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REFERÊNCIAS: CESÁRIO, Lia Bahia. Reflexões sobre as atuais políticas
em meio à transnacionalização da cultura.



      A autora é mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal
Fluminense, na linha de pesquisa Análise da Imagem e do Som, com a
dissertação intitulada UMA ANÁLISE DO CAMPO CINEMATOGRÁFICO
BRASILEIRO SOB A PERSPECTIVA INDUSTRIAL, na qual desenvolveu a
investigação sobre a relação entre Estado e indústria cinematográfica no Brasil
nos anos 2000, sob orientação do Professor Doutor Tunico Amancio. Foi
bolsista CAPES nos 2 anos de pesquisa. Possui graduação em Comunicação
Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2002).
Atualmente é gerente da RioFilme.


RESUMO DA OBRA



      Lia Cesário tem neste artigo o principal objetivo de refletir sobre a
inflexão das políticas públicas para o cinema, a partir da criação da lei do
Audiovisual (1993), levantando questões sobre as relações entre as vertentes
industrial e cultural envolvidas na produção cinematográfica. Lançando
hipóteses sobre o impacto das tendências e suas interfaces com a produção
simbólica na contemporaneidade. Para atingir seu objetivo a autora faz uma
revisão parcial da literatura disponível e informações derivadas de fontes
governamentais e empresas privadas, sobre a produção distribuição e exibição
do audiovisual no Brasil, começando com a contextualização de políticas
públicas para o audiovisual em um processo histórico social mais amplo, para
após avançar nas questões específicas dos modos de produção do audiovisual
no Brasil e seus desdobramentos sócio culturais.
      A partir da segunda metade do século XX a indústria cultural e a
comunicação massiva, tornam-se o lugar em que se desenvolvem as principais
atividades culturais, de informação e entretenimento das maiorias nas últimas
décadas. São estas que influenciam de modo significativo a economia de cada
sociedade e oferecem melhores oportunidades de conhecimento e intercâmbio
entre as nações.
      As políticas sobre as indústrias comunicacionais geram questões para a
economia, cultura e identidades culturais. Estas se encontram num jogo de
tensão entre o nacional e o global: as indústrias culturais favorecem a abertura
de cada nação à diversidade de informação, ao mesmo tempo há concentração
dos meios, a homogeneização dos conteúdos e o acesso desigual e
assimétrico aos bens e mensagens.
      O Estado possui o papel de desenvolver políticas públicas para não
deixar o setor cultural inteiramente ao sabor do mercado, e procurar fornecer
fomentos para produção e distribuição de produtos culturais nacionais. O
processo da globalização neoliberal fez com que muitos países adotassem
medidas híbridas e confusas para suas indústrias culturais.
      Segundo a autora, na história recente do cinema nacional, foram
tomadas algumas medidas como a criação da Lei Rouanet (1991) - agora
Artigo 1ª A - Lei do Audiovisual (1993) -, implantação da Ancine através da MP
2228-1 (2001) e a implantação dos Funciones (2003) corroboram a tendência
de um recrudescimento da indústria audiovisual nacional. A partir de meados
dos anos 1990, o Estado brasileiro recupera o sentido da importância social,
política, econômica da produção cinematográfica, tomando-a como estratégia
para a conformação da identidade cultural nacional e como setor industrial a
ser fomentado e protegido pelo Estado.
      A atual política do audiovisual no Brasil é uma política mestiça na visão
da autora, por um lado, os incentivos fiscais garantem a todos o direito de
produzir, por outro, mimetizam um modelo liberal para audiovisual uma vez que
se delega a decisão às grandes empresas nacionais e internacionais. O Estado
abdica do compromisso de construir um painel cinematográfico marcado pela
diversidade de custos, profissionais, linguagens e discursos ao deixar a
decisão da escolha dos projetos de produção nas mãos das empresas. Em
conseqüência, o mercado é dominado por um pequeno número de pessoas,
restando pouco espaço para a inovação e diversidade.
      Quanto a distribuição, o mercado brasileiro encontra-se dominado pela
ação de empresas norte-americanas que controlam a maior fatia do mercado
nacional. O produto nacional é, por conseqüência, obrigado a se ajustar a um
sistema de distribuição e exibição que teve todo o seu desenvolvimento
baseado na lógica internacional.
       Para Galvão (2003), o audiovisual “sofre um desconto cultural”. É
inerente ao produto audiovisual os valores culturais locais. A língua, por
exemplo, pode ser um impedimento para que um filme brasileiro chegue aos
Estados Unidos. A questão do nacional e do global estará sempre presente
quando se discute um produto cultural
       A exibição no Brasil, é cheia de contradições. Ortiz (2001) assinala que
no Brasil o surgimento dos meios de comunicação de massa se dá com a
modernização do país. No entanto, essa modernização foi feita de maneira
parcial e “fora do lugar”. A implantação da comunicação de massa no Brasil é
feita por e para a elite. O cinema surge como um novo hábito da elite. Com as
novas janelas, o cinema vai chegando a todos, contudo, esse processo se
realiza de forma desigual.


