O documento apresenta informações sobre:
1) Temas abordados em um curso para agentes comunitários de saúde, incluindo acolhimento, genograma, ciclo de vida familiar e fichas B e C;
2) Conceitos de humanização no atendimento à saúde e seus princípios;
3) Ferramentas como genograma e ciclo de vida familiar para abordagem das famílias.
1. Curso Introdutório para Agentes
Comunitários de Saúde
* Acolhimento e humanização;
* Genograma;
* Ciclo de vida individual e familiar
* Fichas B e C;
Enfª: Marília Martins C. Maia
Data: 22/11/10
2. Humanização
Humanização é o nome que se atribui a vários
movimentos político-ocupacionais e de contra-cultura que
têm em comum a crítica ao tecnicismo e a proposta de
desenvolvimento de intersubjetividade nas práticas de
saúde.
3. Humanização
Processo de transformação da cultura institucional
dentro de valores humanísticos que muda a forma de
fazer a atenção e a gestão das práticas de saúde, pelo
desenvolvimento de relações mais éticas, justas e
solidárias, que aumentam a qualidade e a satisfação com
o trabalho na área da saúde.
4. Humanização – valores e princípios
Compromisso com a qualidade e valorização da vida;
e do trabalho;
Valorização dos profissionais, e educação permanente;
Valorização da subjetividade das pessoas;
Fortalecimento do trabalho em equipe;
Estímulo à participação, autonomia e responsabilidade;
Promoção de ambiência acolhedora ;
5. • O que significa humanizar a saúde?
• Melhoria da qualidade das relações humanas no
atendimento em saúde;
. Competência técnica
E
• Competência interativa
• Lidar com a dimensão subjetiva;
• Trabalho em equipe interdisciplinar;
• Trabalho com compromisso e vínculo;
• Reorganização do processo de trabalho;
• Ética no trato com a vida humana;
6. Modo de operar os processos de trabalho em
saúde de forma a atender a todos que procuram
os serviços.
Acolher
Ouvir pedidos
Escutar
Analisar
Demanda
Dar as respostas
mais adequadas
aos usuários e
sua rede social.
Acolhimento
8. Acolhimento não é triagem, implica prestar um
atendimento com resolutividade e
responsabilização, orientando, quando for o caso, o
paciente e a família em relação a outros serviços de
saúde para continuidade da assistência estabelecendo
articulações com estes serviços para garantir a eficácia
desses encaminhamentos;
Rompimento com a lógica da exclusão;
Acolhimento
9. Não pressupõe hora, local ou profissional
específico para atendê-lo.;
Abertura à diversidade cultural, racial e étnica.
Identificação de riscos e vulnerabilidades
conjugando necessidades dos usuários
cardápio de ofertas do serviço
encaminhamento responsável e resolutivo
10. Problematização do processo de trabalho em saúde com
foco nas relações;
Percepção do usuário como sujeito e participante ativo
na produção de saúde;
Mudança na relação
profissional/usuário, profisional/profissional, através
de parâmetros éticos, técnicos, de solidariedade e
defesa da vida;
11. Uma postura de escuta e compromisso em dar
respostas às necessidades de saúde trazidas pelo
usuário que inclua sua cultura, saberes e capacidade
de avaliar riscos;
12. Acolher significa apreender, compreender e atender as
demandas do usuário, dispensando-lhes a devida
atenção,com o encaminhamento de ações direcionadas
para sua resolutividade.;
Assim, acolher é um processo de inclusão do usuário do
serviço de saúde na rede integrada de atendimento
médico e psicossocial,conforme as expectativas e
necessidades- percebidas ou não- do paciente;
13. Comportamentos que propiciam a
comunicação do paciente:
Comportamento receptivo e calor humano;
Escuta ativa;
Linguagem clara e acessível, compatível com o
nível educacional do paciente;
Disponibilizar informações de modo geral;
15. 1. Profissionais de Saúde: donos da
verdade/certo;
1. Vaidade: o que fazemos é o melhor/excepcional;
2. Visão a respeito das doenças: variáveis
culturais, religiosas, etc.
3. Negar os conhecimentos e valores dos clientes:
aprender com eles
4. Diretos e deveres dos clientes do serviço de
saúde: fazê-los pensar que é favor !!
5. Aceitação positiva incondicional.
16. A abordagem familiar é um dos princípios propostos
para a APS conhecer os membros da família e seus
problemas de saúde;
De acordo com Ministério da Saúde: “a família é o
conjunto de pessoas ligadas por laço de
parentesco, dependência doméstica ou normas de
convivência, que residem na mesma unidade domiciliar.
