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OS UTOPISTAS
Capítulo 10

Profº José Ferreira Júnior
A Concepção Tradicional da
Política
• As ideias sobre o pensamento político não
poderiam permanecer as mesmas.
• Uma verdadeira ruptura em relação à teoria
política tradicional teve início no
Renascimento.
• Os novos valores emergentes favoreceram o
surgimento de reflexões inovadoras sobre o
homem, a sociedade e as relações de poder,
trazendo como resultado uma teoria política
menos contemplativa, mais prática, atuante,
instrumental.
A Concepção Tradicional da
Política
• A secularização do poder se impunha, no
contexto de laicização da sociedade.
• Desde o período clássico dos gregos,
filósofos como Platão e Aristóteles se
dedicaram à tarefa de pensar sobre a vida
política.
• Eles se perguntavam como deveria ser a
organização de um governo que trouxesse o
bem comum, chegando a respostas
prescritivas e normativas.
A Concepção Tradicional da
Política
• Apesar das críticas de Aristóteles ao ideal
político construído por Platão em sua obra A
República, ele também abordou o problema
político com base no ponto de vista
normativo, procurando definir a essência do
bom governo.
• Em Roma, Cícero seguiu o mesmo caminho
ao defender a necessidade do conhecimento
da lei natural e universal para saber como
agir.
A Concepção Tradicional da
Política
• Verifica-se a valorização da teoria sobre a
prática e uma estreita ligação entre
política e moral.
• A Igreja Católica ocupou o vazio deixado
por Roma como poder “universalizante”,
capaz de conferir unidade à extrema
descentralização e fragmentação política
do período.
A Concepção Tradicional da
Política
• Como consequência, além do vínculo
entre política e moral, passou a haver
sobretudo uma estreita ligação entre
política e religião, isto é, a idéia de que a
ação política e religião, isto é, a ideia de
que ação política devia estar subordinada
às leis naturais ou morais outorgadas por
Deus, o que, na realidade, significava uma
prevalência do poder espiritual sobre o
temporal.
A Concepção Tradicional da
Política
• Embora o pensamento político medieval
fosse fertilizado pelo pensamento grego, o
Estado medieval não teve a função
positiva do Estado grego, que era
fundamentalmente a de assegurar a boa
vida de seus cidadãos: o poder medieval
assumiu a função negativa de não permitir
que a natureza do homem, propensa às
paixões, conduzisse ao pecado.
A Concepção Tradicional da
Política
• O pensamento político ainda se
encontrava no senso comum, isto é,
compreendida a ação política como algo
que vai lado a lado com a ação moral.
• A exigência era a de formar um governo
justo e não tirano, embora com a função
de obrigar, pela força ou pelo medo, a
obediência aos princípios da moral cristã.
A Concepção Tradicional da
Política
• Outro traço comum entre o pensamento
político dos dois períodos está no
fundamento da vida política e do poder
político, na explicação sobre o que leva os
homens a se organizarem social e
politicamente e aceitarem viver assim.
• Tanto os antigos como os medievais
encontraram causas externas à própria
política para explicá-la: a natureza (os
homens já nascem políticos), Deus (que doa
o poder a alguém) e a razão (a própria
racionalidade do homem o leva a construir a
vida política).
A Concepção Tradicional da
Política
• O Renascimento foi a época em que o
humanismo tematiza o homem como
centro das preocupações filosóficas e a
religião deixa de ser o foco da atividade
intelectual.
• Vinculados à redescoberta dos textos
clássicos os estudos humanísticos
enfatizam a responsabilidade do homem
sobre a ordem geral das coisas e sobre a
capacidade que cada um tem de intervir
em seu destino.
A Concepção Tradicional da
Política
• A Europa vivia sob o domínio da fome, da
peste, das guerras, da intolerância
religiosa, da Inquisição.
• Produziram-se diversas obras sobre
sociedades ideais, ou utopias.
