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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

         CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ANIMAL



   Análise de contaminantes e biomarcadores em
peixes-bois marinhos (Trichechus manatus manatus):
               recomendações finais




                   Recife/PE

                  Janeiro/2012
Análise de contaminantes e biomarcadores em peixes-bois
             marinhos (Trichechus manatus manatus):

                           recomendações finais




Elaboração do documento:

*Daiane Garcia Anzolin - UFPE/Laboratório de Ecotoxicologia

João Carlos Gomes Borges – Fundação Mamíferos Aquáticos

Paulo S. M. Carvalho - UFPE/Laboratório de Ecotoxicologia




Este projeto contou com o Patrocínio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à
Natureza e Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental. Além disso, teve
o apoio da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco.




*Autor para correspondência (dai_anzolin@yahoo.com.br)
APRESENTAÇÃO

       Atualmente, os organismos aquáticos, incluindo os mamíferos marinhos, estão
continuamente sendo expostos a diversos contaminantes químicos, e desta forma,
efeitos adversos podem surgir como resposta aos diferentes mecanismos de toxicidade
destes produtos. Em decorrência a isto, muitos estudos vêm sendo desenvolvido
avaliando à contaminação nos mamíferos marinhos decorrentes de substâncias metálicas
e poluentes orgânicos. Estudos desta natureza permitem também a obtenção de
informações previas sobre a qualidade ambiental das áreas utilizadas por mamíferos
aquáticos, bem como evidencia fatores de risco encontrados nestes ambientes e que
possuem implicações em termos de saúde pública.

       Neste sentido, foi idealizado o projeto intitulado “Análise de contaminantes e
biomarcadores em peixes-bois marinhos (Trichechus manatus)”, o qual foi
desenvolvido por meio do Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, da
Universidade Federal de Pernambuco. Para a execução de suas atividades, o referido
projeto contou com a colaboração das seguintes Instituições:

      Fundação Mamíferos Aquáticos;
      Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio;
      Universidade Federal de Santa Catarina/Laboratório de Contaminação Aquática
       e Imunoquímica;
      Universidade de São Paulo/Instituto de Pesquisa Energéticas e Nucleares

       Foram estudados 16 peixes-bois marinhos que estavam mantidos nos cativeiros
em ambiente natural da Barra do Rio Mamanguape/PB, Porto de Pedras/AL e nos
oceanários de Itamaracá/PE.

       Como forma de compartilhar com a sociedade e atores diretamente inseridos nas
áreas onde as atividades foram desenvolvidas, o presente documento apresenta uma
síntese dos resultados obtidos, conclusões, e, quando oportuno, recomendações para
ações futuras.
OBJETIVOS DA PESQUISA

       A pesquisa avaliou a concentração de metais pesados e outros contaminantes
químicos orgânicos em sangue de peixes-bois marinhos cativos nos estados de
Pernambuco, Alagoas e Paraíba, bem como analisou possíveis efeitos deletérios à saúde
dos animais envolvidos, através da avaliação de biomarcadores bioquímicos, parâmetros
hematológicos, parâmetros comportamentais e dados biométricos.




CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

       Com relação às análises de contaminantes químicos, os animais mantidos em
cativeiro no ambiente natural na Barra do Rio Mamanguape, situado no município de
Rio Tinto (Paraíba), apresentaram valores de Alumínio, Estanho e Chumbo
significativamente maiores do que os encontrados em outras regiões (Porto de
Pedras/Alagoas e Itamaracá/PE). Além disto, os resultados encontrados foram
superiores aos valores reportados na literatura em amostras de sangue dos peixes-bois
da Flórida/EUA.

       A enzima butirilcolinesterase (BChE) nos animais da Paraíba e de Alagoas
apresentou-se inibida em relação aos espécimes mantidos em Itamaracá. A inibição da
BChE está diretamente ligada a possível exposição dos animais a estes compostos,
sugerindo a possibilidade de que      inseticidas da classe dos organofosforados e
carbamatos estejam sendo aplicados na região. É válido destacar que, estes inseticidas
têm um potencial tóxico elevado, e alguns deles, como o carbofuran, já foram proibidos
nos EUA e na Europa.

       A maior concentração de alguns metais, e a inibição da BChE nos animais
mantidos no cativeiro da Paraíba sugerem uma avaliação mais detalhada da qualidade
ambiental da área estudada, incluindo novas análises da enzima BChE e possivelmente
da enzima AChe, também inibida por este grupo de inseticidas. De forma simultânea,
recomenda-se o levantamento por órgãos competentes (nas esferas municipais, estaduais
e federais) sobre o uso dos organofosforados e carbamatos nas atividades produtivas das
áreas situadas nas proximidades dos rios Mamanguape (PB), Tatuamunha (AL) e Canal
de Santa Cruz (PE).
Considerando a ausência de saneamento público e em algumas das áreas de
estudo, até mesmo a coleta de lixo, foi constatado um grande impacto nos recursos
hídricos das áreas estudadas, sendo observado quantidades significativas de sacolas
plásticas, latas de tintas, baterias, eletrônicos, entre outros resíduos, os quais podem
liberar substâncias como metais pesados e outros compostos orgânicos, prejudicando a
fauna aquática, inclusive os recursos pesqueiros de interesse humano.

