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um dizer ainda puro, Vasco Gato
ESSÊNCIA
Uma mão vazia
Em que nada se pode ler,
O reflexo de um dia
Sem amanhecer,
Um movimento sempre parado,
Um Romeu nunca amado,
Um olhar estático,
Um poema nada enfático,
Um actor pouco dramático,
Um pássaro que não pia,
Um observador que não via,
Um poeta que não sente,
Um político que mente,
Um sábio sem ciência,
Uma mnemónica que esqueci,
Uma mãe sem paciência
O perto ali...
Tudo sem essência,
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    Maria João Rodrigues, 9º ano, Concurso de
    Poesia de Gaia Nascente, ESOD/1999-2000
O TEU OLHAR
O teu olhar,
O mais belo que eu já vi,
Vicia-me de maneira tal
Que não penso em nada senão em
ti...

Brilhantes...
Incandescentes...
Os teus lindos olhos
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Sou incapaz de resistir
A tão doce olhar...
Não o consigo impedir,
Quero-te amar!
                                       Miguel Nuno Rodrigues, 7º ano
                Concurso de Poesia de Gaia Nascente, ESOD/1999-2000
VAIDADE
Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!...
                          Florbela Espanca, Sonetos
NÃO POSSO ADIAR O AMOR

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
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La cogida y la muerte, Frederico Garcia Lorca
Dreams, Langston Hughes
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Stop all the clocks, cut off the telephone,
prevent the dog from barking with a juicy bone,
silence the pianos and, with muffled drums,
bring out the coffin, let the mourners come.

Let airplanes circle moaning overhead
scribbling on the sky the message: he's dead.
Put crepe-bows round the white necks of the public doves,
let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
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I thought that love would last forever; I was wrong.

The stars are not wanted now, put out every one.
Pack up the moon, dismantle the sun.
Pull away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good.

                                                W. H. Auden
The road not taken, Robert Frost
DIA DA ÁRVORE
Cortaram uma árvore
E a terra chorou

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E a terra chorou

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E a terra chorou

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SEGREDO

Sei um ninho.
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Mas escusam de me atentar:
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POEMA DA MINHA NATUREZA

Crescem as flores no seu dever biológico,
e as cores que patenteiam, por sua natureza,
só podem ser aquelas, e não outras.
Vermelhas, amarelas, cor de fogo,
lilases, carmesins, azuis, violetas,
assim, e só assim,
tudo conforme a sua natureza.
Ásperas são as folhas, macias, recortadas
ou não, tudo conforme;
e o aprumo como tal,
ou rasteiras, ou leves, ou pesadas, animais.
                            É como os
tudo no seu dever,          Em cada qual, por sua natureza,
por sua natureza.           todo o dever se cumpre.
                          Comem, dejetam, dormem,
                          fazem amor nas horas competentes,
                          lutam, caçam, agridem,
                          rosnam à Lua, trinam, assobiam,
                          escondem-se, espreitam, fogem, amarinham,
                          dançam, mudam de pele, agacham-se, disfarçam-se,
                          tudo conforme a sua natureza.
                                                              António Gedeão, Obra Completa
                          Assim eu penso, e amo, e sofro, e vou andando.
Descrever a beleza, Miguel Barbosa
Frutos




         Eugénio de Andrade, Aquela Nuvem e Outra
MISTÉRIOS DA ESCRITA
Escrevi a palavra flor.
Um girassol nasceu
no deserto de papel.
Era um girassol
como é um girassol.
Endireitou o caule,
sacudiu as pétalas
e perfumou o ar.
Voltou a cabeça
à procura do sol
e deixou cair dois grãos de pólen
sobre a mesa.
Depois cresceu até ficar
com a ponta de uma pétala
fora da Natureza.
         Álvaro Magalhães, O Limpa-palavras e outros Poemas
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O Mostrengo, Fernando Pessoa
POEMA EM P

A Paula
pede a paz.

Os pardais     Os prédios
os peixes      as praias
os pandas      os pastos
as plantas     as pontes
as pedras      as piscinas
pedem a paz.   pedem a paz.

Os palhaços    O planeta
os polícias    pede a paz.
os pintores
os padeiros    Políticos,
os poetas      não ponham na panela
pedem a paz.   a pomba da paz.
                              Luísa Ducla Soares
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Serão de Poesia: BE-ESOD / Deptº Línguas - 21/03/12