• O termo utopia vem do grego ou topos,
que significa “não-lugar”, “lugar nenhum”
ou “lugar que não existe”.
A Concepção Tradicional da
Política
• A expressão tornou-se popular graças ao
livro Utopia, escrito em 1516 pelo
humanista inglês Thomas Morus, no qual
o autor apresenta um Estado imaginário,
formado por instituições ideais sob o
domínio das quais vive um povo sábio e
feliz.
• Trata-se de um dos textos mais
conhecidos do pensamento humanista e
que ilustra bem a primazia da razão nesse
período.
A Concepção Tradicional da
Política
• Por trás da construção imaginária de uma
sociedade ideal está a noção de que,
seguindo a razão e as leis da natureza,
todos os males desaparecerão do mundo.
Thomas Morus

Que ninguém
fique ocioso e
entregue à
preguiça.
Thomas Morus
• Nasceu em Londres.
• Teve intensa participação na vida política
de seu país e acabou condenado à morte
pelo próprio rei por ter se recusado a
aceitá-lo como chefe da Igreja em seu
país.
• Morus foi proclamado santo em 1935 pelo
papa Pio XI.
Thomas Morus
• A primeira parte de Utopia apresenta uma
reflexão sobre a situação política e social
da Inglaterra do início do século XVI,
época em que o absolutismo se
consolidava e se começava a pôr em
prática o cercamento dos campos,
tornando particulares terras antes
exploradas coletivamente.
Thomas Morus
• A segunda parte é um relato imaginário,
narrado por Hitlodeu, que, em uma de suas
viagens pelos mares com a expedição de
Américo Vespúcio, teria conhecido a ilha de
Utopia, na qual todos os cidadãos viviam de
forma ideal.
• Tudo na obra indica que se trata de uma
representação de algo que não existe: a
capital de Utopia chama-se Amauroto
(cidade que se esvanece).
Thomas Morus
• O Príncipe de Utopia chama-se Ademo
(chefe sem povo).
• No Estado perfeito imaginado por Morus:
– Não há propriedade privada, isto é, existe a
comunhão de todos os bens, de modo que
tudo pertence a todos;
– Todos são iguais, possuem a mesma renda e
igual condição de vida;
Thomas Morus
• No Estado perfeito imaginado por Morus:
– Não há divisão do trabalho; os habitantes se
revezam na agricultura e no artesanato, de
modo a não se criarem diferenças entre eles;
– O trabalho dura apenas seis horas diárias,
permitindo à população dedicar mais tempo
ao lazer;
Thomas Morus
• No Estado perfeito imaginado por Morus:
– Reserva-se lugar especial para os sacerdotes,
dedicados ao culto; e para os literatos, aqueles
que decidem dedicar sua vida ao estudo;
– Não há apenas uma religião ou um Deus, e todos
os cidadãos sabem respeitar as diferentes
crenças;
– Não há avidez por dinheiro, posto que ele é de
todos, e todos cultuam hábitos saudáveis.
Tommaso Campanella e Francis
Bacon
• Influenciados pelo livro de Morus, outros
autores criaram textos sobre sociedades
utópicas.
• Campanella, padre dominicano, filósofo
italiano que teve uma vida bastante
conturbada.
• Acusado de heresia, foi perseguido e
torturado por diversas vezes.
Tommaso Campanella e Francis
Bacon
• Livrou-se das acusações e organizou uma
revolta camponesa na Calábria, onde
pretendia fundar uma república, a Cidade
Mágica do Sol, o que o levou à prisão por
27 anos.
• No cárcere, Campanella escreveu, em
defesa da união do cristianismo de todos
os povos, a sua obra mais conhecida,
Cidade do Sol (1623).
Tommaso Campanella e Francis
Bacon
• Cidade do Sol idealizava uma
comunidade teocrática na qual não existe
propriedade privada, nem divisão de
trabalho, de classes ou de família, e a
vida se organiza de acordo com a ordem
da natureza.
• Outro traço marcante da cidade é a sua
construção geométrica, procurando
retratar a ordem do Universo.