Inclui empregado doméstico que reside no
domicílio, pensionista e agregados”
17. A abordagem familiar deve ser empregada em vários
momentos, como na realização do cadastro familiar, nas
mudanças da fase do ciclo de vida das familiar, no
surgimento de doenças crônicas ou agudas de menor
impacto, Permitindo um vínculo com o usuário de forma
natural.
Instrumentos de abordagem familiar:
. Genograma;
. Ciclo de vida;
18. Genograma ou Heredograma Familiar
Diagrama que detalha a estrutura e o histórico
familiar, fornece informações sobre os vários papéis de
seus membros e das diferentes gerações; fornece as
bases para a discussão e análise das interações
familiares;
Permite identificar a estrutura familiar e suas
relações, mostrando as doenças que costumam ocorrer, a
repetição de padrões de relacionamento e conflitos que
desembocam no processo de adoecer – CARÁTER
EDUCATIVO
19. Utilidade do Genograma
Avaliação rápida e global da família.;
Ajuda no fortalecimento do vínculo;
Propicia avaliação do vínculo familiar;
Viabiliza identificação rápida dos fatores de risco;
Identifica a necessidade de promover alterações no
estilo de vida;
Demonstra que as relações familiares podem influir
na saúde de cada um de seus membros;
20. Quando realizar o Genograma??
Famílias com risco elevado;
Patologias ou condições em que a abordagem familiar é
importante;
Patologias com risco hereditário;
Problemas de saúde influenciados pela estrutura familiar;
Problemas conjugais e sexuais;
Usuários de substâncias lícitas ou ilícitas;
21. Componentes do Genograma
Deve conter minimamente as seguintes informações:
. Três ou mais gerações;
. Nome de todos os membros;
. Idade ou ano de nascimento;
. Mortes, incluindo idade ou data que ocorreu e a causa;
. Doenças ou problemas significativos;
. Indicação de membros que vivem juntos na mesma casa;
. Datas de casamentos e divórcios;
22. . Datas de casamentos e divórcios;
. Lista de primeiros nascimentos de cada família à
esquerda;
. Legenda;
. Relações familiares;
. Fase do ciclo vital;
. Fazer primeiramente o casal com seus filhos;
23.
24.
25. Ciclo de Vida Familiar
O Ciclo de Vida das famílias é uma série de eventos
previsíveis que ocorrem dentro da família como resultado
das mudanças em sua organização. Toda mudança requer de
cada membro uma acomodação no novo
arranjo, transformando o papel.
A interpretação desses ciclos e da maneira que eles
interferem no processo saúde-doença possibilita a equipe
prever quando e como as doenças podem ocorrer.
26. . Estágios de desenvolvimento crises evolutivas
tarefas a serem cumpridas e tópicos de promoção.
Permite uma visão antecipada de possíveis desafios a
serem enfrentados, possibilitando uma atividade
preventiva;
Problemas bem solucionados bem estar e
desenvolvimento biopsicossocial;
27. Estágio do Ciclo de
Vida da Família
Tarefas a Serem Cumpridas Tópicos de Prevenção
Iniciando a vida a
dois
Estabelecer um
relacionamento mutuamente
satisfatório.
Aumentar a autonomia em
relação à família de origem e
desenvolver novas relações
familiares.
Tomar decisões sobre filhos,
educação e gravidez
Desenvolver novas amizades.
Discutir a importância da
comunicação.
Fornecer informação sobre
planejamento familiar.
Famílias com filhos
pequenos
Ajustar-se e encorajar o
desenvolvimento da criança.
Estabelecer uma vida
satisfatória a todos os
membros
Reorganizar a unidade
familiar de dois para três ou
mais membros.
Fornecer informações
Envolver o pai na gestação e
parto.
Discutir desenvolvimento
infantil, papel de pais e
relacionamento pais e filhos.
Encorajar um tempo para o
casal.
Discutir rivalidade entre
irmãos.
Discutir o sentimento de
“afastamento” dos pais
perante o surgimento dos
filhos.
28. Estágio do Ciclo de
Vida da Família
Tarefas a Serem Cumpridas Tópicos de Prevenção
Famílias com
crianças pré
escolares
Prover espaço adequado para a
família que cresce
Enfrentar os custos
financeiros da vida familiar
Assumir o papel maduro
apropriado à família que cresce
Manter uma satisfação mutua
no papel de parceiros, parentes,
comunidade.
Encorajar um tempo para o
casal
Estimular o diálogo sobre
educação dos filhos
Fornecer informações sobre o
desenvolvimento das crianças
Famílias com
crianças em idade
escolar
Facilitar a transição da casa
para a escola.
Fazer face as crescentes
demandas de tempo e dinheiro.
