fechados.
O infinito ganhará suas cores e adornos.
A aurora bailará no horizonte.
O véu avivará o espaço.
Fim da noite de núpcias do arrenegado.
42
44. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Parte III
Sobre as nuvens posso descansar
o meu coração remendado.
No afago do sol,
aqueço o vazio do quarto.
Entre asas, voo até o banhar das
estrelas.
Delicadas luzes que iluminam
um buraco entranhado no peito.
No silêncio do céu,
tenho a chance de reconstruir
o que foi quebrado.
Pelas gotas da chuva,
lavo um altar incendiado.
Cinzas escoam para o abismo.
Tóxico sentimento, tornando-se passado.
43
45. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Pelo meu abraço,
sinto o meu eu amargurado.
Lágrimas, dores, desilusões.
Todas acariciadas pelo próprio eu.
Não vou me machucar,
não vou me trair,
Único respeito vem da minha própria alma.
Descanso embalado pelo bater de asas.
Pela dança, alçarei voo para alcançar universos
desconhecidos.
Sem correntes, algemas, amarras
sentirei assim minha liberdade.
Com as ataduras,
atuarei na minha própria soberania.
Degustarei o frescor das nuvens,
do amanhecer e entardecer.
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46. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Verei a vinda da lua,
sobre a areia acobertando um amor corrompido.
Soterrado estás tu, e ficarás ate eu poder rever.
Aos meus EUs, dançaremos na chuva cômoda,
deixando as gotas carregar minhas amarguras,
aflições, desgostos.
Purificando um altar ensanguentado.
No sereno oceano,
entoarei ao anoitecer a mais bela música,
tão alto que as estrelas ouvirão, e a governante
complementará a harmonia
do meu reformado equilíbrio espiritual.
45
47. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
RAFAEL RAMALHO DO
AMARAL
Poeta desde menino, amante da semiótica e escritor de
momentos, consultor de negócios e rapper quando ainda
sobra tempo.
Sem título
Em uma conversa franca comigo, tive uma reflexão
Que neste mundo de heróis
À vezes sou o vilão.
Entre crédito e descrédito
Eu vou além e medito
Entre fervoroso e cético
Sem ser sintético, acredito.
Trago na mente gente que se afastou e foi melhor pra
mim
Sinto saudade de quem se foi e o convívio teve fim.
46
48. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Tem gente que transita na sua vida até concluir uma
jornada,
Uns ensinam e fortalecem
Mas muitos outros, nada...
Aprendi e tiro por refrão que mais me espelho
Nada é melhor que consciência leve no travesseiro
Sem peso, sem remorso
Sem atrasar nenhum relógio
Seguindo na batida certa tendo bom testemunho
como sócio
Essa é a meta, e não é discreta, é ousada
É a vitória de quem sem força cruzou a linha de
chegada!
47
49. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Sobre(Vida)
Como flor que nasce num jardim sem cor
Em terras monocromáticas aradas com suor e dor
Onde os bons são massacrados sem pudor
Na corrida sádica que inverte preço com valor
Sonhos, organizados em fila indiana
Direto pro embate que abate na semana
Esperança de ter um qualquer de sobra
Ter um lugar ao sol, mas também ter uma sombra.
Para estourar, só basta a fagulha
Entre nós, vários Cassianos vivendo a vida dura
No anonimato, sufocado em amargura
Plantando talento, sonhando com a semeadura
Rasgando cartas que sonhamos um dia escrever
Contra o silêncio que invade querendo conter
O barulho da inspiração que respira
E hoje não teve tempo ou chance de buscar vasão
É preciso subverter senão pira
Equalizando emoção e razão.
48
50. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Espelho e expressão, dois lados da moeda
Falo com exatidão da pressa de quem se expressa
Botar cara e coração em obra esculpida
Mais do que somente arte, cada texto é uma vida
Pra tocar no coração, sei lá, pra despertar
Algo bom em quem recebe, talvez te fazer pensar
A rotina tenta calar a voz do seu interior
Sou mais você, sempre pelo amor
Cada poema é uma sangria sem estancar
Como dilemas que a rotina te apresenta
Não vejo o problema mas busco solucioná-lo
O meu esquema é não me deixar sufocar
Que minhas ideias surtam em você algum efeito
Minha caneta só transborda do que meu coração
está cheio...