Tommaso Campanella e Francis
Bacon
• Situada numa colina, seria constituída de
sete círculos, denominados segundo os
sete planetas conhecidos na época, e
teria ao centro um templo redondo e
exuberante, que traria em seu altar dois
mapas-múndi, um celeste, outro terrestre.
• Na obra Nova Atlândida, escrita pelo
inglês Francis Bacon.
Tommaso Campanella e Francis
Bacon
• Nova Atlântida também trata de uma
comunidade feliz que vive na paz e na
fartura.
• O sucesso da comunidade, porém, não se
deve apenas à sua organização política e
social, mas sobretudo ao trabalho exercido
pela instituição científica, denominada Casa
de Salomão, que reúne os sábios da cidade
e realiza pesquisas e experimentos, todos
voltados para o domínio da natureza, visando
o bem-estar dos homens.
Tommaso Campanella e Francis
Bacon
• O elemento novo é o papel central que o
autor assinala profeticamente para a ciência
na sociedade dos seus sonhos.
• Inspirada na República de Platão, as obras
de Morus, Campanella e Bacon apresentam
uma realidade que não existe, mas que seus
autores gostariam que existisse, o que
pressupõe um conteúdo altamente crítico em
relação à realidade à sua volta, característica
do Renacimento.
Tommaso Campanella e Francis
Bacon
• Pode-se dizer que as utopias são uma
continuidade do pensamento medieval no
modo de ver o universo político, pois ainda
está presente a estreita ligação entre política
e moral: quando elas apresentam o que não
é, estão informando o que deveria ser.
• Elas seguem o senso comum desde os
gregos, constituindo uma visão política
normativa, doutrinal, que privilegia a noção
de justiça.
Tommaso Campanella e Francis
Bacon
• O verdadeiro rompimento com o
pensamento político anterior terá início de
fato a partir de Maquiavel, que centrou
sua crítica contra esse “dever ser”,
lançando as bases para o surgimento da
ciência política moderna.
BIBLIOGRAFIA
• CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia .
São Paulo: Ática, 2012.

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Os utopistas e a concepção tradicional da política

  • 1. OS UTOPISTAS Capítulo 10 Profº José Ferreira Júnior
  • 2. A Concepção Tradicional da Política • As ideias sobre o pensamento político não poderiam permanecer as mesmas. • Uma verdadeira ruptura em relação à teoria política tradicional teve início no Renascimento. • Os novos valores emergentes favoreceram o surgimento de reflexões inovadoras sobre o homem, a sociedade e as relações de poder, trazendo como resultado uma teoria política menos contemplativa, mais prática, atuante, instrumental.
  • 3. A Concepção Tradicional da Política • A secularização do poder se impunha, no contexto de laicização da sociedade. • Desde o período clássico dos gregos, filósofos como Platão e Aristóteles se dedicaram à tarefa de pensar sobre a vida política. • Eles se perguntavam como deveria ser a organização de um governo que trouxesse o bem comum, chegando a respostas prescritivas e normativas.
  • 4. A Concepção Tradicional da Política • Apesar das críticas de Aristóteles ao ideal político construído por Platão em sua obra A República, ele também abordou o problema político com base no ponto de vista normativo, procurando definir a essência do bom governo. • Em Roma, Cícero seguiu o mesmo caminho ao defender a necessidade do conhecimento da lei natural e universal para saber como agir.
  • 5. A Concepção Tradicional da Política • Verifica-se a valorização da teoria sobre a prática e uma estreita ligação entre política e moral. • A Igreja Católica ocupou o vazio deixado por Roma como poder “universalizante”, capaz de conferir unidade à extrema descentralização e fragmentação política do período.
  • 6. A Concepção Tradicional da Política • Como consequência, além do vínculo entre política e moral, passou a haver sobretudo uma estreita ligação entre política e religião, isto é, a idéia de que a ação política e religião, isto é, a ideia de que ação política devia estar subordinada às leis naturais ou morais outorgadas por Deus, o que, na realidade, significava uma prevalência do poder espiritual sobre o temporal.