ANÁLISE CRÍTICA DA OBRA


       Pode-se dizer em análise ao texto acima descrito, que o mesmo é de
fácil entendimento, claro, objetivo, onde a autora consegue através de um texto
pequeno porém, bem elaborado demonstrar que o consumo e a produção de
produtos   audiovisuais       constituem   uma   das   atividades   culturais   mais
importantes do mundo contemporâneo. São fontes de informação e lazer e
possuem papel estratégico na disseminação e afirmação das culturas. O
audiovisual, mais designadamente o cinema, tem sido categorizado pelos
economistas como bem público, na medida em que é realizado com recursos
públicos (renúncia fiscal).
       Concorda-se com a autora quando a mesma afirma que é importante
identificar quem público consumidor do mercado audiovisual. Porém, o mais
relevante é a falta de informação sobre a recomposição dos mercados
audiovisuais e mercado de consumo. Lembrando que a função do Estado, em
um país como o Brasil, é promover a cultura e oferecer opções simbólicas para
os cidadãos.
       É preciso que as medidas governamentais sejam capazes de integrar os
setores da atividade produtiva do audiovisual, de modo que se torne viável
desenvolver a produção, a distribuição e a exibição em suas diversas janelas.
Não adianta promover se não há estratégias claras para colocar os filmes no
mercado. A reativação da indústria cinematográfica no Brasil deve ser
encarada como um movimento multimídia.
      Desta forma, tornando-se indispensável à leitura do mesmo para todos
os jornalistas, estudantes, profissionais e futuro profissionais atuantes da área
de jornalismo.

