Este texto é uma narrativa que descreve uma viagem de três amigos pelo Rio São Francisco, lendo em voz alta o livro "Grande Sertão: Veredas" de Guimarães Rosa. Cada um queria ler o único livro disponível, até que no final da viagem cada um seguiu para um lado diferente, com o narrador ficando com o livro.
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Narração
Era uma vez na beira do rio Parnaíba, caudaloso e cheio
de perigos, havia Crispim, pescador, e sua mãe, que
moravam em uma tapera. Dia com muito vento e
pescador não conseguiu pegar nada. Voltou para casa
bêbado e praguejando que estava com fome, a mãe
correu a dizer que tinha um caldo de osso. O filho,
louco de fúria descontrolada, agrediu a mãezinha com
um pedaço de osso. A pobre mãe, ensanguentada,
indignada e cheia de dor no peito, rogou-lhe praga que
haveria de vagar com a cabeça boiando no rio e
devorar ou deflorar sete Marias virgens.
Clarice Azul, numa pré-aula de Linguagem e Expressão.
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Características da narração:
Refere-se a um ou mais personagens,
situações, tempos e espaços
Mudança de situação do(s) personagem(ns)
Progressão temporal dos eventos
Tempo predominante: pretérito
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Descrição
Clara estava bem vestidinha. Era inteiramente de crepom
o seu vestido, com guarnição de renda caseira, mas bonita
e bem trabalhada; o pescoço saía-lhe nu e a gola
terminava numa pala debruada de rendas. Calçava
sapatos de verniz e meias. Nas orelhas tinha grandes
africanas e penteara-se de bandós, rematando o penteado
para trás, na altura do pescoço, um coque, fixado por um
grande pente de tartaruga ou coisa parecida.
Lima Barreto, no livro Clara dos Anjos
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Características da descrição:
Seres ou objetos concretos
Simultaneidade de propriedades e aspectos
Organização espacial dos elementos descritos
Tempos preferidos: presente e pretérito
imperfeito
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Exposição
O líder de mudança é aquele que se encarrega de levar adiante as tarefas,
enfrentando conflitos, buscando soluções, arriscando-se sempre diante do
novo. O contrário dele é o líder de resistência, não podem existir um sem
o outro. Os dois são necessários para o equilíbrio do grupo. Esta é a visão
de uma relação democrática, pois na relação autoritária e na
espontaneísta os encaminhamentos poderão ser outros. Para cada maior
acelerada do líder de mudança, maior freio, brecada, do líder de
resistência. Isto porque, muitas vezes, o líder de mudança radicaliza suas
percepções, encaminhamentos, na direção dos ideais do grupo,
descuidando do princípio de realidade. Neste momento o líder de
resistência traz para o grupo uma excessiva crítica (princípio de realidade
exacerbado), provocando uma desidealização (desilusionamento),
produzido assim um contrapeso às propostas do outro.
Madalena Freire
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Características da exposição:
Aborda um tema com termos abstratos
Mostra mudança de situação
Organiza-se por relações de analogia, causa,
correspondência, etc.
Tempo predominante: presente
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Argumentação
Isto é o que querem "os da elite", que as classes menos favorecidas discutam a
importância ou não de uma ação afirmativa reparadora para a classe C ou D... 1º
Quando criaram um processo de cota que dividia as terras entre os Europeus
existentes no Brasil, ninguém polemizou. 2º Quando disseram que cotas para
negros é inconstitucional, "muitas pessoas" foram a favor sem levarem em conta
a existência de cotas para filhos de militares e outras que favorecem a "grande
elite". 3º O debate deveria ser para criarem medidas de acessibilidade para todos
os povos desvaforecidos, mas nós ainda ficamos no "EUCENTRISMO” e
esquecemos por segundos da desvalorização, agressão, violência física e mental,
depreciação e afins feitos pelos povos brancos contra os povos negros e nativos.
4º A mestiçagem foi algo criado como lei /Lei do embranquecimento/, logo
discutir mestiçagem é discutir a violência que os brancos fizeram com as
mulheres negras durantes anos. Esses pontos podem ser até discutidos, mas são
verídicos e históricos. Existiram no Brasil e são os pontos de partida para a
discriminação, preconceito, racismo e similares.
João Griot, em 22 de novembro de 2012, no Facebook.
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Características da argumentação:
Defende (ou ataca) uma ideia, um
produto, etc.
Busca persuadir o leitor/ouvinte
Usa argumentos e outras estratégias de
convencimento
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12. Universidade das Quebradas
Agora é sua vez!
Qual é o modo de organização destes textos?
Em 1993 fomos viajar pelo Rio São Francisco; eu, Guilherme
Vasconcelos e Luiz Bolognese. O Guilherme levou Grande
Sertão: Veredas, do Guimarães Rosa. Começou a ler em voz
alta quando chegamos em Pirapora. Em pouco tempo virou
uma disputa, havia só um livro e três leitores. Foi uma viagem
de sertão profundo, o rio era o livro e o livro era o rio. No final
cada um foi pra um lado. O livro ficou comigo, quando peguei
um ônibus para São Paulo em Penedo, Alagoas. Reli os últimos
capítulos já na Dutra.
Beá Meira, numa enquete da Universidade das Quebradas.
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13. Universidade das Quebradas
Ninguém nasce sabendo das histórias. Um narrador é aquele
que teve a oportunidade de ouvir muito, tanto que apreendeu,
isto é, pescou este peixão simbólico que serve para alimentar
entre outras coisas, como compartilhar e agradecer. Coisas que
dão valor à vida e garantem a sua sustentação. Esse valor é
produzido na qualidade da relação entre pessoas: adultos,
crianças, mestres, discípulos, natureza, sociedade e
principalmente o eu com o mesmo. É disso que as histórias
antigas e longínquas e seus narradores estão falando: a fala do
saber viver, do gosto que a vida tem, de preservar a memória
desse gosto e de que vale a pena.
Rute Casoy, na pré-aula de Linguagem e Expressão.
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14. Universidade das Quebradas
Eu sou um sujeito…meio alto/meio baixo, meio
gordo/meio magro, que se você encontrasse no
meio de uma multidão, creio que nada chamasse a
atenção…mesmo sendo, apesar disso, uma pessoa
extremamente peculiar…(ou não, rs).
José Carlos Oliveira Soares Junior, ao traçar o seu perfil.
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As estratégias e discussões de políticas públicas não devem estar
pautadas no pensamento eurocêntrico, que (re)força o senso de
uma cultura colonizada. É preciso que o Estado estude, planeje e
crie estratégias, cuja espinha dorsal tenha como ponto de partida
movimentos e ações endógenas. Sabemos que é caro manter um
grande museu, assim como sabemos que esses templos são
impositivos e ao mesmo tempo segregados do convívio de grande
parte da população local. Não sou contra os museus-templos,
precisamos deles. Concordo que as políticas públicas culturais
devem caminhar para a inclusão sociocultural nos ditos “grandes”
museus, legitimando, no entanto, as ações sociais já existentes e
resistentes, especialmente em periferias. As práticas sociais de
humanização, “de afetos”, nos museus, não podem passar a “existir”
para o Estado somente através das grandes instituições.
Pablo Ramoz, em post de 16/10/2012.
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