        Desta forma é recomendada medidas no sentido de proporcionar melhores
condições de saneamento básico nestas comunidades, implementando serviços regulares
de coleta de lixo, no mínimo duas vezes por semana, amenizando assim os fatores de
risco para as diversas espécies e populações humanas que utilizam os recursos hídricos
destas regiões.

        Os parâmetros hematológicos, biométricos e comportamentais não apresentaram
relação direta com a taxa de contaminação. Entretanto, uma análise detalhada dos
parâmetros comportamentais dos animais mantidos nos oceanários em Itamaracá/PE,
indicou o desenvolvimento de comportamentos estereotipados, típicos de estresse por
falta de espaço. Estes resultados subsidiaram a elaboração de um artigo científico que
está sendo analisado por uma conceituada revista especializada, denominada Animal
Welfare. O editor da revista e revisores internacionais especializados foram unânimes
em reconhecer que este é um problema grave, mas que poderá ser resolvido com
relativa facilidade.

        Para tanto, como forma de contribuir com a solução destes problemas, sugerimos
a elaboração de enriquecimento ambiental nos oceanários de manutenção dos peixes-
bois marinhos, tendo em vista que várias alternativas podem ser adotadas para o
enriquecimento ambiental em todas as fases de desenvolvimento dos animais, tais
como:

       Alimentação de filhotes camuflada, de forma a tentar diminuir a associação da
        imagem humana com imagem afetiva;
       Diversificar a forma de ofertar os alimentos e água aos animais, alternando
        profundidades e locais. Isto contribuirá para a realização de comportamentos
        exploratórios e minimizando assim, o condicionamento dos animais com o
        passar dos anos em cativeiro;
   Enriquecimento ambiental dos oceanários, com ambientação sugestiva aos
    ambientes estuarinos (habitat dos peixes-bois marinhos), constituído por
    diferentes texturas e formas, de modo a estimular os sentidos dos animais e
    contribuindo assim, para a readaptação dos espécimes reintroduzidos;
   Estudos etológicos são encorajados com o objetivo de conhecer melhor o
    comportamento afiliativo dos animais, pois acredita-se que a reintrodução de
    animais que apresentem afiliação facilite a adaptação dos mesmos, bem como a
    busca por alimentos e exploração do ambiente marinho.