  • 7. A Concepção Tradicional da Política • Embora o pensamento político medieval fosse fertilizado pelo pensamento grego, o Estado medieval não teve a função positiva do Estado grego, que era fundamentalmente a de assegurar a boa vida de seus cidadãos: o poder medieval assumiu a função negativa de não permitir que a natureza do homem, propensa às paixões, conduzisse ao pecado.
  • 8. A Concepção Tradicional da Política • O pensamento político ainda se encontrava no senso comum, isto é, compreendida a ação política como algo que vai lado a lado com a ação moral. • A exigência era a de formar um governo justo e não tirano, embora com a função de obrigar, pela força ou pelo medo, a obediência aos princípios da moral cristã.
  • 9. A Concepção Tradicional da Política • Outro traço comum entre o pensamento político dos dois períodos está no fundamento da vida política e do poder político, na explicação sobre o que leva os homens a se organizarem social e politicamente e aceitarem viver assim. • Tanto os antigos como os medievais encontraram causas externas à própria política para explicá-la: a natureza (os homens já nascem políticos), Deus (que doa o poder a alguém) e a razão (a própria racionalidade do homem o leva a construir a vida política).
  • 10. A Concepção Tradicional da Política • O Renascimento foi a época em que o humanismo tematiza o homem como centro das preocupações filosóficas e a religião deixa de ser o foco da atividade intelectual. • Vinculados à redescoberta dos textos clássicos os estudos humanísticos enfatizam a responsabilidade do homem sobre a ordem geral das coisas e sobre a capacidade que cada um tem de intervir em seu destino.
  • 11. A Concepção Tradicional da Política • A Europa vivia sob o domínio da fome, da peste, das guerras, da intolerância religiosa, da Inquisição. • Produziram-se diversas obras sobre sociedades ideais, ou utopias. • O termo utopia vem do grego ou topos, que significa “não-lugar”, “lugar nenhum” ou “lugar que não existe”.
  • 12. A Concepção Tradicional da Política • A expressão tornou-se popular graças ao livro Utopia, escrito em 1516 pelo humanista inglês Thomas Morus, no qual o autor apresenta um Estado imaginário, formado por instituições ideais sob o domínio das quais vive um povo sábio e feliz. • Trata-se de um dos textos mais conhecidos do pensamento humanista e que ilustra bem a primazia da razão nesse período.
  • 13. A Concepção Tradicional da Política • Por trás da construção imaginária de uma sociedade ideal está a noção de que, seguindo a razão e as leis da natureza, todos os males desaparecerão do mundo.
  • 14. Thomas Morus Que ninguém fique ocioso e entregue à preguiça.
  • 15. Thomas Morus • Nasceu em Londres. • Teve intensa participação na vida política de seu país e acabou condenado à morte pelo próprio rei por ter se recusado a aceitá-lo como chefe da Igreja em seu país. • Morus foi proclamado santo em 1935 pelo papa Pio XI.
  • 16. Thomas Morus • A primeira parte de Utopia apresenta uma reflexão sobre a situação política e social da Inglaterra do início do século XVI, época em que o absolutismo se consolidava e se começava a pôr em prática o cercamento dos campos, tornando particulares terras antes exploradas coletivamente.
  • 17. Thomas Morus • A segunda parte é um relato imaginário, narrado por Hitlodeu, que, em uma de suas viagens pelos mares com a expedição de Américo Vespúcio, teria conhecido a ilha de Utopia, na qual todos os cidadãos viviam de forma ideal. • Tudo na obra indica que se trata de uma representação de algo que não existe: a capital de Utopia chama-se Amauroto (cidade que se esvanece).
