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PRÉ-MODERNISMOPRÉ-MODERNISMO
1. Definição
Nas duas primeiras décadas do século XX
enquanto a Europa recebia influência de
movimentos modernistas, o Brasil ainda
sofria influência do Parnasianismo e do
Simbolismo na poesia e o Realismo e o
Naturalismo na prosa.
2.1 Contexto Histórico
República do Café com
Leite
Voto de cabresto
2.2 Contexto Histórico
Imigração (principalmente europeia)
no Brasil – Tentativa de esbranquiçar
a população brasileira
Cangaço
Revolta da Vacina
Criação de uma classe
operária urbana
3. Características
 Abordagem de problemas sociais brasileiros (desigualdade,
conflitos, pobreza e exclusão social e política). Estes temas serão
retratados, principalmente, nas obras de dois importantes escritores do
período: Lima Barreto e Euclides da Cunha.
 Regionalismo: valorização de aspectos culturais de regiões do Brasil.
 Estética literária marcada por valores do Naturalismo.
 Mistura de estilos literários de escolas anteriores.
 Surgimento, em alguns escritores (Lima Barreto, por exemplo) do uso
da linguagem coloquial.
 Surgimento, embora o conservadorismo ainda se faça presente, de
inovações técnicas na forma de expressão literária.
4. Pontapé inicial
1902
CANAÃ
Graça Aranha
OS SERTÕES
Euclides da
Cunha
5. José Pereira da Graça Aranha
Principal obra
21/06/1868, São Luís, MA
26/01/1931, Rio de Janeiro, RJ
Canaã conta a história de Milkau e Lentz,
dois jovens imigrantes alemães que se
estabelecem em Porto do Cachoeiro, ES.
Amigos e antagônicos ao mesmo tempo, Milkau
é a integração e a paz, admirando o Novo
Mundo, Lentz é a conquista e a guerra,
pensando no dia que a Alemanha invadirá e
conquistará aquela terra.
A história em si é apenas pano de fundo para as
discussões ideológicas entre Milkau e Lentz,
somando-se a isto retratos da imigração alemã e
da corrupta administração brasileira da época.
6. Euclides Rodrigues da Cunha
Principal obra
Em Os Sertões, Euclides da Cunha
usou uma linguagem rica em
termos científicos, apresentou nessa
obra, no qual o tema principal é a
Guerra de Canudos, um verdadeiro
retrato do Brasil no fim do século
XIX, discutiu problemas que
transcendem o conflito que ocorreu
no interior da Bahia.
A primeira parte, A Terra, pode ser
vista como um estudo geográfico
escrito em forma literária. A
20/04/1866, Cantagalo, RJ
15/081909, Piedade, RJ
7.1 José Bento Monteiro Lobato
Características
18/04/1882, Taubaté, SP
04/07/1948, São Paulo, SP
O regionalismo e a denúncia dos
contrastes, mazelas e desigualdades na
sociedade oligárquica brasileira da Primeira
República. Como regionalista, ele nos
mostra o Brasil rural, revelando, em tons
satíricos, sentimentais, irônicos e patéticos
seus costumes, sua gente e sua
decadência, após o período áureo da
economia cafeeira. A inclinação para a
militância nacionalista se acentua no
decorrer de sua produção literária.
7.2 Trecho de Urupês
“(...)
O caboclo é soturno.
Não canta senão rezas lúgrubes.
Não dança senão o cateretê aladainhado.
Não esculpe o cabo da faca, como o cabila.
Não compõe sua canção, como o felá do Egito.
No meio da natureza basílica, tão rica de formas e cores, onde os ipês floridos
derramam feitiços no ambiente e a infolhescência dos cedros, às primeiras
chuvas de setembro, abre a dança do angarás; onde há abelhas de sol,
esmeraldas vivas, cigarras, sabiás, luz, cor, perfume, vida dionísica em escachôo
permanente, o caboclo é o sombrio urupê de pau podre a modorrar silencioso
no recesso das grotas.