49
51. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Legado
O ponteiro diz bem-vindo
Indo e vindo e o que findo
Vou a fundo, pra não voltar, prosseguindo
Por um segundo, no batimento
Respirando e expirando,
No momento,
inspiração em crescimento
Desde que vendo, sonhos riscados em
desenvolvimento
Busco envolvimento com o que edifica
O futuro é longe e o passado é o que fica
Conselhos de um professor aprendiz
Que aprendeu a pensar e medir tudo que diz
E o que se quis, nem sempre se alcança
O segredo é ter esperança
Viver é uma mistura de emoções e percepções
Quero ser lembrado por remediar corações.
50
52. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
ANDRÉ LUIZ GAMA
André Luiz Gama é jornalista, escritor, poeta, editor e
pescador. Tudo junto e misturado. Mineiro de Piumhi,
juizforano de coração.
De filhos e netos
Só quem os tem
conhece de verdade
a intensidade da dor,
da preocupação constante,
do sacrifício,
do amor incondicional.
Melhor não tê-los...
Com eles
nos tornamos escravos
de suas alegrias,
de suas tiranias,
tristezas, ingratidões, incompreensões,
despesas, revoltas...
51
53. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
e de vez em quando
de amor, carinho e reconhecimento.
Interessante e paradoxal:
a maior alegria que um filho pode dar
aos seus pais
é justamente o seu próprio filho...
pra tudo
recomeçar.
52
54. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Vida de Poeta
Cante em versos sua dor,
põe nas rimas suas lágrimas
e faça sempre poemas de seu amor.
Transforme sua tristeza em fantasias,
para que sempre fique em seu rosto
um sorriso triste mas fantasiado de alegria.
Siga sempre o seu caminho
fazendo de sua vida uma estrada sem fim,
cheia de pétalas de flores, escondendo seus
espinhos.
Saiba que sua vida será eternamente cantar,
como cantam os pássaros presos,
para os outros que os ouvem encantar.
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55. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Só quero dizer que te quero
Acordei
Achando que tinha sido
Um pesadelo, uma triste fantasia
De uma imprensa fantasmagórica.
Não foi um sonho,
Foi tudo mais que real,
Triste, apavorante, quase inacreditável.
A ganância de uns pobres inumanos
Financiou a criação desse pesadelo
Que como uma gigantesca onda
Inundou quase todo o planeta.
Não quero máscara no rosto
Nem vacinas no braço
Só quero dizer que te quero
De volta, nossa liberdade,
Nossa sanidade, nosso direito de viver.
54
56. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Deus não criou o homem
Para que ele brincasse de Deus.
Quero sentir de novo
O pôr do sol
E voltar a enaltecer a vida.
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57. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
LAÍS MENDES
Laís Mendes nasceu no ano de 2001 e possui uma grande
paixão pela literatura. Estreiou no wattpad em 2016 e desde
então não parou de escrever. No presente, divide o seu tempo
entre a escrita e a faculdade de Letras.
Reflexões
Você ilumina o meu caminho
Como um candeeiro na sala
Refletindo sobre nós
Percebi que te olho com tanta harmonia
Em plena sintonia com o mar
Será isso um efeito de amar?
Te olhar como alguém olha uma flor
Apreciando toda aquela simplicidade
E regando na paixão.
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58. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Lembranças
O pranto já não seguro
O vinho escorre pelo chão
O teu amor foi em vão
Me causou dor e decepção.
Lembranças de uma vida a dois
Foram jogadas fora sem pudor
Teu cheiro ainda persiste em cada canto que vou
Será uma penitência te amar tanto assim?
Do amor só me restaram lágrimas
Essas tão soltas quanto o vento
Você já nem se importa
E isso tudo me sufoca.
Amor é fogo que arde sem se ver - disse Camões
Fui jogada na fogueira
Sem aviso prévio
Por alguém que jurei amar
De forma tão desplugada.
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59. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Interligados
Decepções nos fazem querer mudar
Pra não sofrer como antes
Porque a dor da partida é constante
Sem tempo definido para curar
Cada caco de vidro quebrado.
Dois corações interligados
Pelo amor que existia
Agora são dois indivíduos
Soltos no mundo
Machucando um ao outro.