Manter uma relação de casal.
Fornecer informação sobre o
desenvolvimento de crianças em
idade escolar
Monitorar o desempenho
escolar e reforçar posições
realísticas sobre expectativas
de desempenho.
Sugerir estratégias de manejo
de tempo.
Encorajar discussões sobre
sexualidade com as crianças.
29. Estágio do Ciclo
de Vida da Família
Tarefas a Serem Cumpridas Tópicos de Prevenção
Famílias com
adolescentes
Equilibrar liberdade com
responsabilidade a medida
que os adolescentes vão
adquirindo individualidade
Estabelecer fundamentos
para atividades dos pais após
a saída dos filhos.
Estabelecer relação com o
adolescente que reflita
aumento de autonomia
Fornecer informação aos pais
sobre desenvolvimento de
adolescentes.
Conversar com adolescentes
sobre drogas e sexo
Discutir com o adolescente o
estabelecimento de relações
ao longo da vida
Casais de meia
idade
Prover conforto, saúde e bem
estar enquanto casal.
Planejar futuro financeiro
Crescimento e significado do
individuo e do casal.
Ser avós.
Encorajar o casal a fazer
planos para aposentadoria:
atividades de lazer, finanças,
moradia.
Independência dos filhos.
Eleição vocacional e do
companheiro pelos mesmos.
Tolerância à partida dos
filhos
Explorar o papel de avós.
Discutir sexualidade e os
processos ligados ao
envelhecimento.
30. Estágio do Ciclo
de Vida da
Família
Tarefas a Serem
Cumpridas
Tópicos de Prevenção
Famílias
envelhecendo
Tópicos de moradia e
finanças.
Integridade do ego
Saúde
Ficar mais tempo juntos.
Enfrentando a vida
sozinho.
Discutir tópicos de saúde,
planejamento de longo
prazo.
Revisar a vida como
ferramenta para a saúde
mental.
Encorajar interesses
individuais e
compartilhados.
Preparar para lidar com a
perda do companheiro (a).
31. A Família de Classe Popular:
A família de classe popular é descrita como uma família
extensa, que vive em um espaço pequeno, compartilhado
por vários membros, que estabelecem relações fluidas,
não bem-delimitadas e com uma relação de tempo
segmentada ao longo da vida.
32. Ficha B
Ficha B – GES;
. Ficha B – HÁ;
Ficha B – DIA
. Ficha B – TB;
Ficha B - HAN
33. Ficha B – GES
Na Ficha B - GES o ACS cadastra e acompanha
mensalmente o estado de saúde das gestantes. A cada
visita, os dados da gestante devem ser atualizados nesta
ficha, que deve ficar de posse do ACS, sendo discutida
mensalmente com o instrutor/supervisor;
Deve-se preencher:
. Nome;
. Endereço;
. Data da última menstruação;
34. . Data provável do parto;
. Data da vacina;
. Estado nutricional;
. Data da consulta do pré-natal;
. Data da visita do ACS;
. Fatores de risco (6 ou mais gestações, natimorto ou
aborto, 36 anos ou mais, menor de 20
anos, sangramento, edema, diabetes e pressão alta);
. Resultado da gestação atual (NV – nascido vivo, NM –
natimorto, AB - aborto);
. Data da consulta de puerpério;
35. Ficha B - HA
A Ficha B-HA serve para o cadastramento e
acompanhamento mensal dos hipertensos.
Atenção: só devem ser cadastradas as pessoas com
diagnóstico médico estabelecido.
A cada visita os dados desta
ficha devem ser atualizados. Ela fica
de posse do ACS e deve ser
revisada periodicamente pelo
instrutor/supervisor.
36. Deve-se preencher:
. Nome; . Endereço;
. Sexo; . Idade;
. Fumante;
. Data da visita do ACS;
. Faz dieta;
. Toma remédio;
. Faz exercícios físicos;
. Pressão arterial;
. Data da última consulta;
. Observação;
37. Ficha B – DIA
A Ficha B-DIA serve para o cadastramento e
acompanhamento mensal dos diabéticos;
Atenção: só devem ser cadastradas as pessoas com
diagnóstico médico estabelecido.
A cada visita os dados desta ficha devem ser
atualizados. Ela fica de posse do ACS e deve ser revisada
periodicamente pelo instrutor/supervisor.