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Recomendações finais

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ANIMAL Análise de contaminantes e biomarcadores em peixes-bois marinhos (Trichechus manatus manatus): recomendações finais Recife/PE Janeiro/2012
  • 2. Análise de contaminantes e biomarcadores em peixes-bois marinhos (Trichechus manatus manatus): recomendações finais Elaboração do documento: *Daiane Garcia Anzolin - UFPE/Laboratório de Ecotoxicologia João Carlos Gomes Borges – Fundação Mamíferos Aquáticos Paulo S. M. Carvalho - UFPE/Laboratório de Ecotoxicologia Este projeto contou com o Patrocínio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental. Além disso, teve o apoio da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco. *Autor para correspondência (dai_anzolin@yahoo.com.br)
  • 3. APRESENTAÇÃO Atualmente, os organismos aquáticos, incluindo os mamíferos marinhos, estão continuamente sendo expostos a diversos contaminantes químicos, e desta forma, efeitos adversos podem surgir como resposta aos diferentes mecanismos de toxicidade destes produtos. Em decorrência a isto, muitos estudos vêm sendo desenvolvido avaliando à contaminação nos mamíferos marinhos decorrentes de substâncias metálicas e poluentes orgânicos. Estudos desta natureza permitem também a obtenção de informações previas sobre a qualidade ambiental das áreas utilizadas por mamíferos aquáticos, bem como evidencia fatores de risco encontrados nestes ambientes e que possuem implicações em termos de saúde pública. Neste sentido, foi idealizado o projeto intitulado “Análise de contaminantes e biomarcadores em peixes-bois marinhos (Trichechus manatus)”, o qual foi desenvolvido por meio do Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, da Universidade Federal de Pernambuco. Para a execução de suas atividades, o referido projeto contou com a colaboração das seguintes Instituições:  Fundação Mamíferos Aquáticos;  Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio;  Universidade Federal de Santa Catarina/Laboratório de Contaminação Aquática e Imunoquímica;  Universidade de São Paulo/Instituto de Pesquisa Energéticas e Nucleares Foram estudados 16 peixes-bois marinhos que estavam mantidos nos cativeiros em ambiente natural da Barra do Rio Mamanguape/PB, Porto de Pedras/AL e nos oceanários de Itamaracá/PE. Como forma de compartilhar com a sociedade e atores diretamente inseridos nas áreas onde as atividades foram desenvolvidas, o presente documento apresenta uma síntese dos resultados obtidos, conclusões, e, quando oportuno, recomendações para ações futuras.
  • 4. OBJETIVOS DA PESQUISA A pesquisa avaliou a concentração de metais pesados e outros contaminantes químicos orgânicos em sangue de peixes-bois marinhos cativos nos estados de Pernambuco, Alagoas e Paraíba, bem como analisou possíveis efeitos deletérios à saúde dos animais envolvidos, através da avaliação de biomarcadores bioquímicos, parâmetros hematológicos, parâmetros comportamentais e dados biométricos. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Com relação às análises de contaminantes químicos, os animais mantidos em cativeiro no ambiente natural na Barra do Rio Mamanguape, situado no município de Rio Tinto (Paraíba), apresentaram valores de Alumínio, Estanho e Chumbo significativamente maiores do que os encontrados em outras regiões (Porto de Pedras/Alagoas e Itamaracá/PE). Além disto, os resultados encontrados foram superiores aos valores reportados na literatura em amostras de sangue dos peixes-bois da Flórida/EUA. A enzima butirilcolinesterase (BChE) nos animais da Paraíba e de Alagoas apresentou-se inibida em relação aos espécimes mantidos em Itamaracá. A inibição da BChE está diretamente ligada a possível exposição dos animais a estes compostos, sugerindo a possibilidade de que inseticidas da classe dos organofosforados e carbamatos estejam sendo aplicados na região. É válido destacar que, estes inseticidas têm um potencial tóxico elevado, e alguns deles, como o carbofuran, já foram proibidos nos EUA e na Europa. A maior concentração de alguns metais, e a inibição da BChE nos animais mantidos no cativeiro da Paraíba sugerem uma avaliação mais detalhada da qualidade ambiental da área estudada, incluindo novas análises da enzima BChE e possivelmente da enzima AChe, também inibida por este grupo de inseticidas. De forma simultânea, recomenda-se o levantamento por órgãos competentes (nas esferas municipais, estaduais e federais) sobre o uso dos organofosforados e carbamatos nas atividades produtivas das áreas situadas nas proximidades dos rios Mamanguape (PB), Tatuamunha (AL) e Canal de Santa Cruz (PE).
  • 5. Considerando a ausência de saneamento público e em algumas das áreas de estudo, até mesmo a coleta de lixo, foi constatado um grande impacto nos recursos hídricos das áreas estudadas, sendo observado quantidades significativas de sacolas plásticas, latas de tintas, baterias, eletrônicos, entre outros resíduos, os quais podem liberar substâncias como metais pesados e outros compostos orgânicos, prejudicando a fauna aquática, inclusive os recursos pesqueiros de interesse humano. Desta forma é recomendada medidas no sentido de proporcionar melhores condições de saneamento básico nestas comunidades, implementando serviços regulares de coleta de lixo, no mínimo duas vezes por semana, amenizando assim os fatores de risco para as diversas espécies e populações humanas que utilizam os recursos hídricos destas regiões. Os parâmetros hematológicos, biométricos e comportamentais não apresentaram relação direta com a taxa de contaminação. Entretanto, uma análise detalhada dos parâmetros comportamentais dos animais mantidos nos oceanários em Itamaracá/PE, indicou o desenvolvimento de comportamentos estereotipados, típicos de estresse por falta de espaço. Estes resultados subsidiaram a elaboração de um artigo científico que está sendo analisado por uma conceituada revista especializada, denominada Animal Welfare. O editor da revista e revisores internacionais especializados foram unânimes em reconhecer que este é um problema grave, mas que poderá ser resolvido com relativa facilidade. Para tanto, como forma de contribuir com a solução destes problemas, sugerimos a elaboração de enriquecimento ambiental nos oceanários de manutenção dos peixes- bois marinhos, tendo em vista que várias alternativas podem ser adotadas para o enriquecimento ambiental em todas as fases de desenvolvimento dos animais, tais como:  Alimentação de filhotes camuflada, de forma a tentar diminuir a associação da imagem humana com imagem afetiva;  Diversificar a forma de ofertar os alimentos e água aos animais, alternando profundidades e locais. Isto contribuirá para a realização de comportamentos exploratórios e minimizando assim, o condicionamento dos animais com o passar dos anos em cativeiro;
  • 6. Enriquecimento ambiental dos oceanários, com ambientação sugestiva aos ambientes estuarinos (habitat dos peixes-bois marinhos), constituído por diferentes texturas e formas, de modo a estimular os sentidos dos animais e contribuindo assim, para a readaptação dos espécimes reintroduzidos;  Estudos etológicos são encorajados com o objetivo de conhecer melhor o comportamento afiliativo dos animais, pois acredita-se que a reintrodução de animais que apresentem afiliação facilite a adaptação dos mesmos, bem como a busca por alimentos e exploração do ambiente marinho.