O peito arde cada vez que lembra
Do nosso último beijo
Do nosso último toque
Da nossa última risada
Tudo o que vivemos não passa de lembranças
Soltas pela casa.
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60. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
RENIVALDO DE JESUS
Renivaldo nasceu no dia 18 de fevereiro de 1962, de mãe
semianalfabeta. Depois de aprender as letras do alfabeto com
a ajuda da sua genitora, desenvolveu a leitura sozinho. Em
Simão Dias - SE, iniciou os estudos já na terceira série,
quando compôs seu primeiro poema falando da natureza.
Ama poemas e romances.
Ter e ser amigo
Seja amigo
Sem mentiras ou falsidade
Com todos e comigo
Puro e sem leviandade
Amigo não mente
Não é apenas companheiro
No tempo bom somente
Quando o outro tem dinheiro
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61. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Ele é amigo na aflição
Na saúde e na doença
Na fartura ou falta de pão
E também na pestilência
Se ter amigo deseja
Seja um amigo de verdade
E amigo seja
Com amor e sem maldade
Para ter amigo
Amigo seja
E assim conte comigo
Se isso você deseja
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62. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Deixa
Deixa que eu seja teu paraíso
Que eu seja tua perdição
Teus sonhos teus pesadelos
Teu sangue teu coração
Quero que se perca num eterno amor
Que sejas o sal da tua vida
Teu frio teu calor
O mundo do teu mundo
Deixa eu ser o ar que respiras
O mel da tua boca
A luz dos teus olhos
O teu bem o teu mal
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63. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Quero ser a razão do teu viver
Uma esperança num mundo incerto
Aquele que te faz feliz
A luz do teu caminho
Deixa apenas deixa
Que o meu querer se faça
Que te faça feliz
Felicidade sem fim
62
64. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Meu querer
Quero dormir o teu sono
E acordar em teu coração
Quero ser o teu sonho
E ser o teu descanso
Quero ser a tua vida
E ser o teu alimento
Do frio ser o teu cobertor
Da noite ser a tua cama
Quero ser o que eu não sou
O desejo que não tens
Ser o amor que tu mereces
A felicidade por ti sonhada
Quero acordar do pesadelo
De querer e não ser
De ser tudo e o nada em tua vida
De tua vida sonhada
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65. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
ODAIR MENDONÇA
Odair é um romancista e poeta negro que encontrou na
literatura a arma para mudar o mundo. Além de escrever, ele
ama ler e tomar um bom café na esquina.
Viver sem você
É verdadeiro o que sinto por ti
Apaixonar por ti foi uma sorte
Dizer que te amo é uma bênção
Viver sem você, é melhor passar um dia sem te ver
Viver sem você é perder totalmente as minhas forças
Viver sem você, é melhor te deixar me matar de uma
vez
Me sinto estúpido por te dizer isto, mas é puro o que
me infringe o coração.
Gosto muito de mim quando estou ligado a ti.
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66. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Do que vivem os poetas
Poetas,
Seres magníficos que transformam o inútil em
agradável
Seres que encantam sem precisarem de motivos
Seres incríveis,
Criativos e estúpidos às vezes
Seres que comem palavras e bebem
sentimentos
Seres que usam e abusam da imaginação
Vivem de emoções e do amor incorrespondido
Vivem com feridas que nunca saram
Vivem do conhecimento,
Da arte de imaginar e do sustento de surpreender
Vivem da crueldade de matar os demônios que
cercam a sua cabeça
Poetas,
Seres atemporais, heróicos e românticos
Seres complicados e indecisos
Seres aborrecidos e atormentados
65
67. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Seres que ninguém os ganhe,
Ninguém os engane, pois conhecem bem os
Humanos
São como psicólogos, mas um pouco mais além
Que descansem em paz todos os poetas que
partiram deste mundo e os que estão vivos
Vivam a vossa arte e contaminem o mundo o vosso
veneno e os deixem acharem que somos mentirosos
e que não amamos
Amamos e amamos muito
Somos amor, inventamos o amor
Para todos os poetas de todo mundo.
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68. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Vendedor de poemas
Vendo poemas,
Sim, sou vendedor de rimas e melodias
Não escrevo por mim, escrevo pela minha alma e
transmito pelas minhas mãos
Sou vendedor de poemas,
Poemas de todas categorias,
Poemas de curtas e longas estrofes
Sim, sou vendedor de poemas, será que alguém pode
me comprar um poema?