Só ele não fala, não canta, não ri, não ama.
Só ele, no meio de tanta vida, não vive...”
LOBATO, Monteiro. Urupês. São Paulo: Brasiliense, 1997. (1. ed. 1918).
8. Afonso Henriques de Lima
Barreto – Principais obras
Triste fim de Policarpo Quaresma- Narra
a trajetória de Policarpo Quaresma, um
patriota ímpar, que causa estranheza nas
pessoas pelos seus ideais e coragem. O livro
é dividido em três partes. A primeira
começa descrevendo a rotina do Major
Policarpo Quaresma. Major que não era
major realmente; era um apelido. Na
segunda parte do livro, seguindo o conselho
de sua afilhada Olga, Policarpo compra um
sítio e se muda para lá com sua irmã. Chama
o sítio de “O Sossego”. Na terceira parte,
Policarpo volta para a cidade assim que sabe
que está ocorrendo uma revolta.
13/05/1881, Rio de Janeiro, RJ
01/11/1922, Rio de Janeiro, RJ
9.1 Augusto de Carvalho
Rodrigues dos Anjos - Psicologia
de um vencido
20/04/1884, Cruz do Espirito
Santo, PB
12/11/1914 – Leopoldina, MG
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
9.2 - Augusto dos Anjos – Mais
poemas
O morcego
Meia noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vêde:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
"Vou mandar levantar outra parede..."
— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh'alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
Versos íntimos
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
10. Bibliografia
Enciclopédia do Estudante – Vol.14 – Literatura em
Língua portuguesa – Escritores e obras do Brasil,
África e Portugal
Help! Sistema de consulta interativa – Técnicas de
Redação e Literatura
Sites Cola daWeb, Guia do Estudante
Produção da apresentação: Daniel Paes Cuter

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Pré-Modernismo no Brasil

  • 2. 1. Definição Nas duas primeiras décadas do século XX enquanto a Europa recebia influência de movimentos modernistas, o Brasil ainda sofria influência do Parnasianismo e do Simbolismo na poesia e o Realismo e o Naturalismo na prosa.
  • 3. 2.1 Contexto Histórico República do Café com Leite Voto de cabresto
  • 4. 2.2 Contexto Histórico Imigração (principalmente europeia) no Brasil – Tentativa de esbranquiçar a população brasileira Cangaço Revolta da Vacina Criação de uma classe operária urbana
  • 5. 3. Características  Abordagem de problemas sociais brasileiros (desigualdade, conflitos, pobreza e exclusão social e política). Estes temas serão retratados, principalmente, nas obras de dois importantes escritores do período: Lima Barreto e Euclides da Cunha.  Regionalismo: valorização de aspectos culturais de regiões do Brasil.  Estética literária marcada por valores do Naturalismo.  Mistura de estilos literários de escolas anteriores.  Surgimento, em alguns escritores (Lima Barreto, por exemplo) do uso da linguagem coloquial.  Surgimento, embora o conservadorismo ainda se faça presente, de inovações técnicas na forma de expressão literária.
  • 6. 4. Pontapé inicial 1902 CANAÃ Graça Aranha OS SERTÕES Euclides da Cunha
  • 7. 5. José Pereira da Graça Aranha Principal obra 21/06/1868, São Luís, MA 26/01/1931, Rio de Janeiro, RJ Canaã conta a história de Milkau e Lentz, dois jovens imigrantes alemães que se estabelecem em Porto do Cachoeiro, ES. Amigos e antagônicos ao mesmo tempo, Milkau é a integração e a paz, admirando o Novo Mundo, Lentz é a conquista e a guerra, pensando no dia que a Alemanha invadirá e conquistará aquela terra. A história em si é apenas pano de fundo para as discussões ideológicas entre Milkau e Lentz, somando-se a isto retratos da imigração alemã e da corrupta administração brasileira da época.