  • 18. Thomas Morus • O Príncipe de Utopia chama-se Ademo (chefe sem povo). • No Estado perfeito imaginado por Morus: – Não há propriedade privada, isto é, existe a comunhão de todos os bens, de modo que tudo pertence a todos; – Todos são iguais, possuem a mesma renda e igual condição de vida;
  • 19. Thomas Morus • No Estado perfeito imaginado por Morus: – Não há divisão do trabalho; os habitantes se revezam na agricultura e no artesanato, de modo a não se criarem diferenças entre eles; – O trabalho dura apenas seis horas diárias, permitindo à população dedicar mais tempo ao lazer;
  • 20. Thomas Morus • No Estado perfeito imaginado por Morus: – Reserva-se lugar especial para os sacerdotes, dedicados ao culto; e para os literatos, aqueles que decidem dedicar sua vida ao estudo; – Não há apenas uma religião ou um Deus, e todos os cidadãos sabem respeitar as diferentes crenças; – Não há avidez por dinheiro, posto que ele é de todos, e todos cultuam hábitos saudáveis.
  • 21. Tommaso Campanella e Francis Bacon • Influenciados pelo livro de Morus, outros autores criaram textos sobre sociedades utópicas. • Campanella, padre dominicano, filósofo italiano que teve uma vida bastante conturbada. • Acusado de heresia, foi perseguido e torturado por diversas vezes.
  • 22. Tommaso Campanella e Francis Bacon • Livrou-se das acusações e organizou uma revolta camponesa na Calábria, onde pretendia fundar uma república, a Cidade Mágica do Sol, o que o levou à prisão por 27 anos. • No cárcere, Campanella escreveu, em defesa da união do cristianismo de todos os povos, a sua obra mais conhecida, Cidade do Sol (1623).
  • 23. Tommaso Campanella e Francis Bacon • Cidade do Sol idealizava uma comunidade teocrática na qual não existe propriedade privada, nem divisão de trabalho, de classes ou de família, e a vida se organiza de acordo com a ordem da natureza. • Outro traço marcante da cidade é a sua construção geométrica, procurando retratar a ordem do Universo.
  • 24. Tommaso Campanella e Francis Bacon • Situada numa colina, seria constituída de sete círculos, denominados segundo os sete planetas conhecidos na época, e teria ao centro um templo redondo e exuberante, que traria em seu altar dois mapas-múndi, um celeste, outro terrestre. • Na obra Nova Atlândida, escrita pelo inglês Francis Bacon.
  • 25. Tommaso Campanella e Francis Bacon • Nova Atlântida também trata de uma comunidade feliz que vive na paz e na fartura. • O sucesso da comunidade, porém, não se deve apenas à sua organização política e social, mas sobretudo ao trabalho exercido pela instituição científica, denominada Casa de Salomão, que reúne os sábios da cidade e realiza pesquisas e experimentos, todos voltados para o domínio da natureza, visando o bem-estar dos homens.
  • 26. Tommaso Campanella e Francis Bacon • O elemento novo é o papel central que o autor assinala profeticamente para a ciência na sociedade dos seus sonhos. • Inspirada na República de Platão, as obras de Morus, Campanella e Bacon apresentam uma realidade que não existe, mas que seus autores gostariam que existisse, o que pressupõe um conteúdo altamente crítico em relação à realidade à sua volta, característica do Renacimento.
  • 27. Tommaso Campanella e Francis Bacon • Pode-se dizer que as utopias são uma continuidade do pensamento medieval no modo de ver o universo político, pois ainda está presente a estreita ligação entre política e moral: quando elas apresentam o que não é, estão informando o que deveria ser. • Elas seguem o senso comum desde os gregos, constituindo uma visão política normativa, doutrinal, que privilegia a noção de justiça.
  • 28. Tommaso Campanella e Francis Bacon • O verdadeiro rompimento com o pensamento político anterior terá início de fato a partir de Maquiavel, que centrou sua crítica contra esse “dever ser”, lançando as bases para o surgimento da ciência política moderna.
  • 29. BIBLIOGRAFIA • CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia . São Paulo: Ática, 2012.