O que é poesia para você?
O que é sentir para você?
O que é viver para você?
Sim, sou vendedor de poemas
67
69. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Um vendedor anônimo,
Um vendedor que se esconde atrás de uma página,
Um vendedor que se humilha para que todos
possam lê-lo,
Um vendedor desesperado para ver até onde vão os
seus poemas,
Até onde pode ser lido,
E até onde pode ser odiado.
Sim, sou eu mesmo, o vendedor de poemas
O único preço a pagar é o pestanejar dos seus olhos
penetrados nestes versos.
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70. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
MIGUEL ROSEMA
Miguel nasceu em 2000, na cidade de Cuamba, em
Moçambique, e começou a escrever em 2018. Escreve
diversos gêneros literários, com destaque aos poemas e aos
contos.
A música da festa
O universo é uma festa,
E todos são convidados.
A vida é uma música
Que alguém tocou,
Cada um tem sua forma de ouvir e recantar.
Coreógrafos são vários.
Várias são as danças...,
Cada um tem sua forma de observar e redançar.
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71. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Não há como não dançá-la
Estando em festa
Embora não se entenda o ritmo...
Vamos
Dançar a vida
Até ao final da festa.
Depois cada um regressa à sua casa
com monte de lembranças:
Da festa, da música, da coreografia.
70
72. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
O poema para esquecer-me de mim
Na poesia, o sol é negro.
Lua e estrelas sou eu.
Nuvens são como sangue
De tudo que foi morto...
Incluindo o céu.
Que caiu aos meus pés
- onde moram deuses não sei.
Aí tem ruínas sombrias, como casas de bruxas.
Protegidas por enormes árvores, secas, espinhosas,
Sem folhas nem flores.
No interior de cada ruína
tem um monstro faminto
Que tem aparência de todos que já conheci,
De tudo, até o que nunca vi.
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73. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
E as paredes carregam muitos retratos.
Que partidos como no que eles estão.
De maneira que os versos são muitos
as ruínas devem ter muita coisa.
Porém, tudo que tem é cadáver do seu tempo.
Afinal, entro em busca de conforto ou paz,
Mas não escrevi para que encontre conforto ou paz
por "cadáveres".
Por isso logo que lá entro
o monstro ruge um rugido forte...
E sofro sustos, corro de um lado para outro
Da densa floresta de versos
E o monstro me perde,
Tempos depois eu é que me perco, em versos
Livre da memória, e do tempo.
Atravesso hectares (de) versos.
Mas me reencontro assim que encontro uma ruína.
Porém, os sustos!
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74. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Aí tem uma estrofe,
A última,
Que é mais vasta
que a própria poesia.
Aí é onde finjo muito:
Não tem ruínas,
Nem árvores,
Nem monstros,
Nem mortos,
Nem sustos,
Nem memórias,
Nem tempos,
Nem mundos...!
São só versos,
como areias do deserto.
Aí ando.
Perdido.
Para sempre.
Nos versos.
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75. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
STÉPHANIE NEVES
Stéphanie Neves é criadora de conteúdo no projeto
Infolivrosmais (informação e livros numa só pagina). É autora
do livro “Desavenças da vida”, no wattpad. A sua fonte de
inspiração é o mundo que a rodeia.
O dia em que fui feliz?
Um dia encontrei a felicidade
Quando me recordo, nasce a saudade.
Recordo-me de quantas vezes ali sorri,
Do que ali vivi e aprendi.
Gostaria de continuar este poema.
Mas neste momento estou com um problema.
Hoje reina a tristeza em mim.
Uma angústia, uma dor sem fim.
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76. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Quando o sol nasceu,
a felicidade apareceu.
Mas pouco a pouco se desvaneceu
Apodreceu e morreu.
Hoje estou cansada,
Por que continuo a ser descartada?
Muitas vezes chorei,
Muitas vezes esperneei e gritei
Muitas vezes pensei no que perdi.
Só eu sei como me senti, quantas vezes eu caí.
Só queria ser reconhecida,
Mas continuo a ser esquecida.
Talvez amanhã ao acordar
Voltarei a sonhar e a acreditar
Que a vida é como o mar.
De emoções a flutuar.