  • 8. 6. Euclides Rodrigues da Cunha Principal obra Em Os Sertões, Euclides da Cunha usou uma linguagem rica em termos científicos, apresentou nessa obra, no qual o tema principal é a Guerra de Canudos, um verdadeiro retrato do Brasil no fim do século XIX, discutiu problemas que transcendem o conflito que ocorreu no interior da Bahia. A primeira parte, A Terra, pode ser vista como um estudo geográfico escrito em forma literária. A 20/04/1866, Cantagalo, RJ 15/081909, Piedade, RJ
  • 9. 7.1 José Bento Monteiro Lobato Características 18/04/1882, Taubaté, SP 04/07/1948, São Paulo, SP O regionalismo e a denúncia dos contrastes, mazelas e desigualdades na sociedade oligárquica brasileira da Primeira República. Como regionalista, ele nos mostra o Brasil rural, revelando, em tons satíricos, sentimentais, irônicos e patéticos seus costumes, sua gente e sua decadência, após o período áureo da economia cafeeira. A inclinação para a militância nacionalista se acentua no decorrer de sua produção literária.
  • 10. 7.2 Trecho de Urupês “(...) O caboclo é soturno. Não canta senão rezas lúgrubes. Não dança senão o cateretê aladainhado. Não esculpe o cabo da faca, como o cabila. Não compõe sua canção, como o felá do Egito. No meio da natureza basílica, tão rica de formas e cores, onde os ipês floridos derramam feitiços no ambiente e a infolhescência dos cedros, às primeiras chuvas de setembro, abre a dança do angarás; onde há abelhas de sol, esmeraldas vivas, cigarras, sabiás, luz, cor, perfume, vida dionísica em escachôo permanente, o caboclo é o sombrio urupê de pau podre a modorrar silencioso no recesso das grotas. Só ele não fala, não canta, não ri, não ama. Só ele, no meio de tanta vida, não vive...” LOBATO, Monteiro. Urupês. São Paulo: Brasiliense, 1997. (1. ed. 1918).
  • 11. 8. Afonso Henriques de Lima Barreto – Principais obras Triste fim de Policarpo Quaresma- Narra a trajetória de Policarpo Quaresma, um patriota ímpar, que causa estranheza nas pessoas pelos seus ideais e coragem. O livro é dividido em três partes. A primeira começa descrevendo a rotina do Major Policarpo Quaresma. Major que não era major realmente; era um apelido. Na segunda parte do livro, seguindo o conselho de sua afilhada Olga, Policarpo compra um sítio e se muda para lá com sua irmã. Chama o sítio de “O Sossego”. Na terceira parte, Policarpo volta para a cidade assim que sabe que está ocorrendo uma revolta. 13/05/1881, Rio de Janeiro, RJ 01/11/1922, Rio de Janeiro, RJ
  • 12. 9.1 Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos - Psicologia de um vencido 20/04/1884, Cruz do Espirito Santo, PB 12/11/1914 – Leopoldina, MG Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênesis da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Profundíssimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme — este operário das ruínas — Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há-de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra!
  • 13. 9.2 - Augusto dos Anjos – Mais poemas O morcego Meia noite. Ao meu quarto me recolho. Meu Deus! E este morcego! E, agora, vêde: Na bruta ardência orgânica da sede, Morde-me a goela ígneo e escaldante molho. "Vou mandar levantar outra parede..." — Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho, Circularmente sobre a minha rede! Pego de um pau. Esforços faço. Chego A tocá-lo. Minh'alma se concentra. Que ventre produziu tão feio parto?! A Consciência Humana é este morcego! Por mais que a gente faça, à noite, ele entra Imperceptivelmente em nosso quarto! Versos íntimos Vês?! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão — esta pantera — Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!
  • 14. 10. Bibliografia Enciclopédia do Estudante – Vol.14 – Literatura em Língua portuguesa – Escritores e obras do Brasil, África e Portugal Help! Sistema de consulta interativa – Técnicas de Redação e Literatura Sites Cola daWeb, Guia do Estudante Produção da apresentação: Daniel Paes Cuter