1. Variedades Linguísticas
Empregada por tão grande quantidade de indivíduos, em situações tão diferentes e a todo o momento, é de se esperar que a língua
não se apresente estática. Ou seja, condicionantes sociais, regionais e as diversas situações em que se realiza determinam a ocorrência de
variações em uma língua. Subordina-se o estudo das variedades linguísticas a dois amplos campos:
1. Variedades geográficas
Falares regionais ou dialetos
(Ex.Linguagem urbana x linguagem rural)
2. Variedades socioculturais
Variedades devidas ao falante
- Dialetos sociais
- Grau de escolaridade, profissão, idade, sexo etc.
Variedades devidas à situação
- Níveis de fala ou registros (formal/coloquial)
- Tema, ambiente, intimidade ou não entre os falantes, estado emocional do falante.
Variedades geográficas
O anúncio faz um trocadilho entre “bichas” (filas), marca típica da sociedade urbana e burocratizada, e “bichos”, símbolo de natureza
e vida natural. O texto, no entanto, talvez soe estranho ao falante da língua portuguesa que mora no Brasil. Para nós, as pessoas formam
filas (e não bichas) quando aguardam sua vez de serem atendidas em um banco, em uma bilheteria de cinema etc.
Pode-se perceber facilmente que a maneira como o português é empregado no Brasil e em Portugal não é exatamente a mesma,
assim como também é diferente nas regiões geográficas brasileiras e até numa mesma região. Tomemos como exemplo o Sudeste: os
falares de Minas Gerais e do Rio de Janeiro apresentam suas peculiaridades e distinções.Do mesmo modo, as regiões urbanas e as regiões
rurais também possuem vocabulário e pronúncia diferentes, bem como expressões típicas.Portanto, há variações na língua condicionadas a
aspectos geográficos.
Variedades socioculturais
Variedades devidas ao falante
a) Grupos culturais
Uma pessoa que conhece a língua que emprega apenas “de ouvido”, que não teve a oportunidade de tomar conhecimento das
regras internas que a compõem, domina essa língua de cujas realizações participa de forma diversa de uma pessoa que tem contato com
esse código linguístico por meio de livros, periódicos, dicionários ou ainda por inter¬médio da convivência com pessoas de boa formação
intelectual.
Atenção: não se quer dizer que um fale melhor ou pior que o outro. Deseja-se apenas registrar o fato de que a formação
escolar de um indivíduo, por exemplo, suas atividades profissionais, seu nível cultural podem determinar um domínio diferente da
língua.Cada classe social - econômica mas sobretudo culturalmente falando - emprega a língua de uma maneira especial.
b) O jargão (uma variação social)
Observe os diversos grupos profissionais: cada um deles faz uso de um vocabulário e expressões que são típicos de seu trabalho. O
jargão - essa linguagem técnica que alguns profissionais dominam - é empregado por um grupo restrito e, muitas vezes, é inacessível a
outros falantes da língua.
Se pensarmos, por exemplo, na linguagem da economia, da informática... Quantos de nós estamos preparados para entendê-
las?Analisando nossa própria maneira de falar, cada um de nós é capaz de perceber que dominamos várias "línguas", ou seja, temos várias
maneiras de "registrar" a língua. A cada momento fazemos uso de um desses registros.
Observe: uma criança de dois anos, quando cai, pode dizer que machucou o bum-bum. Sua mãe, ao agradá-la, pergunta: “O nenê
machucou a bundinha?”. Ocorrendo um problema mais grave, ao levá-la ao médico, os pais provavelmente diriam que o problema é nas
nádegas. E o médico? Bem, ele poderia anotar que a dor é na região glútea...
Veja que todas essas expressões são de nosso conhecimento e sabemos, quase intuitivamente, qual é o momento mais adequado para
empregar uma ou outra.
(Gramática da Língua Portuguesa – Roberto Melo Mesquita – Ed. Saraiva)
• Variedade Linguística são as variações que sofre uma mesma língua, dependendo das condições sociais, culturais e regionais em
que é utilizada.
• Norma Culta é a língua padrão, a variedade de maior prestígio social.
• Norma popular são todas as outras variedades linguísticas, diferentes da língua padrão.
William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães – Atual Editora
LINGUAGEM E ADEQUAÇÃO SOCIAL
Que tipo de língua, então, devemos falar e aprender? Todos os tipos! Quanto mais conhecermos as variedades da língua
portuguesa, seja a norma culta, sejam as muitas variedades populares, mais preparados estaremos para falar com pessoas de qualquer
região deste país e de qualquer nível social.Além dessas diferenças, há o jeito pessoal de falar. Precisamos sempre empregar o tipo de
linguagem mais adequado a determinadas situações. Por exemplo, para chamar uma pessoa mais velha e desconhecida na rua, você não
vai dizer: “Chega aí, meu”, pois esse é um nível de linguagem usado normalmente por pessoas mais jovens e íntimas.Dependendo da
pessoa com quem falamos, podemos falar com maior cerimônia e educação, ou falar de modo direto, sem muitos rodeios; podemos
empregar gírias ou escolher as palavras com cuidado.
William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães – Atual Editora
Língua formal e língua informal
Às vezes, mesmo sem perceber, nós também falamos de maneira diferente em determinadas situações. Por exemplo, quando falamos em
público ou quando conversamos com pessoas mais instruídas do que nós, ou ainda com pessoas que ocupam cargo ou posição elevada,
passamos a empregar a língua formal, isto é, um modo mais cuidadoso de falar. Nesse caso, evitamos tanto gírias e expressões grosseiras
quanto palavras e expressões que demonstrem muita intimidade com o interlocutor, como fofinha, safado, pra caramba, dia de cão, é um
saco!, etc. Se, entretanto, temos familiaridade com a pessoa com quem falamos, podemos empregar a língua informal, pois nosso
interlocutor não se chocará com essa variedade.