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77. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Ironias da vida
A vida é feita de encontros e desencontros
A vida é feita de vivências.
A vida é feita de aprendizagens.
A vida é feita de ciclos.
A vida é feita de pessoas
A vida é feita de discórdias
A vida é feita de incompreensões
A vida é feita de dúvidas
A vida é feita de incertezas.
A vida é feita de tristeza
A vida é feita de dor.
A vida é um misto de emoções
A vida é feita de medos.
O medos são feitos de inseguranças.
Os medos são feitos de pensamentos ocos.
Os medos são feitos do que as pessoas vão pensar.
O medos são feitos do que as pessoas vão dizer.
Os medos dizem mais sobre nós do que os outros.
Os medos são consequência de vivências passadas.
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78. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
frustração acontece quando pensamos demais.
Quando projetamos o futuro e não olhamos para o
presente.
Quando achamos que não somos suficientes.
Quando deixamos de reconhecer o que somos.
Quando achamos que somos o que os outros
pensam de nós.
Quando deixamos de ser nós próprios para caber no
mundo dos outros.
Quando fazemos de tudo para sermos reconhecidos
pelos outros e esquecemos o nosso valor.
A força vem da nossa aprendizagem.
A força vem do querermos a mudança.
A força vem da nossa aceitação.
A força vem de não exigirmos demasiado de nós
próprios.
A força vem de nos reconhecermos com a nossa
essência
A força vem da garra de assumir-mos as nossas
fragilidades.
A força vem de não querermos a perfeição.
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79. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
A força vem depois da luta.
A força vem depois da garra.
A força vem quando acreditamos e nos focamos em
nós.
A força vem quando nos amamos a nós.
A força vem quando acreditas em ti.
A força vem quando impões os teus limites.
A força vem quando reconheces o teu poder.
O julgamento acaba quando percebes que não és
melhor que ninguém.
O julgamento acaba quando olhas mais para ti do
que para os outros
O julgamento acaba quando vives o que o outro
viveu.
O julgamento acaba quando tens empatia pelo outro.
O julgamento acaba quando percebes que há várias
formas para viver.
O julgamento acaba quando retiras todos os padrões
em ti que só te fazem morrer por dentro.
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80. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Acredito que a vida pode ser tanto bela como cruel.
Acredito que nada acontece por acaso.
Acredito que todos somos especiais e únicos.
Acredito que atraímos os nossos semelhantes.
Acredito que a vida nos traz pessoas que não
imaginávamos conhecer.
Acredito que podemos ser melhor a cada dia.
Acredito que temos que dar a mão a quem precisa e
a quem amamos.
Acredito que a vida leva o que não nos faz falta e traz
o que precisamos.
Acredito que todos os problemas que a vida nos traz
temos forças para resolver.
Acredito que a vida pode ser tornar mais leve quando
deixamos fluir o que não controlamos.
Acredito que nunca saberemos tudo sobre a vida,
porque ela é um verdadeiro mistério.
Acredito que poderás ter momentos de dúvidas de
qual o caminho a seguir mas, se souberes o que não
queres na tua vida isso poderá guiar-te no caminho.
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81. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
sobrevivente
Um dia um abismo se abriu,
Meu mundo ruiu.
Meu reino se destruiu
Toda a luz sumiu!
Só eu sei o que senti,
Uma angústia sem fim.
Esse sentimento cresceu.
O meu “eu” desapareceu.
Nem sei bem como aconteceu.
Minha consciência desabou,
Meu corpo se desintegrou
Minha alma se rompeu.
E o que eu era se perdeu.
Quando me vi ao espelho não me reconheci.
Penso que desvaneci.
80
82. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Onde estava o meu brilho? seria eu de verdade?
Qual era a minha identidade?
Que grande crueldade.
Que grande calamidade!
Um dia descobri
Que realmente nunca me conheci.
Cada lágrima derramada
Foi restaurada.
Atualmente,
Sigo em frente.
Sou uma sobrevivente
Como fênix, das cinzas renasci.
Sinto que cresci e que aprendi.
81
83. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
POETA MBIYAVANGA
Poeta Mbiyavanga é o pseudônimo de Mbiyavanga Manuel
Pedro Mpuza, nascido em 11 de Julho de 1994. Residente em
Luanda - Angola. Técnico Médio de Gestão Empresarial,
escritor e poeta, membro da Comunidade Literária "O Poder
das Letras".