38. Deve-se preencher:
. Nome; . Idade;
. Endereço;
. Sexo;
. Data da visita do ACS;
. Faz dieta (S; N; X);
. Faz exercícios físicos;
. Usa insulina;
. Toma hipoglicemiante oral;
. Data da última consulta;
. Observação;
39. Ficha B – TB
Ficha B-TB serve para o cadastramento e
acompanhamento mensal de pessoas com tuberculose;
A cada visita os dados desta ficha devem ser
atualizados;
Deve-se preencher:
. Nome;
. Endereço;
. Sexo;
. Idade;
40. . Data da visita do ACS;
. Toma medicação diária (S, N, X);
. Reações indesejáveis (X – desconforto
gástrico, náuseas, vômitos, icterícia, alterações visuais e
auditivas, asma, urticárias, sangramentos, dores
articulares, perda do equilíbrio, entre outros);
. Data da última consulta;
. Exame de escarro;
. Comunicantes examinados;
. <5 anos com BCG;
. Outras informações: número de comunicantes e número de
comunicantes < 5 anos;
41. Ficha B – HAN
A Ficha B-HAN serve para o cadastramento e
acompanhamento mensal de pessoas com hanseníase;
A cada visita os dados desta ficha devem ser atualizados;
Deve-ser preencher:
. Nome;
. Endereço;
. Sexo;
. Idade;
. Data da visita do ACS;
42. Toma medicação diária (S, N, X);
Data da última dose supervisionada;
Faz auto-cuidado (prevenção de incapacidades – S, N, X);
Data da última consulta;
Comunicantes examinados;
Comunicantes que receberam BCG;
Outras informações (número de comunicantes no domicílio);
43. Ficha C
Instrumento utilizado para o acompanhamento da criança ;
É uma cópia do cartão padronizado pelo Ministério da
Saúde, utilizado pelos diversos serviços de saúde nos
municípios.
2 modelos: sexo masculino e feminino;
Toda família que tenha uma criança
menor de cinco anos, acompanhada por
uma unidade de saúde deve possuir este
Cartão;
45. O ACS deve utilizar, como base para a coleta dos
dados, o Cartão da Criança que está de posse da
família, transcrevendo para o seu Cartão Sombra os
dados registrados no Cartão da Criança;
Cartão-sombra é a
cópia do cartão da
criança que fica com o
ACS
46. Deve-se preencher:
Nome;
Nome da mãe;
Nome do pai;
Endereço;
Local de referência;
Data de nascimento;
Comprimento;
Peso em gramas;
Perímetro cefálico;
47. Apgar 5´
Tipo de parto;
Observações;
No verso do cartão encontra-se impresso um quadro
para registro de informações sobre vacinação. O agente
deve transcrever para o seu instrumento
(cartão-sombra), as datas em que a
criança tomou as doses da respectiva
vacina.
48. ATENÇÃO:
Não transcrever para o cartão sombra os dados
registrados a lápis, pois esses indicam as datas que são
aprazadas pelo serviço de saúde para o comparecimento da
criança para vacinação.
49. Gráfico Peso-Idade:
Na linha horizontal desse gráfico observa-se uma
numeração de 0 (zero) a 60 (sessenta) que corresponde
à idade da criança em meses.
Marco zero à data de nascimento da criança.
Números ao lado e dentro do gráfico o peso em
quilos.
As duas linhas vermelhas mostram a faixa dentro da
qual a maioria das crianças sadia está situada.
50. O peso da criança ao nascer deve ser registrado com
uma bolinha no marco zero, na ordenada do gráfico
(primeira linha vertical). Todos os meses a criança deverá
ser pesada e o seu peso, registrado com uma bolinha no
ponto correspondente do gráfico, de modo que seja
construída, no decorrer dos meses, uma curva peso-idade.
51. Para a construção da curva de crescimento, o ACS
deverá unir as bolinhas relativas ao registro de peso de
dois meses subseqüentes, procedendo dessa forma para
todos os meses. O desenho dessa curva é um indicativo
do processo de crescimento da criança, devendo o ACS
estar atento para a ocorrência de qualquer das seguintes
situações:
52. o peso da criança está abaixo da curva inferior do
gráfico;
a criança mantém o mesmo peso do mês anterior;
a criança apresenta peso inferior ao do mês
anterior.
53. Uma das ações do ACS é estimular o aleitamento
materno, enfatizando a importância do aleitamento
exclusivo até os seis meses de idade. O ACS deve
registrar mensalmente se a criança está
amamentando, durante todo o período em que a criança
fizer uso de aleitamento materno. Este registro será
feito na parte inferior do gráfico peso-idade, logo
abaixo do número
do mês correspondente
54. Aleitamento Exclusivo (AE)
Aleitamento Misto (AM)
Algumas intercorrências observadas durante o
acompanhamento mensal das crianças devem ser anotadas
no mês correspondente:
D - diarréia
P – pneumonia
O - outra doença
H - hospitalização