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  • 1. REFERÊNCIAS: CESÁRIO, Lia Bahia. Reflexões sobre as atuais políticas em meio à transnacionalização da cultura. A autora é mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense, na linha de pesquisa Análise da Imagem e do Som, com a dissertação intitulada UMA ANÁLISE DO CAMPO CINEMATOGRÁFICO BRASILEIRO SOB A PERSPECTIVA INDUSTRIAL, na qual desenvolveu a investigação sobre a relação entre Estado e indústria cinematográfica no Brasil nos anos 2000, sob orientação do Professor Doutor Tunico Amancio. Foi bolsista CAPES nos 2 anos de pesquisa. Possui graduação em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2002). Atualmente é gerente da RioFilme. RESUMO DA OBRA Lia Cesário tem neste artigo o principal objetivo de refletir sobre a inflexão das políticas públicas para o cinema, a partir da criação da lei do Audiovisual (1993), levantando questões sobre as relações entre as vertentes industrial e cultural envolvidas na produção cinematográfica. Lançando hipóteses sobre o impacto das tendências e suas interfaces com a produção simbólica na contemporaneidade. Para atingir seu objetivo a autora faz uma revisão parcial da literatura disponível e informações derivadas de fontes governamentais e empresas privadas, sobre a produção distribuição e exibição do audiovisual no Brasil, começando com a contextualização de políticas públicas para o audiovisual em um processo histórico social mais amplo, para após avançar nas questões específicas dos modos de produção do audiovisual no Brasil e seus desdobramentos sócio culturais. A partir da segunda metade do século XX a indústria cultural e a comunicação massiva, tornam-se o lugar em que se desenvolvem as principais atividades culturais, de informação e entretenimento das maiorias nas últimas décadas. São estas que influenciam de modo significativo a economia de cada
  • 2. sociedade e oferecem melhores oportunidades de conhecimento e intercâmbio entre as nações. As políticas sobre as indústrias comunicacionais geram questões para a economia, cultura e identidades culturais. Estas se encontram num jogo de tensão entre o nacional e o global: as indústrias culturais favorecem a abertura de cada nação à diversidade de informação, ao mesmo tempo há concentração dos meios, a homogeneização dos conteúdos e o acesso desigual e assimétrico aos bens e mensagens. O Estado possui o papel de desenvolver políticas públicas para não deixar o setor cultural inteiramente ao sabor do mercado, e procurar fornecer fomentos para produção e distribuição de produtos culturais nacionais. O processo da globalização neoliberal fez com que muitos países adotassem medidas híbridas e confusas para suas indústrias culturais. Segundo a autora, na história recente do cinema nacional, foram tomadas algumas medidas como a criação da Lei Rouanet (1991) - agora Artigo 1ª A - Lei do Audiovisual (1993) -, implantação da Ancine através da MP 2228-1 (2001) e a implantação dos Funciones (2003) corroboram a tendência de um recrudescimento da indústria audiovisual nacional. A partir de meados dos anos 1990, o Estado brasileiro recupera o sentido da importância social, política, econômica da produção cinematográfica, tomando-a como estratégia para a conformação da identidade cultural nacional e como setor industrial a ser fomentado e protegido pelo Estado. A atual política do audiovisual no Brasil é uma política mestiça na visão da autora, por um lado, os incentivos fiscais garantem a todos o direito de produzir, por outro, mimetizam um modelo liberal para audiovisual uma vez que se delega a decisão às grandes empresas nacionais e internacionais. O Estado abdica do compromisso de construir um painel cinematográfico marcado pela diversidade de custos, profissionais, linguagens e discursos ao deixar a decisão da escolha dos projetos de produção nas mãos das empresas. Em conseqüência, o mercado é dominado por um pequeno número de pessoas, restando pouco espaço para a inovação e diversidade. Quanto a distribuição, o mercado brasileiro encontra-se dominado pela ação de empresas norte-americanas que controlam a maior fatia do mercado nacional. O produto nacional é, por conseqüência, obrigado a se ajustar a um
  • 3. sistema de distribuição e exibição que teve todo o seu desenvolvimento baseado na lógica internacional. Para Galvão (2003), o audiovisual “sofre um desconto cultural”. É inerente ao produto audiovisual os valores culturais locais. A língua, por exemplo, pode ser um impedimento para que um filme brasileiro chegue aos Estados Unidos. A questão do nacional e do global estará sempre presente quando se discute um produto cultural A exibição no Brasil, é cheia de contradições. Ortiz (2001) assinala que no Brasil o surgimento dos meios de comunicação de massa se dá com a modernização do país. No entanto, essa modernização foi feita de maneira parcial e “fora do lugar”. A implantação da comunicação de massa no Brasil é feita por e para a elite. O cinema surge como um novo hábito da elite. Com as novas janelas, o cinema vai chegando a todos, contudo, esse processo se realiza de forma desigual. ANÁLISE CRÍTICA DA OBRA Pode-se dizer em análise ao texto acima descrito, que o mesmo é de fácil entendimento, claro, objetivo, onde a autora consegue através de um texto pequeno porém, bem elaborado demonstrar que o consumo e a produção de produtos audiovisuais constituem uma das atividades culturais mais importantes do mundo contemporâneo. São fontes de informação e lazer e possuem papel estratégico na disseminação e afirmação das culturas. O audiovisual, mais designadamente o cinema, tem sido categorizado pelos economistas como bem público, na medida em que é realizado com recursos públicos (renúncia fiscal). Concorda-se com a autora quando a mesma afirma que é importante identificar quem público consumidor do mercado audiovisual. Porém, o mais relevante é a falta de informação sobre a recomposição dos mercados audiovisuais e mercado de consumo. Lembrando que a função do Estado, em um país como o Brasil, é promover a cultura e oferecer opções simbólicas para os cidadãos. É preciso que as medidas governamentais sejam capazes de integrar os setores da atividade produtiva do audiovisual, de modo que se torne viável
  • 4. desenvolver a produção, a distribuição e a exibição em suas diversas janelas. Não adianta promover se não há estratégias claras para colocar os filmes no mercado. A reativação da indústria cinematográfica no Brasil deve ser encarada como um movimento multimídia. Desta forma, tornando-se indispensável à leitura do mesmo para todos os jornalistas, estudantes, profissionais e futuro profissionais atuantes da área de jornalismo.