Minha casa, minha terra
Eu sou daqui. Foi aqui onde eu nasci
Esta é a minha casa, minha terra
Ainda que eu ande à toa por aí...
Quero que uma negra me enterre!
Angola é a nossa casa
Queira ela rica ou pobre
Aos poucos a malta casa
Mesmo nunca ter recebido cobre.
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84. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Eu sou daqui. No Uíge eu nasci
No N'guimbu meu cordão umbilical
Minha mãe lá enterrou
enterram-me também aqui.
Esta é a minha casa
Aqui muito que sofri
E se eu tiver que fugir
Na Europa, América ou na Àsia
Debandaria por falta de nação
Do que é paixão .
Nenhuma América me viu a crescer
Se eu tiver que morrer, queira lá
Queira aqui...
“Eu sou daqui. Foi aqui onde eu nasci
Esta é a minha casa, minha terra
Ainda que eu ande à toa por aí,
Quero que uma negra me enterre!"
Aqui na minha terra. Que me enterre nu
Que quando viemos à terra, viemos nu.
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85. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Esta é a minha casa, minha terra
Luanda viu-me a sofrer e a crescer
E nesta Angola edificarei minha casa
como símbolo da minha viagem à Terra.
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86. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Então venha
Igual estas cores,
O amor é vivo
Ainda que nos cause dor
Meu bem, sorria, o amor é lindo.
Então venha, vamos viver
Vamos cantar e dançar
Vamos remexer
Eu não falo sobre abraçar
Venha, vamos comer e beber
Que amanhã já é outro dia!
Apanhei muito da vida
Que não deixo alguém apanhar
E eu largar enquanto estiver inerente a mim
Apanhei muito da vida
Até conseguir curar minhas feridas
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87. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Então venha, vamos viver a vida
Ainda que em nós ela bata...
Não ligue, coração, apenas ignore
Que amanhã a gente desempata
Então venha, vamos sorrir a cada dia que passa
Que até a dor também passa
Ainda que não seja depressa
Meu bem, o sorriso ainda é de graça!
Eu... apanhei muito da vida
Até conseguir curar minhas feridas
Igual estas cores, o amor é vivo
Ainda que nos cause dor
Meu bem, sorria, o amor é lindo!
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88. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
E sobre mulheres bonitas
Eu amo, amo todas elas
Quer sejam negras quer sejam brancas
Quer sejam escuras quer sejam mulatas
Desde que sejam bonitas
Eu amo, amo todas elas!
Sou um mero apaixonado
Mulher bonita é o meu partido
Na bíblia nada me foi proibido
É o meu amor que foi dividido
Mas sou eu um... INDIVÍDUO.
E sobre mulheres bonitas...?
Eu amo, amo todas elas
Quer sejam negras quer sejam brancas
Quer sejam pretas quer sejam mulatas
Ainda que sejam baixinhas ou mesmo altas
Desde que sejam bonitas...
Eu amo, amo todas elas!
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89. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Eu amo, eu amo todas elas!
Porque sou um bobo apaixonado
Eu amo todas elas mas só uma que eu amo
Amar todas dizem que é pecado
Mas eu amo... eu amo todas elas
Se for pecado? Culpem só o diabo!
Se o assunto for mulheres bonitas
Eu amo, eu amo todas elas!
Quer sejam gordinhas quer sejam magrelas
Quer sejam negras quer sejam brancas
Quer sejam pretas quer sejam mulatas
Ainda que sejam baixinhas ou mesmo altas
Desde que sejam bonitas
Eu amo, amo todas elas!
88
90. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
CLÁUDIO MAYIMBA
Dizem que é amante da escrita e desde muito cedo começou a
cultivá-la. E a vontade poética nutriu do cordão umbilical.
Ser humano
Dizem que nasce de um útero femenino
Entre a copulação de um macho e fêmea divino
Meio celestial, meio terráqueo
Desenvolveu-se entre os seres batráquios
Dizem que tem um nome uma identificação
Conhece a natureza e suas transformações
Quem é ele?
Está no segredos mais profundo do
conhecimento.
Inexplicavél o seu desenvolvimento
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91. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Dizem que nasce, cresce
Também dizem que envelhece e depois morre
Quem é ele?