  • 1.
  • 2. um dizer ainda puro, Vasco Gato
  • 3. ESSÊNCIA Uma mão vazia Em que nada se pode ler, O reflexo de um dia Sem amanhecer, Um movimento sempre parado, Um Romeu nunca amado, Um olhar estático, Um poema nada enfático, Um actor pouco dramático, Um pássaro que não pia, Um observador que não via, Um poeta que não sente, Um político que mente, Um sábio sem ciência, Uma mnemónica que esqueci, Uma mãe sem paciência O perto ali... Tudo sem essência, É como eu sem ti. Maria João Rodrigues, 9º ano, Concurso de Poesia de Gaia Nascente, ESOD/1999-2000
  • 4. O TEU OLHAR O teu olhar, O mais belo que eu já vi, Vicia-me de maneira tal Que não penso em nada senão em ti... Brilhantes... Incandescentes... Os teus lindos olhos Encantam toda a gente! Sou incapaz de resistir A tão doce olhar... Não o consigo impedir, Quero-te amar! Miguel Nuno Rodrigues, 7º ano Concurso de Poesia de Gaia Nascente, ESOD/1999-2000
  • 5. VAIDADE Sonho que sou a Poetisa eleita, Aquela que diz tudo e tudo sabe, Que tem a inspiração pura e perfeita, Que reúne num verso a imensidade! Sonho que um verso meu tem claridade Para encher o mundo! E que deleita Mesmo aqueles que morrem de saudade! Mesmo os de alma profunda e insatisfeita! Sonho que sou Alguém cá neste mundo... Aquela de saber vasto e profundo, Aos pés de quem a Terra anda curvada! E quando mais no céu eu vou sonhando, E quando mais no alto ando voando, Acordo do meu sonho... E não sou nada!... Florbela Espanca, Sonetos
  • 6. NÃO POSSO ADIAR O AMOR Não posso adiar o amor para outro século não posso ainda que o grito sufoque na garganta ainda que o ódio estale e crepite e arda sob montanhas cinzentas e montanhas cinzentas Não posso adiar este abraço que é uma arma de dois gumes amor e ódio Não posso adiar ainda que a noite pese séculos sobre as costas e a aurora indecisa demore não posso adiar para outro século a minha vida nem o meu amor nem o meu grito de libertação Não posso adiar o coração A. Ramos Rosa, Viagem através duma Nebulosa
  • 8. Amanhecer, Tiago Aires , 8º ano Concurso de Poesia Interescolas de Gaia, ESOD/2010-2011
  • 9. Niños de todos los colores, adapt. Luísa Ducla Soares
  • 10. La cogida y la muerte, Frederico Garcia Lorca
  • 11.
  • 13. Funeral Blues, 1936 Stop all the clocks, cut off the telephone, prevent the dog from barking with a juicy bone, silence the pianos and, with muffled drums, bring out the coffin, let the mourners come. Let airplanes circle moaning overhead scribbling on the sky the message: he's dead. Put crepe-bows round the white necks of the public doves, let the traffic policemen wear black cotton gloves. He was my North, my South, my East and West, my working week, my Sunday rest, my noon, my midnight, my talk, my song. I thought that love would last forever; I was wrong. The stars are not wanted now, put out every one. Pack up the moon, dismantle the sun. Pull away the ocean and sweep up the wood. For nothing now can ever come to any good. W. H. Auden
  • 14. The road not taken, Robert Frost
  • 15.
  • 16. DIA DA ÁRVORE Cortaram uma árvore E a terra chorou Cortaram outra árvore E a terra chorou E tantas árvores mais... E a terra chorou Chorar tanto também cansa Quem pode enxugar as lágrimas Da terra cansada? Nem as mãos de uma criança... Matilde Rosa Araújo, Fadas Verdes
  • 17. SEGREDO Sei um ninho. E o ninho tem um ovo. E o ovo, redondinho, Tem lá dentro um passarinho Novo. Mas escusam de me atentar: Nem o tiro, nem o ensino. Quero ser um bom menino E guardar Este segredo comigo. E ter depois um amigo Que faça o pino A voar... Miguel Torga, Poesia Completa
  • 18. POEMA DA MINHA NATUREZA Crescem as flores no seu dever biológico, e as cores que patenteiam, por sua natureza, só podem ser aquelas, e não outras. Vermelhas, amarelas, cor de fogo, lilases, carmesins, azuis, violetas, assim, e só assim, tudo conforme a sua natureza. Ásperas são as folhas, macias, recortadas ou não, tudo conforme; e o aprumo como tal, ou rasteiras, ou leves, ou pesadas, animais. É como os tudo no seu dever, Em cada qual, por sua natureza, por sua natureza. todo o dever se cumpre. Comem, dejetam, dormem, fazem amor nas horas competentes, lutam, caçam, agridem, rosnam à Lua, trinam, assobiam, escondem-se, espreitam, fogem, amarinham, dançam, mudam de pele, agacham-se, disfarçam-se, tudo conforme a sua natureza. António Gedeão, Obra Completa Assim eu penso, e amo, e sofro, e vou andando.
  • 19. Descrever a beleza, Miguel Barbosa
  • 20. Frutos Eugénio de Andrade, Aquela Nuvem e Outra
  • 21. MISTÉRIOS DA ESCRITA Escrevi a palavra flor. Um girassol nasceu no deserto de papel. Era um girassol como é um girassol. Endireitou o caule, sacudiu as pétalas e perfumou o ar. Voltou a cabeça à procura do sol e deixou cair dois grãos de pólen sobre a mesa. Depois cresceu até ficar com a ponta de uma pétala fora da Natureza. Álvaro Magalhães, O Limpa-palavras e outros Poemas
  • 23. Todas as cartas de amor são…
  • 24. óleo de Carlos Alberto Santos O Mostrengo, Fernando Pessoa
  • 25.
  • 26. POEMA EM P A Paula pede a paz. Os pardais Os prédios os peixes as praias os pandas os pastos as plantas as pontes as pedras as piscinas pedem a paz. pedem a paz. Os palhaços O planeta os polícias pede a paz. os pintores os padeiros Políticos, os poetas não ponham na panela pedem a paz. a pomba da paz. Luísa Ducla Soares
  • 27. Ilustrações retiradas de http://www.google.pt/ - imagens