Está nos segredos mais profundos do
conhecimento
Só sei que dizem que é um ser devoto
A quê?
Não sei
Só dizem
Dizem também que é egoísta
Por quê?
Porque instituiu no seu eu o ser machista
Quem é ele afinal de contas?
Ele não conta
Dizem também que ele escreveu este poema no
seu mais alto eu divino
Então quem é ele?
Dizem que é o ser humano
90
92. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Metamorfose imortal
O sol nascendo no imaginário oeste
Norte ficando para sul do este
Morre o nascer da lua nos pensamentos
Naquela viagem do subúrbio sentimento
Eu tento
Tentando buscar crisalda no oposto
O oposto daquela imagem decorando o rosto
Desejando a ninfa em ti
Ou talvez esquecer de mim
Se o talvez nos trouxesse o agora
E as folhas esquecessem da hora
O sorriso eloquente das tintas na parede
Sorrindo do sol do dia que precede
Oh! Essa metamorfose
Oh! Esssa imortalidade
Traz-nos a universalidade no desejo
Como o furacão
Na ovulução da transcendade
Ufa!
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93. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
O ceticismo nasce do pluralismo
Mas o cetro acorda-me o realismo
A ovnologia na celestial lactose
Transmigram as almas entre os corpo na
mentepsicose
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94. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
No cantarolar dos pássaros
No começar do nascer do dia
O desabrochar dos ovíparos
Nos ensina a entender o dia-dia
Dias frios e secos
O relinxar dos cavalos nas fazendas
As mentes desajustadas e cansadas
Fazem o deleitar das almofadas
No rosto em pranto de quem vê
No acreditar no ser do além
Na busca da explicação do que lê
Para entender o semblante que o desdenha
Esta é a poesia sem título
Procura a forma de terminá-la
Se tu vê-la e lê-la
É porque um dia haverei de concluí-la
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95. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
GUILHERME SUABRIZAR
Guilherme é um jovem angolano nascido na província do
Bengo. É estudante e um viajante assíduo dos bastidores da
alma e da razão. Apaixonado por artes, sonhador e humanista
não no todo. Anseia por um mundo mais imparcial.
Pasmei o fulgor
No espelho há uma alma murcha
Distada do vero entalho, pasmei ao ver o sorriso
Que é assomar estrelas nos dentes
Enquanto no tecido interno da face
Há uma tecelagem submersa entre as águas
enferrujadas
As agulhas são remos entre linhas avessas
Olhos são barcos que absorvem lágrimas
A alto-mar da pesca do propósito de reluzir
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96. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
O fulgor se perde pálido afora
Os golfinhos escapam das redes do lápis da alma
Mas o reflexo raiado de brisa
É propício aos seres que foram feitos tristes
Para sorrir, quando se quer chorar
E chorar, quando se quer sorrir.
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97. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
A flor abrolhosa de um beija-flor
Quero conhecer o que é amor
Sem poder sentir dor
Sem na orquídea da razão murchar esta flor
Em ti se abre um beija-flor
E se fecha o meu enxergar opaco sobre esta dor
Porque enxergando-te em mim
Me vejo a voar em seu beija-flor
Seja, qual amanhecer que for
Eu quero beijar a sua flor
Quer no inverno, quer na primavera
Seja ela, o que é o amor
Quer cura ou dor
Quero amanhecer em seu beija-flor
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98. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Ademais, tudo em ti é recomeço
Me perco na métrica, por mais que me meço
Qual o além, em ti não tenho medida
Sei que és a dor e a cura que eu mereço
Sobre desenhar-me em ti, teimo
Temo um dia ter fim, mas anseio infinitar-me na sua
medida
Onde sonho o meu fim
Que é florir e voar sem fim.
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99. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Embrulhado nas asas
Ouço o calor, pois, ouço o calor
De voar, não poder
O fogo do silêncio acinzenta-me os lábios
Ardo-me nas chamas do prometer
Sei das coisas, que fácil choram
Sei de tudo, do nada se saber
Aqui, onde me calo
Me exalo do querer entender
Ouço o calor para derreter este frio
Para desembrulhar este trio:
Sonhos, almas e calafrio
Embalado nas penas, indaguei-me
A vida é este ar, que eu sufoco?
À vista disso: desforrei as asas e voei-me.
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